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ESPIRITO SANTO"doutrina geral"
ESPIRITO SANTO"doutrina geral"

 

 

                                                    ESPIRITO SANTO “doutrina geral”

 

No comemora-se em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, iniciado em 1906 no interior de um armazém de cereais, na Rua Azusa, Los Angeles, Califórnia. Tal movimento deu-se exatamente pelo zelo e perseverança do pastor William Joseph Seymour, instrumento usado pelo Espírito Santo para espalhar a chama pentecostal a diversas igrejas evangélicas daquela cidade. Não demorou muito para que o fervor espiritual se expandisse até Chicago e, depois, para South Bend, Indiana, cidade onde morava o Pr. Gunnar Vingren. Este piedoso servo de Deus, influenciado pelas boas notícias de renovação espiritual, dirigiu-se a Chicago e lá foi batizado com o Espírito Santo em 1909.

As Lições Bíblicas desse terceiro trimestre têm por objetivo recapitular algumas das principais doutrinas pentecostais ensinadas durante quase um século de existência do Movimento Pentecostal no Brasil. 

O termo “pentecostes”, procede originalmente da festa judaica chamada de “festa das semanas” ou hag shābū’ôt, como descreve o Antigo Testamento (Lv 23.15-25; Dt 16.9-12). Essa festa era comemorada sete semanas depois da Páscoa. Literalmente, o termo significa “festa dos períodos de sete”, em razão de a festa ser comemorada a partir do dia seguinte ao sétimo sábado, após o dia das primícias (Lv 23.15,16). Outra expressão da qual se deriva o vocábulo “pentecostes” é hamîshîm yôn, que significa “festa dos cinqüenta dias” (Lv 23.16), termo traduzido pela versão grega do Antigo Testamento, por pentēkonta hēmeras ou “qüinquagésimo dia”. A solene festa de Pentecostes é chamada no Antigo Testamento de “Festa das Semanas”, “Festa das Primícias da sega do trigo”, “Festa da Colheita” e o “dia das primícias” — ocasião em que se apresentavam os primeiros frutos dos campos previamente plantados (Êx 23.16; 34.22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12).

Quanto ao passado, a Festa de Pentecostes era uma santa celebração em que o adorador oferecia ao Senhor uma oferta voluntária proporcional às bênçãos recebidas do Senhor (Dt 16.10). Mas, no contexto profético, ela é uma referência à efusão do Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28; At 2.1-13). 

O Dia de Pentecostes era celebrado por todos os judeus, tanto os que habitavam a Palestina quanto aqueles que estavam dispersos por todas as partes do mundo de então. Alguns destes judeus e prosélitos não costumavam freqüentar a Festa da Páscoa em Jerusalém, pelo fato de o clima não ser favorável para longas peregrinações. No entanto, quando as condições climáticas estavam favoráveis, ocasião que coincidia com a Festa de Pentecostes, todos convergiam à Jerusalém, capital religiosa do judaísmo.Com base no exposto acima, e fundamentado no texto de Atos 2.7-13, apresente à classe o mapa das nações representadas no Dia de Pentecostes.A distância entre Jerusalém e as regiões das quais os devotos procediam, demonstra a importância da festividade sagrada para eles. A festa, portanto, foi uma ocasião estratégica para manifestar o poder de Deus a todas aquelas localidades. 

Em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, no qual situa-se a Assembléia de Deus. A comemoração presta justa homenagem aos pioneiros do Movimento Pentecostal que deixaram suas indeléveis marcas espirituais nos trabalhos que levantaram em meio a muito sofrimento e necessidades.Que esta comemoração centenária seja uma ocasião para que a igreja, numa firme determinação diante de Deus, mantenha a pureza doutrinária, os princípios e as verdades bíblicas que norteiam o seu caminhar, inclusive, no que concerne à Pessoa, às operações e ministrações do Espírito Santo, segundo as Escrituras.

 

                  A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA GRANDEZA (vv.16-18)

 

Foi o profeta Joel, no Antigo Testamento, a quem Deus revelou com mais detalhes o derramamento do Espírito nos últimos tempos (Jl 2.23-32). Joel foi, talvez, o primeiro dos profetas literários (profetas que escreveram suas mensagens), o que salienta ainda mais a sua profecia sobre o Pentecostes (At 2.16-21,33). O termo “Pentecostes”, nesta lição, é uma referência ao batismo com o Espírito Santo, e não à festa judaica de mesmo nome que ocorria cinqüenta dias após a páscoa (At 2.1; 20.16; 1 Co 16.6).

1. “Derramarei o meu Espírito” (v.17). Assim diz Deus neste versículo. Isso fala de grande abundância e fartura espirituais, qual um rio que enche até transbordar em suas margens, mediante chuvas volumosas. Quando tal poder desce sobre a igreja, ela se torna como um incontável, poderoso e invencível exército, como está profetizado em Ezequiel 37.10. Os discípulos mudaram muito para melhor, após serem revestidos desse poder divino no cenáculo em Jerusalém. É só comparar o desempenho deles nos Evangelhos, como eram e o que faziam, com o relato de suas vitórias no livro de Atos, após a experiência pentecostal do capítulo 2.

2. A profecia de Joel (Jl 2.28-32). Os versículos 28 a 32 de Joel, no texto hebraico, perfazem um capítulo à parte — o 3. De fato, a grandeza e o alcance do assunto desta passagem — o futuro derramamento do Espírito sobre a igreja — requer um capítulo à parte! Esta sublimidade, pode ser relacionada ao que está revelado em 2 Coríntios 3.7-12, principalmente o v. 8, que diz: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” Aleluia! Esta passagem, juntamente com Romanos 8, é uma das mais ricas de toda a Bíblia sobre o indizível e glorioso ministério do Espírito nesta era da igreja. Ler Is 55.1; 44.3.

 

A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA UNIVERSALIDADE (vv.17,18).

 

Nos tempos do Antigo Testamento, o Espírito Santo, por via de regra, permanecia entre os fiéis (Ag 2.5; Is 63.11). Há poucos casos de homens a quem Deus encheu do seu Espírito para missões específicas, como os costureiros de Êxodo 28.3; Bezalel (Êx 31.3; 35.31); e Josué (Dt 34.9).

 Habitação do Espírito. Nesta dispensação da igreja, isto é, do corpo místico dos salvos em Cristo, o Espírito habita em toda pessoa por Ele regenerada e salva por Jesus (Jo 14.16,17; 1 Jo 4.13; Rm 8.9). Ao mesmo tempo, Jesus também quer batizar os crentes com o Espírito Santo, revestindo-os com poder para o serviço do Senhor (At 1.5; 2.1-4, 32, 33; Lc 24.49). Foi essa capacitação sobrenatural nos crentes dos primeiros tempos, o segredo do rápido e vitorioso avanço do reino de Deus, apesar das limitações, sofrimentos e perseguições. Não há outra explicação. Hoje, com tantos recursos da ciência moderna, saberes e técnicas aprendidas nas escolas, o avanço é lento e, às vezes, quase nenhum. É a diferença entre a requintada armadura de Saul sem o Espírito de Deus (1 Sm 16.14), e o jovem Davi desprovido dela, mas ungido e possuído pelo Espírito Santo (1 Sm 16.13).

 “Sobre toda a carne” (v.17). Isso fala de algo da parte de Deus para todos, em todos os países, povos e raças do mundo. Também de imparcialidade.

a) “Vossos filhos e vossas filhas”: Para a família, o lar; também, sem distinção de sexo.

b) “Vossos jovens e vossos velhos”: Sem distinção de idade, pois Deus quer usar a todos, de um modo ou de outro.

c) “Servos e servas”: Não há discriminação social. Deus abençoa os que são pequenos em si mesmos, mas elevados no Senhor (Sl 115.13; Hb 8.11).

Este manancial está a fluir desde o Dia de Pentecostes. O v.16 afirma: “isto é o que foi dito pelo profeta”. Não é apenas para o futuro, mas também para os dias atuais.

 

     A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA RIQUEZA (vv.17,18).

 

1. Os dons espirituais. Juntamente com a promessa divina está escrito: “e profetizarão” (vv.17,18).

O batismo com o Espírito Santo abre caminho para a manifestação dos dons espirituais, segundo a vontade e propósitos do Senhor. Um desses gloriosos dons é o de profetizar pelo Espírito Santo, como consta em 1 Co 12.4-11,28; 14.1-6,22,24,29-32; Rm 12.6-8; Ef 4.11.

2. Os sinais sobrenaturais (Marcos 16.17,18): Milagres, cura divina, línguas estranhas, expulsão de demônios (At 2.43b). No desempenho do ministério de Jesus a operação de “maravilhas, prodígios e sinais” (At 2.22) eram precedidos pelo ensino e pregação (Mt 4.23; 9.35). O nosso ministério hoje não deve ser diferente; para isso o Espírito Santo foi enviado por Deus para nos capacitar.

 

                     PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA FUTURIDADE (vv.19,20).

 

1. Futuro profético. A vinda do Espírito Santo no Dia de Pentecostes para dotar os crentes de poder, não se limita aos tempos atuais, mas adentra o futuro profético. Os sinais sobrenaturais esboçados nos vv. 19 e 20, bem como em outras passagens correlatas, aguardam cumprimento futuro. A efusão do Espírito terá a sua plenitude durante o Milênio no reinado do Messias, como prediz Isaías 32.15-17. É justo crer que no reino do Messias, o Espírito será amplamente derramado (Zc 12.10; Ez 39.29).

2. A promessa divina do Pentecostes em Joel 2.28. Esta promessa diz “derramarei o meu Espírito”; ao passo que no cumprimento em Atos 2.17, a Palavra diz “do meu Espírito derramarei”, denotando um derramamento parcial. Certamente isso foi revelado por Deus a Paulo, quando em Rm 8.23, fala em “primícias do Espírito”.

3. A profecia pentecostal de Joel 2.23. Esta profecia prediz a chuva “temporã” e a “serôdia”. O mesmo está dito em Tiago 5.7,8.

a) Chuva temporã. Na Bíblia, “chuva temporã” é uma referência ao Oriente Médio, em se tratando de agricultura, às primeiras chuvas de outono (fins de outubro), logo após a semeadura, para a germinação das sementes e crescimento das plantinhas.

b) Chuva serôdia. São as últimas chuvas que precedem a colheita (fins de março), quando os grãos já estão amadurecidos. Profeticamente, como em Jl 2.23; Tg 5.7,8; Os 6.3, a “chuva serôdia” do Espírito Santo da promessa (Ef 1.13), precederá a superabundante colheita espiritual para o reino de Deus.

 

                  A PROMESSA DO PENTECOSTES ABARCA A SALVAÇÃO (v.21).

 

1. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Em o nome do Senhor há poder para salvar em todo e qualquer sentido. Aqui, o original é “kyrios”, isto é, Jesus como o supremo Senhor de tudo e de todos. Ver Rm 10.9, 13; Fp 2.9-11. Este nome salva (At 4.12); protege (Sl 20.1); cura (At 3.6); expulsa demônios (Mc 16.17); socorre nas emergências e nos apertos (Sl 124.8). O Senhor Jesus reiteradamente falou sobre a vinda do Espírito Santo, o Consolador, para ficar conosco. Isto destaca a missão do Espírito na Terra (Jo 7.39; 14.16,17,26; 15.26; 16.7,13; Lc 24.49; At 1.4,5,8).

2. Fonte de Vida. Em João 7.38, 39, Jesus falou do Espírito Santo sobre o crente, como um rio caudaloso e transbordante, o que fala de vida, subsistência, movimento, ruído, energia, destinação e renovação. Assim deve ser uma igreja realmente avivada pelo Espírito.

3. Trajetória de poder. Na história da igreja no livro de Atos, ela inicia sua trajetória com “grande poder” (4.33), e, encerra com “grande contenda” (28.29). O poder procede de Deus; a contenda dos homens. A origem do poder está em Deus (Sl 62.11); da contenda, no orgulho humano (Pv 13.10). Que Deus nos guarde e nos livre disso. Um povo avivado pelo Espírito, deve, pela vigilância, evitar dissensões em qualquer lugar, e por onde andar. 

Como é notório, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e antibíblicas vêm afetando o genuíno Movimento Pentecostal, inclusive a Assembléia de Deus. Precisamos voltar sempre ao cenáculo para receber mais poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a “sã doutrina” do Senhor (Tt 2.1,7; 1 Tm 4.16). Busquemos um maior e contínuo avivamento espiritual, segundo a doutrina bíblica, como fez o salmista: “Vivifica-me segundo a tua Palavra” (Sl 119.25,154).

 

 “1. O Pentecostes Judaico (At 2.1-41). Atos 2 faz uma narrativa do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de Cristo. O Dia de Pentecostes (hēmeras tēs pentēkostēs — ‘o qüinquagésimo dia’) se dava cinqüenta dias depois de 16 de Nisã, o dia seguinte à Páscoa. Também era chamado ‘Festa das Semanas’, porque ocorria sete semanas depois da Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele período, era uma celebração da colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21).

2. O Pentecostes Cristão. A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em Atos 2, pois é o dia no qual o Espírito prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins da Terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no Dia de Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja aos gentios. Essa experiência corresponde à unção de Jesus com o Espírito no rio Jordão (Lc 3.21,22).

3. Semelhanças entre a Unção de Jesus e o Pentecostes. O Espírito desceu sobre Jesus depois que ele orou (Lc 3.22); no Dia de Pentecostes, os discípulos também são cheios com o Espírito Santo depois que oram (At 2.14). Manifestações físicas acompanharam ambos os eventos. No rio Jordão, o Espírito Santo desceu em forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a presença do Espírito está evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de os discípulos falarem em outras línguas. A experiência de Jesus enfatizava uma unção messiânica para seu ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho, curou os doentes e expulsou demônios; os apóstolos agora recebem o mesmo poder do Espírito. Derramamentos subseqüentes do Espírito em Atos são semelhantes à experiência dos discípulos em Jerusalém. Da mesma maneira que a unção de Jesus (Lc 3.22; 4.18) é um paradigma para o subseqüente batismo dos discípulos com o Espírito (At 1.5; 2.4), assim, o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma para o povo de Deus em todos os ‘últimos dias’ de uma comunidade pentecostal do Espírito e da condição de profeta de todos os crentes (At 2.16-21)”.

(ARRINGTON, F. L.; STRONTAD, R. Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, p.631.)

 

 

                      O avivamento contínuo da Igreja

 

 

 

A efusão do Espírito Santo sobre os crentes da Rua Azusa foi o centro irradiador do avivamento que se espalhou por todo o mundo do nosso tempo. Foi mediante a liderança do pastor Seymour que fiéis de diversos lugares reuniram-se em um antigo galpão para buscar a presença de Deus e orar pela conversão dos ímpios. O pastor Seymour não era pregador eloqüente, mas anunciava a promessa pentecostal do batismo no Espírito Santo com a evidência física inicial de falar noutras línguas. Depois, assentava-se no púlpito, colocava o rosto entre as mãos e não parava de interceder, suplicando a Deus que operasse no coração dos ouvintes. Enquanto orava, o poder de Deus manifestava-se; os crentes eram batizados com o Espírito Santo; a convicção das verdades divinas transbordava a alma, e um veemente desejo de viver em santidade era experimentado por todos.

 

A pobre cidade rica de Laodicéia localizava-se no vale do rio Lico, próximo a Colossos e Hierápolis, na interseção de duas importantes estradas comerciais (Cl 2.1; 4.12-16). Originalmente era chamada de Diósopolis — cidade de Zeus —, mas, após a reforma urbana feita por Antíoco II, recebeu o nome de Laodicéia, em homenagem a Laodice, esposa do soberano. A riqueza da cidade procedia do comércio de lã (tecidos, tapetes), dos bancos, de suas águas termais e da produção de bálsamo para os olhos. E, quando a cidade foi destruída por um terremoto em 60 d.C, os habitantes recusaram ajuda imperial e reconstruíram a cidade com suas próprias riquezas a fim de mostrarem a sua auto-suficiência. No entanto, segundo Jesus, eram miseráveis, desgraçados, cegos e nus. Necessitavam de um avivamento bíblico, uma vez que a igreja era indiferente espiritualmente (vv.15-16).

A carta aos laodicenses em Apocalipse segue a presente estrutura: Remetente e Destinatário (v.14); Repreensão (vv.15-17); Exortação (vv.18-20); Promessa (vv.21,22).

 

 Sabemos que os crentes laodicenses são exemplos históricos e proféticos de uma comunidade cristã sem vida e dinamismo espiritual. Quanto ao aspecto histórico, a igreja de Laodicéia circunscreve-se ao período do Novo Testamento, mas quanto ao profético, atravessa os séculos. No entanto, na história da igreja cristã, muitos reformadores ansiaram por uma igreja avivada, comprometida com as Escrituras, a evangelização, adoração e a santificação. Por isso, reproduza o gráfico a seguir e o incremente com novas informações. Apresente o gráfico no início do tópico V, uma vez que as “Características do Real Avivamento” estão relacionadas aos ideais dos movimentos avivalistas.

Laodicéia era uma cidade rica e soberba, da província romana da Ásia (hoje, Turquia). Profeticamente, figura a igreja dos “tempos trabalhosos” que precedem a volta de Cristo, conforme descreve 2 Timóteo 3.1-9. Laodicéia é um nome composto que, numa tradução livre, significa “direitos humanos”; “o povo mandando”; “democracia”. Os direitos de Cristo são ignorados pelo crente e igreja. Biblicamente, a igreja deve ser teocrática: “minha igreja”, diz o Senhor (Mt 16.18; Is 43.1).

 

                                          CRISTO E O SEU CARÁTER

 

A igreja de Laodicéia era material e socialmente próspera, por situar-se em uma cidade muito rica. A Bíblia e a história mostram que, quase sempre, quando um povo ou indivíduo prospera, costumam dar as costas para Deus. Israel fez isso (Dt 32.15). A igreja de Laodicéia também. Neste particular, a Palavra de Deus adverte a todos: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10; Dt 6.10-12; Jr 17.11; Lc 12.15,20,21; 1 Tm 6.6-10).

1. Cristo, o “Amém” (v.14). Ele chama a Si mesmo “o Amém” (2 Co 1.20). Deste modo, identifica-se como Deus, que assim também é chamado no original (Is 65.16). O termo significa “firmeza”, “certeza”, “estabilidade”, “imutabilidade”, e daí, “verdade” absoluta. Jesus ao declarar “Eu sou a Verdade”, usou o termo “amém”. A expressão “em verdade, em verdade” empregada por Jesus, no original, é “amém, amém”.

2. Cristo, a testemunha fiel e verdadeira (v.14). É uma extensão do sentido do nome divino “Amém”. Ele veio a este mundo para dar o perfeito testemunho da Verdade (Jo 18.37). Numa igreja avivada pelo Espírito, o testemunho de Jesus é manifesto e notório de muitas maneiras, enquanto na que se distancia de Cristo, nada há que atraia os pecadores para serem salvos.

3. Cristo, “o princípio” da criação de Deus (v.14). Ele é o Criador, a fonte, a origem, a razão de ser de tudo o que existe (Jo 1.3; Cl 1.16). Esta preeminência de Cristo é uma reprimenda ao orgulho dos laodicenses de então, e de hoje. É também a maneira graciosa do Senhor Jesus assegurar a igreja, que Ele pode recriar e fazer novas todas as coisas (Ap 21.5; Jó 14.7-9).

4. O proceder dos crentes laodicenses. “Eu sei as tuas obras” (v.15). Antes da conversão, as obras são nulas para Deus (Ef 2.8-10; Tt 3.5), mas como efeito da salvação, agradáveis a Deus (Ef 2.10; Tt 3.8; Mt 5.16; Ap 14.13). O Senhor sabia tudo o que os crentes de Laodicéia praticavam, a partir do seu pastor (v.14).

 

                     A CONDIÇÃO DA IGREJA EM LAODICÉIA (vv.15-17)

 

Não há qualquer elogio do Senhor à igreja em Laodicéia e Sardes (v.1). Laodicéia não foi censurada por heresia, facções ou imoralidade. O problema daquela congregação é o mesmo de inúmeros crentes da atualidade: autojustiça, indolência, duplicidade religiosa, transigência com o erro e auto-engano (vv.16,17).

1. A duplicidade religiosa (vv.15,16). Era uma igreja espiritualmente morna e que agradava a todos. O estado espiritual de Laodicéia era deplorável. É evidente que essa igreja era morna porque o seu pastor também o era (v.14). O rebanho, até certo ponto, é o reflexo de seu pastor ou dirigente. Mornidão fala de duplicidade, hipocrisia, fingimento — coisas que Deus abomina. “Aborreço a duplicidade”, diz o Salmo 119.113. A Palavra condena a duplicidade de coração (Tg 1.8; 4.8); de ânimo (1 Tm 3.8); de linguagem (Pv 17.20; Mt 5.37); e de senhores (Mt 6.24).

2. A condição final de Laodicéia (v.17). “Um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. “De nada tenho falta”, diziam. “Desgraçado”, por estar arruinado. “Miserável”; porque perdeu o que tinha. “Pobre”, por ter regredido. “Cego”, por estar em trevas. “Nu”, por não andar em retidão.

3. O engano da auto-suficiência humana. “De nada tenho falta” (v.17). Este é o princípio de nossa queda. O crente avivado em Deus, nunca estará satisfeito no sentido de não precisar mais das coisas do Senhor. Jesus disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).

            

                         CRISTO, A SOLUÇÃO PARA A IGREJA (vv.18,10)

 

1. O conselho amoroso do Senhor. Um sábio e santo conselho deve ser acatado e posto em prática. Trata-se de um conselho do divino Conselheiro (Is 9.6). Uma igreja sem Cristo, luz e santidade (v.20), pode ainda reconciliar-se com o Senhor e obter tudo o que perdeu ao deixá-Lo.

2. “Ouro provado no fogo” (v.18). Corresponde a fé em Cristo (1 Pe 1.7). Essa fé não é apenas necessária à vida cristã, mas vital e essencial: “pois o justo viverá da fé” (Rm 1.17). O profeta do avivamento, Habacuque, já apregoara esta verdade (Hc 2.4). Sem fé não há relacionamento com Deus (Hb 11.6).

3. “Vestidos brancos” (v.18). É símbolo da justiça e santidade (Sl 132.9; Is 61.10; Ap 19.8). São dois lados do mesmo assunto. Justiça é a santidade vista do lado humano. Santidade é esse estado do ponto de vista de Deus. Ler Ap 19.8; 2 Co 5.21; Fp 3.9.

4. “Colírio” (v.18). Corresponde a restauração da visão espiritual que vem pelo Espírito.

5. “Eu repreendo e castigo” (v.19). Castigo não é o mesmo que punição, pois visa a correção (Pv 15.31). O aço e o ouro, tão necessários e úteis, são fabricados e purificados por meio do fogo. As operações são diferentes, mas o fogo é um só. O mesmo pode ocorrer a uma igreja desobediente como Laodicéia.

6. “Arrepende-te” (v.19). Não há sincero arrependimento, sem que haja mudança. Arrepender-se é voltar para Deus (Mt 21.29). O incrédulo arrepende-se para a salvação, enquanto o crente, para endireitar a sua vida com Deus. Esse arrependimento é precedido de “tristeza segundo Deus” (2 Co 7.10).

 

                        CRISTO, O SEU CONVITE E PROMESSA (vv.20-22)

 

1. “Estou à porta e bato” (v.20). Neste texto, temos uma cena triste e, ao mesmo tempo, a mais confortante do mundo! Cristo do lado de fora, rejeitado pelos crentes e ansioso para entrar. Uma expulsão tríplice:

a) Expulso da nação israelita — pela rejeição;

b) Expulso pelo mundo — por meio da crucificação;

c) Expulso da igreja — mediante a insatisfação e o mundanismo.

Mesmo assim, vemos o insondável amor de Cristo por sua igreja nos vv. 19 e 20.

2. “Se alguém” (v.20). Jesus não se dirige à igreja, mas a cada indivíduo. Ele não força a conversão do incrédulo, nem a reconciliação do desviado. Ele aguarda com paciência, pois somente o dono da casa pode abrir-Lhe a porta do coração.

3. A promessa de Cristo (v.21). A promessa está restrita aos vencedores:

a) “Ao que vencer”. A vida cristã autêntica está situada em um campo de batalha contra as forças do Mal. Brincar de religião, de ser crente, de igreja, é comprometer o destino eterno de si mesmo.

b) “Sentar-se comigo no meu trono”. Graça Maravilhosa! A maior promessa dentre as sete feitas às igrejas do Apocalipse.

 

                        CARACTERÍSTICAS DE UM REAL AVIVAMENTO

 

O avivamento espiritual de que precisamos, como no princípio, tem como características as seguintes expressões:

1. Contrição total pelo Espírito Santo. É neste contexto espiritual que o avivamento se instala e o Espírito assume a primazia e predomina.

2. Amplo perdão e reconciliação (At 4.32). No primeiro avivamento da igreja, a Bíblia diz: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam”.

3. Santidade de vida, dentro e fora da igreja. Se um avivamento não resultar nessa mudança de vida, tudo não passará de mero entusiasmo, artificialismo e emoção.

4. Renovação espiritual. Batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas estranhas e manifestação dos dons espirituais.

5. Segundo o modelo da Palavra de Deus (Sl 119.25,154). Sem inovações descabidas; distorções ou manipulação humana.

6. Amor, zelo e freqüência à Casa do Senhor. A Casa de Deus vem sofrendo por falta de avivamento dos que a freqüentam. 

Quando ou em que situação a igreja carece de um avivamento do Espírito? Decerto, quando nela prevalecer o comodismo e a indiferença (Ez 37.9); a sonolência espiritual (Ef 5.14); a insensibilidade (Cl 4.17; 2 Tm 1.6); o secularismo (Rm 12.2), e, quando passa somente a defender-se do mal, em vez de atacá-lo. Não queres hoje mesmo ser renovado pelo Espírito Santo?

 

                         As Características do Verdadeiro Avivamento

 

1. O verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus.

2. O verdadeiro avivamento não admite qualquer outra revelação que venha contrariar as Sagradas Escrituras, pois estas são soberanas e irrecorríveis.

3. O verdadeiro avivamento prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina.

4. O verdadeiro avivamento é espiritual, mas não admite o misticismo herético e apóstata que, sob a capa da humildade, busca desviar os fiéis das recomendações dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do Novo Testamento.

5. O verdadeiro avivamento prega o Evangelho completo de Nosso Senhor, anunciando que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura os enfermos, opera maravilhas e que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que estejamos para sempre ao seu lado.

6. O verdadeiro avivamento enfatiza a salvação pela graça através do sacrifício vicário do Filho de Deus.

7. O verdadeiro avivamento é pentecostal; realça a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.

8. O verdadeiro avivamento tem um firme compromisso com o imperioso ide de Nosso Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos humanos e financeiros na evangelização local, nacional e transcultural.

9. O verdadeiro avivamento acredita na necessidade e possibilidade de todos os crentes viverem uma vida de santidade e inteira consagração a Deus.

10. O verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os crentes a rogar ao Pai Celeste por aqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho.”(ANDRADE, C. C. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. RJ: CPAD, 2004, p. 187-8.)

 

 

                             A Divindade do Espírito Santo

 

Professor, antes de William Seymour chegar a Los Angeles em 1906, fora evangelista no Mississipi e pastor da igreja da Santidade, na cidade de Houston, Texas. Enquanto esteve no Mississipi conheceu diversas pessoas que foram influenciadas pelo ministério de Charles Fox Parham (1873-1929), ministro em Topeka, Kansas. Parham dirigia a Escola Bíblica Betel, quando às 19h do dia 1 de Janeiro de 1901, a senhora Agnes Ozman, recebeu o Batismo com o Espírito Santo com a evidência física de falar em outras línguas conforme Atos 2.4. Durante aquela reunião, Jesus batizou todos os presentes com o Espírito Santo, inclusive o professor Parham. O avivamento em Topeka espalhou-se por todo o país, de modo que, no Mississipi, Seymour foi profundamente influenciado pelos testemunhos daqueles que experimentaram a renovação espiritual mediante o poder pentecostal.

 

A doutrina do Espírito Santo é chamada nos estudos teológicos de “pneumagiologia”; procedente de três termos gregos:pneuma (espírito), hagios (santo) e logia (estudo, ciência). Esta definição é mais precisa do que “pneumatologia” (lit. estudo do espírito) que se refere ao estudo teológico de fatos relacionados ao espírito de modo geral, sejam anjos, ou a parte imaterial do homem.

Ao investigarmos a doutrina da deidade do Santo Espírito, devemos observar que o Novo Testamento ensina a unicidade da divindade (1 Co 8.4; Tg 2.19) e, no entanto, revela a distinção de pessoas na divindade: o Pai é Deus (Mt 11.25; Jo 17.3; Rm 15.6; Ef 4.6); o Filho é Deus (Jo 1.1,18; 20.28; Rm 9.5; Hb 1.8; Cl 2.9; Fp 2.6; 2 Pe 2.11); o Espírito Santo é Deus (At 5.3,4; 1 Co 2.10,11; Ef 2.22). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são claramente distinguidos um dos outros na Bíblia (Jo 15.26; 16.13-15; Mt 3.16,17; 1 Co 13.13), de tal forma que as três pessoas não se confundem umas com as outras. São três benditas e santíssimas pessoas que compõem apenas uma divindade. Portanto, na unidade da divindade há uma trindade de pessoas, da qual o Espírito Santo é o Executivo.

 

Histórica dos Avivamentos II”, que inclui os morávios, wesleianos, os movimentos de tradição de fronteira, e o pentecostalismo da Rua Azusa. Trata-se de um resumo que se propõe a contextualizar o movimento pentecostal de Los Angeles, dentro dos periódicos avivamentos na História da Igreja. É claro que não foram mencionados os nomes de extraordinários servos de Deus como Jonatas Edwards (1703-1758), George Whitefield (1714-1770), Charles Finney (1792-1875) entre outros, pois o objetivo é concentrar-se nos movimentos avivalistas e não, exclusivamente, nas pessoas. No entanto, basta relacionar a data do ministério destes intrépidos avivalistas aos movimentos citados. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis

 

Estudaremos sobre o Espírito Santo no tocante a sua natureza divina. O eterno Deus revela muito de Si mesmo na Bíblia e, de igual modo, o Filho, mas o Espírito Santo não, pois não fala de Si mesmo, como disse Jesus em João 16.13. Outrossim, Ele não aparece com nomes revelados como o Pai e o Filho e, sim, com títulos descritivos da sua natureza e missão entre os homens. “Espírito Santo”, por exemplo, não é rigorosamente um nome apelativo, mas um título descritivo. Ele habita em nós; portanto, suas operações são invisíveis, nas profundezas do nosso ser interior.

 

                       O PODER EFICAZ DO ESPÍRITO SANTO (vv.4,5)

 

1. Demonstração de poder (v.4). É do Espírito Santo que flui a vida, bem como o poder de Deus (Sl 104.30; Ef 3.16; At 1.8). Esta é uma evidência da deidade do Espírito Santo: Ele tem autoridade e poder inerentes. Em todo o Novo Testamento, o versículo 4 é a única referência em que aparece no original o termo traduzido por “demonstração” do Espírito Santo. Literalmente, o termo designa uma demonstração operacional, prática e imediata do Espírito Santo na mente e na vida dos ouvintes do evangelho de Cristo (vv.4,5).

Isso contrasta nitidamente com os métodos repetitivos dos mestres e filósofos gregos da época, que tentavam conseguir discípulos mediante recursos retóricos e argumentação filosófica (v.5). Que diferença faz o evangelho de poder do Senhor Jesus Cristo! A oratória desses mestres era somente um espetáculo teatral vazio, que atingia apenas os sentidos dos espectadores. Em Paulo, ao contrário, operava o poder de Deus (vv.4,5; Cl 1.29; 1 Ts 1.5; 2 Co 13.10).

2. O poder de Deus mediante o Espírito (v.5). Esse divino poder é manifestado através da pregação do evangelho de Cristo em cinco ocasiões específicas: a) na conversão dos ouvintes (At 2.37,38); b) no batismo com o Espírito Santo (At 10.44); c) na expulsão de espíritos malignos (At 8.6,7; Lc 11.20); d) na cura divina dos enfermos (At 3.6-8); e) na obediência dos crentes ao Senhor (Rm 16.19).

 

                         A ONISCIÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO (vv.10,11)

 

O Espírito Santo conhece todas as coisas. Este é um fato solene, mormente se considerarmos que Ele habita em nós: “porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17). A primeira declaração denota a permanência do Espírito em nós; a segunda, sua presença dentro de nós.

1. O Espírito Santo revela (vv.9,10). Aos que amam a Deus, o Espírito Santo revela, já nesta vida, as infinitas e indizíveis bênçãos preparadas para os salvos e muito mais na outra. O profeta Isaías, pelo Espírito, profetizou essas maravilhas (Is 64.4; 52.15). Os demais profetas também tiveram a revelação divina dessas coisas admiráveis que os santos desfrutarão na glória (1 Pe 1.10-12). O Espírito também revelou aos escritores do Novo Testamento essas maravilhas consoladoras, inclusive a Paulo (v.10).

2. O Espírito Santo como Mestre (v.13). Ele é o nosso divino Mestre na presente dispensação da Igreja, como já estava predito em Provérbios 1.23. Concernente a esta missão, Jesus declarou: “o Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas” (Jo 14.26; Lc 12.12).

3. Diferentes espíritos mencionados (vv.4-12). O “Espírito de Deus” é mencionado nos vv.4,10-14. O Espírito de Deus deve ter toda primazia em nossas vidas. O “espírito do homem” é mencionado no v.11. Ele só entende as coisas humanas e naturais (Pv 20.27; 27.29; Jr 17.9). A passagem em apreço também alude ao “espírito do mundo” (v.12), que é pecaminoso e nocivo ao cristão (1 Jo 2.15-17; 5.19; Jo 14.30; 17.14,16).

4. Diferentes coisas mencionadas (vv.9-13). Seis diferentes “coisas” são aqui mencionadas. Uma dessas, refere-se à esfera humana; as demais são da parte de Deus: a) “Coisas que Deus preparou para os que O amam” (v.9); b) “Coisas das profundezas de Deus” (v.10); c) “Coisas do homem” (v.11); d) “Coisas de Deus” (v.11); e) “Coisas espirituais” (v.13); f) “Coisas do Espírito de Deus” (v.14).

5. Diferentes homens mencionados (vv.14,15). A Palavra de Deus divide a humanidade em três grupos de pessoas, isto no sentido espiritual:

a) O homem natural — literalmente “homem controlado pela alma” (v.14). Este não é salvo e vive de acordo com a natureza adâmica, por isso, é chamado natural.

b) O homem espiritual — isto é, “homem controlado pelo Espírito” (v.15). Este é aquele que o Espírito Santo governa e rege seu espírito, alma e corpo. Nele, o “eu”, pela fé em Cristo, está crucificado (Rm 6.11; Gl 2.19,20).

c) O homem carnal — ou seja, “homem controlado pela natureza carnal” (3.3). Trata-se do crente espiritualmente imaturo e que assim continua através da vida — menino em Cristo (3.1). A vida do crente carnal é mista, dividida. Esse crente vive um conflito interior entre a natureza humana e a divina, sendo a sua alma o campo de batalha (Gl 5.13-26).

Ninguém pode escapar dessa classificação. Todos nós somos um desses “homens” diante de Deus. Identifique-se, você, homem ou mulher!

 

                                      A DEIDADE DO ESPÍRITO SANTO

 

1. O Espírito Santo e seus atributos divinos. Na Leitura Bíblica em Classe, o Espírito Santo (vv.4,10-14) é mencionado juntamente com o Senhor Deus (vv.5,7,9-12,14) e o Senhor Jesus Cristo (vv.2,8,16). Isto denota a divindade do Espírito Santo. A Bíblia afirma que Ele é:

a) Eterno. Eterno significa infinito em existência; sem princípio; sem fim; sem limitação de tempo.

b) Onipotente. Ele tem pleno poder sobre todas as coisas (Sl 104.30). É denominado Senhor (2 Co 3.16-18); Criador (Jó 26.13; 33.4; Sl 33.6; 104.3; Gn 1.1,2; Ez 37.9,10).

c) Onisciente. Tudo é do seu pleno conhecimento.

2. O Espírito Santo é mencionado com o Pai e o Filho. É uma das evidências da sua divindade, senão vejamos:

a) Na fórmula doutrinária do batismo (Mt 28.19). A Bíblia não diz “nos nomes”, como se as três Pessoas da Santíssima Trindade fossem uma só; mas “em nome”, singular, distinguindo cada Pessoa: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.

b) Na invocação da bênção tríplice sobre a igreja (2 Co 13.13).

c) Na doutrina da habitação do Espírito no crente (Rm 8.9).

d) Na descrição bíblica do estado do crente diante de Deus (1 Pe 1.2).

e) Na diretriz ao povo de Deus (Jd vv.20,21). Neste texto, o Espírito Santo é mencionado primeiro; em seguida o Pai e, por fim, o Filho. Semelhante ocorre na doutrina da unidade da fé cristã (Ef 4.4-6), em que o Espírito é mencionado primeiro, seguido do Senhor Jesus e do Pai.

f) Na saudação bíblica às sete igrejas da Ásia (Ap 1.4,5).

 

                           A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO (v.11)

 

Personalidade é o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa. No seu aspecto psíquico, a personalidade consiste de intelecto, sensibilidade e vontade. Os três são chamados também de inteligência, afetividade e autodeterminação.

1. Atributos de personalidade. No Espírito Santo, vemos esta triplicidade de atributos, a saber: intelecto (v.11); sensibilidade (Ef 4.30); vontade (1 Co 12.11; Rm 8.27). Como membro da unidade trina de Deus, o Espírito Santo é uma Pessoa.

2. Unidade e distinção. O fato de o Espírito Santo ser um com Deus e com Cristo e, ao mesmo tempo, distinto dEles, é parte do grande mistério da Trindade Santa. Portanto, o Espírito Santo não é uma influência, poder, energia ou unção, como os heréticos concluem e ensinam, mas uma Pessoa divina e real. Em João 14.26; 15.26; 16.8,13,14, Jesus refere-se ao Espírito Santo empregando o pronome pessoal “Ele” (“ekeinos”), pronome pessoal e determinativo no original. Por sua vez, o divino Espírito chama a Si mesmo “Eu”, em Atos 10.19,20. Esta é uma inegável evidência da sua personalidade. 

 

Deus é uno e ao mesmo tempo triúno (Gn 1.1, 26; 3.22; 11.7; Dt 6.4; 1 Jo 5.7). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são três divinas e distintas Pessoas. São verdades bíblicas que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé precede a doutrina (1 Tm 4.6).

 

Espírito Santo é Deus.O Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal. É uma pessoa, assim como Deus e Jesus o são.

1. O Espírito Santo é chamado Deus (At 5.3,4) e Senhor (2 Co 3.18). Quando Isaías viu a glória de Deus (Is 6.1-3), escreveu: ‘Ouvi a voz do Senhor...vai e diz a este povo’ (Is 6.8-9). O apóstolo Paulo citou essa mesma palavra e disse: ‘Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo’ (Cf. At 28.25, 26). Com isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

2. O Espírito Santo faz parte da Santíssima Trindade. Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2 Co 13.13) e, a Bíblia afirma que os três são um (1 Jo 5.7). Assim, há ‘um só Espírito’ (Ef 4.4); ‘um só Senhor’ (Ef 4.5); e ‘um só Deus e Pai de todos’ (Ef 4.6). O Espírito é chamado ‘Espírito de Deus’ (Rm 8.9); ‘Espírito do Pai’ (Mt 10.20); ‘o Espírito de Cristo’ (Rm 8.9; 1 Pe 1.11); ‘o Espírito de Jesus’ (At 16.7), indicando assim que Ele os representa e também age por Eles; quando o Espírito Santo opera, o Cristo vivo está presente (Jo 14.18).

3. Ao Espírito Santo são atribuídas obras exclusivas da divindade. Ele tomou parte ativa na criação em geral (Sl 104.30), na criação do mundo (Gn 1.2) e na criação especial do homem (Jó 33.4). Ele inspirou a Palavra de Deus (1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21).

4. Ao Espírito Santo são atribuídas as características essenciais da divindade. Ele possui eternidade (Hb 9.14), é onisciente (1 Co 2.10,11), onipresente (Sl 139.7-10) e onipotente (Lc 1.35; 1 Co 12.11)”.

(BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, p.82-3.)

 

 

:                             O batismo com  Espirito Santo

 

 

 

 

 “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4).

Quando William Seymour começou a pregar o batismo no Espírito Santo com a evidência de falar noutras línguas e, a ensinar a doutrina pentecostal, os membros da congregação da Santidade o expulsaram da igreja. Em uma de suas mensagens afirmou: “Há uma grande diferença entre a pessoa santificada e a que é batizada com o Espírito Santo e com fogo. O santificado é limpo de seus pecados e cheio do amor divino, mas o batizado no Espírito Santo tem poder de Deus em sua alma,poder com Deus e com os homens e poder sobre todos os demônios de Satanás e todos os seus emissários”. Mensagens como esta suscitaram a ira da congregação e resultaram na expulsão de Seymour da comunidade. No entanto, Seymour foi recebido pelo casal Asbery. Na casa destes, começou a fazer reuniões de oração até que, em 9 de abril de 1906, Seymour orou pela cura de Edward Lee. Além de receber a cura, Lee foi batizado no Espírito Santo e falou noutras línguas. Naquele mesmo dia outras sete pessoas tiveram a mesma experiência pentecostal. Mas somente em 12 de abril de 1906 é que Seymour foi batizado com o Espírito Santo. 

O batismo no Espírito Santo é a experiência subseqüente a salvação que capacita o crente: (1) ao ministério evangelístico (At 1.8; 8.1-40); (2) a falar em outras línguas (At 2.4; 10.45,46); (3) a testemunhar com poder e ousadia (At 4.7-22,31); (4) agir sobrenaturalmente (At 5.1-11; 13.8-12; 6.8; 16.16-20); (5) a servir a igreja em suas necessidades sociais (At 6.1-7); (6) atender a chamada ministerial específica (At 13.1-4; 26.29; 10.1-48; At 20.24); (7) a contribuir com o avanço do Reino de Deus (5.14-16,42; 6.7; 8.25; 9.31; 19.20; 28.31); (8) a glorificar e orar a Deus poderosamente (At 10.45,46; 16.15; 4.31; Ef 5.18-20; Cl 3.16; Rm 8.26; Jd v.20). Por essas e outras inumeráveis razões o crente deve orar e glorificar intensamente a Deus a fim de que receba a magnífica promessa do batismo no Espírito Santo. 

Diversas teorias conhecidas como cessacionistas, negam o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial de falar noutras línguas e sua atualidade para os dias hodiernos.As supostas provas apresentadas pelos cessacionistas, além de inconsistentes quanto à argumentação são improváveis quanto à hermenêutica sagrada. Nesta lição, apresente aos alunos um quadro apologético concernente as evidências do batismo com o Espírito Santo em Atos, subseqüente a efusão do Espírito no dia de Pentecostes. Se você deseja conhecer os principais argumentos cessacionistas, bem como uma apologia a respeito da atualidade do batismo no Espírito Santo, consulte a bibliografia sublinhada. Reproduza o gráfico de acordo com os recursos disponíveis.

 

 

 

O batismo com o Espírito Santo é um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15,26).No entanto, o batismo do Espírito, como vemos em 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o novo nascimento (Jo 3.5) são imersos no corpo místico de Cristo (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.

 

              A PROMESSA DO BATISMO E O SEU CUMPRIMENTO

 

Dos cerca de 500 irmãos que viram Jesus ressurrecto e ouviram o seu chamado para o cenáculo em Jerusalém (Lc 24.49), apenas 120 deles atenderam (1 Co 15.6). Que acontecera aos demais que lá foram? Nem todos buscam com sede e perseverança o batismo com o Espírito Santo.

1. Analogia do batismo. Tanto Jesus quanto João Batista empregaram o termo “batismo” para descrever o revestimento de poder do Espírito Santo sobre o crente (At 1.5; 11.16; Mt 3.11; Mc 1.8). Ora, em todo batismo têm de haver três condições para que esse ato se realize: um candidato a ser batizado; um batizador; e um elemento ou meio em que o candidato será imerso. No batismo com o Espírito Santo, o candidato é o crente; o batizador é o Senhor Jesus; e o elemento ou meio em que o filho de Deus é imerso é o Espírito Santo.

2. A promessa do batismo pentecostal. Há várias promessas de Deus no Antigo Testamento a respeito do derramamento do Espírito sobre o povo, mas a principal é a que foi proferida pelo profeta Joel, uns 800 anos antes do advento de Cristo (Jl 2.28-32).

3. Predita por João Batista. João foi o arauto de Jesus; foi homem cheio do Espírito Santo. Em todos os quatro Evangelhos ele confirma a promessa do batismo: Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16.

4. Confirmada por Jesus. Em diversas ocasiões Jesus confirmou a promessa do batismo com o Espírito Santo.

a) Marcos 16.17. Jesus declarou: “falarão novas línguas”.

b) Lucas 24.49. Neste texto, Jesus denominou a promessa como a “promessa de meu Pai”. O batismo com o Espírito Santo foi o último assunto de Jesus aos seus, antes da sua ascensão (vv.50,51).

c) João 7.38,39. Esta passagem deve ser estudada juntamente com Atos 2.32,33. O apóstolo Pedro, após ser batizado com o Espírito Santo e pregar no Dia de Pentecostes, encerrou o seu sermão citando a promessa do batismo, agora cumprida em Jerusalém (At 2.1-4).

5. A promessa divina cumprida. No Antigo Testamento, o privilégio especial do povo de Deus foi receber, preservar e comunicar a revelação divina — as Santas Escrituras (Rm 3.1,2; 9.4; 2 Co 3.7). O privilégio especial do povo de Deus em o Novo Testamento, entretanto, é receber o Espírito Santo: a) na conversão (Jo 3.5; 14.16,17; 16.17; 2 Co 3.8,9; Rm 8.9); b) no batismo com o Espírito Santo; e, c) subseqüentemente, por meio da vida cristã (At 4.8,31; 9.17; 13.9,52; Ef 5.18).

 

                OS CONCEITOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

Da parte de Deus, o batismo com o Espírito Santo é, a um só tempo:

1. Uma ditosa promessa — “a promessa do Pai” (At 1.4). O batismo com o Espírito Santo procede da vontade, amor e promessa de Deus para os seus filhos.

2. Uma dádiva celestial inestimável — “o dom do Espírito Santo” (At 2.38). O batismo é uma dádiva de Deus aos crentes.

3. Uma imersão do crente no sobrenatural de Deus — “sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.5). A partícula original desta última referência também permite a tradução “batizados no Espírito Santo”.

4. Um revestimento de poder do alto — “até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). É como alguém estando vestido espiritualmente, ser revestido de poder do céu.

 

              COMO RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

1. Sendo a pessoa já salva. O batismo com o Espírito Santo é para quem já é salvo. Os discípulos ao serem batizados no Dia de Pentecostes: a) Tinham seus nomes escritos no céu (Lc 10.20); b) Eram limpos diante de Deus (Jo 15.3); c) Possuíam em si a vida espiritual (Jo 15.4,5,16); d) Haviam sido enviados para o seu trabalho, dotados de poder divino (Mt 10.1; Lc 9.1,2; 10.19).

2. Crendo na promessa divina do batismo. O batismo é chamado “a promessa do Pai” (Lc 24.49; At 1.4; 2.16,32,33).

3. Buscando com sede, em oração (At 1.4,14; Jo 7.37-39; Lc 11.13). A oração é um elemento necessário e indispensável para o crente obter o batismo com o Espírito Santo.

4. Adorando a Deus com perseverança. Louvando sempre a Deus. Assim fizeram os candidatos antes do primeiro Pentecostes (Lc 24.51,52).

5. Perseverando em unidade fraternal. Isso também eles fizeram antes do primeiro Pentecostes (At 1.14).

6. Vivendo em obediência à vontade do Senhor (At 5.32). Para você que busca o batismo, há alguma área da sua vida não submissa totalmente a Cristo?

 

             OS RESULTADOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

1. Edificação espiritual individual. Mediante o cultivo das línguas recebidas com o batismo, o crente é edificado pessoalmente (1 Co 14.4,15).

2. Maior dinamismo espiritual. Isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20).

3. Maior desejo e resolução para orar e interceder (At 3.1; 4.24-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26). O crente cheio do Espírito ora e intercede constantemente a favor dos filhos de Deus.

4. Maior glorificação do nome do Senhor. Isto “em espírito e em verdade”, nos atos e na vida do crente (Jo 16.13,14).

 

De acordo com Atos 2.17, o batismo com o Espírito Santo é para qualquer nação: “Toda carne”. Não há qualquer distinção de sexo para receber o batismo, pois está escrito que é para “filhos e filhas” (At 2.17). Também não importa a idade do candidato (“mancebos e velhos”) ou a camada social do indivíduo (“servos e servas”). Portanto, todos podem e devem buscar essa dádiva celeste. 

“O Vento e o Fogo.Três fenômenos não usuais aconteceram no dia de Pentecostes: ‘um som, como de um vento veemente e impetuoso’, ‘línguas repartidas, como que de fogo’, e o falar em línguas (At 2.1-4). É tentador enxergar as três manifestações do Espírito Santo como indicações de sua atuação em salvação (vento), santificação (fogo) e serviço (línguas).

O vento e o fogo algumas vezes são chamados de teofanias — manifestações visíveis de Deus. Em ocasiões históricas, como a entrega da Lei, houve trovões, relâmpagos e nuvens densas, e um som muito alto de buzinas (Êx 19.16); então naquele dia histórico o Senhor se manifestou de um modo inesquecível com fogo e vento enviados do céu. Precisamos perceber, no entanto, que o vento e o fogo precederam o enchimento do Espírito; não foram parte dele. E mais, em nenhum outro trecho no livro de Atos esses elementos são mencionados novamente em paralelo às pessoas sendo cheias com o Espírito. Esses foram acontecimentos únicos e para marcar a total inauguração de uma nova era no procedimento de Deus com o seu povo.

O fenômeno audiovisual de vento e fogo é remanescente da entrega da Lei no monte Sinai (Êx 19.18; Dt 5.4); o vento não é mencionado em conexão com aquele vento, mas com a travessia do mar Vermelho (Êx 14.21), bem como em outras manifestações especiais no Antigo Testamento da presença de Deus (2 Sm 22.16).O vento é um emblema do Espírito Santo (Ez 37.9; Jo 3.8); de fato, a palavra hebraica ruach tanto significa ‘vento’ quanto ‘espírito’, como acontece com a palavra grega comparável pneuma”.(PALMA, A. D. O batismo no Espírito Santo e com fogo. 2.ed., RJ: CPAD, 2002, p.58-9.)

 

 

 

                                        Os dons do Espírito Santo

 

 “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).

 

 

Entre aqueles que receberam o batismo com o Espírito Santo no mesmo dia do Sr. Edward Lee, encontrava-se Jennie Moore, que algum tempo depois casaria com Seymour. A Sra. Moore foi a primeira mulher a receber o batismo com o Espírito Santo na cidade de Los Angeles, na casa dos irmãos Richard e Ruth Asbery, na rua Bonnie Brae, 214. Na ocasião, começou a cantar noutras línguas e a tocar piano sob o poder de Deus. Todos ficaram maravilhados (At 2.7), pois sabiam que ela nunca havia estudado música. Segundo uma testemunha ocular, Emma Cotton, aquele grupo orou durante três dias e três noites e as pessoas que conseguiam entrar na casa dos Asbery, caíam sob o poder de Deus, enquanto outras eram curadas e salvas por Jesus Cristo. O local ficou repleto de pessoas a ponto do soalho ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, toda a cidade afluiu para observar o poder de Deus manifestado entre os seus filhos. 

Uma corrente da teoria cessacionista afirma que os dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra acredita que os dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento. A atualidade dos dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. No primeiro caso, podemos citar os propósitos dos dons, especificamente, o de fortalecer a Igreja (1 Co 14.3,4,26). Se os dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.

 

 Muitos têm dificuldades de distinguir entre Dons do Espírito (plural), Dom do Espírito (singular) e Fruto do Espírito (singular). Por isso, utilize nesta lição a tabela “Paralelo Lógico”. Este recurso possibilita a comparação entre dois ou mais elementos e suas possíveis correspondências.

Concernente os dons espirituais, dois princípios devem ficar patentes. Primeiro, quando uma pessoa recebe do Senhor os dons do Espírito, não significa que ela é mais perfeita ou que é mais merecedora das bênçãos divinas do que outras. Segundo, assim como o crente não é salvo pelas obras, mas pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça (Rm 12.6).

 

                  GENERALIDADES SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS

 

Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e abençoadas por Deus.

1. Principais passagens. São sete as principais passagens que tratam sobre os dons espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe 4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o assunto.

2. Termos bíblicos designadores dos dons. Abordaremos apenas os principais: 

a) Dons espirituais (pneumatikos). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (v.7; 14.1).

b) Dons da graça (charismata). Falam da graça subseqüente de Deus em todos os tempos e aspectos da salvação (1 Co 12.4; Rm 12.6).

c) Ministérios (diakoniai). Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.5,12-27).

d) Operações (energēmata). Esses dons são operações diretas do poder de Deus para a realização de seus propósitos (vv.9,10).

e) Manifestação (phanerōsis). Embora sejam sobrenaturais, o sentido do termo original aqui, sugere que os dons operam na esfera do natural, do sensível, do visível.

 

 Classificação dos dons espirituais. Os dons espirituais podem ser classificados como:

 

a) Manifestações do Espírito. Conforme 1 Coríntios 12.8-10, são nove dons pelo Espírito Santo. Esses dons são capacitações sobrenaturais de pessoas para a edificação do corpo de Cristo e para seus membros individualmente (vv.3-5,12,17,26; 12; 14). Manifestam-se de modo eventual e imprevisto, não estando subordinados à vontade do portador, mas à soberania de Deus.

b) Dons de ministério prático. São dons de serviços práticos individuais ou em grupo (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). Nestas passagens eles aparecem com os demais dons espirituais e, sob o mesmo título original, “charismata” (dons da graça).

 

 Alvo e resultado dos dons (1 Co 12.7b). São propósitos dos dons espirituais:

 

a) A glorificação do Senhor Jesus (Jo 16.14).

b) A confirmação da Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb 2.3,4).

c) O crescimento em quantidade e qualidade da obra de Deus (At 6.7; 19.20; 9.31; Rm 15.19).

d) A edificação espiritual da Igreja (1 Co 12.12-27).

e) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12).

 

O exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a) procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e confusões no uso dos dons.

 

                       EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS

 

1. Dons espirituais de manifestação do Espírito. Estão classificados em:

 

a) Dons que manifestam o SABER de Deus:

 

      A palavra da sabedoria (1 Co 12.8). É um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural pelo Espírito Santo, necessário ao pastoreio, na administração e liderança.

      A palavra da ciência (1 Co 12.8). É um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito Santo; de fatos, causas, ensinamentos, etc.

       Discernir os espíritos (1 Co 12.10). É um dom de conhecimento e revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo para não sermos enganados por Satanás e pelos homens.

 

b) Dons que manifestam o PODER de Deus.

 

       (1 Co 12.9). É um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo, a fim de que a igreja supere os obstáculos, sejam quais forem.

     Dons de curar (1 Co 12.9). Literalmente, “dons de curas”. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito, dos crentes quanto dos incrédulos.

      Operação de maravilhas (1 Co 12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus, para despertar e convencer os incrédulos.

 

c) Dons que manifestam a MENSAGEM de Deus.

 

       Profecia (1 Co 12.10). É um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3).

      Variedade de línguas (1 Co 12.10). É um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (1 Co 12.30).

      Interpretação das línguas (1 Co 12.10). É um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem.

 

2. Dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). São administrações de serviços práticos que, pela sua natureza, residem no portador.

 

a) Ministério (Rm 12.7). É servir capacitado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Ministração, prestar serviço material e espiritual sem esperar reconhecimento ou remuneração.

b) Ensinar (Rm 12.7). É o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer e a entender. Não confundir com o ministério de ensino de Efésios 4.11 e Atos 13.1.

c) Exortar (Rm 12.8). Exortar aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar.

d) Repartir (Rm 12.8). O sentido é doar generosamente, oferecer; distribuir aos necessitados sem esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo Espírito. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo, filantropia, altruísmo.

e) Presidir (Rm 12.8). É conduzir, dirigir, organizar, liderar, orientar com segurança, conhecimento e discernimento espiritual.

f) Exercitar misericórdia (Rm 12.8). Este dom refere-se à assistência aos sofredores, necessitados, carentes; fracos, enfermos, presos, visitação, compaixão.

g) Socorros (1 Co 12.28). Literalmente “achegar-se para socorrer”. É o caso de enfermos, exaustos, famintos, órfãos, viúvas, etc.

h) Governos (1 Co 12.28). É um dom plural no seu exercício. É dirigir, guiar e conduzir com segurança e destreza. O termo original sugere pilotar uma embarcação com segurança, destreza e responsabilidade.

 

3. Dons espirituais na área do ministério. Esses dons são enumerados em Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12.28,29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres.

 

                         RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DONS

 

1. Conhecer os dons. “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1).

2. Buscar os dons. “Procurai com zelo os melhores dons” (1 Co 12.31).

3. Zelar pelos dons. “Procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co 14.1).

4. Ser abundante nos dons. “Procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1 Co 14.12).

5. Ter autodisciplina nos dons. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32).

6. Ter decência e ordem no exercício dos dons. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40). 

Poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. No entanto, deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).

 

“Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja.

Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinam aos apóstolos, ou a umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef 4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam dons de revelação: Ágabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.10-19). Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (Gl 3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os convertidos gentios (At 10.44-48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At 8.14-25) e em Corinto (1 Co 12-14).

O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verdadeiro quanto ao dom da profecia. Paulo mantém que ‘o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando’ (1 Co 14.3). E, novamente: ‘O que profetiza edifica a igreja’ (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos dons espirituais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja? Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam no século XX? As próprias declarações da Bíblia forçam-nos a crer na sua continuidade”.(DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. RJ: CPAD, 1995, p.135.)

 

                           O cristão e sua santificação

 

 

 

 

Após o derramamento do Espírito Santo sobre os irmãos na residência dos Asbery e, como muitos ainda continuavam a freqüentar as orações, Seymour procurou um novo espaço para as reuniões. Encontrou na Rua Azusa, 312, uma estrebaria de dois andares que, em seus primeiros dias, havia sido um templo da igreja episcopal metodista africana. Em fins de abril, o edifício estava limpo e organizado para acomodar cerca de 750 pessoas. Não muitos dias depois, o mover do Espírito naquele lugar atraiu pessoas de todo mundo. Em 18 de abril de 1906, o Daily Times, jornal de Los Angeles, publicou uma reportagem de primeira página sobre o avivamento. Durante quase mil dias, milhares de pessoas de todas as partes do globo visitaram a Rua Azusa e foram profundamente tocadas pelo derramamento abrasador do Espírito Santo. Homens, mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos e doutores — todos foram alcançados pela promessa pentecostal de Atos 2. 

No Antigo Testamento o conceito de santidade, santo ou santificado é expresso por três palavras principais: qādashqōdesh eqādôsh. O verbo qādash ocorre 170 vezes no hebraico bíblico, com o sentido de “ser consagrado”, “ser santo”, “ser santificado”. Na primeira ocorrência do termo (Gn 2.3) significa “declarar algo santo” (Êx 20.8), mas também o estado daquele que é reservado exclusivamente para Deus (Êx 13.2). No entanto, há 470 ocorrências do substantivo qōdesh com o significado de “consagração”, “santidade”, “qualidade de sagrado”, “coisa santa”. A palavra é empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38). Já o adjetivo qādôsh, isto é, “santo”, “sagrado”, além de ocorrer 116 vezes é o vocábulo mais difundido entre os estudantes das Escrituras Sagradas. Em Êxodo 19.6, primeira ocasião em que se emprega o termo, designa o estado de santidade do povo de Deus (Nm 16.3; Lv 20.26), e a santidade do próprio Deus (Is 1.4; 5.16; 40.25). 

Muitos não distinguem adequadamente as palavras santidade, santificação, santificar, santíssimo, santo e santuário. Portanto, apresente nessa lição um quadro com esses termos, incluindo o significado e uma referência bíblica ao vocábulo. Esse recurso deve, preferencialmente, ser usado no final do tópico “Santidade, Santificar e Santificação”. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis.

 Salvação e santificação são as obras redentoras realizadas por Jesus no homem integral: espírito, alma, e corpo. A Bíblia afirma que fomos eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2 Ts 2.13). Esta verdade está implícita no evangelho de João 19.34, que diz que do lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, o sangue poderoso de Cristo nos redime de todo pecado, mas a água também nos lava de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Portanto, a salvação e a santificação devem andar juntas na vida do crente.

 

                                 SANTIDADE, SANTIFICAR E SANTIFICAÇÃO

 

1. A santidade de Deus. A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Lv 19.2; Ap 15.4). É o atributo que melhor expressa sua natureza. No crente, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do sol (ver Hb 12.10; Lv 21.8b).

Deus é “santo” (Pv 9.10; Is 5.16), e quem almeja andar com Ele, precisa viver em santidade, segundo as Escrituras.

2. Santificar e santificação. “Santificar” é “pôr à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente pessoal”. Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.

A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.

 

                                A TRÍPLICE SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

 

De acordo com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional, progressiva e futura.

1. Santificação posicional (Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Co 6.11). No seu aspecto posicional, a santificação é completa e perfeita, ou seja, o crente pela fé torna-se santo “em Cristo”. Deus nos vê em Cristo perfeitos (Ef 2.6; Cl 2.10). Quando estamos “em Cristo”, não há qualquer acusação contra nós (Rm 8.33, 34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa santidade (1 Jo 4.17b).

2. Santificação progressiva. É a santificação prática, aplicada ao viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação do crente pode ser aperfeiçoada (2 Co 7.1). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10 já haviam sido santificados, e continuavam sendo santificados (vv.10,14 - ARA).

O crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, o busca, em cooperação com Deus: “Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15).

a) O lado divino da santificação progressiva. São meios, os quais o Senhor utiliza para santificar-nos em nosso viver diário. Esses recursos divinos são: (1) O sangue de Jesus Cristo (Hb 13.12; 1 Jo 1.7,9); (2) a Palavra de Deus (Sl 12.6; 119.9; Jo 17.17; Ef 5.26); (3) o Espírito Santo (Rm 1.4; 1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13); (4) a glória de Deus manifesta (Êx 29.43; 2 Cr 5.13,14); (5) e a fé em Deus (At 26.18; Fp 3.9; Tg 2.23; Rm 4.11).

b) O lado humano da santificação. Deus é quem opera a santificação no crente, embora haja a cooperação deste. Os meios coadjuvantes de santificação progressiva são: (1) O próprio crente. Sua atitude e propósito de ser santo, separado do mal para posse de Deus são indispensáveis. É o crente tendo fome e sede de ser santo (Mt 5.6; 2 Tm 2.21, 22; 1 Tm 5.22); (2) O santo ministério. Os obreiros do Senhor têm o dever de cooperar para a santificação dos crentes (Êx 19.10,14; Ef 4.11,12); (3) Pais que andam com Deus. Assim como Jó (Jó 1.5), os pais devem cooperar para a santificação dos filhos. Eunice, por exemplo, colaborou para a integridade de Timóteo, seu filho (2 Tm 1.5; 3.15). Por outro lado, pais descuidados podem influenciar negativamente seus filhos, como no caso de Herodias que influenciou a Salomé (Mc 6.22-24); (4) As orações do justo (Sl 51.10; 32.6). A oração contrita, constante e sincera tem efeito santificador; (5) A consagração do crente a Deus (Lv 27.28b; Rm 12.1,2). A rendição incondicional do crente a Deus tem efeito santificador nele.

3. Santificação futura. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (1 Jo 3.2). Ver também: Ef 5.27; 1 Ts 3.13.

 

                                    ESTORVOS À SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

 

Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade. Vejamos alguns deles:

1. Desobediência. Desobedecer de modo consciente, contínuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx 19.5,6).

2. Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3; 2 Co 6.14-17).

3. Erros a respeito da santificação. O próprio Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é a santificação bíblica.

a) Exterioridade (Mt 23.25-28; 1 Sm 16.7). Usos, práticas e costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da santificação, e não a causa (Ef 2.10).

b) Maturidade cristã. Não é pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação contínua da limpeza. A maturidade cristã varia, como se vê em 1 Jo 2.12, 13: “Filhinhos”; “pais”; “mancebos”; “filhos”.

c) Batismo com o Espírito Santo e dons espirituais. O batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais em si mesmos, não equivalem à santificação como processo divino e contínuo em nós (At 1.8; 1 Co 14.3).

4. Áreas da vida não santificadas. Alguns aspectos reservados da vida do crente que não foram consagrados a Deus, devem ser apresentados ao Senhor. Como por exemplo, a mente, sentidos, pensamento, instintos, apetites e desejos, linguagem, gostos, vontade, hábitos, temperamento, sentimento. Um exemplo disso está em Mateus 6.22,23.

 

                                 NECESSIDADE DE O CRENTE SANTIFICAR-SE

 

Para esse tópico aconselhamos a leitura meditativa de 2 Coríntios 7.1 e 1 Tessalonicenses 4.7.

1. A Bíblia ordena. A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordenar que sejamos santos (1 Pe 1.16; Lv 11.44; Ap 22.11), pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1 Co 3.17).

2. Os santos serão arrebatados. O Senhor Jesus que é santo, virá buscar os que são consagrados a Ele (1 Ts 3.13; 5.23; 2 Ts 1.10; Hb 12.14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1 Ts 4.3).

3. A santidade revelada de Deus. Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente (Lv 10.3; Nm 20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem exigindo santidade na vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua!

4. Os ataques do Diabo. Devemos atentar para o fato de que, o Diabo, centraliza seus ataques na santificação do crente. A principal tática que o adversário emprega para corromper a santidade é o pecado da mistura. Isso ele já propôs antes a Israel através de Faraó (Êx 8.25). Esta mistura, inclui: da igreja com o mundanismo; da doutrina do Senhor com as heresias; da adoração com as músicas profanas; etc.

 

Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo.

 

                                          Santificação e Pentecostes

 

1. Santificados antes do Pentecostes. Lendo a Bíblia cuidadosamente, vemos que os discípulos eram pessoas salvas e santificadas e haviam recebido a unção do Espírito antes do dia de Pentecostes. Em João 17.15-17, Jesus ora: ‘Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade’. Jesus é a Palavra e a verdade, por isso os discípulos foram santificados pela verdade na mesma noite em que ele orou por eles (Jo 20.21-23). Os discípulos, portanto, já estavam cheios da unção do Espírito Santo antes do dia de Pentecostes, e isso os sustentou até que foram dotados com poder do alto. No primeiro capítulo de Atos, Jesus orienta os discípulos a esperarem pela promessa do Pai. Não era para esperar pela santificação. O sangue de Cristo já havia sido derramado na cruz do Calvário. Ele não ia enviar o seu sangue para limpá-los da carnalidade, mas o seu Espírito, para dotá-los com poder.

2. A Santificação. Não há nada mais doce, mais sublime ou mais santo neste mundo do que a santificação. O batismo com o Espírito Santo é o dom de poder na alma santificada, capacitando-a para pregar o Evangelho de Cristo ou para morrer na fogueira. O batismo reveste o crente até o dia da redenção, de modo que ele esteja pronto para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-noite ou a qualquer momento, porque tem óleo em sua vasilha, junto com a sua lâmpada.

Você é participante do Espírito Santo no batismo pentecostal da mesma maneira que foi participante do Senhor Jesus Cristo na santificação” (SEYMOUR, W. J. Santificados antes do Pentecostes. In KEEFAUVER, L. (ed.). O avivamento da Rua Azusa— Seymour. RJ: CPAD, 2001, p.80-3).

 

 

 

                AS MINISTRAÇÕES DO ESPIRITO SANTO NO CRISTÃO

 

 

O avivamento manifestado na Missão da Rua Azusa ocorreu em uma época de profundo racismo e preconceito social. Em 1906, um repórter, opositor do movimento, criticou severamente os eventos ocorridos. No entanto, a crítica registrada no jornal local, serve-nos de provas contundentes da efusão do Espírito e de seu poder transformador, capaz de quebrar qualquer preconceito, seja social ou racial. Assim se expressava o jornalista: “(...) vergonhosa mistura de raças (...) eles clamavam e faziam grande barulho o dia inteiro e à noite adentro. Corriam, pulavam, tremiam todo o corpo, gritavam com toda a sua voz, faziam rodas, tombavam sobre o assoalho coberto de serragem, sacudindo-se, esperneando e rolando no chão (...) Eles afirmam estar cheios do Espírito. Eles têm um caolho, analfabeto e negro como seu pregador que fica de joelhos a maior parte do tempo (...) Não fala muito, mas, às vezes, pode ser ouvido gritando ‘Arrependei-vos!’. Então, permanece na mesma atitude de oração (...) Eles cantam repetidamente a mesma canção, ‘O Consolador Chegou’”.

 

Muitas ministrações divinas são atribuídas simultaneamente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo: A vocação para a salvação é atribuída ao Pai (1 Co 1.9; 1 Ts 2.12), ao Filho (Mt 11.28; Lc 5.32) e ao Espírito Santo (Jo 16.8-11; 15.16; At 5.32). De modo semelhante, a santificação é operada por Deus (1 Ts 5.23; Ez 37.28), por Cristo (Hb 13.12; Ef 5.26) e, mediante o Espírito Santo (1 Pe 1.2; 1 Co 6.11). No entanto, uma das primeiras ministrações do Espírito no homem, não ocorre quando este é salvo, mas quando ainda está morto em delitos e pecados (Ef 2.1; Jo 3.5-8). Esta ministração ao pecador é dupla: convencer (do pecado, da justiça e do juízo, Jo 16.7-11) e restringir ou deter o mal no mundo (2 Ts 2.6-9). Portanto, a obra inicial do Espírito de Cristo no homem é o convencimento — ato magnânimo operado pelo Espírito na comunicação da graça de Cristo, a fim de que o pecador aceite inteligentemente a Cristo como Senhor e Salvador. A segunda ministração não se restringe ao pecador como indivíduo, mas a totalidade deles sendo guardados da operação do mal no mundo. É evidente de que não se trata de eliminar o mal, mas limitá-lo, restringi-lo, diminuir-lhe a eficácia de acordo com os propósitos divinos, como demonstram o texto citado. Somente então, quando o tempo predeterminado por Deus for cumprido, é que o iníquo se revelará e, durante sete atribulados anos, os pecadores sofrerão, até que o Rei dos reis retorne para exercer total autoridade.

Em razão de suas operações dinâmicas (Gn 1.2), o Espírito Santo é mais mencionado no Antigo Testamento como “Espírito”. Já no Novo, Ele é citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente.

Esta distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento é claramente percebida em 2 Coríntios 3.7,8. O versículo 8 assevera: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?”.

 

            AS MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E A SALVAÇÃO

 

1. O novo nascimento pelo Espírito (Jo 3.3-8). O novo nascimento abrange a regeneração e a conversão, que são dois lados de uma só realidade. Enquanto a regeneração enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser nascido de novo deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. A expressão “de novo” (v.3), de acordo com o texto original, significa “nascer do alto, de cima, das alturas”. Isto quer dizer que se trata de um nascimento espiritual realizado pelo Espírito Santo. O homem natural, portanto, desconhece esse novo nascimento (vv.4-12; ler Jo 16.7-11; Tt 3.5).

2. A habitação do Espírito no crente (Jo 14.16,17; Rm 8.9). No Antigo Testamento o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espírito habita no crente (Jo 20.21,22). Este privilégio é também reafirmado em 1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; Gl 4.6.

3. O testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). Esse testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de que:

a) Deus é o nosso Pai celeste. “Pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (v.15).

b) Somos filhos de Deus. “O mesmo Espírito testifica... que somos filhos de Deus” (v.16). É pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do Espírito Santo, concernente à nossa salvação em Cristo.

4. A fé pelo Espírito Santo para a salvação. É a vida de fé (Rm 1.17), “pelo Espírito” (Gl 5.5). Tal fé, segundo At 11.24, procede do Espírito a fim de que o crente permaneça fiel por meio da manifestação do fruto do Espírito (Gl 5.22b). Uma coisa decorre da outra. Os heróis de Hebreus 11 venceram “pela fé”, porque o Espírito a supria (2 Co 4.13; Hb 10.38).

5. A santificação posicional do crente. A santificação sob este aspecto é perfeita e completa “em Cristo”, mediante a fé. Ela ocorre por ocasião do novo nascimento (1 Co 1.2; Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Jo 4.17; Fp 1.1), sendo simultânea com a justificação “em Cristo” (1 Co 6.11; Gl 2.17a).

 

                AS MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E OS SALVOS

 

1. O batismo “do” ou “pelo” Espírito Santo para o crente (1 Co 12.13; Gl 3.27; Rm 6.3). Este batismo “do” ou “pelo” Espírito é algo tão real, apesar de ser espiritual, que a Bíblia o denomina como “batismo”. Em todo batismo, como já afirmamos, há três pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um meio em que o candidato é imerso. No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (1 Co 12.13); o batizando é o novo convertido; e, o elemento em que o recém-convertido é imerso, é a igreja, como corpo místico de Cristo (1 Co 12.27; Ef 1.22, 23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na igreja (Mt 16.18). Logo, todos os salvos são batizados “pelo” Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo — a Igreja, mas nem todos são batizados “com” ou “no” Espírito.

2. O batismo “com” ou “no” Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4; 10.44-46; 11.16; 19.2-6). A evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas pelo crente conforme o Espírito concede. É uma ministração de poder do alto pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o Senhor Jesus (Jo 14.26; At 2.32,33).

3. O fruto do Espírito através do crente (Gl 5.22,23; Ef 5.9; Jo 15.1-8,16). A evidência de que alguém continua cheio do Espírito é a manifestação do fruto do Espírito em sua vida (Mt 3.8; 7.20). Um cristão que afirma ser nascido de novo, mas seu modo de viver dentro e fora da igreja desmente o que ele afirma, é uma contradição; um escândalo e pedra de tropeço para os descrentes e os cristãos mais fracos. É pela sua habitação e presença permanente no crente, regendo-o em tudo, que o Espírito produz o seu fruto, como descrito em Gl 5.22.

4. A santificação progressiva do crente (1 Pe 1.15,16; 2 Co 7.1; 3.17,18). Essa verdade é declarada no texto original de Hebreus 10.10,14. No versículo 10, a ênfase recai sobre o estado ou a posição do crente — santo: “Temos sido santificados”. O versículo 14, no entanto, não só reafirma o estado anterior, “santo”, como declara o processo contínuo de santificação proveniente de tal posição: “sendo santificados” (v.14). Aqui temos a santificação posicional e progressiva.

5. A oração no Espírito (Rm 8.26,27; Ef 6.18; Jd v.20; Zc 12.10; 1 Co 14.14,15). Esta ministração do Espírito no crente, capacita-o a orar, inclusive a interceder por outros. Logo, só podemos orar de modo eficaz se formos assistidos e vivificados pelo Espírito Santo. A “oração no Espírito” de que trata Jd v.20, refere-se a essa capacidade concedida pelo Espírito.

6. O Espírito Santo como selo e penhor (2 Co 1.22; Ef 1.13,14; 4.30; 2 Co 5.5). Devemos observar que nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa selada. Por conseguinte, indicava propriedade particular, segurança e garantia. Este selo, portanto, não é o batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova de que o mesmo é posse ou propriedade particular de Deus.

Juntamente com o selo é mencionado o “penhor da nossa herança” (Ef 1.14). De modo semelhante ao selo, o penhor era o primeiro pagamento efetuado a fim de se adquirir uma propriedade. Mediante esse “depósito”, a pessoa assegurava o objeto como propriedade exclusiva. Assim, o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva e intransferível. O Senhor Jesus “investiu” em nós imensuráveis riquezas do Espírito como penhor ou garantia de que muito em breve Ele virá para levar para Si sua propriedade peculiar, a igreja de Deus (Tt 2.14).

7. A unção do Espírito para o serviço. Jesus, nosso exemplo, foi ungido com o Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). Assim também a igreja recebeu a unção coletiva do Espírito (2 Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente ungidos para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus. Vejamos a unção do Espírito sobre o crente, conforme 1 João 2.20,27.

a) “Tendes a unção do Santo”. Esta unção santifica e separa o crente para o serviço de Deus.

b) “E sabeis tudo”. Também proporciona conhecimento das coisas de Deus em geral.

c) “Fica em vós” (v.27). É permanente no crente.

d) “Unção que vos ensina todas as coisas” (v.27). É didática, pois possibilita ensino contínuo das coisas de Deus.

e) “É verdadeira” (v.27). Não falha, pois procede da verdade, que é Deus.

f) “E não é mentira” (v.27). É sem dolo; sem falsidade. É possível que houvesse entre certos líderes daqueles dias uma falsa unção, que imitava a verdadeira. 

Na conclusão do capítulo em estudo (2 Co 3), prorrompe jubiloso o sacro escritor, a respeito da glória do ministério do Espírito: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (v.18). São, portanto, maravilhosas as ministrações e dádivas do Espírito Santo, dispensadas aos filhos de Deus (2 Co 3.8).

 

                         A Operação do Espírito Santo é Condicional

 

1. Ministrações do Espírito. As obras e ministrações do Espírito Santo provam a sua divindade, assim como as obras que Jesus realizou como homem provam que Ele é o Filho de Deus (Jo 5.36; 10.25,38; 14.11). Portanto, o Espírito Santo sempre opera em conjunto com a Trindade, pois é o ativador de todas as coisas.

2. Soberania do Espírito. O Espírito Santo é soberano. Ele opera como o vento, isto é, ‘assopra onde quer’ (Jo 3.8). Aquele que se coloca à inteira disposição do Espírito Santo experimentará a sua operação poderosa e irresistível (cf. At 6.10). A Bíblia diz: ‘Operando eu, quem impedirá?’ (Is 43.13). Assim aconteceu nos dias dos apóstolos; apesar de os inimigos os perseguirem, procurando impedi-los de agir, o Espírito Santo operava por meio deles de tal maneira que o Evangelho se espalhou vitoriosamente por toda a parte (At 4.33; 5.40-42; 6.7)”.(BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, pp.88,120.)

 

 

Embora muitos tenham se oposto ao movimento de renovação espiritual da Rua Azusa, o poder do Espírito manifestava-se profusa e poderosamente. O avivamento da Rua Azusa ainda hoje é considerado por muitos historiadores da igreja e do movimento pentecostal, como o “avivamento que acendeu a fogueira mundial do Pentecostes no século XX”. Entre os que estavam presentes naquelas reuniões pentecostais, destaca-se a sra. Maria Woodworth Etter. Procedente de um lar desajustado, aceitou a Jesus com a idade de 13 anos, e foi batizada com o Espírito Santo e com fogo enquanto pregava na Igreja dos Discípulos. W. Etter, fundou duas igrejas; sua pregação inflamada fazia-se acompanhar por milagres, curas, visões, profecias, línguas e libertações. Foi poderosamente usada por Deus para demonstrar que o poder do Espírito está tão atuante nos dias de hoje quanto na época dos apóstolos. 

A palavra renovar e seus derivados (renovação e renovo), quando usadas no contexto salvífico do Antigo e Novo Testamento, referem-se a uma completa e total ruptura com a natureza pecaminosa, e a um viver tão repleto da graça de Deus, que é considerado um novo nascimento (Sl 51.10; 103.5; Rm 12.2; Tt 3.5; 2 Co 4.16; 5.17; Cl 3.10; Gl 6.15; Ef 4.23). No hebraico hādāsh, quer dizer “renovar”, “restaurar”, “reparar”, “concertar”. Nesse sentido, o termo é empregado com o sentido de “tornar ao estado original” (Lm 5.21). À luz da teologia do Novo Testamento, o sentido de hādāsh tem evidente paralelo com o texto de Efésios 4.23,24: “E vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade”.

“Um dos significados da palavra renovar no hebraico (hādāsh) é ‘revitalização’, ‘frescor’, ‘vivacidade’, ‘coisa nova’. A Bíblia afirma que ‘A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma’ (Sl 19.7). Por intermédio das Escrituras não somos apenas confortados, mas temos alívio, mesmo no verão escaldante de nossas dores”. 

Há vários fatores que ocasionam o envelhecimento ou a decadência espiritual. Os mais comuns são a rotina, a imaturidade, a frieza, o descaso e, por fim, a estagnação da vida cristã. Há crentes que perdem o entusiasmo e o fervor dos primeiros dias de fé; acostumando-se a uma vida sem poder, testemunho, oração, consagração e crescimento. Nesta situação, se não houver uma reversão imediata, o crente pode desviar-se dos caminhos do Senhor, o que será ainda pior. Aquele fervor espiritual do início da conversão deveria ser conservado, mantendo assim aberto o caminho da renovação pelo Espírito Santo (Lv 6.13; Jó 14.7-9; Sl 92.10; 119.25; Lm 5.21; Tt 3.5).

 

                             O QUE SIGNIFICA “RENOVAÇÃO ESPIRITUAL”

 

Renovar significa “tornar novo”, “recomeçar”, “refazer”, “reaver”, “retornar”. Na renovação espiritual, o Espírito Santo restaura e revigora a obra que anteriormente havia iniciado na vida do crente (Sl 103.5; Rm 12.2; Ap 2.4,5; Sl 51.10; Cl 3.10). Renovar espiritualmente é:

1. Retornar às experiências espirituais do passado. No início da fé cristã, o homem recebe do Senhor, bênçãos extraordinárias que antes da conversão jamais poderia obter: fortificação pela fé em Cristo, certeza de vida eterna, batismo no Espírito Santo, dons sobrenaturais, milagres, comunhão com Deus, santidade, vida cristã vitoriosa e tantas outras maravilhas que acompanham a salvação. O amoroso Pai, tem prazer de, no início da jornada da fé, encher o crente de vida, graça e poder espiritual. Ele nos eleva muito além das experiências puramente humanas.

Todavia, infelizmente, muitos esfriam na fé e perdem o contato com a Fonte da Graça. Só o Senhor, por meio do seu Santo Espírito, pode revigorar aqueles que perderam a força e a altitude das águias (Is 40.28-31).

2. Restabelecer as bênçãos perdidas. É difícil aceitar que o crente possa perder algo que recebera de Deus. Alguém imagina que o Pai Celestial jamais retirará as bênçãos de seus filhos, especialmente as espirituais. Porém, a Bíblia é categórica ao afirmar que, se não cuidarmos bem da nossa vida espiritual, poderemos, sim, perder as bênçãos advindas do Senhor. A Palavra de Deus nos diz que podemos perder o amor (Ap 2.4), a alegria da salvação (Sl 51.12), a fé (1 Tm 6.10), a firmeza em Deus (2 Pe 3.17), o poder (Jz 16.20), e muitas outras coisas. É por isso que somos advertidos a guardar o que temos (Ap 3.11).

Graças a Deus, que pela renovação espiritual, o Senhor nos restaura completamente e torna a dar-nos as bênçãos perdidas (Sl 51.10; Os 2.15; Lm 5.21-23). O Grande Oleiro é plenamente capaz de fazer um novo vaso, com o barro do vaso que se quebrou (Jr 18.1-4).

3. Receber novas bênçãos. As promessas de Deus jamais falham. Em Deus “não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17; Hb 1.10-12). A conversão inclui grandes e ricas promessas de Deus para a vida do crente, as quais Ele cumpre fielmente. Na renovação espiritual, o Senhor nos dá as bênçãos prometidas que até então não tínhamos recebido (Is 45.3), e nos anima a conquistarmos muito mais (Js 18.3).

Além disso, as beatitudes que Ele nos concedeu no passado, continuarão no presente, porque suas promessas são fiéis para todos os tempos (At 2.39; 2 Co 1.20).

 

                           A NECESSIDADE DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

 

1. A renovação deve ser diária. Assim como o corpo físico revigora-se diariamente, nosso homem interior precisa de constante renovação para manter-se fortalecido e plenamente saudável espiritualmente. Conforme nos orienta a Palavra de Deus, a renovação espiritual deve ocorrer “de dia em dia” (2 Co 4.16).

No tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a Jeová nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv 6.12,13). O mesmo se dava com as especiarias do altar do incenso e o azeite do castiçal. Ambos eram renovados continuamente na presença do Senhor (Êx 27.20,21; 30.7). Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele. Sempre prontos e renovados espiritualmente diante dEle (Fp 4.4).

2. A renovação deve ser consciente e desejada. Precisamos ter consciência da urgente necessidade da renovação espiritual: “...transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm 12.2). Assim como a chuva cai sobre as plantações, gerando e produzindo fruto (Sl 65.7-13), devemos pedir ao Senhor que envie sobre nós, sua lavoura, uma abundante chuva de renovação (1 Co 3.10; Sl 72.6,7; Os 6.3). Quando essa chuva começar a cair, o Espírito Santo de Deus certamente fará maravilhas, a começar pelas vidas renovadas. Aleluia!

3. A renovação enseja a operação do Espírito Santo.

a) A renovação mantém o crente afastado do mundo. Em Efésios 4.25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas mundanas, emanadas do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a vida do crente. Precisamos não somente abandonar, mas abominar estas coisas que entristecem o Espírito de Deus: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as” (v.11). Pela renovação espiritual nos mantemos firmes no processo de despir-se do velho homem e revestir-se do novo (Ef 4.22-24).

b) A renovação aprofunda o crente na Palavra de Deus. Quando somos renovados, nosso espírito é impelido pelas verdades eternas da Palavra (Jo 6.63), e nossa fé cresce abundantemente (Rm 10.17).

c) A renovação dá poder ao crente. “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40.31). No dia de Pentecostes, todos os crentes foram cheios do Espírito Santo (At 2.4). Não obstante, pouco tempo depois foram cheios novamente; do mesmo poder e pelo mesmo Espírito (At 4.30,31).

d) A renovação torna o crente sensível à direção do Espírito. Quando somos renovados ficamos bem atentos à voz do Espírito, para sermos conduzidos e instruídos por Ele (At 16.6,7; 10.19). Se o Espírito Santo conhece todas as coisas em seus pormenores, pode nos guiar com precisão. Só um crente renovado tem sensibilidade espiritual para ouvir e obedecer a voz do Senhor: “... Este é o caminho; andai nele...” (Is 30.21).

 

                               A CONSTÂNCIA DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

 

1. Quem permanece renovado não perde o ânimo. Muitas vezes as lutas e tribulações nos fazem diminuir o passo, reduzir o ritmo de nossa corrida e até pararmos. Para não sermos vencidos na batalha contra o mal, busquemos a renovação espiritual em Cristo. Não podemos parar! Não há espaço para o desânimo: “Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos” (v.14); “Levantai-vos, e andai, porque não será aqui o vosso descanso” (Mq 2.10; 1 Rs 19.7; Hb 10.38).

2. Os que permanecem renovados, são purificados. Às vezes, perdemos a bênção, por entristecermos o Espírito de Deus (Ef 4.30). Temos de zelar para que as causas desse mal sejam imediatamente removidas. Precisamos alcançar o perdão de Deus mediante a nossa purificação no sangue de Jesus. Isaías confessou o pecado de seus lábios, e foi purificado (Is 6.4-8). O mesmo se deu com o profeta Jeremias (Jr 1.4-10; 20.7-11). Louvado seja o nome do Senhor, que continua perdoando e renovando o seu povo pelo fogo santo! 

Em meio a esses difíceis dias que a igreja atravessa, os quais precedem a volta de Jesus, busque uma poderosa e sincera renovação do Senhor para sua vida. Não deixe fora nenhuma área da sua vida. Se você já é batizado no Espírito Santo, peça a Deus uma renovação dessa preciosa bênção. Aproxime-se mais do Senhor! Somente pela renovação espiritual poderemos vencer este mundo. “É já hora de despertarmos do sono (...)” (Rm 13.11). 

 “A Fonte do Poder.‘Sem a alma divinamente vivificada e inspirada, a observância do ritualismo mais cheio de grandiosidade é tão sem valor quanto os movimentos de um cadáver galvanizado’.

Citei esse pensamento, porquanto me levava sem perda de tempo ao assunto em consideração. O que é esse vivificar e inspirar? De que esse poder precisava? Qual a sua fonte? O Espírito Santo de Deus. Sou um cristão que plenamente crê no Credo Apostólico e, por isso, ‘creio no Espírito Santo’.

O que seria de nossas almas sem a graça do Espírito Santo? Tão seca e infrutífera como os campos sem o orvalho e a chuva do céu.

Nos últimos tempos, tem havido muita inquirição a respeito da Pessoa do Espírito Santo. Neste e em outros países, milhares de pessoas têm dado atenção ao estudo desse grande tema. Espero que isso nos leve a clamar por uma maior manifestação do seu poder em toda a Igreja de Deus.

O quanto temos desonrado o Espírito Santo! Quão ignorantes temos sido a respeito de sua graça, amor e presença! É verdade que temos ouvido falar dEle e lido acerca de sua Pessoa, mas pouco sabemos sobre seus atributos, sobre seus ofícios, sobre sua relação para conosco. Temo que, para muitos crentes professos, Ele não tenha uma existência efetiva nem seja tido como uma personalidade da Divindade (At 19.2).

O primeiro trabalho do Espírito é dar vida — vida espiritual. Ele a dá e a sustenta. Se não houver vida, não pode haver poder. Salomão escreveu: ‘Melhor é o cão vivo do que o leão morto’ (Ec 9.4). Quando o Espírito dá esse tipo de vida, Ele não nos deixa desfalecer e morrer, mas constantemente está a inflamar a chama da vida. Ele sempre está conosco. É claro que não devemos ignorar o seu poder e a sua obra”. (MOODY, D. L. O poder secreto. RJ: CPAD, 1998, p.21)

 

 

                        O Espirito Santo e a obra missionaria

 

Gunnar Vingren, pioneiro da obra pentecostal no Brasil, foi para Chicago em 1904, a fim de estudar quatro anos de teologia no seminário sueco. Em maio de 1909, foi diplomado e, no mês seguinte, assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista em Menominee, Michigam. No verão desse mesmo ano, Deus o encheu de uma grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo. Em novembro de 1909, Vingren dirigiu-se até Chicago a fim de participar de uma conferência realizada pela Igreja Batista Sueca. Foi com o firme propósito de buscar o batismo com o Espírito Santo. Depois de cinco dias buscando o Senhor, Jesus o batizou com o Espírito Santo e com fogo, falando em novas línguas conforme está escrito em Atos 2. Assim se expressou Vingren em seu diário “É impossível descrever a alegria que encheu o meu coração. Eternamente o louvarei, pois Ele me batizou com o seu Espírito Santo e com fogo”.

O movimento pentecostal crê que a efusão do Espírito foi concedida a Igreja, a fim de que esta cumpra a grande comissão no poder e autoridade do Espírito Santo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.40; At 1.8; 2.1-4). No contexto de Atos dos Apóstolos é o Espírito Santo, o responsável direto pela expansão e multiplicação da igreja, constituindo-se em modelo para a igreja atual. O Espírito Santo, por exemplo, capacita (At 2.4; 1.8), escolhe (At 13.2), envia (At 13.2), impede (At 16.7). Os resultados da ação do Espírito atestam o crescimento e sucesso da igreja primitiva em Jerusalém (At 6.7), na Palestina (At 9.31), na Ásia Menor (At 16.5), na Europa (At 19.20) e Roma (28.31).

 

A Igreja Cristã Primitiva cumpriu cabalmente a sua missão evangelística. A expansão da igreja nas cinco regiões (Jerusalém, Palestina, Ásia Menor, Europa e Roma) é resultado da ação do Espírito na mesma. Atente para o fato de que as condições de transportes daqueles dias não se comparam com os dias atuais. E, no entanto, em menos de 40 anos o cristianismo havia chegado a todo Império Romano oriental. No gráfico abaixo, temos uma demonstração da Expansão do Cristianismo até 100 d.C.  

Ao aceitar o convite divino para a maravilhosa salvação em Cristo (Mt 11.28; Tt 3.5), recebemos a bendita tarefa de anunciar as virtudes do Senhor Jesus Cristo, que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Ele nos confiou “a palavra desta salvação” (At 13.26). Mas, para termos êxito nessa Grande Comissão do Senhor, conforme Mc 16.15, precisamos da capacitação do Espírito Santo (Jo 14.17; Mc 16.20; 2 Co 3.5), pois é Ele quem nos unge para evangelizar (2 Co 1.21) e convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11).

 

                                                    A GRANDE COMISSÃO

 

A Grande Comissão de Jesus à sua igreja, abrange a evangelização à nossa volta e a obra missionária (Mt 28.19; Mc 16.15). Jesus derramou do poder do Espírito sobre os seus servos, no dia de Pentecostes (At 2.17), para que se tornassem suas testemunhas tanto na cidade onde estavam como em outras, até à extremidade da terra (At 1.8).

1. A evangelização local. Evangelizar significa “anunciar as boas novas” (Hb 4.2; Rm 10.15). E isto é uma obrigação de cada salvo: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1 Co 9.16 – ARA). Nos últimos momentos entre os seus discípulos, Jesus enfatizou o dever de cada crente proclamar o Evangelho no poder do Espírito (At 1.6-8; Lc 24.47-49). Não esqueçamos que a evangelização deve ser pessoal, isto é, pessoa a pessoa, e igualmente em massa, como há tantos casos relatados em o Novo Testamento (At 8.6,26-35).

2. A obra missionária. Esta envolve a transculturação (1 Co 9.20-22; Cl 3.11), haja vista os diversos costumes e cultura dos povos do mundo, que influenciam na implantação, na formação e na preservação de igrejas em meio a outros povos. Nem todo crente pode ir para o campo missionário, mas todos podem interceder em oração, contribuir financeiramente, é ajudar de muitas outras maneiras. Ler Rm 10.8-17.

3. A urgência da evangelização. O assunto é demais urgente! Quem passa desta vida para a outra sem Jesus está perdido para sempre. Portanto, embora o número de evangélicos brasileiros seja expressivo — algo em torno de 20% da população —, a maioria não se preocupa com a evangelização. Sabemos também que o principal movimento pentecostal do mundo está em nosso país. Por isso, “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20).

a) O desafio. O Brasil é hoje o país com mais espírita no mundo, e o primeiro colocado, na América Latina, em prostituição infantil. Além disso, temos aqui milhares de alcoólatras e viciados em outras drogas, bem como um número expressivo de menores abandonados. Estes e outros dados alarmantes devem nos despertar para a urgência da evangelização.

b) Deus conta conosco. O Pai estabeleceu o plano de salvação (Ap 22.17; Gl 4.4,5; Ef 2.8,9), o Filho executou (Jo 17.4; 19.30) e, o Consolador convence os pecadores e os converte, realizando o milagre do novo nascimento (Jo 16.8-11; 3.5). Deus quer usar aqueles a quem Ele salvou para a salvação da humanidade, seja na família, na vizinhança; os estrangeiros; pequenos ou grandes, etc. Ele quer salvar a todos (1 Tm 2.4).

 

                                                A URGÊNCIA DA OBRA MISSIONÁRIA

 

1. O crescimento da igreja primitiva. “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (At 2.47b; 5.14). Depois da plena evangelização de Jerusalém (At 5.28), o Senhor permitiu uma perseguição e dispersão dos crentes, que levaram as boas novas a Samaria, Judéia e outras regiões daquele país (At 8.1-5; 9.31; 11.19-24). Não demorou muito para que o mundo conhecido ouvisse o Evangelho, graças à ação do Espírito naqueles crentes fervorosos, cheios de graça e de poder (Rm 10.18; 15.19; Cl 1.6,23).

2. O nosso desafio. O mundo de hoje conta com mais de seis bilhões de habitantes. Destes, cerca de dois bilhões nunca ouviram a mensagem de salvação! O número de evangélicos em todo o mundo não chega a um bilhão, segundo os centros de informação missionária. Na igreja primitiva, todos evangelizavam incessantemente em toda parte, no poder do Espírito, com sinais e milagres (At 8.4,6,7). Precisamos em todo tempo estar revestidos do poder do alto, para dar continuidade a essa urgente obra, a fim de que, como eles, alvorocemos o mundo para Cristo (At 17.6).

3. Uma tarefa primordial. Em 1 Coríntios 1.22,23, vemos a importância da Grande Comissão de Jesus Cristo. Enquanto uns (como os judeus) se preocupam com sinais, e outros (como os gregos), em buscar sabedoria, nosso objetivo deve ser a evangelização de todos, em todo o mundo. Temos hoje muitos pregadores eloqüentes nos templos; mas é o poder do Espírito que faz de nós ganhadores de almas, no mundo!

 

                    A ASSISTÊNCIA DO ESPÍRITO NA GRANDE COMISSÃO

 

1. Na evangelização pessoal. O Espírito Santo dirige os nossos passos, como no caso de Filipe relatado em At 8.26-38. Ele também ajuda-nos a superar os obstáculos apresentados pela pessoa evangelizada (Jo 4.7-29), desde que nos preparemos (1 Pe 3.15), firmando-se em seu poder, e não em nossas palavras (1 Co 2.1-5).

2. Na pregação em público. O segredo do êxito, em cruzadas evangelísticas, é buscar, em oração, a assistência do Consolador. Tomando como base às campanhas realizadas pela igreja primitiva, vemos o que acontece quando se prega a Palavra de Deus, no poder do Espírito Santo: a) Salvação de almas (At 2.41; 4.4); b) Sinais miraculosos (At 8.6,7); c) Grande alegria (At 8.8) e d) Batismo no Espírito Santo (At 8.14-17).

3. Na obra missionária. Em Atos 13, vemos como a assistência do Espírito Santo é imprescindível à obra missionária:

a) Escolha. Em Antioquia havia cinco profetas e doutores, e o Espírito de Deus escolheu o primeiro e o último da lista: Barnabé e Saulo (vv.1,2). Por que não o primeiro e o segundo? Porque a chamada é um ato soberano dEle (Hb 5.4).

b) Envio. Eles foram também enviados pelo Espírito (vv.3,4). A igreja apenas os despediu, pois é Ele quem escolhe e envia (Mc 3.13,14).

c) Capacitação. Paulo e Barnabé manejavam bem a Palavra de Deus (vv.16-44), eram cheios do Espírito, de ousadia (v.46) e tinham autoridade divina para repreender os que se lhes opunham (vv.5-12; At 4.31).

d) Direção. Guiados pelo Consolador, eles faziam discípulos numa cidade e partiam para outra (vv.46-51). Graças à direção e providência do Espírito, o Evangelho, tendo alcançado a Europa (At 16.6-10), chegou também a América do Norte, de onde vieram os missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, pioneiros do Movimento Pentecostal no Brasil! 

Antes de sua ascensão, Jesus mencionou cinco aspectos da obra missionária. O alvo: “ensinai todas as nações” (Mt 28.19). A abrangência: “todo o mundo... toda criatura” (Mc 16.15). A mensagem: “o arrependimento e a remissão dos pecados” (Lc 24.47). O modo: “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). E o poder: “recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós” (At 1.8). Para alcançar o alvo, em toda a sua abrangência, pregando a mensagem certa e de modoapropriado, precisamos do poder do alto (Lc 24.49). Portanto, irmãos: “Não extingais o Espírito” (1 Ts 5.19).

 Missões Pentecostais.Para os pentecostais, o derramamento do Espírito Santo por todo mundo é um sinal do fim de uma era de colheita. As missões estão longe de se tornar anacrônicas. De fato, as missões estão ganhando terreno entre muitas das igrejas mais novas nessa era final, a era do Espírito. Embora os pentecostais tenham muitas coisas em comum com outros evangélicos, o movimento pentecostal tem o seu próprio paradigma de missões. [...] Os pentecostais acreditam que o Espírito Santo tem sido derramado sobre a Igreja como um revestimento de poder para o discipulado de Cristo e dos apóstolos. Como vemos, por exemplo, em Atos 1.8, onde Cristo declara que o enchimento com o Espírito Santo aconteceria para que houvesse testemunho dEle até aos confins da terra. Os pentecostais encorajam os crentes a serem cheios com o Espírito Santo para que a igreja possa evangelizar o mundo antes do retorno de Cristo. [...] A orientação do movimento pentecostal em essência é cristológica. Para os pentecostais, o poder do Espírito Santo é dado para pregar a Cristo” (YORK, J. V. Missões na era do Espírito Santo. RJ: CPAD, 2002, pp.154-5). 

 “

 

                           Conservando o verdadeiro Pentecostes

 

, Daniel Berg, pioneiro da obra pentecostal no Brasil, nasceu no dia 19 de abril de 1884, na cidade de Vargon, na Suécia. Em 1899, converteu-se na Igreja Batista sueca e foi batizado nas águas. Em 25 de março de 1902, Berg desembarcou em Boston a procura de novas oportunidades de emprego. Quando estava em Boston soube que um de seus amigos de infância, L. Pethrus, recebera o batismo com o Espírito Santo. A convite de sua mãe, Berg viajou até a Suécia para encontrar-se com Pethrus. Depois do encontro, ao regressar aos Estados Unidos, em 1909, Daniel Berg orou insistentemente a Deus pedindo o batismo com o Espírito Santo. Antes de chegar ao seu destino, Deus ouviu a oração batizando-o com o Espírito Santo.

 

A cidade de Sardes, uma das maiores do mundo antigo, foi fundada em 700 a.C. Era a capital do reino da Lídia e possuía legendária riqueza. Sardes era sinônimo de opulência, prosperidade e sucesso. Localizava-se na junção de cinco principais estradas, formando um grande centro comercial. Era conhecida, principalmente, pela confecção de lã. Segundo a história, Artêmis, era considerada a padroeira da cidade e, seu culto, era fundado na reencarnação. Devido à posição geográfica da metrópole, era considerada uma fortaleza imbatível. Mas, Ciro, rei dos medo-persas, aproveitando-se da distração dos guardas da cidade, a sitiou e conquistou. Em fins do primeiro século, Sardes era apenas uma sombra de sua antiga glória, confirmando a mensagem de Jesus que disse: “Tens nome de que vives e estás morto” (Ap 3.1). 

 Sardes, cidade que no passado foi capital da província romana da Lídia, na Ásia Menor. Aquela parte do mundo foi conquistada pelos romanos em 133 a.C. Sardes, cujo nome significa “renovação” ou “os que escaparam”, era uma cidade populosa, muito rica, luxuosa e que desfrutava de grande prosperidade material. Tinha uma avançada indústria metalúrgica, muitas minas de ouro e fontes de águas termais. Boa parte do seu desenvolvimento vinha da mão de obra gratuita de milhares de escravos em todas as atividades da região.

Relata a história que em Sardes viveu o homem mais rico do mundo: Creso, rei da Lídia. A grande riqueza de Sardes, bem como a soberba do seu povo, duraram muito tempo, cumprindo-se ao pé da letra o que está escrito em Pv 11.28. Sob o ponto de vista profético, o período da história da igreja que correspondente a Sardes é o que vai de 1517 a 1750, segundo os eruditos da Bíblia. Lembremo-nos que o Apocalipse é um livro profético (Ap 22.18,19).

 

             A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE SARDES (v.1)

 

Segundo o relato bíblico (vv.1-6), Sardes era uma igreja que aparentava vida exterior (“tens nome de que vives”), mas espiritualmente estava morta, como diz o final do versículo 1. Há na Bíblia duas coisas que nos deixam maravilhados: sua franqueza e imparcialidade. Só Deus podia ter um livro assim.

1. “Ao anjo da igreja”. Trata-se do pastor da igreja. Neste texto, o termo anjo no original, significa mensageiro. Em Lucas 7.24, a mesma palavra é traduzida por “mensageiro”; e, em Tiago 2.25, refere-se aos emissários de Josué, que Raabe escondeu em sua casa (Hb 11.31). Disse o Senhor ao anjo da igreja de Esmirna: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (2.10). Ora, os anjos não morrem, nem a Bíblia fala de recompensa para eles, pois sua esfera de trabalho diante de Deus nada tem de semelhante com a do homem. Em muitas igrejas por aí, seus pastores foram os primeiros a perder o rumo e o nível do equilíbrio; estão sem visão, como o pastor de Laodicéia e o seu rebanho (Ap 3.18).

2. “Aquele que tem os sete Espíritos de Deus”. Trata-se do Espírito Santo na sua total perfeição, dignidade, poder e operação. É também o Espírito na sua ação vivificadora (ver Is 11.2; Ap 1.4; 4.5; 5.6). O número sete, por conseguinte, fala de plenitude e perfeição. Logo, as “sete igrejas da Ásia”, consistem numa só (1.4).

Sardes é a única das sete igrejas, à qual Jesus menciona “os sete Espíritos”. Isto significa que, mesmo quando uma igreja está decadente e sem vida, o Espírito Santo quer comunicar vivificação (Jo 6.63), restauração e reavivamento a fim de fazê-la retornar ao seu primeiro estado.

3. “Tens nome de que estás vivo, e estás morto”. O estado de morte espiritual da igreja de Sardes torna-se mais evidente ante a apresentação de Jesus como “aquele que tem os sete Espíritos de Deus”. Isto representa a vida e o fervor espiritual não apenas fluindo, mas transbordando, pois a fonte divina está a correr (Jo 7.37-39).

O modo distinto como Jesus dirigiu-se às sete igrejas revela muito do estado espiritual de cada uma delas; das suas necessidades, oportunidades e responsabilidades diante de Deus e do mundo.

Sardes era uma igreja rica materialmente, mas pobre espiritualmente. Que lástima! A luta intensa e insensata para a obtenção de riqueza, tem esfriado a fé na vida de muitos crentes, que depois de enriquecerem não têm mais sossego, como está escrito em Eclesiastes 5.12. Não há pecado em ser rico, desde que sempre dependamos de Deus e vivamos para Ele.

 

.   CONSELHOS E ADVERTÊNCIAS PARA A RENOVAÇÃO (vv.2,3)

 

1. “Sê vigilante e confirma o restante”. Há sempre um remanescente fiel que não se conforma com a situação. Deus nunca ficou sem testemunho, nem mesmo nos terríveis dias que antecederam o Dilúvio e no período do baalismo em Israel; época em que quase toda a nação sucumbiu em razão de sua idolatria (1 Rs 19.18; Rm 11.4). Sempre houve e haverá aqueles que são fiéis ao Senhor em toda e qualquer situação e que gemem no Espírito por uma igreja mais unida, poderosa, santa, e adoradora. Na igreja de Sardes havia um grupo assim.

2. “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”. Isto também pode referir-se profeticamente e, em segundo plano, ao movimento da Reforma iniciado por Lutero em 1517. As obras não “perfeitas” podem representar as lacunas e dissensões internas entre os reformadores e as novas denominações cristãs. De fato, para quem está morto espiritualmente (v.1), suas obras não terão aprovação divina. É só examinar a história eclesiástica, bem como o que se passa nos dias atuais na igreja.

3. “Lembra-te do que tens recebido e ouvido, e guarda-o”. A igreja de Sardes estava vivendo em desobediência consciente à Palavra de Deus. Desobedecer ao Senhor como um ato isolado já é ruim; imagine alguém viver em rebeldia consciente. Isto é tentar a Deus.

Certamente aquela igreja tinha adotado um modelo de vida à moda deles, onde cada um fazia o que desejava, sem consultar a vontade do Senhor. Por isso, Jesus adverte: “Virei a ti como um ladrão”; isto é, de repente, inesperadamente, e para perda de algo. O julgamento à que se refere este versículo pode ser para o presente e não apenas para o futuro, como em 2 Co 5.10; Rm 14.12.

4. “Arrepende-te”. O arrependimento bíblico não é só mudança de coração, mas também de conduta, e deve acompanhar o crente em toda a sua vida. O cristão deve arrepender-se como filho; não como ímpio.

 

    . PROMESSAS AOS CONSERVADORES E VENCEDORES (vv.4,5)

 

1. “Alguns que não se contaminaram”. Neemias fala de judeus que se casaram com mulheres ímpias (Ne 13.23,24), cujos filhos não conseguiam falar bem a língua judaica. Espiritualmente é o que acontece quando um crente não apenas se mistura com os ímpios, mas comunga com eles. É o contágio pela mistura. A Bíblia sempre está a nos prevenir sobre isso (Sl 1.1; 1 Pe 3.11; 2 Co 6.17). A respeito dos que não se contaminaram, Jesus afirma que com Ele “andarão de branco”. Isto é, viverão em justiça e retidão (Ap 6.11; 19.14).

2. “O que vencer”. Isso significa que a vida do cristão está situada num campo de batalha espiritual, contra as hostes de Satanás. Nenhum crente pense que está isento de ciladas e ataques do Inimigo (Ef 6.11-18; 2 Co 2.11; Sl 18.2).

3. “De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida”. O Rev. Gortner, assim se expressa sobre esta frase: “Na cidade de Sardes havia um extenso pergaminho com os nomes dos cidadãos que se destacavam como benfeitores e heróis defensores da cidade e dos seus cidadãos. Esse registro era um sinal de grande honra para eles. Caso um desses homens viesse a cometer algo desonroso e reprovável, seu nome era retirado desse rol de honra e mérito, isto é, do pergaminho.” Para os crentes de Sardes, palavras como as do v.5, eram bem compreendidas.

 

                                 DESAFIO AOS FIÉIS CONSERVADORES (v.6)

 

A Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. “Ouvir” não se refere apenas ao ato da percepção dos sons, mas de obedecer ao que Deus ordena na sua Palavra. O púlpito não deve ser simples tribuna de oradores, nem o pregador um simples animador de auditório. O essencial é que o fogo do altar de Deus — o fogo do Espírito , esteja aceso no altar da nossa vida. Enquanto formos pequenos em nós mesmos, Deus nos elevará para o seu serviço e o seu louvor. Devemos pregar, como pentecostais conservadores, o evangelho na sua plenitude (Rm 15.29), isto é, que Jesus salva o pecador; batiza com o Espírito Santo; cura os enfermos e faz maravilhas; e breve virá.

 

                        A CONSERVAÇÃO DO VERDADEIRO PENTECOSTES

 

Assim diz a prescrição bíblica, “Não apagueis o Espírito” (1 Ts 5.19). Na Lei havia apagador de fogo (Êx 25.38), mas nesta dispensação da multiforme graça de Deus, não. A conservação do Pentecostes vem pela constante renovação espiritual do crente. Tito 3.5 fala de regeneração e renovação do Espírito Santo. Ver At 4.8,31; 6.5; 7.55; 11.24; 13.9,52; 2 Co 4.16; Ef 4.23; 5.18; Cl 3.10. Em todas estas referências há uma mensagem de renovação espiritual. Quem procede segundo a natureza carnal, precisa de renovação do Espírito Santo: “tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne?” (Gl 3.3). 

Na carta às igrejas do Apocalipse, Jesus disse sete vezes: “Ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2.7,11,17,29; 3.6,13,22). Porque Deus insiste tanto? Certamente, porque quer conduzir sua igreja em todo tempo, coisas e circunstâncias. 

“O Passado de Sardes.A igreja de Sardes havia tido um longo e glorioso passado. Embora ainda fosse um importante centro comercial na época do Novo Testamento, seus dias de glória haviam terminado. A riqueza dessa cidade se originava, em parte, das minas de ouro da região, mas era conhecida, também, pela produção de tecidos e roupas ricamente tingidos. A cidade, destruída por um terremoto no ano 17 d.C, que também afetou a cidade de Filadélfia, foi rapidamente reconstruída com a ajuda de uma generosa verba cedida pelo imperador Tibério.

Como a carta a Éfeso, Jesus é descrito como aquEle que tem ‘as sete estrelas’

 

 

       O derramamento do Espírito Santo prometido

 

Neste ano comemora-se em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, iniciado em 1906 no interior de um armazém de cereais, na Rua Azusa, Los Angeles, Califórnia. Tal movimento deu-se exatamente pelo zelo e perseverança do pastor William Joseph Seymour, instrumento usado pelo Espírito Santo para espalhar a chama pentecostal a diversas igrejas evangélicas daquela cidade. Não demorou muito para que o fervor espiritual se expandisse até Chicago e, depois, para South Bend, Indiana, cidade onde morava o Pr. Gunnar Vingren. Este piedoso servo de Deus, influenciado pelas boas notícias de renovação espiritual, dirigiu-se a Chicago e lá foi batizado com o Espírito Santo em 1909.

As Lições Bíblicas desse terceiro trimestre têm por objetivo recapitular algumas das principais doutrinas pentecostais ensinadas durante quase um século de existência do Movimento Pentecostal no Brasil. 

O termo “pentecostes”, procede originalmente da festa judaica chamada de “festa das semanas” ou hag shābū’ôt, como descreve o Antigo Testamento (Lv 23.15-25; Dt 16.9-12). Essa festa era comemorada sete semanas depois da Páscoa. Literalmente, o termo significa “festa dos períodos de sete”, em razão de a festa ser comemorada a partir do dia seguinte ao sétimo sábado, após o dia das primícias (Lv 23.15,16). Outra expressão da qual se deriva o vocábulo “pentecostes” é hamîshîm yôn, que significa “festa dos cinqüenta dias” (Lv 23.16), termo traduzido pela versão grega do Antigo Testamento, por pentēkonta hēmeras ou “qüinquagésimo dia”. A solene festa de Pentecostes é chamada no Antigo Testamento de “Festa das Semanas”, “Festa das Primícias da sega do trigo”, “Festa da Colheita” e o “dia das primícias” — ocasião em que se apresentavam os primeiros frutos dos campos previamente plantados (Êx 23.16; 34.22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12).

Quanto ao passado, a Festa de Pentecostes era uma santa celebração em que o adorador oferecia ao Senhor uma oferta voluntária proporcional às bênçãos recebidas do Senhor (Dt 16.10). Mas, no contexto profético, ela é uma referência à efusão do Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28; At 2.1-13). 

O Dia de Pentecostes era celebrado por todos os judeus, tanto os que habitavam a Palestina quanto aqueles que estavam dispersos por todas as partes do mundo de então. Alguns destes judeus e prosélitos não costumavam freqüentar a Festa da Páscoa em Jerusalém, pelo fato de o clima não ser favorável para longas peregrinações. No entanto, quando as condições climáticas estavam favoráveis, ocasião que coincidia com a Festa de Pentecostes, todos convergiam à Jerusalém, capital religiosa do judaísmo.Com base no exposto acima, e fundamentado no texto de Atos 2.7-13, apresente à classe o mapa das nações representadas no Dia de Pentecostes.A distância entre Jerusalém e as regiões das quais os devotos procediam, demonstra a importância da festividade sagrada para eles. A festa, portanto, foi uma ocasião estratégica para manifestar o poder de Deus a todas aquelas localidades. 

Em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, no qual situa-se a Assembléia de Deus. A comemoração presta justa homenagem aos pioneiros do Movimento Pentecostal que deixaram suas indeléveis marcas espirituais nos trabalhos que levantaram em meio a muito sofrimento e necessidades.Que esta comemoração centenária seja uma ocasião para que a igreja, numa firme determinação diante de Deus, mantenha a pureza doutrinária, os princípios e as verdades bíblicas que norteiam o seu caminhar, inclusive, no que concerne à Pessoa, às operações e ministrações do Espírito Santo, segundo as Escrituras.

 

                   A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA GRANDEZA (vv.16-18)

 

Foi o profeta Joel, no Antigo Testamento, a quem Deus revelou com mais detalhes o derramamento do Espírito nos últimos tempos (Jl 2.23-32). Joel foi, talvez, o primeiro dos profetas literários (profetas que escreveram suas mensagens), o que salienta ainda mais a sua profecia sobre o Pentecostes (At 2.16-21,33). O termo “Pentecostes”, nesta lição, é uma referência ao batismo com o Espírito Santo, e não à festa judaica de mesmo nome que ocorria cinqüenta dias após a páscoa (At 2.1; 20.16; 1 Co 16.6).

1. “Derramarei o meu Espírito” (v.17). Assim diz Deus neste versículo. Isso fala de grande abundância e fartura espirituais, qual um rio que enche até transbordar em suas margens, mediante chuvas volumosas. Quando tal poder desce sobre a igreja, ela se torna como um incontável, poderoso e invencível exército, como está profetizado em Ezequiel 37.10. Os discípulos mudaram muito para melhor, após serem revestidos desse poder divino no cenáculo em Jerusalém. É só comparar o desempenho deles nos Evangelhos, como eram e o que faziam, com o relato de suas vitórias no livro de Atos, após a experiência pentecostal do capítulo 2.

2. A profecia de Joel (Jl 2.28-32). Os versículos 28 a 32 de Joel, no texto hebraico, perfazem um capítulo à parte — o 3. De fato, a grandeza e o alcance do assunto desta passagem — o futuro derramamento do Espírito sobre a igreja — requer um capítulo à parte! Esta sublimidade, pode ser relacionada ao que está revelado em 2 Coríntios 3.7-12, principalmente o v. 8, que diz: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” Aleluia! Esta passagem, juntamente com Romanos 8, é uma das mais ricas de toda a Bíblia sobre o indizível e glorioso ministério do Espírito nesta era da igreja. Ler Is 55.1; 44.3.

 

             A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA UNIVERSALIDADE (vv.17,18).

 

Nos tempos do Antigo Testamento, o Espírito Santo, por via de regra, permanecia entre os fiéis (Ag 2.5; Is 63.11). Há poucos casos de homens a quem Deus encheu do seu Espírito para missões específicas, como os costureiros de Êxodo 28.3; Bezalel (Êx 31.3; 35.31); e Josué (Dt 34.9).

 Habitação do Espírito. Nesta dispensação da igreja, isto é, do corpo místico dos salvos em Cristo, o Espírito habita em toda pessoa por Ele regenerada e salva por Jesus (Jo 14.16,17; 1 Jo 4.13; Rm 8.9). Ao mesmo tempo, Jesus também quer batizar os crentes com o Espírito Santo, revestindo-os com poder para o serviço do Senhor (At 1.5; 2.1-4, 32, 33; Lc 24.49). Foi essa capacitação sobrenatural nos crentes dos primeiros tempos, o segredo do rápido e vitorioso avanço do reino de Deus, apesar das limitações, sofrimentos e perseguições. Não há outra explicação. Hoje, com tantos recursos da ciência moderna, saberes e técnicas aprendidas nas escolas, o avanço é lento e, às vezes, quase nenhum. É a diferença entre a requintada armadura de Saul sem o Espírito de Deus (1 Sm 16.14), e o jovem Davi desprovido dela, mas ungido e possuído pelo Espírito Santo (1 Sm 16.13).

 “Sobre toda a carne” (v.17). Isso fala de algo da parte de Deus para todos, em todos os países, povos e raças do mundo. Também de imparcialidade.

a) “Vossos filhos e vossas filhas”: Para a família, o lar; também, sem distinção de sexo.

b) “Vossos jovens e vossos velhos”: Sem distinção de idade, pois Deus quer usar a todos, de um modo ou de outro.

c) “Servos e servas”: Não há discriminação social. Deus abençoa os que são pequenos em si mesmos, mas elevados no Senhor (Sl 115.13; Hb 8.11).

Este manancial está a fluir desde o Dia de Pentecostes. O v.16 afirma: “isto é o que foi dito pelo profeta”. Não é apenas para o futuro, mas também para os dias atuais.

 

                        A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA RIQUEZA (vv.17,18).

 

1. Os dons espirituais. Juntamente com a promessa divina está escrito: “e profetizarão” (vv.17,18).

O batismo com o Espírito Santo abre caminho para a manifestação dos dons espirituais, segundo a vontade e propósitos do Senhor. Um desses gloriosos dons é o de profetizar pelo Espírito Santo, como consta em 1 Co 12.4-11,28; 14.1-6,22,24,29-32; Rm 12.6-8; Ef 4.11.

2. Os sinais sobrenaturais (Marcos 16.17,18): Milagres, cura divina, línguas estranhas, expulsão de demônios (At 2.43b). No desempenho do ministério de Jesus a operação de “maravilhas, prodígios e sinais” (At 2.22) eram precedidos pelo ensino e pregação (Mt 4.23; 9.35). O nosso ministério hoje não deve ser diferente; para isso o Espírito Santo foi enviado por Deus para nos capacitar.

 

                         PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA FUTURIDADE (vv.19,20).

 

1. Futuro profético. A vinda do Espírito Santo no Dia de Pentecostes para dotar os crentes de poder, não se limita aos tempos atuais, mas adentra o futuro profético. Os sinais sobrenaturais esboçados nos vv. 19 e 20, bem como em outras passagens correlatas, aguardam cumprimento futuro. A efusão do Espírito terá a sua plenitude durante o Milênio no reinado do Messias, como prediz Isaías 32.15-17. É justo crer que no reino do Messias, o Espírito será amplamente derramado (Zc 12.10; Ez 39.29).

2. A promessa divina do Pentecostes em Joel 2.28. Esta promessa diz “derramarei o meu Espírito”; ao passo que no cumprimento em Atos 2.17, a Palavra diz “do meu Espírito derramarei”, denotando um derramamento parcial. Certamente isso foi revelado por Deus a Paulo, quando em Rm 8.23, fala em “primícias do Espírito”.

3. A profecia pentecostal de Joel 2.23. Esta profecia prediz a chuva “temporã” e a “serôdia”. O mesmo está dito em Tiago 5.7,8.

a) Chuva temporã. Na Bíblia, “chuva temporã” é uma referência ao Oriente Médio, em se tratando de agricultura, às primeiras chuvas de outono (fins de outubro), logo após a semeadura, para a germinação das sementes e crescimento das plantinhas.

b) Chuva serôdia. São as últimas chuvas que precedem a colheita (fins de março), quando os grãos já estão amadurecidos. Profeticamente, como em Jl 2.23; Tg 5.7,8; Os 6.3, a “chuva serôdia” do Espírito Santo da promessa (Ef 1.13), precederá a superabundante colheita espiritual para o reino de Deus.

 

                      A PROMESSA DO PENTECOSTES ABARCA A SALVAÇÃO (v.21).

 

1. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Em o nome do Senhor há poder para salvar em todo e qualquer sentido. Aqui, o original é “kyrios”, isto é, Jesus como o supremo Senhor de tudo e de todos. Ver Rm 10.9, 13; Fp 2.9-11. Este nome salva (At 4.12); protege (Sl 20.1); cura (At 3.6); expulsa demônios (Mc 16.17); socorre nas emergências e nos apertos (Sl 124.8). O Senhor Jesus reiteradamente falou sobre a vinda do Espírito Santo, o Consolador, para ficar conosco. Isto destaca a missão do Espírito na Terra (Jo 7.39; 14.16,17,26; 15.26; 16.7,13; Lc 24.49; At 1.4,5,8).

2. Fonte de Vida. Em João 7.38, 39, Jesus falou do Espírito Santo sobre o crente, como um rio caudaloso e transbordante, o que fala de vida, subsistência, movimento, ruído, energia, destinação e renovação. Assim deve ser uma igreja realmente avivada pelo Espírito.

3. Trajetória de poder. Na história da igreja no livro de Atos, ela inicia sua trajetória com “grande poder” (4.33), e, encerra com “grande contenda” (28.29). O poder procede de Deus; a contenda dos homens. A origem do poder está em Deus (Sl 62.11); da contenda, no orgulho humano (Pv 13.10). Que Deus nos guarde e nos livre disso. Um povo avivado pelo Espírito, deve, pela vigilância, evitar dissensões em qualquer lugar, e por onde andar. 

Como é notório, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e antibíblicas vêm afetando o genuíno Movimento Pentecostal, inclusive a Assembléia de Deus. Precisamos voltar sempre ao cenáculo para receber mais poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a “sã doutrina” do Senhor (Tt 2.1,7; 1 Tm 4.16). Busquemos um maior e contínuo avivamento espiritual, segundo a doutrina bíblica, como fez o salmista: “Vivifica-me segundo a tua Palavra” (Sl 119.25,154).

 

 “1. O Pentecostes Judaico (At 2.1-41). Atos 2 faz uma narrativa do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de Cristo. O Dia de Pentecostes (hēmeras tēs pentēkostēs — ‘o qüinquagésimo dia’) se dava cinqüenta dias depois de 16 de Nisã, o dia seguinte à Páscoa. Também era chamado ‘Festa das Semanas’, porque ocorria sete semanas depois da Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele período, era uma celebração da colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21).

2. O Pentecostes Cristão. A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em Atos 2, pois é o dia no qual o Espírito prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins da Terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no Dia de Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja aos gentios. Essa experiência corresponde à unção de Jesus com o Espírito no rio Jordão (Lc 3.21,22).

3. Semelhanças entre a Unção de Jesus e o Pentecostes. O Espírito desceu sobre Jesus depois que ele orou (Lc 3.22); no Dia de Pentecostes, os discípulos também são cheios com o Espírito Santo depois que oram (At 2.14). Manifestações físicas acompanharam ambos os eventos. No rio Jordão, o Espírito Santo desceu em forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a presença do Espírito está evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de os discípulos falarem em outras línguas. A experiência de Jesus enfatizava uma unção messiânica para seu ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho, curou os doentes e expulsou demônios; os apóstolos agora recebem o mesmo poder do Espírito. Derramamentos subseqüentes do Espírito em Atos são semelhantes à experiência dos discípulos em Jerusalém. Da mesma maneira que a unção de Jesus (Lc 3.22; 4.18) é um paradigma para o subseqüente batismo dos discípulos com o Espírito (At 1.5; 2.4), assim, o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma para o povo de Deus em todos os ‘últimos dias’ de uma comunidade pentecostal do Espírito e da condição de profeta de todos os crentes (At 2.16-21)”.

(ARRINGTON, F. L.; STRONTAD, R. Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, p.631.)

 

 

                                        O avivamento contínuo da Igreja

 

A efusão do Espírito Santo sobre os crentes da Rua Azusa foi o centro irradiador do avivamento que se espalhou por todo o mundo do nosso tempo. Foi mediante a liderança do pastor Seymour que fiéis de diversos lugares reuniram-se em um antigo galpão para buscar a presença de Deus e orar pela conversão dos ímpios. O pastor Seymour não era pregador eloqüente, mas anunciava a promessa pentecostal do batismo no Espírito Santo com a evidência física inicial de falar noutras línguas. Depois, assentava-se no púlpito, colocava o rosto entre as mãos e não parava de interceder, suplicando a Deus que operasse no coração dos ouvintes. Enquanto orava, o poder de Deus manifestava-se; os crentes eram batizados com o Espírito Santo; a convicção das verdades divinas transbordava a alma, e um veemente desejo de viver em santidade era experimentado por todos.

 

A pobre cidade rica de Laodicéia localizava-se no vale do rio Lico, próximo a Colossos e Hierápolis, na interseção de duas importantes estradas comerciais (Cl 2.1; 4.12-16). Originalmente era chamada de Diósopolis — cidade de Zeus —, mas, após a reforma urbana feita por Antíoco II, recebeu o nome de Laodicéia, em homenagem a Laodice, esposa do soberano. A riqueza da cidade procedia do comércio de lã (tecidos, tapetes), dos bancos, de suas águas termais e da produção de bálsamo para os olhos. E, quando a cidade foi destruída por um terremoto em 60 d.C, os habitantes recusaram ajuda imperial e reconstruíram a cidade com suas próprias riquezas a fim de mostrarem a sua auto-suficiência. No entanto, segundo Jesus, eram miseráveis, desgraçados, cegos e nus. Necessitavam de um avivamento bíblico, uma vez que a igreja era indiferente espiritualmente (vv.15-16).

A carta aos laodicenses em Apocalipse segue a presente estrutura: Remetente e Destinatário (v.14); Repreensão (vv.15-17); Exortação (vv.18-20); Promessa (vv.21,22).

 

 Sabemos que os crentes laodicenses são exemplos históricos e proféticos de uma comunidade cristã sem vida e dinamismo espiritual. Quanto ao aspecto histórico, a igreja de Laodicéia circunscreve-se ao período do Novo Testamento, mas quanto ao profético, atravessa os séculos. No entanto, na história da igreja cristã, muitos reformadores ansiaram por uma igreja avivada, comprometida com as Escrituras, a evangelização, adoração e a santificação. Por isso, reproduza o gráfico a seguir e o incremente com novas informações. Apresente o gráfico no início do tópico V, uma vez que as “Características do Real Avivamento” estão relacionadas aos ideais dos movimentos avivalistas.

Laodicéia era uma cidade rica e soberba, da província romana da Ásia (hoje, Turquia). Profeticamente, figura a igreja dos “tempos trabalhosos” que precedem a volta de Cristo, conforme descreve 2 Timóteo 3.1-9. Laodicéia é um nome composto que, numa tradução livre, significa “direitos humanos”; “o povo mandando”; “democracia”. Os direitos de Cristo são ignorados pelo crente e igreja. Biblicamente, a igreja deve ser teocrática: “minha igreja”, diz o Senhor (Mt 16.18; Is 43.1).

 

                                                            CRISTO E O SEU CARÁTER

 

A igreja de Laodicéia era material e socialmente próspera, por situar-se em uma cidade muito rica. A Bíblia e a história mostram que, quase sempre, quando um povo ou indivíduo prospera, costumam dar as costas para Deus. Israel fez isso (Dt 32.15). A igreja de Laodicéia também. Neste particular, a Palavra de Deus adverte a todos: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10; Dt 6.10-12; Jr 17.11; Lc 12.15,20,21; 1 Tm 6.6-10).

1. Cristo, o “Amém” (v.14). Ele chama a Si mesmo “o Amém” (2 Co 1.20). Deste modo, identifica-se como Deus, que assim também é chamado no original (Is 65.16). O termo significa “firmeza”, “certeza”, “estabilidade”, “imutabilidade”, e daí, “verdade” absoluta. Jesus ao declarar “Eu sou a Verdade”, usou o termo “amém”. A expressão “em verdade, em verdade” empregada por Jesus, no original, é “amém, amém”.

2. Cristo, a testemunha fiel e verdadeira (v.14). É uma extensão do sentido do nome divino “Amém”. Ele veio a este mundo para dar o perfeito testemunho da Verdade (Jo 18.37). Numa igreja avivada pelo Espírito, o testemunho de Jesus é manifesto e notório de muitas maneiras, enquanto na que se distancia de Cristo, nada há que atraia os pecadores para serem salvos.

3. Cristo, “o princípio” da criação de Deus (v.14). Ele é o Criador, a fonte, a origem, a razão de ser de tudo o que existe (Jo 1.3; Cl 1.16). Esta preeminência de Cristo é uma reprimenda ao orgulho dos laodicenses de então, e de hoje. É também a maneira graciosa do Senhor Jesus assegurar a igreja, que Ele pode recriar e fazer novas todas as coisas (Ap 21.5; Jó 14.7-9).

4. O proceder dos crentes laodicenses. “Eu sei as tuas obras” (v.15). Antes da conversão, as obras são nulas para Deus (Ef 2.8-10; Tt 3.5), mas como efeito da salvação, agradáveis a Deus (Ef 2.10; Tt 3.8; Mt 5.16; Ap 14.13). O Senhor sabia tudo o que os crentes de Laodicéia praticavam, a partir do seu pastor (v.14).

 

                      A CONDIÇÃO DA IGREJA EM LAODICÉIA (vv.15-17)

 

Não há qualquer elogio do Senhor à igreja em Laodicéia e Sardes (v.1). Laodicéia não foi censurada por heresia, facções ou imoralidade. O problema daquela congregação é o mesmo de inúmeros crentes da atualidade: autojustiça, indolência, duplicidade religiosa, transigência com o erro e auto-engano (vv.16,17).

1. A duplicidade religiosa (vv.15,16). Era uma igreja espiritualmente morna e que agradava a todos. O estado espiritual de Laodicéia era deplorável. É evidente que essa igreja era morna porque o seu pastor também o era (v.14). O rebanho, até certo ponto, é o reflexo de seu pastor ou dirigente. Mornidão fala de duplicidade, hipocrisia, fingimento — coisas que Deus abomina. “Aborreço a duplicidade”, diz o Salmo 119.113. A Palavra condena a duplicidade de coração (Tg 1.8; 4.8); de ânimo (1 Tm 3.8); de linguagem (Pv 17.20; Mt 5.37); e de senhores (Mt 6.24).

2. A condição final de Laodicéia (v.17). “Um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. “De nada tenho falta”, diziam. “Desgraçado”, por estar arruinado. “Miserável”; porque perdeu o que tinha. “Pobre”, por ter regredido. “Cego”, por estar em trevas. “Nu”, por não andar em retidão.

3. O engano da auto-suficiência humana. “De nada tenho falta” (v.17). Este é o princípio de nossa queda. O crente avivado em Deus, nunca estará satisfeito no sentido de não precisar mais das coisas do Senhor. Jesus disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).

 

                           CRISTO, A SOLUÇÃO PARA A IGREJA (vv.18,10)

 

1. O conselho amoroso do Senhor. Um sábio e santo conselho deve ser acatado e posto em prática. Trata-se de um conselho do divino Conselheiro (Is 9.6). Uma igreja sem Cristo, luz e santidade (v.20), pode ainda reconciliar-se com o Senhor e obter tudo o que perdeu ao deixá-Lo.

2. “Ouro provado no fogo” (v.18). Corresponde a fé em Cristo (1 Pe 1.7). Essa fé não é apenas necessária à vida cristã, mas vital e essencial: “pois o justo viverá da fé” (Rm 1.17). O profeta do avivamento, Habacuque, já apregoara esta verdade (Hc 2.4). Sem fé não há relacionamento com Deus (Hb 11.6).

3. “Vestidos brancos” (v.18). É símbolo da justiça e santidade (Sl 132.9; Is 61.10; Ap 19.8). São dois lados do mesmo assunto. Justiça é a santidade vista do lado humano. Santidade é esse estado do ponto de vista de Deus. Ler Ap 19.8; 2 Co 5.21; Fp 3.9.

4. “Colírio” (v.18). Corresponde a restauração da visão espiritual que vem pelo Espírito.

5. “Eu repreendo e castigo” (v.19). Castigo não é o mesmo que punição, pois visa a correção (Pv 15.31). O aço e o ouro, tão necessários e úteis, são fabricados e purificados por meio do fogo. As operações são diferentes, mas o fogo é um só. O mesmo pode ocorrer a uma igreja desobediente como Laodicéia.

6. “Arrepende-te” (v.19). Não há sincero arrependimento, sem que haja mudança. Arrepender-se é voltar para Deus (Mt 21.29). O incrédulo arrepende-se para a salvação, enquanto o crente, para endireitar a sua vida com Deus. Esse arrependimento é precedido de “tristeza segundo Deus” (2 Co 7.10).

      

                      CRISTO, O SEU CONVITE E PROMESSA (vv.20-22)

 

1. “Estou à porta e bato” (v.20). Neste texto, temos uma cena triste e, ao mesmo tempo, a mais confortante do mundo! Cristo do lado de fora, rejeitado pelos crentes e ansioso para entrar. Uma expulsão tríplice:

a) Expulso da nação israelita — pela rejeição;

b) Expulso pelo mundo — por meio da crucificação;

c) Expulso da igreja — mediante a insatisfação e o mundanismo.

Mesmo assim, vemos o insondável amor de Cristo por sua igreja nos vv. 19 e 20.

2. “Se alguém” (v.20). Jesus não se dirige à igreja, mas a cada indivíduo. Ele não força a conversão do incrédulo, nem a reconciliação do desviado. Ele aguarda com paciência, pois somente o dono da casa pode abrir-Lhe a porta do coração.

3. A promessa de Cristo (v.21). A promessa está restrita aos vencedores:

a) “Ao que vencer”. A vida cristã autêntica está situada em um campo de batalha contra as forças do Mal. Brincar de religião, de ser crente, de igreja, é comprometer o destino eterno de si mesmo.

b) “Sentar-se comigo no meu trono”. Graça Maravilhosa! A maior promessa dentre as sete feitas às igrejas do Apocalipse.

 

                         CARACTERÍSTICAS DE UM REAL AVIVAMENTO

 

O avivamento espiritual de que precisamos, como no princípio, tem como características as seguintes expressões:

1. Contrição total pelo Espírito Santo. É neste contexto espiritual que o avivamento se instala e o Espírito assume a primazia e predomina.

2. Amplo perdão e reconciliação (At 4.32). No primeiro avivamento da igreja, a Bíblia diz: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam”.

3. Santidade de vida, dentro e fora da igreja. Se um avivamento não resultar nessa mudança de vida, tudo não passará de mero entusiasmo, artificialismo e emoção.

4. Renovação espiritual. Batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas estranhas e manifestação dos dons espirituais.

5. Segundo o modelo da Palavra de Deus (Sl 119.25,154). Sem inovações descabidas; distorções ou manipulação humana.

6. Amor, zelo e freqüência à Casa do Senhor. A Casa de Deus vem sofrendo por falta de avivamento dos que a freqüentam. 

Quando ou em que situação a igreja carece de um avivamento do Espírito? Decerto, quando nela prevalecer o comodismo e a indiferença (Ez 37.9); a sonolência espiritual (Ef 5.14); a insensibilidade (Cl 4.17; 2 Tm 1.6); o secularismo (Rm 12.2), e, quando passa somente a defender-se do mal, em vez de atacá-lo. Não queres hoje mesmo ser renovado pelo Espírito Santo?

 

                                  As Características do Verdadeiro Avivamento

 

1. O verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus.

2. O verdadeiro avivamento não admite qualquer outra revelação que venha contrariar as Sagradas Escrituras, pois estas são soberanas e irrecorríveis.

3. O verdadeiro avivamento prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina.

4. O verdadeiro avivamento é espiritual, mas não admite o misticismo herético e apóstata que, sob a capa da humildade, busca desviar os fiéis das recomendações dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do Novo Testamento.

5. O verdadeiro avivamento prega o Evangelho completo de Nosso Senhor, anunciando que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura os enfermos, opera maravilhas e que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que estejamos para sempre ao seu lado.

6. O verdadeiro avivamento enfatiza a salvação pela graça através do sacrifício vicário do Filho de Deus.

7. O verdadeiro avivamento é pentecostal; realça a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.

8. O verdadeiro avivamento tem um firme compromisso com o imperioso ide de Nosso Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos humanos e financeiros na evangelização local, nacional e transcultural.

9. O verdadeiro avivamento acredita na necessidade e possibilidade de todos os crentes viverem uma vida de santidade e inteira consagração a Deus.

10. O verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os crentes a rogar ao Pai Celeste por aqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho.”(ANDRADE, C. C. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. RJ: CPAD, 2004, p. 187-8.)

 

 

                             A Divindade do Espírito Santo

 

Antes de William Seymour chegar a Los Angeles em 1906, fora evangelista no Mississipi e pastor da igreja da Santidade, na cidade de Houston, Texas. Enquanto esteve no Mississipi conheceu diversas pessoas que foram influenciadas pelo ministério de Charles Fox Parham (1873-1929), ministro em Topeka, Kansas. Parham dirigia a Escola Bíblica Betel, quando às 19h do dia 1 de Janeiro de 1901, a senhora Agnes Ozman, recebeu o Batismo com o Espírito Santo com a evidência física de falar em outras línguas conforme Atos 2.4. Durante aquela reunião, Jesus batizou todos os presentes com o Espírito Santo, inclusive o professor Parham. O avivamento em Topeka espalhou-se por todo o país, de modo que, no Mississipi, Seymour foi profundamente influenciado pelos testemunhos daqueles que experimentaram a renovação espiritual mediante o poder pentecostal.

 

A doutrina do Espírito Santo é chamada nos estudos teológicos de “pneumagiologia”; procedente de três termos gregos:pneuma (espírito), hagios (santo) e logia (estudo, ciência). Esta definição é mais precisa do que “pneumatologia” (lit. estudo do espírito) que se refere ao estudo teológico de fatos relacionados ao espírito de modo geral, sejam anjos, ou a parte imaterial do homem.

Ao investigarmos a doutrina da deidade do Santo Espírito, devemos observar que o Novo Testamento ensina a unicidade da divindade (1 Co 8.4; Tg 2.19) e, no entanto, revela a distinção de pessoas na divindade: o Pai é Deus (Mt 11.25; Jo 17.3; Rm 15.6; Ef 4.6); o Filho é Deus (Jo 1.1,18; 20.28; Rm 9.5; Hb 1.8; Cl 2.9; Fp 2.6; 2 Pe 2.11); o Espírito Santo é Deus (At 5.3,4; 1 Co 2.10,11; Ef 2.22). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são claramente distinguidos um dos outros na Bíblia (Jo 15.26; 16.13-15; Mt 3.16,17; 1 Co 13.13), de tal forma que as três pessoas não se confundem umas com as outras. São três benditas e santíssimas pessoas que compõem apenas uma divindade. Portanto, na unidade da divindade há uma trindade de pessoas, da qual o Espírito Santo é o Executivo.

 

Inclui os morávios, wesleianos, os movimentos de tradição de fronteira, e o pentecostalismo da Rua Azusa. Trata-se de um resumo que se propõe a contextualizar o movimento pentecostal de Los Angeles, dentro dos periódicos avivamentos na História da Igreja. É claro que não foram mencionados os nomes de extraordinários servos de Deus como Jonatas Edwards (1703-1758), George Whitefield (1714-1770), Charles Finney (1792-1875) entre outros, pois o objetivo é concentrar-se nos movimentos avivalistas e não, exclusivamente, nas pessoas. No entanto, basta relacionar a data do ministério destes intrépidos avivalistas aos movimentos citados. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis

 

O eterno Deus revela muito de Si mesmo na Bíblia e, de igual modo, o Filho, mas o Espírito Santo não, pois não fala de Si mesmo, como disse Jesus em João 16.13. Outrossim, Ele não aparece com nomes revelados como o Pai e o Filho e, sim, com títulos descritivos da sua natureza e missão entre os homens. “Espírito Santo”, por exemplo, não é rigorosamente um nome apelativo, mas um título descritivo. Ele habita em nós; portanto, suas operações são invisíveis, nas profundezas do nosso ser interior.

 

                          O PODER EFICAZ DO ESPÍRITO SANTO (vv.4,5)

 

1. Demonstração de poder (v.4). É do Espírito Santo que flui a vida, bem como o poder de Deus (Sl 104.30; Ef 3.16; At 1.8). Esta é uma evidência da deidade do Espírito Santo: Ele tem autoridade e poder inerentes. Em todo o Novo Testamento, o versículo 4 é a única referência em que aparece no original o termo traduzido por “demonstração” do Espírito Santo. Literalmente, o termo designa uma demonstração operacional, prática e imediata do Espírito Santo na mente e na vida dos ouvintes do evangelho de Cristo (vv.4,5).

Isso contrasta nitidamente com os métodos repetitivos dos mestres e filósofos gregos da época, que tentavam conseguir discípulos mediante recursos retóricos e argumentação filosófica (v.5). Que diferença faz o evangelho de poder do Senhor Jesus Cristo! A oratória desses mestres era somente um espetáculo teatral vazio, que atingia apenas os sentidos dos espectadores. Em Paulo, ao contrário, operava o poder de Deus (vv.4,5; Cl 1.29; 1 Ts 1.5; 2 Co 13.10).

2. O poder de Deus mediante o Espírito (v.5). Esse divino poder é manifestado através da pregação do evangelho de Cristo em cinco ocasiões específicas: a) na conversão dos ouvintes (At 2.37,38); b) no batismo com o Espírito Santo (At 10.44); c) na expulsão de espíritos malignos (At 8.6,7; Lc 11.20); d) na cura divina dos enfermos (At 3.6-8); e) na obediência dos crentes ao Senhor (Rm 16.19).

 

                             A ONISCIÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO (vv.10,11)

 

O Espírito Santo conhece todas as coisas. Este é um fato solene, mormente se considerarmos que Ele habita em nós: “porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17). A primeira declaração denota a permanência do Espírito em nós; a segunda, sua presença dentro de nós.

1. O Espírito Santo revela (vv.9,10). Aos que amam a Deus, o Espírito Santo revela, já nesta vida, as infinitas e indizíveis bênçãos preparadas para os salvos e muito mais na outra. O profeta Isaías, pelo Espírito, profetizou essas maravilhas (Is 64.4; 52.15). Os demais profetas também tiveram a revelação divina dessas coisas admiráveis que os santos desfrutarão na glória (1 Pe 1.10-12). O Espírito também revelou aos escritores do Novo Testamento essas maravilhas consoladoras, inclusive a Paulo (v.10).

2. O Espírito Santo como Mestre (v.13). Ele é o nosso divino Mestre na presente dispensação da Igreja, como já estava predito em Provérbios 1.23. Concernente a esta missão, Jesus declarou: “o Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas” (Jo 14.26; Lc 12.12).

3. Diferentes espíritos mencionados (vv.4-12). O “Espírito de Deus” é mencionado nos vv.4,10-14. O Espírito de Deus deve ter toda primazia em nossas vidas. O “espírito do homem” é mencionado no v.11. Ele só entende as coisas humanas e naturais (Pv 20.27; 27.29; Jr 17.9). A passagem em apreço também alude ao “espírito do mundo” (v.12), que é pecaminoso e nocivo ao cristão (1 Jo 2.15-17; 5.19; Jo 14.30; 17.14,16).

4. Diferentes coisas mencionadas (vv.9-13). Seis diferentes “coisas” são aqui mencionadas. Uma dessas, refere-se à esfera humana; as demais são da parte de Deus: a) “Coisas que Deus preparou para os que O amam” (v.9); b) “Coisas das profundezas de Deus” (v.10); c) “Coisas do homem” (v.11); d) “Coisas de Deus” (v.11); e) “Coisas espirituais” (v.13); f) “Coisas do Espírito de Deus” (v.14).

5. Diferentes homens mencionados (vv.14,15). A Palavra de Deus divide a humanidade em três grupos de pessoas, isto no sentido espiritual:

a) O homem natural — literalmente “homem controlado pela alma” (v.14). Este não é salvo e vive de acordo com a natureza adâmica, por isso, é chamado natural.

b) O homem espiritual — isto é, “homem controlado pelo Espírito” (v.15). Este é aquele que o Espírito Santo governa e rege seu espírito, alma e corpo. Nele, o “eu”, pela fé em Cristo, está crucificado (Rm 6.11; Gl 2.19,20).

c) O homem carnal — ou seja, “homem controlado pela natureza carnal” (3.3). Trata-se do crente espiritualmente imaturo e que assim continua através da vida — menino em Cristo (3.1). A vida do crente carnal é mista, dividida. Esse crente vive um conflito interior entre a natureza humana e a divina, sendo a sua alma o campo de batalha (Gl 5.13-26).

Ninguém pode escapar dessa classificação. Todos nós somos um desses “homens” diante de Deus. Identifique-se, você, homem ou mulher!

 

                                          A DEIDADE DO ESPÍRITO SANTO

 

1. O Espírito Santo e seus atributos divinos. Na Leitura Bíblica em Classe, o Espírito Santo (vv.4,10-14) é mencionado juntamente com o Senhor Deus (vv.5,7,9-12,14) e o Senhor Jesus Cristo (vv.2,8,16). Isto denota a divindade do Espírito Santo. A Bíblia afirma que Ele é:

a) Eterno. Eterno significa infinito em existência; sem princípio; sem fim; sem limitação de tempo.

b) Onipotente. Ele tem pleno poder sobre todas as coisas (Sl 104.30). É denominado Senhor (2 Co 3.16-18); Criador (Jó 26.13; 33.4; Sl 33.6; 104.3; Gn 1.1,2; Ez 37.9,10).

c) Onisciente. Tudo é do seu pleno conhecimento.

2. O Espírito Santo é mencionado com o Pai e o Filho. É uma das evidências da sua divindade, senão vejamos:

a) Na fórmula doutrinária do batismo (Mt 28.19). A Bíblia não diz “nos nomes”, como se as três Pessoas da Santíssima Trindade fossem uma só; mas “em nome”, singular, distinguindo cada Pessoa: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.

b) Na invocação da bênção tríplice sobre a igreja (2 Co 13.13).

c) Na doutrina da habitação do Espírito no crente (Rm 8.9).

d) Na descrição bíblica do estado do crente diante de Deus (1 Pe 1.2).

e) Na diretriz ao povo de Deus (Jd vv.20,21). Neste texto, o Espírito Santo é mencionado primeiro; em seguida o Pai e, por fim, o Filho. Semelhante ocorre na doutrina da unidade da fé cristã (Ef 4.4-6), em que o Espírito é mencionado primeiro, seguido do Senhor Jesus e do Pai.

f) Na saudação bíblica às sete igrejas da Ásia (Ap 1.4,5).

 

                         A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO (v.11)

 

Personalidade é o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa. No seu aspecto psíquico, a personalidade consiste de intelecto, sensibilidade e vontade. Os três são chamados também de inteligência, afetividade e autodeterminação.

1. Atributos de personalidade. No Espírito Santo, vemos esta triplicidade de atributos, a saber: intelecto (v.11); sensibilidade (Ef 4.30); vontade (1 Co 12.11; Rm 8.27). Como membro da unidade trina de Deus, o Espírito Santo é uma Pessoa.

2. Unidade e distinção. O fato de o Espírito Santo ser um com Deus e com Cristo e, ao mesmo tempo, distinto dEles, é parte do grande mistério da Trindade Santa. Portanto, o Espírito Santo não é uma influência, poder, energia ou unção, como os heréticos concluem e ensinam, mas uma Pessoa divina e real. Em João 14.26; 15.26; 16.8,13,14, Jesus refere-se ao Espírito Santo empregando o pronome pessoal “Ele” (“ekeinos”), pronome pessoal e determinativo no original. Por sua vez, o divino Espírito chama a Si mesmo “Eu”, em Atos 10.19,20. Esta é uma inegável evidência da sua personalidade. 

 

Deus é uno e ao mesmo tempo triúno (Gn 1.1, 26; 3.22; 11.7; Dt 6.4; 1 Jo 5.7). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são três divinas e distintas Pessoas. São verdades bíblicas que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé precede a doutrina (1 Tm 4.6).

 

Espírito Santo é Deus.O Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal. É uma pessoa, assim como Deus e Jesus o são.

1. O Espírito Santo é chamado Deus (At 5.3,4) e Senhor (2 Co 3.18). Quando Isaías viu a glória de Deus (Is 6.1-3), escreveu: ‘Ouvi a voz do Senhor...vai e diz a este povo’ (Is 6.8-9). O apóstolo Paulo citou essa mesma palavra e disse: ‘Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo’ (Cf. At 28.25, 26). Com isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

2. O Espírito Santo faz parte da Santíssima Trindade. Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2 Co 13.13) e, a Bíblia afirma que os três são um (1 Jo 5.7). Assim, há ‘um só Espírito’ (Ef 4.4); ‘um só Senhor’ (Ef 4.5); e ‘um só Deus e Pai de todos’ (Ef 4.6). O Espírito é chamado ‘Espírito de Deus’ (Rm 8.9); ‘Espírito do Pai’ (Mt 10.20); ‘o Espírito de Cristo’ (Rm 8.9; 1 Pe 1.11); ‘o Espírito de Jesus’ (At 16.7), indicando assim que Ele os representa e também age por Eles; quando o Espírito Santo opera, o Cristo vivo está presente (Jo 14.18).

3. Ao Espírito Santo são atribuídas obras exclusivas da divindade. Ele tomou parte ativa na criação em geral (Sl 104.30), na criação do mundo (Gn 1.2) e na criação especial do homem (Jó 33.4). Ele inspirou a Palavra de Deus (1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21).

4. Ao Espírito Santo são atribuídas as características essenciais da divindade. Ele possui eternidade (Hb 9.14), é onisciente (1 Co 2.10,11), onipresente (Sl 139.7-10) e onipotente (Lc 1.35; 1 Co 12.11)”.

(BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, p.82-3.)

 

 

:                                     O batismo com  Espirito Santo

 

 “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4).

Quando William Seymour começou a pregar o batismo no Espírito Santo com a evidência de falar noutras línguas e, a ensinar a doutrina pentecostal, os membros da congregação da Santidade o expulsaram da igreja. Em uma de suas mensagens afirmou: “Há uma grande diferença entre a pessoa santificada e a que é batizada com o Espírito Santo e com fogo. O santificado é limpo de seus pecados e cheio do amor divino, mas o batizado no Espírito Santo tem poder de Deus em sua alma,poder com Deus e com os homens e poder sobre todos os demônios de Satanás e todos os seus emissários”. Mensagens como esta suscitaram a ira da congregação e resultaram na expulsão de Seymour da comunidade. No entanto, Seymour foi recebido pelo casal Asbery. Na casa destes, começou a fazer reuniões de oração até que, em 9 de abril de 1906, Seymour orou pela cura de Edward Lee. Além de receber a cura, Lee foi batizado no Espírito Santo e falou noutras línguas. Naquele mesmo dia outras sete pessoas tiveram a mesma experiência pentecostal. Mas somente em 12 de abril de 1906 é que Seymour foi batizado com o Espírito Santo. 

O batismo no Espírito Santo é a experiência subseqüente a salvação que capacita o crente: (1) ao ministério evangelístico (At 1.8; 8.1-40); (2) a falar em outras línguas (At 2.4; 10.45,46); (3) a testemunhar com poder e ousadia (At 4.7-22,31); (4) agir sobrenaturalmente (At 5.1-11; 13.8-12; 6.8; 16.16-20); (5) a servir a igreja em suas necessidades sociais (At 6.1-7); (6) atender a chamada ministerial específica (At 13.1-4; 26.29; 10.1-48; At 20.24); (7) a contribuir com o avanço do Reino de Deus (5.14-16,42; 6.7; 8.25; 9.31; 19.20; 28.31); (8) a glorificar e orar a Deus poderosamente (At 10.45,46; 16.15; 4.31; Ef 5.18-20; Cl 3.16; Rm 8.26; Jd v.20). Por essas e outras inumeráveis razões o crente deve orar e glorificar intensamente a Deus a fim de que receba a magnífica promessa do batismo no Espírito Santo. 

Diversas teorias conhecidas como cessacionistas, negam o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial de falar noutras línguas e sua atualidade para os dias hodiernos.As supostas provas apresentadas pelos cessacionistas, além de inconsistentes quanto à argumentação são improváveis quanto à hermenêutica sagrada. Nesta lição, apresente aos alunos um quadro apologético concernente as evidências do batismo com o Espírito Santo em Atos, subseqüente a efusão do Espírito no dia de Pentecostes. Se você deseja conhecer os principais argumentos cessacionistas, bem como uma apologia a respeito da atualidade do batismo no Espírito Santo, consulte a bibliografia sublinhada. Reproduza o gráfico de acordo com os recursos disponíveis. 

 

O batismo com o Espírito Santo é um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15,26).No entanto, o batismo do Espírito, como vemos em 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o novo nascimento (Jo 3.5) são imersos no corpo místico de Cristo (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.

 

                         A PROMESSA DO BATISMO E O SEU CUMPRIMENTO

 

Dos cerca de 500 irmãos que viram Jesus ressurrecto e ouviram o seu chamado para o cenáculo em Jerusalém (Lc 24.49), apenas 120 deles atenderam (1 Co 15.6). Que acontecera aos demais que lá foram? Nem todos buscam com sede e perseverança o batismo com o Espírito Santo.

1. Analogia do batismo. Tanto Jesus quanto João Batista empregaram o termo “batismo” para descrever o revestimento de poder do Espírito Santo sobre o crente (At 1.5; 11.16; Mt 3.11; Mc 1.8). Ora, em todo batismo têm de haver três condições para que esse ato se realize: um candidato a ser batizado; um batizador; e um elemento ou meio em que o candidato será imerso. No batismo com o Espírito Santo, o candidato é o crente; o batizador é o Senhor Jesus; e o elemento ou meio em que o filho de Deus é imerso é o Espírito Santo.

2. A promessa do batismo pentecostal. Há várias promessas de Deus no Antigo Testamento a respeito do derramamento do Espírito sobre o povo, mas a principal é a que foi proferida pelo profeta Joel, uns 800 anos antes do advento de Cristo (Jl 2.28-32).

3. Predita por João Batista. João foi o arauto de Jesus; foi homem cheio do Espírito Santo. Em todos os quatro Evangelhos ele confirma a promessa do batismo: Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16.

4. Confirmada por Jesus. Em diversas ocasiões Jesus confirmou a promessa do batismo com o Espírito Santo.

a) Marcos 16.17. Jesus declarou: “falarão novas línguas”.

b) Lucas 24.49. Neste texto, Jesus denominou a promessa como a “promessa de meu Pai”. O batismo com o Espírito Santo foi o último assunto de Jesus aos seus, antes da sua ascensão (vv.50,51).

c) João 7.38,39. Esta passagem deve ser estudada juntamente com Atos 2.32,33. O apóstolo Pedro, após ser batizado com o Espírito Santo e pregar no Dia de Pentecostes, encerrou o seu sermão citando a promessa do batismo, agora cumprida em Jerusalém (At 2.1-4).

5. A promessa divina cumprida. No Antigo Testamento, o privilégio especial do povo de Deus foi receber, preservar e comunicar a revelação divina — as Santas Escrituras (Rm 3.1,2; 9.4; 2 Co 3.7). O privilégio especial do povo de Deus em o Novo Testamento, entretanto, é receber o Espírito Santo: a) na conversão (Jo 3.5; 14.16,17; 16.17; 2 Co 3.8,9; Rm 8.9); b) no batismo com o Espírito Santo; e, c) subseqüentemente, por meio da vida cristã (At 4.8,31; 9.17; 13.9,52; Ef 5.18).

 

                   OS CONCEITOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

Da parte de Deus, o batismo com o Espírito Santo é, a um só tempo:

1. Uma ditosa promessa — “a promessa do Pai” (At 1.4). O batismo com o Espírito Santo procede da vontade, amor e promessa de Deus para os seus filhos.

2. Uma dádiva celestial inestimável — “o dom do Espírito Santo” (At 2.38). O batismo é uma dádiva de Deus aos crentes.

3. Uma imersão do crente no sobrenatural de Deus — “sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.5). A partícula original desta última referência também permite a tradução “batizados no Espírito Santo”.

4. Um revestimento de poder do alto — “até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). É como alguém estando vestido espiritualmente, ser revestido de poder do céu.

 

                COMO RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

1. Sendo a pessoa já salva. O batismo com o Espírito Santo é para quem já é salvo. Os discípulos ao serem batizados no Dia de Pentecostes: a) Tinham seus nomes escritos no céu (Lc 10.20); b) Eram limpos diante de Deus (Jo 15.3); c) Possuíam em si a vida espiritual (Jo 15.4,5,16); d) Haviam sido enviados para o seu trabalho, dotados de poder divino (Mt 10.1; Lc 9.1,2; 10.19).

2. Crendo na promessa divina do batismo. O batismo é chamado “a promessa do Pai” (Lc 24.49; At 1.4; 2.16,32,33).

3. Buscando com sede, em oração (At 1.4,14; Jo 7.37-39; Lc 11.13). A oração é um elemento necessário e indispensável para o crente obter o batismo com o Espírito Santo.

4. Adorando a Deus com perseverança. Louvando sempre a Deus. Assim fizeram os candidatos antes do primeiro Pentecostes (Lc 24.51,52).

5. Perseverando em unidade fraternal. Isso também eles fizeram antes do primeiro Pentecostes (At 1.14).

6. Vivendo em obediência à vontade do Senhor (At 5.32). Para você que busca o batismo, há alguma área da sua vida não submissa totalmente a Cristo?

 

                OS RESULTADOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

 

1. Edificação espiritual individual. Mediante o cultivo das línguas recebidas com o batismo, o crente é edificado pessoalmente (1 Co 14.4,15).

2. Maior dinamismo espiritual. Isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20).

3. Maior desejo e resolução para orar e interceder (At 3.1; 4.24-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26). O crente cheio do Espírito ora e intercede constantemente a favor dos filhos de Deus.

4. Maior glorificação do nome do Senhor. Isto “em espírito e em verdade”, nos atos e na vida do crente (Jo 16.13,14).

 

De acordo com Atos 2.17, o batismo com o Espírito Santo é para qualquer nação: “Toda carne”. Não há qualquer distinção de sexo para receber o batismo, pois está escrito que é para “filhos e filhas” (At 2.17). Também não importa a idade do candidato (“mancebos e velhos”) ou a camada social do indivíduo (“servos e servas”). Portanto, todos podem e devem buscar essa dádiva celeste. 

“O Vento e o Fogo.Três fenômenos não usuais aconteceram no dia de Pentecostes: ‘um som, como de um vento veemente e impetuoso’, ‘línguas repartidas, como que de fogo’, e o falar em línguas (At 2.1-4). É tentador enxergar as três manifestações do Espírito Santo como indicações de sua atuação em salvação (vento), santificação (fogo) e serviço (línguas).

O vento e o fogo algumas vezes são chamados de teofanias — manifestações visíveis de Deus. Em ocasiões históricas, como a entrega da Lei, houve trovões, relâmpagos e nuvens densas, e um som muito alto de buzinas (Êx 19.16); então naquele dia histórico o Senhor se manifestou de um modo inesquecível com fogo e vento enviados do céu. Precisamos perceber, no entanto, que o vento e o fogo precederam o enchimento do Espírito; não foram parte dele. E mais, em nenhum outro trecho no livro de Atos esses elementos são mencionados novamente em paralelo às pessoas sendo cheias com o Espírito. Esses foram acontecimentos únicos e para marcar a total inauguração de uma nova era no procedimento de Deus com o seu povo.

O fenômeno audiovisual de vento e fogo é remanescente da entrega da Lei no monte Sinai (Êx 19.18; Dt 5.4); o vento não é mencionado em conexão com aquele vento, mas com a travessia do mar Vermelho (Êx 14.21), bem como em outras manifestações especiais no Antigo Testamento da presença de Deus (2 Sm 22.16).O vento é um emblema do Espírito Santo (Ez 37.9; Jo 3.8); de fato, a palavra hebraica ruach tanto significa ‘vento’ quanto ‘espírito’, como acontece com a palavra grega comparável pneuma”.(PALMA, A. D. O batismo no Espírito Santo e com fogo. 2.ed., RJ: CPAD, 2002, p.58-9.)

 

 

 

                                                       Os dons do Espírito Santo

 

 “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).

 

 

Entre aqueles que receberam o batismo com o Espírito Santo no mesmo dia do Sr. Edward Lee, encontrava-se Jennie Moore, que algum tempo depois casaria com Seymour. A Sra. Moore foi a primeira mulher a receber o batismo com o Espírito Santo na cidade de Los Angeles, na casa dos irmãos Richard e Ruth Asbery, na rua Bonnie Brae, 214. Na ocasião, começou a cantar noutras línguas e a tocar piano sob o poder de Deus. Todos ficaram maravilhados (At 2.7), pois sabiam que ela nunca havia estudado música. Segundo uma testemunha ocular, Emma Cotton, aquele grupo orou durante três dias e três noites e as pessoas que conseguiam entrar na casa dos Asbery, caíam sob o poder de Deus, enquanto outras eram curadas e salvas por Jesus Cristo. O local ficou repleto de pessoas a ponto do soalho ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, toda a cidade afluiu para observar o poder de Deus manifestado entre os seus filhos. 

Uma corrente da teoria cessacionista afirma que os dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra acredita que os dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento. A atualidade dos dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. No primeiro caso, podemos citar os propósitos dos dons, especificamente, o de fortalecer a Igreja (1 Co 14.3,4,26). Se os dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.

 

 Muitos têm dificuldades de distinguir entre Dons do Espírito (plural), Dom do Espírito (singular) e Fruto do Espírito (singular). Por isso, utilize nesta lição a tabela “Paralelo Lógico”. Este recurso possibilita a comparação entre dois ou mais elementos e suas possíveis correspondências.

Concernente os dons espirituais, dois princípios devem ficar patentes. Primeiro, quando uma pessoa recebe do Senhor os dons do Espírito, não significa que ela é mais perfeita ou que é mais merecedora das bênçãos divinas do que outras. Segundo, assim como o crente não é salvo pelas obras, mas pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça (Rm 12.6).

 

                           GENERALIDADES SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS

 

Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e abençoadas por Deus.

1. Principais passagens. São sete as principais passagens que tratam sobre os dons espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe 4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o assunto.

2. Termos bíblicos designadores dos dons. Abordaremos apenas os principais: 

a) Dons espirituais (pneumatikos). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (v.7; 14.1).

b) Dons da graça (charismata). Falam da graça subseqüente de Deus em todos os tempos e aspectos da salvação (1 Co 12.4; Rm 12.6).

c) Ministérios (diakoniai). Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.5,12-27).

d) Operações (energēmata). Esses dons são operações diretas do poder de Deus para a realização de seus propósitos (vv.9,10).

e) Manifestação (phanerōsis). Embora sejam sobrenaturais, o sentido do termo original aqui, sugere que os dons operam na esfera do natural, do sensível, do visível.

 

 Classificação dos dons espirituais. Os dons espirituais podem ser classificados como:

 

a) Manifestações do Espírito. Conforme 1 Coríntios 12.8-10, são nove dons pelo Espírito Santo. Esses dons são capacitações sobrenaturais de pessoas para a edificação do corpo de Cristo e para seus membros individualmente (vv.3-5,12,17,26; 12; 14). Manifestam-se de modo eventual e imprevisto, não estando subordinados à vontade do portador, mas à soberania de Deus.

b) Dons de ministério prático. São dons de serviços práticos individuais ou em grupo (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). Nestas passagens eles aparecem com os demais dons espirituais e, sob o mesmo título original, “charismata” (dons da graça).

 

 Alvo e resultado dos dons (1 Co 12.7b). São propósitos dos dons espirituais:

 

a) A glorificação do Senhor Jesus (Jo 16.14).

b) A confirmação da Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb 2.3,4).

c) O crescimento em quantidade e qualidade da obra de Deus (At 6.7; 19.20; 9.31; Rm 15.19).

d) A edificação espiritual da Igreja (1 Co 12.12-27).

e) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12).

 

O exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a) procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e confusões no uso dos dons.

 

                                            EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS

 

1. Dons espirituais de manifestação do Espírito. Estão classificados em:

 

a) Dons que manifestam o SABER de Deus:

 

      A palavra da sabedoria (1 Co 12.8). É um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural pelo Espírito Santo, necessário ao pastoreio, na administração e liderança.

      A palavra da ciência (1 Co 12.8). É um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito Santo; de fatos, causas, ensinamentos, etc.

       Discernir os espíritos (1 Co 12.10). É um dom de conhecimento e revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo para não sermos enganados por Satanás e pelos homens.

 

b) Dons que manifestam o PODER de Deus.

 

       (1 Co 12.9). É um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo, a fim de que a igreja supere os obstáculos, sejam quais forem.

     Dons de curar (1 Co 12.9). Literalmente, “dons de curas”. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito, dos crentes quanto dos incrédulos.

      Operação de maravilhas (1 Co 12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus, para despertar e convencer os incrédulos.

 

c) Dons que manifestam a MENSAGEM de Deus.

 

       Profecia (1 Co 12.10). É um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3).

      Variedade de línguas (1 Co 12.10). É um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (1 Co 12.30).

      Interpretação das línguas (1 Co 12.10). É um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem.

 

2. Dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). São administrações de serviços práticos que, pela sua natureza, residem no portador.

 

a) Ministério (Rm 12.7). É servir capacitado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Ministração, prestar serviço material e espiritual sem esperar reconhecimento ou remuneração.

b) Ensinar (Rm 12.7). É o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer e a entender. Não confundir com o ministério de ensino de Efésios 4.11 e Atos 13.1.

c) Exortar (Rm 12.8). Exortar aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar.

d) Repartir (Rm 12.8). O sentido é doar generosamente, oferecer; distribuir aos necessitados sem esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo Espírito. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo, filantropia, altruísmo.

e) Presidir (Rm 12.8). É conduzir, dirigir, organizar, liderar, orientar com segurança, conhecimento e discernimento espiritual.

f) Exercitar misericórdia (Rm 12.8). Este dom refere-se à assistência aos sofredores, necessitados, carentes; fracos, enfermos, presos, visitação, compaixão.

g) Socorros (1 Co 12.28). Literalmente “achegar-se para socorrer”. É o caso de enfermos, exaustos, famintos, órfãos, viúvas, etc.

h) Governos (1 Co 12.28). É um dom plural no seu exercício. É dirigir, guiar e conduzir com segurança e destreza. O termo original sugere pilotar uma embarcação com segurança, destreza e responsabilidade.

 

3. Dons espirituais na área do ministério. Esses dons são enumerados em Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12.28,29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres.

 

                                            RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DONS

 

1. Conhecer os dons. “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1).

2. Buscar os dons. “Procurai com zelo os melhores dons” (1 Co 12.31).

3. Zelar pelos dons. “Procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co 14.1).

4. Ser abundante nos dons. “Procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1 Co 14.12).

5. Ter autodisciplina nos dons. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32).

6. Ter decência e ordem no exercício dos dons. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40). 

Poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. No entanto, deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).

 

“Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja.

Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinam aos apóstolos, ou a umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef 4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam dons de revelação: Ágabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.10-19). Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (Gl 3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os convertidos gentios (At 10.44-48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At 8.14-25) e em Corinto (1 Co 12-14).

O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verdadeiro quanto ao dom da profecia. Paulo mantém que ‘o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando’ (1 Co 14.3). E, novamente: ‘O que profetiza edifica a igreja’ (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos dons espirituais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja? Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam no século XX? As próprias declarações da Bíblia forçam-nos a crer na sua continuidade”.(DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. RJ: CPAD, 1995, p.135.)

 

                                           O cristão e sua santificação

 

Após o derramamento do Espírito Santo sobre os irmãos na residência dos Asbery e, como muitos ainda continuavam a freqüentar as orações, Seymour procurou um novo espaço para as reuniões. Encontrou na Rua Azusa, 312, uma estrebaria de dois andares que, em seus primeiros dias, havia sido um templo da igreja episcopal metodista africana. Em fins de abril, o edifício estava limpo e organizado para acomodar cerca de 750 pessoas. Não muitos dias depois, o mover do Espírito naquele lugar atraiu pessoas de todo mundo. Em 18 de abril de 1906, o Daily Times, jornal de Los Angeles, publicou uma reportagem de primeira página sobre o avivamento. Durante quase mil dias, milhares de pessoas de todas as partes do globo visitaram a Rua Azusa e foram profundamente tocadas pelo derramamento abrasador do Espírito Santo. Homens, mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos e doutores — todos foram alcançados pela promessa pentecostal de Atos 2. 

No Antigo Testamento o conceito de santidade, santo ou santificado é expresso por três palavras principais: qādashqōdesh eqādôsh. O verbo qādash ocorre 170 vezes no hebraico bíblico, com o sentido de “ser consagrado”, “ser santo”, “ser santificado”. Na primeira ocorrência do termo (Gn 2.3) significa “declarar algo santo” (Êx 20.8), mas também o estado daquele que é reservado exclusivamente para Deus (Êx 13.2). No entanto, há 470 ocorrências do substantivo qōdesh com o significado de “consagração”, “santidade”, “qualidade de sagrado”, “coisa santa”. A palavra é empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38). Já o adjetivo qādôsh, isto é, “santo”, “sagrado”, além de ocorrer 116 vezes é o vocábulo mais difundido entre os estudantes das Escrituras Sagradas. Em Êxodo 19.6, primeira ocasião em que se emprega o termo, designa o estado de santidade do povo de Deus (Nm 16.3; Lv 20.26), e a santidade do próprio Deus (Is 1.4; 5.16; 40.25). 

Muitos não distinguem adequadamente as palavras santidade, santificação, santificar, santíssimo, santo e santuário. Portanto, apresente nessa lição um quadro com esses termos, incluindo o significado e uma referência bíblica ao vocábulo. Esse recurso deve, preferencialmente, ser usado no final do tópico “Santidade, Santificar e Santificação”. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis.

 Salvação e santificação são as obras redentoras realizadas por Jesus no homem integral: espírito, alma, e corpo. A Bíblia afirma que fomos eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2 Ts 2.13). Esta verdade está implícita no evangelho de João 19.34, que diz que do lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, o sangue poderoso de Cristo nos redime de todo pecado, mas a água também nos lava de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Portanto, a salvação e a santificação devem andar juntas na vida do crente.

 

                              SANTIDADE, SANTIFICAR E SANTIFICAÇÃO

 

1. A santidade de Deus. A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Lv 19.2; Ap 15.4). É o atributo que melhor expressa sua natureza. No crente, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do sol (ver Hb 12.10; Lv 21.8b).

Deus é “santo” (Pv 9.10; Is 5.16), e quem almeja andar com Ele, precisa viver em santidade, segundo as Escrituras.

2. Santificar e santificação. “Santificar” é “pôr à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente pessoal”. Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.

A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.

 

                                       A TRÍPLICE SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

 

De acordo com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional, progressiva e futura.

1. Santificação posicional (Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Co 6.11). No seu aspecto posicional, a santificação é completa e perfeita, ou seja, o crente pela fé torna-se santo “em Cristo”. Deus nos vê em Cristo perfeitos (Ef 2.6; Cl 2.10). Quando estamos “em Cristo”, não há qualquer acusação contra nós (Rm 8.33, 34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa santidade (1 Jo 4.17b).

2. Santificação progressiva. É a santificação prática, aplicada ao viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação do crente pode ser aperfeiçoada (2 Co 7.1). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10 já haviam sido santificados, e continuavam sendo santificados (vv.10,14 - ARA).

O crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, o busca, em cooperação com Deus: “Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15).

a) O lado divino da santificação progressiva. São meios, os quais o Senhor utiliza para santificar-nos em nosso viver diário. Esses recursos divinos são: (1) O sangue de Jesus Cristo (Hb 13.12; 1 Jo 1.7,9); (2) a Palavra de Deus (Sl 12.6; 119.9; Jo 17.17; Ef 5.26); (3) o Espírito Santo (Rm 1.4; 1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13); (4) a glória de Deus manifesta (Êx 29.43; 2 Cr 5.13,14); (5) e a fé em Deus (At 26.18; Fp 3.9; Tg 2.23; Rm 4.11).

b) O lado humano da santificação. Deus é quem opera a santificação no crente, embora haja a cooperação deste. Os meios coadjuvantes de santificação progressiva são: (1) O próprio crente. Sua atitude e propósito de ser santo, separado do mal para posse de Deus são indispensáveis. É o crente tendo fome e sede de ser santo (Mt 5.6; 2 Tm 2.21, 22; 1 Tm 5.22); (2) O santo ministério. Os obreiros do Senhor têm o dever de cooperar para a santificação dos crentes (Êx 19.10,14; Ef 4.11,12); (3) Pais que andam com Deus. Assim como Jó (Jó 1.5), os pais devem cooperar para a santificação dos filhos. Eunice, por exemplo, colaborou para a integridade de Timóteo, seu filho (2 Tm 1.5; 3.15). Por outro lado, pais descuidados podem influenciar negativamente seus filhos, como no caso de Herodias que influenciou a Salomé (Mc 6.22-24); (4) As orações do justo (Sl 51.10; 32.6). A oração contrita, constante e sincera tem efeito santificador; (5) A consagração do crente a Deus (Lv 27.28b; Rm 12.1,2). A rendição incondicional do crente a Deus tem efeito santificador nele.

3. Santificação futura. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (1 Jo 3.2). Ver também: Ef 5.27; 1 Ts 3.13.

 

                                      ESTORVOS À SANTIFICAÇÃO DO CRENTE

 

Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade. Vejamos alguns deles:

1. Desobediência. Desobedecer de modo consciente, contínuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx 19.5,6).

2. Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3; 2 Co 6.14-17).

3. Erros a respeito da santificação. O próprio Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é a santificação bíblica.

a) Exterioridade (Mt 23.25-28; 1 Sm 16.7). Usos, práticas e costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da santificação, e não a causa (Ef 2.10).

b) Maturidade cristã. Não é pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação contínua da limpeza. A maturidade cristã varia, como se vê em 1 Jo 2.12, 13: “Filhinhos”; “pais”; “mancebos”; “filhos”.

c) Batismo com o Espírito Santo e dons espirituais. O batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais em si mesmos, não equivalem à santificação como processo divino e contínuo em nós (At 1.8; 1 Co 14.3).

4. Áreas da vida não santificadas. Alguns aspectos reservados da vida do crente que não foram consagrados a Deus, devem ser apresentados ao Senhor. Como por exemplo, a mente, sentidos, pensamento, instintos, apetites e desejos, linguagem, gostos, vontade, hábitos, temperamento, sentimento. Um exemplo disso está em Mateus 6.22,23.

 

                                  NECESSIDADE DE O CRENTE SANTIFICAR-SE

 

Para esse tópico aconselhamos a leitura meditativa de 2 Coríntios 7.1 e 1 Tessalonicenses 4.7.

1. A Bíblia ordena. A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordenar que sejamos santos (1 Pe 1.16; Lv 11.44; Ap 22.11), pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1 Co 3.17).

2. Os santos serão arrebatados. O Senhor Jesus que é santo, virá buscar os que são consagrados a Ele (1 Ts 3.13; 5.23; 2 Ts 1.10; Hb 12.14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1 Ts 4.3).

3. A santidade revelada de Deus. Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente (Lv 10.3; Nm 20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem exigindo santidade na vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua!

4. Os ataques do Diabo. Devemos atentar para o fato de que, o Diabo, centraliza seus ataques na santificação do crente. A principal tática que o adversário emprega para corromper a santidade é o pecado da mistura. Isso ele já propôs antes a Israel através de Faraó (Êx 8.25). Esta mistura, inclui: da igreja com o mundanismo; da doutrina do Senhor com as heresias; da adoração com as músicas profanas; etc.

 

Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo.

 

                                                    Santificação e Pentecostes

 

1. Santificados antes do Pentecostes. Lendo a Bíblia cuidadosamente, vemos que os discípulos eram pessoas salvas e santificadas e haviam recebido a unção do Espírito antes do dia de Pentecostes. Em João 17.15-17, Jesus ora: ‘Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade’. Jesus é a Palavra e a verdade, por isso os discípulos foram santificados pela verdade na mesma noite em que ele orou por eles (Jo 20.21-23). Os discípulos, portanto, já estavam cheios da unção do Espírito Santo antes do dia de Pentecostes, e isso os sustentou até que foram dotados com poder do alto. No primeiro capítulo de Atos, Jesus orienta os discípulos a esperarem pela promessa do Pai. Não era para esperar pela santificação. O sangue de Cristo já havia sido derramado na cruz do Calvário. Ele não ia enviar o seu sangue para limpá-los da carnalidade, mas o seu Espírito, para dotá-los com poder.

2. A Santificação. Não há nada mais doce, mais sublime ou mais santo neste mundo do que a santificação. O batismo com o Espírito Santo é o dom de poder na alma santificada, capacitando-a para pregar o Evangelho de Cristo ou para morrer na fogueira. O batismo reveste o crente até o dia da redenção, de modo que ele esteja pronto para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-noite ou a qualquer momento, porque tem óleo em sua vasilha, junto com a sua lâmpada.

Você é participante do Espírito Santo no batismo pentecostal da mesma maneira que foi participante do Senhor Jesus Cristo na santificação” (SEYMOUR, W. J. Santificados antes do Pentecostes. In KEEFAUVER, L. (ed.). O avivamento da Rua Azusa— Seymour. RJ: CPAD, 2001, p.80-3).

 

 

 

                   AS MINISTRAÇÕES DO ESPIRITO SANTO NO CRISTÃO

 

 

O avivamento manifestado na Missão da Rua Azusa ocorreu em uma época de profundo racismo e preconceito social. Em 1906, um repórter, opositor do movimento, criticou severamente os eventos ocorridos. No entanto, a crítica registrada no jornal local, serve-nos de provas contundentes da efusão do Espírito e de seu poder transformador, capaz de quebrar qualquer preconceito, seja social ou racial. Assim se expressava o jornalista: “(...) vergonhosa mistura de raças (...) eles clamavam e faziam grande barulho o dia inteiro e à noite adentro. Corriam, pulavam, tremiam todo o corpo, gritavam com toda a sua voz, faziam rodas, tombavam sobre o assoalho coberto de serragem, sacudindo-se, esperneando e rolando no chão (...) Eles afirmam estar cheios do Espírito. Eles têm um caolho, analfabeto e negro como seu pregador que fica de joelhos a maior parte do tempo (...) Não fala muito, mas, às vezes, pode ser ouvido gritando ‘Arrependei-vos!’. Então, permanece na mesma atitude de oração (...) Eles cantam repetidamente a mesma canção, ‘O Consolador Chegou’”.

 

Muitas ministrações divinas são atribuídas simultaneamente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo: A vocação para a salvação é atribuída ao Pai (1 Co 1.9; 1 Ts 2.12), ao Filho (Mt 11.28; Lc 5.32) e ao Espírito Santo (Jo 16.8-11; 15.16; At 5.32). De modo semelhante, a santificação é operada por Deus (1 Ts 5.23; Ez 37.28), por Cristo (Hb 13.12; Ef 5.26) e, mediante o Espírito Santo (1 Pe 1.2; 1 Co 6.11). No entanto, uma das primeiras ministrações do Espírito no homem, não ocorre quando este é salvo, mas quando ainda está morto em delitos e pecados (Ef 2.1; Jo 3.5-8). Esta ministração ao pecador é dupla: convencer (do pecado, da justiça e do juízo, Jo 16.7-11) e restringir ou deter o mal no mundo (2 Ts 2.6-9). Portanto, a obra inicial do Espírito de Cristo no homem é o convencimento — ato magnânimo operado pelo Espírito na comunicação da graça de Cristo, a fim de que o pecador aceite inteligentemente a Cristo como Senhor e Salvador. A segunda ministração não se restringe ao pecador como indivíduo, mas a totalidade deles sendo guardados da operação do mal no mundo. É evidente de que não se trata de eliminar o mal, mas limitá-lo, restringi-lo, diminuir-lhe a eficácia de acordo com os propósitos divinos, como demonstram o texto citado. Somente então, quando o tempo predeterminado por Deus for cumprido, é que o iníquo se revelará e, durante sete atribulados anos, os pecadores sofrerão, até que o Rei dos reis retorne para exercer total autoridade.

Em razão de suas operações dinâmicas (Gn 1.2), o Espírito Santo é mais mencionado no Antigo Testamento como “Espírito”. Já no Novo, Ele é citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente.

Esta distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento é claramente percebida em 2 Coríntios 3.7,8. O versículo 8 assevera: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?”.

 

           AS MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E A SALVAÇÃO

 

1. O novo nascimento pelo Espírito (Jo 3.3-8). O novo nascimento abrange a regeneração e a conversão, que são dois lados de uma só realidade. Enquanto a regeneração enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser nascido de novo deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. A expressão “de novo” (v.3), de acordo com o texto original, significa “nascer do alto, de cima, das alturas”. Isto quer dizer que se trata de um nascimento espiritual realizado pelo Espírito Santo. O homem natural, portanto, desconhece esse novo nascimento (vv.4-12; ler Jo 16.7-11; Tt 3.5).

2. A habitação do Espírito no crente (Jo 14.16,17; Rm 8.9). No Antigo Testamento o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espírito habita no crente (Jo 20.21,22). Este privilégio é também reafirmado em 1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; Gl 4.6.

3. O testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). Esse testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de que:

a) Deus é o nosso Pai celeste. “Pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (v.15).

b) Somos filhos de Deus. “O mesmo Espírito testifica... que somos filhos de Deus” (v.16). É pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do Espírito Santo, concernente à nossa salvação em Cristo.

4. A fé pelo Espírito Santo para a salvação. É a vida de fé (Rm 1.17), “pelo Espírito” (Gl 5.5). Tal fé, segundo At 11.24, procede do Espírito a fim de que o crente permaneça fiel por meio da manifestação do fruto do Espírito (Gl 5.22b). Uma coisa decorre da outra. Os heróis de Hebreus 11 venceram “pela fé”, porque o Espírito a supria (2 Co 4.13; Hb 10.38).

5. A santificação posicional do crente. A santificação sob este aspecto é perfeita e completa “em Cristo”, mediante a fé. Ela ocorre por ocasião do novo nascimento (1 Co 1.2; Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Jo 4.17; Fp 1.1), sendo simultânea com a justificação “em Cristo” (1 Co 6.11; Gl 2.17a).

 

                     AS MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E OS SALVOS

 

1. O batismo “do” ou “pelo” Espírito Santo para o crente (1 Co 12.13; Gl 3.27; Rm 6.3). Este batismo “do” ou “pelo” Espírito é algo tão real, apesar de ser espiritual, que a Bíblia o denomina como “batismo”. Em todo batismo, como já afirmamos, há três pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um meio em que o candidato é imerso. No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (1 Co 12.13); o batizando é o novo convertido; e, o elemento em que o recém-convertido é imerso, é a igreja, como corpo místico de Cristo (1 Co 12.27; Ef 1.22, 23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na igreja (Mt 16.18). Logo, todos os salvos são batizados “pelo” Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo — a Igreja, mas nem todos são batizados “com” ou “no” Espírito.

2. O batismo “com” ou “no” Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4; 10.44-46; 11.16; 19.2-6). A evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas pelo crente conforme o Espírito concede. É uma ministração de poder do alto pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o Senhor Jesus (Jo 14.26; At 2.32,33).

3. O fruto do Espírito através do crente (Gl 5.22,23; Ef 5.9; Jo 15.1-8,16). A evidência de que alguém continua cheio do Espírito é a manifestação do fruto do Espírito em sua vida (Mt 3.8; 7.20). Um cristão que afirma ser nascido de novo, mas seu modo de viver dentro e fora da igreja desmente o que ele afirma, é uma contradição; um escândalo e pedra de tropeço para os descrentes e os cristãos mais fracos. É pela sua habitação e presença permanente no crente, regendo-o em tudo, que o Espírito produz o seu fruto, como descrito em Gl 5.22.

4. A santificação progressiva do crente (1 Pe 1.15,16; 2 Co 7.1; 3.17,18). Essa verdade é declarada no texto original de Hebreus 10.10,14. No versículo 10, a ênfase recai sobre o estado ou a posição do crente — santo: “Temos sido santificados”. O versículo 14, no entanto, não só reafirma o estado anterior, “santo”, como declara o processo contínuo de santificação proveniente de tal posição: “sendo santificados” (v.14). Aqui temos a santificação posicional e progressiva.

5. A oração no Espírito (Rm 8.26,27; Ef 6.18; Jd v.20; Zc 12.10; 1 Co 14.14,15). Esta ministração do Espírito no crente, capacita-o a orar, inclusive a interceder por outros. Logo, só podemos orar de modo eficaz se formos assistidos e vivificados pelo Espírito Santo. A “oração no Espírito” de que trata Jd v.20, refere-se a essa capacidade concedida pelo Espírito.

6. O Espírito Santo como selo e penhor (2 Co 1.22; Ef 1.13,14; 4.30; 2 Co 5.5). Devemos observar que nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa selada. Por conseguinte, indicava propriedade particular, segurança e garantia. Este selo, portanto, não é o batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova de que o mesmo é posse ou propriedade particular de Deus.

Juntamente com o selo é mencionado o “penhor da nossa herança” (Ef 1.14). De modo semelhante ao selo, o penhor era o primeiro pagamento efetuado a fim de se adquirir uma propriedade. Mediante esse “depósito”, a pessoa assegurava o objeto como propriedade exclusiva. Assim, o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva e intransferível. O Senhor Jesus “investiu” em nós imensuráveis riquezas do Espírito como penhor ou garantia de que muito em breve Ele virá para levar para Si sua propriedade peculiar, a igreja de Deus (Tt 2.14).

7. A unção do Espírito para o serviço. Jesus, nosso exemplo, foi ungido com o Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). Assim também a igreja recebeu a unção coletiva do Espírito (2 Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente ungidos para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus. Vejamos a unção do Espírito sobre o crente, conforme 1 João 2.20,27.

a) “Tendes a unção do Santo”. Esta unção santifica e separa o crente para o serviço de Deus.

b) “E sabeis tudo”. Também proporciona conhecimento das coisas de Deus em geral.

c) “Fica em vós” (v.27). É permanente no crente.

d) “Unção que vos ensina todas as coisas” (v.27). É didática, pois possibilita ensino contínuo das coisas de Deus.

e) “É verdadeira” (v.27). Não falha, pois procede da verdade, que é Deus.

f) “E não é mentira” (v.27). É sem dolo; sem falsidade. É possível que houvesse entre certos líderes daqueles dias uma falsa unção, que imitava a verdadeira. 

Na conclusão do capítulo em estudo (2 Co 3), prorrompe jubiloso o sacro escritor, a respeito da glória do ministério do Espírito: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (v.18). São, portanto, maravilhosas as ministrações e dádivas do Espírito Santo, dispensadas aos filhos de Deus (2 Co 3.8).

 

                                       A Operação do Espírito Santo é Condicional

 

1. Ministrações do Espírito. As obras e ministrações do Espírito Santo provam a sua divindade, assim como as obras que Jesus realizou como homem provam que Ele é o Filho de Deus (Jo 5.36; 10.25,38; 14.11). Portanto, o Espírito Santo sempre opera em conjunto com a Trindade, pois é o ativador de todas as coisas.

2. Soberania do Espírito. O Espírito Santo é soberano. Ele opera como o vento, isto é, ‘assopra onde quer’ (Jo 3.8). Aquele que se coloca à inteira disposição do Espírito Santo experimentará a sua operação poderosa e irresistível (cf. At 6.10). A Bíblia diz: ‘Operando eu, quem impedirá?’ (Is 43.13). Assim aconteceu nos dias dos apóstolos; apesar de os inimigos os perseguirem, procurando impedi-los de agir, o Espírito Santo operava por meio deles de tal maneira que o Evangelho se espalhou vitoriosamente por toda a parte (At 4.33; 5.40-42; 6.7)”.(BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, pp.88,120.)

 

 

Embora muitos tenham se oposto ao movimento de renovação espiritual da Rua Azusa, o poder do Espírito manifestava-se profusa e poderosamente. O avivamento da Rua Azusa ainda hoje é considerado por muitos historiadores da igreja e do movimento pentecostal, como o “avivamento que acendeu a fogueira mundial do Pentecostes no século XX”. Entre os que estavam presentes naquelas reuniões pentecostais, destaca-se a sra. Maria Woodworth Etter. Procedente de um lar desajustado, aceitou a Jesus com a idade de 13 anos, e foi batizada com o Espírito Santo e com fogo enquanto pregava na Igreja dos Discípulos. W. Etter, fundou duas igrejas; sua pregação inflamada fazia-se acompanhar por milagres, curas, visões, profecias, línguas e libertações. Foi poderosamente usada por Deus para demonstrar que o poder do Espírito está tão atuante nos dias de hoje quanto na época dos apóstolos. 

A palavra renovar e seus derivados (renovação e renovo), quando usadas no contexto salvífico do Antigo e Novo Testamento, referem-se a uma completa e total ruptura com a natureza pecaminosa, e a um viver tão repleto da graça de Deus, que é considerado um novo nascimento (Sl 51.10; 103.5; Rm 12.2; Tt 3.5; 2 Co 4.16; 5.17; Cl 3.10; Gl 6.15; Ef 4.23). No hebraico hādāsh, quer dizer “renovar”, “restaurar”, “reparar”, “concertar”. Nesse sentido, o termo é empregado com o sentido de “tornar ao estado original” (Lm 5.21). À luz da teologia do Novo Testamento, o sentido de hādāsh tem evidente paralelo com o texto de Efésios 4.23,24: “E vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade”.

“Um dos significados da palavra renovar no hebraico (hādāsh) é ‘revitalização’, ‘frescor’, ‘vivacidade’, ‘coisa nova’. A Bíblia afirma que ‘A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma’ (Sl 19.7). Por intermédio das Escrituras não somos apenas confortados, mas temos alívio, mesmo no verão escaldante de nossas dores”. 

Há vários fatores que ocasionam o envelhecimento ou a decadência espiritual. Os mais comuns são a rotina, a imaturidade, a frieza, o descaso e, por fim, a estagnação da vida cristã. Há crentes que perdem o entusiasmo e o fervor dos primeiros dias de fé; acostumando-se a uma vida sem poder, testemunho, oração, consagração e crescimento. Nesta situação, se não houver uma reversão imediata, o crente pode desviar-se dos caminhos do Senhor, o que será ainda pior. Aquele fervor espiritual do início da conversão deveria ser conservado, mantendo assim aberto o caminho da renovação pelo Espírito Santo (Lv 6.13; Jó 14.7-9; Sl 92.10; 119.25; Lm 5.21; Tt 3.5).

 

                           O QUE SIGNIFICA “RENOVAÇÃO ESPIRITUAL”

 

Renovar significa “tornar novo”, “recomeçar”, “refazer”, “reaver”, “retornar”. Na renovação espiritual, o Espírito Santo restaura e revigora a obra que anteriormente havia iniciado na vida do crente (Sl 103.5; Rm 12.2; Ap 2.4,5; Sl 51.10; Cl 3.10). Renovar espiritualmente é:

1. Retornar às experiências espirituais do passado. No início da fé cristã, o homem recebe do Senhor, bênçãos extraordinárias que antes da conversão jamais poderia obter: fortificação pela fé em Cristo, certeza de vida eterna, batismo no Espírito Santo, dons sobrenaturais, milagres, comunhão com Deus, santidade, vida cristã vitoriosa e tantas outras maravilhas que acompanham a salvação. O amoroso Pai, tem prazer de, no início da jornada da fé, encher o crente de vida, graça e poder espiritual. Ele nos eleva muito além das experiências puramente humanas.

Todavia, infelizmente, muitos esfriam na fé e perdem o contato com a Fonte da Graça. Só o Senhor, por meio do seu Santo Espírito, pode revigorar aqueles que perderam a força e a altitude das águias (Is 40.28-31).

2. Restabelecer as bênçãos perdidas. É difícil aceitar que o crente possa perder algo que recebera de Deus. Alguém imagina que o Pai Celestial jamais retirará as bênçãos de seus filhos, especialmente as espirituais. Porém, a Bíblia é categórica ao afirmar que, se não cuidarmos bem da nossa vida espiritual, poderemos, sim, perder as bênçãos advindas do Senhor. A Palavra de Deus nos diz que podemos perder o amor (Ap 2.4), a alegria da salvação (Sl 51.12), a fé (1 Tm 6.10), a firmeza em Deus (2 Pe 3.17), o poder (Jz 16.20), e muitas outras coisas. É por isso que somos advertidos a guardar o que temos (Ap 3.11).

Graças a Deus, que pela renovação espiritual, o Senhor nos restaura completamente e torna a dar-nos as bênçãos perdidas (Sl 51.10; Os 2.15; Lm 5.21-23). O Grande Oleiro é plenamente capaz de fazer um novo vaso, com o barro do vaso que se quebrou (Jr 18.1-4).

3. Receber novas bênçãos. As promessas de Deus jamais falham. Em Deus “não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17; Hb 1.10-12). A conversão inclui grandes e ricas promessas de Deus para a vida do crente, as quais Ele cumpre fielmente. Na renovação espiritual, o Senhor nos dá as bênçãos prometidas que até então não tínhamos recebido (Is 45.3), e nos anima a conquistarmos muito mais (Js 18.3).

Além disso, as beatitudes que Ele nos concedeu no passado, continuarão no presente, porque suas promessas são fiéis para todos os tempos (At 2.39; 2 Co 1.20).

 

                          A NECESSIDADE DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

 

1. A renovação deve ser diária. Assim como o corpo físico revigora-se diariamente, nosso homem interior precisa de constante renovação para manter-se fortalecido e plenamente saudável espiritualmente. Conforme nos orienta a Palavra de Deus, a renovação espiritual deve ocorrer “de dia em dia” (2 Co 4.16).

No tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a Jeová nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv 6.12,13). O mesmo se dava com as especiarias do altar do incenso e o azeite do castiçal. Ambos eram renovados continuamente na presença do Senhor (Êx 27.20,21; 30.7). Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele. Sempre prontos e renovados espiritualmente diante dEle (Fp 4.4).

2. A renovação deve ser consciente e desejada. Precisamos ter consciência da urgente necessidade da renovação espiritual: “...transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm 12.2). Assim como a chuva cai sobre as plantações, gerando e produzindo fruto (Sl 65.7-13), devemos pedir ao Senhor que envie sobre nós, sua lavoura, uma abundante chuva de renovação (1 Co 3.10; Sl 72.6,7; Os 6.3). Quando essa chuva começar a cair, o Espírito Santo de Deus certamente fará maravilhas, a começar pelas vidas renovadas. Aleluia!

3. A renovação enseja a operação do Espírito Santo.

a) A renovação mantém o crente afastado do mundo. Em Efésios 4.25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas mundanas, emanadas do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a vida do crente. Precisamos não somente abandonar, mas abominar estas coisas que entristecem o Espírito de Deus: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as” (v.11). Pela renovação espiritual nos mantemos firmes no processo de despir-se do velho homem e revestir-se do novo (Ef 4.22-24).

b) A renovação aprofunda o crente na Palavra de Deus. Quando somos renovados, nosso espírito é impelido pelas verdades eternas da Palavra (Jo 6.63), e nossa fé cresce abundantemente (Rm 10.17).

c) A renovação dá poder ao crente. “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40.31). No dia de Pentecostes, todos os crentes foram cheios do Espírito Santo (At 2.4). Não obstante, pouco tempo depois foram cheios novamente; do mesmo poder e pelo mesmo Espírito (At 4.30,31).

d) A renovação torna o crente sensível à direção do Espírito. Quando somos renovados ficamos bem atentos à voz do Espírito, para sermos conduzidos e instruídos por Ele (At 16.6,7; 10.19). Se o Espírito Santo conhece todas as coisas em seus pormenores, pode nos guiar com precisão. Só um crente renovado tem sensibilidade espiritual para ouvir e obedecer a voz do Senhor: “... Este é o caminho; andai nele...” (Is 30.21).

 

                                    A CONSTÂNCIA DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

 

1. Quem permanece renovado não perde o ânimo. Muitas vezes as lutas e tribulações nos fazem diminuir o passo, reduzir o ritmo de nossa corrida e até pararmos. Para não sermos vencidos na batalha contra o mal, busquemos a renovação espiritual em Cristo. Não podemos parar! Não há espaço para o desânimo: “Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos” (v.14); “Levantai-vos, e andai, porque não será aqui o vosso descanso” (Mq 2.10; 1 Rs 19.7; Hb 10.38).

2. Os que permanecem renovados, são purificados. Às vezes, perdemos a bênção, por entristecermos o Espírito de Deus (Ef 4.30). Temos de zelar para que as causas desse mal sejam imediatamente removidas. Precisamos alcançar o perdão de Deus mediante a nossa purificação no sangue de Jesus. Isaías confessou o pecado de seus lábios, e foi purificado (Is 6.4-8). O mesmo se deu com o profeta Jeremias (Jr 1.4-10; 20.7-11). Louvado seja o nome do Senhor, que continua perdoando e renovando o seu povo pelo fogo santo! 

Em meio a esses difíceis dias que a igreja atravessa, os quais precedem a volta de Jesus, busque uma poderosa e sincera renovação do Senhor para sua vida. Não deixe fora nenhuma área da sua vida. Se você já é batizado no Espírito Santo, peça a Deus uma renovação dessa preciosa bênção. Aproxime-se mais do Senhor! Somente pela renovação espiritual poderemos vencer este mundo. “É já hora de despertarmos do sono (...)” (Rm 13.11). 

 “A Fonte do Poder.‘Sem a alma divinamente vivificada e inspirada, a observância do ritualismo mais cheio de grandiosidade é tão sem valor quanto os movimentos de um cadáver galvanizado’.

Citei esse pensamento, porquanto me levava sem perda de tempo ao assunto em consideração. O que é esse vivificar e inspirar? De que esse poder precisava? Qual a sua fonte? O Espírito Santo de Deus. Sou um cristão que plenamente crê no Credo Apostólico e, por isso, ‘creio no Espírito Santo’.

O que seria de nossas almas sem a graça do Espírito Santo? Tão seca e infrutífera como os campos sem o orvalho e a chuva do céu.

Nos últimos tempos, tem havido muita inquirição a respeito da Pessoa do Espírito Santo. Neste e em outros países, milhares de pessoas têm dado atenção ao estudo desse grande tema. Espero que isso nos leve a clamar por uma maior manifestação do seu poder em toda a Igreja de Deus.

O quanto temos desonrado o Espírito Santo! Quão ignorantes temos sido a respeito de sua graça, amor e presença! É verdade que temos ouvido falar dEle e lido acerca de sua Pessoa, mas pouco sabemos sobre seus atributos, sobre seus ofícios, sobre sua relação para conosco. Temo que, para muitos crentes professos, Ele não tenha uma existência efetiva nem seja tido como uma personalidade da Divindade (At 19.2).

O primeiro trabalho do Espírito é dar vida — vida espiritual. Ele a dá e a sustenta. Se não houver vida, não pode haver poder. Salomão escreveu: ‘Melhor é o cão vivo do que o leão morto’ (Ec 9.4). Quando o Espírito dá esse tipo de vida, Ele não nos deixa desfalecer e morrer, mas constantemente está a inflamar a chama da vida. Ele sempre está conosco. É claro que não devemos ignorar o seu poder e a sua obra”. (MOODY, D. L. O poder secreto. RJ: CPAD, 1998, p.21)

 

                   O Espirito Santo e a obra missionaria

 

Gunnar Vingren, pioneiro da obra pentecostal no Brasil, foi para Chicago em 1904, a fim de estudar quatro anos de teologia no seminário sueco. Em maio de 1909, foi diplomado e, no mês seguinte, assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista em Menominee, Michigam. No verão desse mesmo ano, Deus o encheu de uma grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo. Em novembro de 1909, Vingren dirigiu-se até Chicago a fim de participar de uma conferência realizada pela Igreja Batista Sueca. Foi com o firme propósito de buscar o batismo com o Espírito Santo. Depois de cinco dias buscando o Senhor, Jesus o batizou com o Espírito Santo e com fogo, falando em novas línguas conforme está escrito em Atos 2. Assim se expressou Vingren em seu diário “É impossível descrever a alegria que encheu o meu coração. Eternamente o louvarei, pois Ele me batizou com o seu Espírito Santo e com fogo”.

O movimento pentecostal crê que a efusão do Espírito foi concedida a Igreja, a fim de que esta cumpra a grande comissão no poder e autoridade do Espírito Santo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.40; At 1.8; 2.1-4). No contexto de Atos dos Apóstolos é o Espírito Santo, o responsável direto pela expansão e multiplicação da igreja, constituindo-se em modelo para a igreja atual. O Espírito Santo, por exemplo, capacita (At 2.4; 1.8), escolhe (At 13.2), envia (At 13.2), impede (At 16.7). Os resultados da ação do Espírito atestam o crescimento e sucesso da igreja primitiva em Jerusalém (At 6.7), na Palestina (At 9.31), na Ásia Menor (At 16.5), na Europa (At 19.20) e Roma (28.31).

 

Primitiva cumpriu cabalmente a sua missão evangelística. A expansão da igreja nas cinco regiões (Jerusalém, Palestina, Ásia Menor, Europa e Roma) é resultado da ação do Espírito na mesma. Atente para o fato de que as condições de transportes daqueles dias não se comparam com os dias atuais. E, no entanto, em menos de 40 anos o cristianismo havia chegado a todo Império Romano oriental. No gráfico abaixo, temos uma demonstração da Expansão do Cristianismo até 100 d.C.  

Ao aceitar o convite divino para a maravilhosa salvação em Cristo (Mt 11.28; Tt 3.5), recebemos a bendita tarefa de anunciar as virtudes do Senhor Jesus Cristo, que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Ele nos confiou “a palavra desta salvação” (At 13.26). Mas, para termos êxito nessa Grande Comissão do Senhor, conforme Mc 16.15, precisamos da capacitação do Espírito Santo (Jo 14.17; Mc 16.20; 2 Co 3.5), pois é Ele quem nos unge para evangelizar (2 Co 1.21) e convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11).

 

                                                                        A GRANDE COMISSÃO

 

A Grande Comissão de Jesus à sua igreja, abrange a evangelização à nossa volta e a obra missionária (Mt 28.19; Mc 16.15). Jesus derramou do poder do Espírito sobre os seus servos, no dia de Pentecostes (At 2.17), para que se tornassem suas testemunhas tanto na cidade onde estavam como em outras, até à extremidade da terra (At 1.8).

1. A evangelização local. Evangelizar significa “anunciar as boas novas” (Hb 4.2; Rm 10.15). E isto é uma obrigação de cada salvo: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1 Co 9.16 – ARA). Nos últimos momentos entre os seus discípulos, Jesus enfatizou o dever de cada crente proclamar o Evangelho no poder do Espírito (At 1.6-8; Lc 24.47-49). Não esqueçamos que a evangelização deve ser pessoal, isto é, pessoa a pessoa, e igualmente em massa, como há tantos casos relatados em o Novo Testamento (At 8.6,26-35).

2. A obra missionária. Esta envolve a transculturação (1 Co 9.20-22; Cl 3.11), haja vista os diversos costumes e cultura dos povos do mundo, que influenciam na implantação, na formação e na preservação de igrejas em meio a outros povos. Nem todo crente pode ir para o campo missionário, mas todos podem interceder em oração, contribuir financeiramente, é ajudar de muitas outras maneiras. Ler Rm 10.8-17.

3. A urgência da evangelização. O assunto é demais urgente! Quem passa desta vida para a outra sem Jesus está perdido para sempre. Portanto, embora o número de evangélicos brasileiros seja expressivo — algo em torno de 20% da população —, a maioria não se preocupa com a evangelização. Sabemos também que o principal movimento pentecostal do mundo está em nosso país. Por isso, “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20).

a) O desafio. O Brasil é hoje o país com mais espírita no mundo, e o primeiro colocado, na América Latina, em prostituição infantil. Além disso, temos aqui milhares de alcoólatras e viciados em outras drogas, bem como um número expressivo de menores abandonados. Estes e outros dados alarmantes devem nos despertar para a urgência da evangelização.

b) Deus conta conosco. O Pai estabeleceu o plano de salvação (Ap 22.17; Gl 4.4,5; Ef 2.8,9), o Filho executou (Jo 17.4; 19.30) e, o Consolador convence os pecadores e os converte, realizando o milagre do novo nascimento (Jo 16.8-11; 3.5). Deus quer usar aqueles a quem Ele salvou para a salvação da humanidade, seja na família, na vizinhança; os estrangeiros; pequenos ou grandes, etc. Ele quer salvar a todos (1 Tm 2.4).

 

                                        A URGÊNCIA DA OBRA MISSIONÁRIA

 

1. O crescimento da igreja primitiva. “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (At 2.47b; 5.14). Depois da plena evangelização de Jerusalém (At 5.28), o Senhor permitiu uma perseguição e dispersão dos crentes, que levaram as boas novas a Samaria, Judéia e outras regiões daquele país (At 8.1-5; 9.31; 11.19-24). Não demorou muito para que o mundo conhecido ouvisse o Evangelho, graças à ação do Espírito naqueles crentes fervorosos, cheios de graça e de poder (Rm 10.18; 15.19; Cl 1.6,23).

2. O nosso desafio. O mundo de hoje conta com mais de seis bilhões de habitantes. Destes, cerca de dois bilhões nunca ouviram a mensagem de salvação! O número de evangélicos em todo o mundo não chega a um bilhão, segundo os centros de informação missionária. Na igreja primitiva, todos evangelizavam incessantemente em toda parte, no poder do Espírito, com sinais e milagres (At 8.4,6,7). Precisamos em todo tempo estar revestidos do poder do alto, para dar continuidade a essa urgente obra, a fim de que, como eles, alvorocemos o mundo para Cristo (At 17.6).

3. Uma tarefa primordial. Em 1 Coríntios 1.22,23, vemos a importância da Grande Comissão de Jesus Cristo. Enquanto uns (como os judeus) se preocupam com sinais, e outros (como os gregos), em buscar sabedoria, nosso objetivo deve ser a evangelização de todos, em todo o mundo. Temos hoje muitos pregadores eloqüentes nos templos; mas é o poder do Espírito que faz de nós ganhadores de almas, no mundo!

 

                A ASSISTÊNCIA DO ESPÍRITO NA GRANDE COMISSÃO

 

1. Na evangelização pessoal. O Espírito Santo dirige os nossos passos, como no caso de Filipe relatado em At 8.26-38. Ele também ajuda-nos a superar os obstáculos apresentados pela pessoa evangelizada (Jo 4.7-29), desde que nos preparemos (1 Pe 3.15), firmando-se em seu poder, e não em nossas palavras (1 Co 2.1-5).

2. Na pregação em público. O segredo do êxito, em cruzadas evangelísticas, é buscar, em oração, a assistência do Consolador. Tomando como base às campanhas realizadas pela igreja primitiva, vemos o que acontece quando se prega a Palavra de Deus, no poder do Espírito Santo: a) Salvação de almas (At 2.41; 4.4); b) Sinais miraculosos (At 8.6,7); c) Grande alegria (At 8.8) e d) Batismo no Espírito Santo (At 8.14-17).

3. Na obra missionária. Em Atos 13, vemos como a assistência do Espírito Santo é imprescindível à obra missionária:

a) Escolha. Em Antioquia havia cinco profetas e doutores, e o Espírito de Deus escolheu o primeiro e o último da lista: Barnabé e Saulo (vv.1,2). Por que não o primeiro e o segundo? Porque a chamada é um ato soberano dEle (Hb 5.4).

b) Envio. Eles foram também enviados pelo Espírito (vv.3,4). A igreja apenas os despediu, pois é Ele quem escolhe e envia (Mc 3.13,14).

c) Capacitação. Paulo e Barnabé manejavam bem a Palavra de Deus (vv.16-44), eram cheios do Espírito, de ousadia (v.46) e tinham autoridade divina para repreender os que se lhes opunham (vv.5-12; At 4.31).

d) Direção. Guiados pelo Consolador, eles faziam discípulos numa cidade e partiam para outra (vv.46-51). Graças à direção e providência do Espírito, o Evangelho, tendo alcançado a Europa (At 16.6-10), chegou também a América do Norte, de onde vieram os missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, pioneiros do Movimento Pentecostal no Brasil! 

Antes de sua ascensão, Jesus mencionou cinco aspectos da obra missionária. O alvo: “ensinai todas as nações” (Mt 28.19). A abrangência: “todo o mundo... toda criatura” (Mc 16.15). A mensagem: “o arrependimento e a remissão dos pecados” (Lc 24.47). O modo: “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). E o poder: “recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós” (At 1.8). Para alcançar o alvo, em toda a sua abrangência, pregando a mensagem certa e de modoapropriado, precisamos do poder do alto (Lc 24.49). Portanto, irmãos: “Não extingais o Espírito” (1 Ts 5.19).

 Missões Pentecostais.Para os pentecostais, o derramamento do Espírito Santo por todo mundo é um sinal do fim de uma era de colheita. As missões estão longe de se tornar anacrônicas. De fato, as missões estão ganhando terreno entre muitas das igrejas mais novas nessa era final, a era do Espírito. Embora os pentecostais tenham muitas coisas em comum com outros evangélicos, o movimento pentecostal tem o seu próprio paradigma de missões. [...] Os pentecostais acreditam que o Espírito Santo tem sido derramado sobre a Igreja como um revestimento de poder para o discipulado de Cristo e dos apóstolos. Como vemos, por exemplo, em Atos 1.8, onde Cristo declara que o enchimento com o Espírito Santo aconteceria para que houvesse testemunho dEle até aos confins da terra. Os pentecostais encorajam os crentes a serem cheios com o Espírito Santo para que a igreja possa evangelizar o mundo antes do retorno de Cristo. [...] A orientação do movimento pentecostal em essência é cristológica. Para os pentecostais, o poder do Espírito Santo é dado para pregar a Cristo” (YORK, J. V. Missões na era do Espírito Santo. RJ: CPAD, 2002, pp.154-5).

 

 

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                            Conservando o verdadeiro Pentecostes

 

, Daniel Berg, pioneiro da obra pentecostal no Brasil, nasceu no dia 19 de abril de 1884, na cidade de Vargon, na Suécia. Em 1899, converteu-se na Igreja Batista sueca e foi batizado nas águas. Em 25 de março de 1902, Berg desembarcou em Boston a procura de novas oportunidades de emprego. Quando estava em Boston soube que um de seus amigos de infância, L. Pethrus, recebera o batismo com o Espírito Santo. A convite de sua mãe, Berg viajou até a Suécia para encontrar-se com Pethrus. Depois do encontro, ao regressar aos Estados Unidos, em 1909, Daniel Berg orou insistentemente a Deus pedindo o batismo com o Espírito Santo. Antes de chegar ao seu destino, Deus ouviu a oração batizando-o com o Espírito Santo.

 

A cidade de Sardes, uma das maiores do mundo antigo, foi fundada em 700 a.C. Era a capital do reino da Lídia e possuía legendária riqueza. Sardes era sinônimo de opulência, prosperidade e sucesso. Localizava-se na junção de cinco principais estradas, formando um grande centro comercial. Era conhecida, principalmente, pela confecção de lã. Segundo a história, Artêmis, era considerada a padroeira da cidade e, seu culto, era fundado na reencarnação. Devido à posição geográfica da metrópole, era considerada uma fortaleza imbatível. Mas, Ciro, rei dos medo-persas, aproveitando-se da distração dos guardas da cidade, a sitiou e conquistou. Em fins do primeiro século, Sardes era apenas uma sombra de sua antiga glória, confirmando a mensagem de Jesus que disse: “Tens nome de que vives e estás morto” (Ap 3.1). 

 

 Sardes, cidade que no passado foi capital da província romana da Lídia, na Ásia Menor. Aquela parte do mundo foi conquistada pelos romanos em 133 a.C. Sardes, cujo nome significa “renovação” ou “os que escaparam”, era uma cidade populosa, muito rica, luxuosa e que desfrutava de grande prosperidade material. Tinha uma avançada indústria metalúrgica, muitas minas de ouro e fontes de águas termais. Boa parte do seu desenvolvimento vinha da mão de obra gratuita de milhares de escravos em todas as atividades da região.

Relata a história que em Sardes viveu o homem mais rico do mundo: Creso, rei da Lídia. A grande riqueza de Sardes, bem como a soberba do seu povo, duraram muito tempo, cumprindo-se ao pé da letra o que está escrito em Pv 11.28. Sob o ponto de vista profético, o período da história da igreja que correspondente a Sardes é o que vai de 1517 a 1750, segundo os eruditos da Bíblia. Lembremo-nos que o Apocalipse é um livro profético (Ap 22.18,19).

 

                 A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE SARDES (v.1)

 

Segundo o relato bíblico (vv.1-6), Sardes era uma igreja que aparentava vida exterior (“tens nome de que vives”), mas espiritualmente estava morta, como diz o final do versículo 1. Há na Bíblia duas coisas que nos deixam maravilhados: sua franqueza e imparcialidade. Só Deus podia ter um livro assim.

1. “Ao anjo da igreja”. Trata-se do pastor da igreja. Neste texto, o termo anjo no original, significa mensageiro. Em Lucas 7.24, a mesma palavra é traduzida por “mensageiro”; e, em Tiago 2.25, refere-se aos emissários de Josué, que Raabe escondeu em sua casa (Hb 11.31). Disse o Senhor ao anjo da igreja de Esmirna: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (2.10). Ora, os anjos não morrem, nem a Bíblia fala de recompensa para eles, pois sua esfera de trabalho diante de Deus nada tem de semelhante com a do homem. Em muitas igrejas por aí, seus pastores foram os primeiros a perder o rumo e o nível do equilíbrio; estão sem visão, como o pastor de Laodicéia e o seu rebanho (Ap 3.18).

2. “Aquele que tem os sete Espíritos de Deus”. Trata-se do Espírito Santo na sua total perfeição, dignidade, poder e operação. É também o Espírito na sua ação vivificadora (ver Is 11.2; Ap 1.4; 4.5; 5.6). O número sete, por conseguinte, fala de plenitude e perfeição. Logo, as “sete igrejas da Ásia”, consistem numa só (1.4).

Sardes é a única das sete igrejas, à qual Jesus menciona “os sete Espíritos”. Isto significa que, mesmo quando uma igreja está decadente e sem vida, o Espírito Santo quer comunicar vivificação (Jo 6.63), restauração e reavivamento a fim de fazê-la retornar ao seu primeiro estado.

3. “Tens nome de que estás vivo, e estás morto”. O estado de morte espiritual da igreja de Sardes torna-se mais evidente ante a apresentação de Jesus como “aquele que tem os sete Espíritos de Deus”. Isto representa a vida e o fervor espiritual não apenas fluindo, mas transbordando, pois a fonte divina está a correr (Jo 7.37-39).

O modo distinto como Jesus dirigiu-se às sete igrejas revela muito do estado espiritual de cada uma delas; das suas necessidades, oportunidades e responsabilidades diante de Deus e do mundo.

Sardes era uma igreja rica materialmente, mas pobre espiritualmente. Que lástima! A luta intensa e insensata para a obtenção de riqueza, tem esfriado a fé na vida de muitos crentes, que depois de enriquecerem não têm mais sossego, como está escrito em Eclesiastes 5.12. Não há pecado em ser rico, desde que sempre dependamos de Deus e vivamos para Ele.

 

.                      CONSELHOS E ADVERTÊNCIAS PARA A RENOVAÇÃO (vv.2,3)

 

1. “Sê vigilante e confirma o restante”. Há sempre um remanescente fiel que não se conforma com a situação. Deus nunca ficou sem testemunho, nem mesmo nos terríveis dias que antecederam o Dilúvio e no período do baalismo em Israel; época em que quase toda a nação sucumbiu em razão de sua idolatria (1 Rs 19.18; Rm 11.4). Sempre houve e haverá aqueles que são fiéis ao Senhor em toda e qualquer situação e que gemem no Espírito por uma igreja mais unida, poderosa, santa, e adoradora. Na igreja de Sardes havia um grupo assim.

2. “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”. Isto também pode referir-se profeticamente e, em segundo plano, ao movimento da Reforma iniciado por Lutero em 1517. As obras não “perfeitas” podem representar as lacunas e dissensões internas entre os reformadores e as novas denominações cristãs. De fato, para quem está morto espiritualmente (v.1), suas obras não terão aprovação divina. É só examinar a história eclesiástica, bem como o que se passa nos dias atuais na igreja.

3. “Lembra-te do que tens recebido e ouvido, e guarda-o”. A igreja de Sardes estava vivendo em desobediência consciente à Palavra de Deus. Desobedecer ao Senhor como um ato isolado já é ruim; imagine alguém viver em rebeldia consciente. Isto é tentar a Deus.

Certamente aquela igreja tinha adotado um modelo de vida à moda deles, onde cada um fazia o que desejava, sem consultar a vontade do Senhor. Por isso, Jesus adverte: “Virei a ti como um ladrão”; isto é, de repente, inesperadamente, e para perda de algo. O julgamento à que se refere este versículo pode ser para o presente e não apenas para o futuro, como em 2 Co 5.10; Rm 14.12.

4. “Arrepende-te”. O arrependimento bíblico não é só mudança de coração, mas também de conduta, e deve acompanhar o crente em toda a sua vida. O cristão deve arrepender-se como filho; não como ímpio.

 

    .                PROMESSAS AOS CONSERVADORES E VENCEDORES (vv.4,5)

 

1. “Alguns que não se contaminaram”. Neemias fala de judeus que se casaram com mulheres ímpias (Ne 13.23,24), cujos filhos não conseguiam falar bem a língua judaica. Espiritualmente é o que acontece quando um crente não apenas se mistura com os ímpios, mas comunga com eles. É o contágio pela mistura. A Bíblia sempre está a nos prevenir sobre isso (Sl 1.1; 1 Pe 3.11; 2 Co 6.17). A respeito dos que não se contaminaram, Jesus afirma que com Ele “andarão de branco”. Isto é, viverão em justiça e retidão (Ap 6.11; 19.14).

2. “O que vencer”. Isso significa que a vida do cristão está situada num campo de batalha espiritual, contra as hostes de Satanás. Nenhum crente pense que está isento de ciladas e ataques do Inimigo (Ef 6.11-18; 2 Co 2.11; Sl 18.2).

3. “De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida”. O Rev. Gortner, assim se expressa sobre esta frase: “Na cidade de Sardes havia um extenso pergaminho com os nomes dos cidadãos que se destacavam como benfeitores e heróis defensores da cidade e dos seus cidadãos. Esse registro era um sinal de grande honra para eles. Caso um desses homens viesse a cometer algo desonroso e reprovável, seu nome era retirado desse rol de honra e mérito, isto é, do pergaminho.” Para os crentes de Sardes, palavras como as do v.5, eram bem compreendidas.

 

                                          DESAFIO AOS FIÉIS CONSERVADORES (v.6)

 

A Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. “Ouvir” não se refere apenas ao ato da percepção dos sons, mas de obedecer ao que Deus ordena na sua Palavra. O púlpito não deve ser simples tribuna de oradores, nem o pregador um simples animador de auditório. O essencial é que o fogo do altar de Deus — o fogo do Espírito , esteja aceso no altar da nossa vida. Enquanto formos pequenos em nós mesmos, Deus nos elevará para o seu serviço e o seu louvor. Devemos pregar, como pentecostais conservadores, o evangelho na sua plenitude (Rm 15.29), isto é, que Jesus salva o pecador; batiza com o Espírito Santo; cura os enfermos e faz maravilhas; e breve virá.

 

                                A CONSERVAÇÃO DO VERDADEIRO PENTECOSTES

 

Assim diz a prescrição bíblica, “Não apagueis o Espírito” (1 Ts 5.19). Na Lei havia apagador de fogo (Êx 25.38), mas nesta dispensação da multiforme graça de Deus, não. A conservação do Pentecostes vem pela constante renovação espiritual do crente. Tito 3.5 fala de regeneração e renovação do Espírito Santo. Ver At 4.8,31; 6.5; 7.55; 11.24; 13.9,52; 2 Co 4.16; Ef 4.23; 5.18; Cl 3.10. Em todas estas referências há uma mensagem de renovação espiritual. Quem procede segundo a natureza carnal, precisa de renovação do Espírito Santo: “tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne?” (Gl 3.3). 

Na carta às igrejas do Apocalipse, Jesus disse sete vezes: “Ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2.7,11,17,29; 3.6,13,22). Porque Deus insiste tanto? Certamente, porque quer conduzir sua igreja em todo tempo, coisas e circunstâncias. 

“O Passado de Sardes.A igreja de Sardes havia tido um longo e glorioso passado. Embora ainda fosse um importante centro comercial na época do Novo Testamento, seus dias de glória haviam terminado. A riqueza dessa cidade se originava, em parte, das minas de ouro da região, mas era conhecida, também, pela produção de tecidos e roupas ricamente tingidos. A cidade, destruída por um terremoto no ano 17 d.C, que também afetou a cidade de Filadélfia, foi rapidamente reconstruída com a ajuda de uma generosa verba cedida pelo imperador Tibério.

Como a carta a Éfeso, Jesus é descrito como aquEle que tem ‘as sete estrelas’ (isto é, os pastores, 3.1; cf. 2.1). A adição da frase ‘os sete espíritos de Deus’ é a única entre as sete cartas, embora a mesma frase esteja dispersa ao longo do livro de Apocalipse (1.4; 3.1; 4.5; 5.6).

É bastante plausível que a localização da igreja, em uma cidade tão rica e ilustre, viesse a aumentar a sua reputação (3.1). Infelizmente, a realidade era diferente. A carta exorta a igreja local a despertar (v.2)” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R.Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003,p.1852).

 

 isto é, os pastores, 3.1; cf. 2.1). A adição da frase ‘os sete espíritos de Deus’ é a única entre as sete cartas, embora a mesma frase esteja dispersa ao longo do livro de Apocalipse (1.4; 3.1; 4.5; 5.6).

É bastante plausível que a localização da igreja, em uma cidade tão rica e ilustre, viesse a aumentar a sua reputação (3.1). Infelizmente, a realidade era diferente. A carta exorta a igreja local a despertar (v.2)” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R.Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003,p.1852).

 

                           O GENUINO CULTO PENTECOSTAL

 

                                               ADORAÇÃO E CULTO

 

 O verdadeiro significado de culto. Será que realmente cultuamos a Deus como a Bíblia o requer? Vejamos em primeiro lugar, o que significa culto. O próprio significado da palavra “culto”, ou “serviço”, já sugere, em si mesmo, o ato de adoração que, por sua vez, implica na reverência que todos devemos prestar ao Todo-Poderoso (Sl 29.2). Cultuar a Deus significa adorá-lo, exaltá-lo, prestar-lhe a devida reverência (Sl 96.9).

Infelizmente, muitos vão ao culto, cantam e até oram, mas não adoram ao Senhor, pois o seu coração acha-se distante de sua presença (Is 29.13). O culto para os tais é apenas um ponto de encontro um momento de interatividade social.

Deus se compraz naqueles que o buscam com um coração puro e sincero, e alegra-se naqueles que o adoram “em espírito e em verdade” (Sl 15.1-5; Jo 4.23,24). Por conseguinte, não devemos prestar-lhe culto como se estivéssemos a barganhar-lhe as bênçãos e os favores. Há muitos que, desprezando a soberania divina, passam a determinar seus “direitos” e a decretar suas “posses” como se o Senhor lhes fosse um mero empregado. Isso é falta de reverência e temor diante dAquele a quem devemos adorar pelo que é e pelo que já fez por nós (Jo 3.16; Ef 2.8,9; 1 Jo 4.19; Ap 4.10).

 A essência do culto a Deus é a adoração. O ato de adorar a Deus constrange-nos a submetermo-nos incondicionalmente à sua vontade (Mt 6.10) e a nos humilharmos até ao pó diante de sua presença (Gn 18.27). A mulher pecadora, que ungiu a Jesus com fino unguento, “beijava-lhe os pés” em santa adoração (Lc 7.38). Se adorar é um ato de rendição, gratidão e exaltação ao Deus que nos criou (Sl 95.6), cheguemo-nos, pois, diante do Todo-Poderoso com temor e tremor, reconhecendo-lhe o senhorio sobre nossas vidas.

 Adoração completa e incondicional. Se todo culto é um ato de adoração, nem todo ato de adoração é necessariamente um culto. Os judeus dos tempos de Isaías e Miqueias não sabiam fazer tal distinção, por isso o Senhor repreendeu-os energicamente (Is 1.11; Mq 6.3-8). Aliás, até mesmo nossas atividades profissionais têm de ser realizadas como atos de sincera adoração ao Senhor (Ef 6.5-9). O que isto significa? A vida do crente deve ser um contínuo ato de adoração e louvor a Deus (Sl 146.1).

 

                                COMPOSIÇÃO DO CULTO PENTECOSTAL

 

 Liturgia do culto pentecostal. Apesar de suas características, o culto pentecostal também possui a sua liturgia. Mas o que significa liturgia? Não devemos assustar-nos diante dessa palavra, nem tê-la como sinônimo de formalismo. Liturgia, de acordo com o grego, significa serviço público. Nesse sentido, o culto cristão pode ser definido como um serviço que, em espírito e em verdade, prestamos a Deus (Sl 100.2).

Paulo apresenta a liturgia ideal para o culto cristão: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 12.26). Embora a igreja em Corinto fosse autenticamente pentecostal, o seu culto deveria primar pela boa condução: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40). O culto deve ser racional e consciente, conforme exige a Palavra de Deus (Rm 12.1). Caso contrário, ou cairá no formalismo, ou em algo desordenado e sem forma.

Queremos deixar bem claro que a liturgia realmente bíblica jamais impedirá a manifestação do poder de Deus, batismos com o Espírito Santo, curas divinas, milagres e, principalmente, salvação de almas.

 Elementos do genuíno culto pentecostal. Vejamos, a seguirmos elementos que, de acordo com Paulo, devem compor o verdadeiro culto cristão:

a) Leitura da Palavra. No Antigo Testamento, a leitura e a dissertação das Sagradas Escrituras tinham um sentido especial no serviço de adoração a Deus (Ed 8.1-12). Na Igreja Primitiva, quando o Novo Testamento ainda não havia sido escrito, os crentes utilizavam as Escrituras do Antigo Testamento em suas reuniões (At 2.42; 17.11).

Por conseguinte, o verdadeiro culto de adoração a Deus não pode ficar sem o ensino ou a pregação bíblica. A sua igreja ouve regularmente a leitura da Palavra de Deus? O culto sem a leitura e a explanação das Sagradas Escrituras é incompleto.

b) Cânticos na adoração. Uma das formas mais expressivas da adoração cristã é manifestada através de hinos e cânticos (Ef 5.18-21). Infelizmente, essa área da liturgia cristã muito tem sofrido com a proliferação de músicas que, sublimando o homem, minimizam o Senhor. Por outro lado, glorificamos a Deus porque nosso hinário oficial, a Harpa Cristã, tem como o seu primeiro compromisso exaltar o Senhor além de cantar as doutrinas da Bíblia Sagrada.

c) As orações e as ofertas voluntárias. Os crentes na Igreja Primitiva, por não disporem de templos, oravam nas casas. Os de Jerusalém oravam também no Santo Templo (At 3.1; 4.23,24; 12.12). Além da oração, eles adoravam a Deus com a entrega voluntária de dízimos e ofertas (1 Co 16.2; 2 Co 9.7; Fp 4.18). A oração e a intercessão jamais devem ausentar-se do culto pentecostal.

 

 

                                           MODISMOS LITÚRGICOS

 

 Adoção de movimentos estranhos ao cristianismo do Novo Testamento. A maneira como uma igreja adora ao Senhor reflete a sua crença e os seus valores. A igreja Primitiva, por exemplo, era autenticamente pentecostal tanto na forma quanto no conteúdo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42.43).

O segredo do avivamento, por conseguinte, não se acha na adoção de modismos litúrgicos nem na criação de gestos e posturas artificiais que, mostra a experiência, sempre acabam por roubar a reverência do culto cristão. O verdadeiro avivamento espiritual torna-se realidade quando a igreja se volta à Palavra de Deus (2 Cr 34.15). A partir daí, a igreja não mais se escraviza à liturgia, porque a sua preocupação, doravante, será adorar a Deus através de um culto ordeiro e decente. Sua adoração também será demonstrada por meio de um serviço cristão completo: evangelismo, missões, ensino sistemático das Escrituras, assistência social, etc. Isto é avivamento.

 Cultos exóticos. Há tantas inovações e exotismos invadindo nossos cultos, que, algumas dessas extravagâncias, em nada diferem do misticismo pagão. Recomenda-nos Paulo: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus” (Cl 2.18).

Infelizmente, tais coisas não ficaram no passado. Haja vista as igrejas que, ao invés de adorar ao Criador, acabam por adorar a criatura, por causa da ênfase que dão aos seres angélicos. Ora, que os anjos existem, todos sabemos. Mas eles existem para ministrar aos santos e não para serem adorados por estes (Hb 1.14). A presença mais importante no culto cristão é a do Espírito Santo. Cuidado, pois, com esses elementos estranhos ao culto pentecostal. 

Atos dos Apóstolos.“Com que me apresentarei diante do Senhor? Pergunta o escritor sacro ao Todo-Poderoso. Vejamos algumas coisas a serem observadas quando entrarmos na Casa de Deus para cultuá-lo: 

  •  Reverência e profundo temor

‘Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal’ (Ec 5.1). Quando entramos na Casa do Senhor, que o nosso espírito seja imbuído de um profundo espírito de reverência e santo temor. Goethe, poeta alemão, fala da importância da reverência: ‘A alma da religião cristã é a reverência’. 

  •  Alegria e regozijo

‘Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor’ (Sl 122.1). Quando os filhos de Israel dirigiam-se ao Santo Templo, em Jerusalém, para celebrar as festas sagradas, eles o faziam com o espírito de regozijo. Estar no santuário divino era o seu maior prazer, pois ali todos os israelitas reuniam-se para enaltecer o Senhor.

   •  Predisposição e discernimento espirituais

‘Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Esse não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus’ (Gn 28.16,17). Não se encontrava o patriarca num suntuoso templo; achava-se no relento. Mas ali, tendo por cobertura os céus, viu Jacó os anjos de Deus subirem e descerem por uma escada que ligava os céus à terra. Em simplicidade contemplou Jacó o Eterno. Tem você igual predisposição para enaltecer a Deus?” (ANDRADE, C. As Disciplinas da Vida Cristã. 1.ed., RJ: CPAD, 2008, ) 

 

 

                    Movimento Pentecostal — As doutrinas da nossa fé

 

 

 

O Movimento Pentecostal, embora comprovadamente bíblico e ortodoxamente teológico, vem sofrendo, desde o seu nascedouro, injustificados ataques. Isto se deve a dois principais fatores: 1) falta de conhecimento bíblico-teológico acerca da doutrina do Espírito Santo e 2) ignorância sobre a origem do maior avivamento já registrado pela história.

Nesta lição, teremos oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a origem e a atualidade do Pentecostalismo. Viremos a constatar que o Movimento Pentecostal, apesar de seus cem anos de história, é uma realidade que vem sendo experimentada pela Igreja de Cristo há quase vinte séculos. Infelizmente, muitos são os movimentos que, cognominados de pentecostais, vêm semeando confusão acerca do verdadeiro movimento do Espírito Santo.

 

                                     A ORIGEM DO PENTECOSTES CRISTÃO

 

 O ponto de partida. No Dia de Pentecostes, em Jerusalém, cumpriu-se a promessa que o Senhor Jesus fizera aos seus discípulos: a vinda do Consolador (Jo 14.16; At 2.1-4). Inaugurou-se, assim, um novo tempo para o povo de Deus que passou a usufruir de um abundante derramamento do Espírito Santo, conforme havia profetizado Joel (Jl 2.28-31). Sim, o que Jesus prometera tornou-se realidade (Lc 24.49). Mas qual a origem do Pentecostes? E por que as igrejas que crêem na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais são denominadas pentecostais?

 Como surgiu o termo pentecostalismo. A expressão “pentecostalismo” procede do vocábulo grego pentekosté que significa quinquagésimo. O Pentecostes era a segunda das três principais festas judaicas (Lv 23) e recebe esse nome por ser comemorado cinquenta dias após a Páscoa (Lv 23.16). Era também conhecido como a Festa das Semanas, Festa das Primícias e Festa da Colheita (Êx 34.22). Foi durante o Pentecostes que os quase 120 que oravam no cenáculo receberam o batismo com o Espírito Santo (At 1.3; 2.1-13).

 Do Pentecostes judaico ao cristão. Devido à destruição do Santo Templo em 70 d.C, os judeus ficaram impossibilitados de praticar muitos de seus rituais e liturgias. Mas para os cristãos, o Pentecostes, em virtude do derramamento do Espírito Santo, adquiriu um novo sentido. Tornou-se sinônimo do ministério, operações, atos poderosos e manifestações sobrenaturais do Espírito Santo na Igreja e através da Igreja (At 19.1-20).

 

 

 

                                      A TRAJETÓRIA DO PENTECOSTALISMO

 

 A promessa da efusão do Espírito. Deus revelou ao profeta Joel que, nos últimos dias, haveria uma efusão do Espírito Santo sobre os fiéis (Jl 2.28-32). Por conseguinte, a promessa do derramamento do Espírito Santo não se destinava apenas aos crentes que se achavam reunidos no cenáculo, mas diz respeito a todos os servos de Deus em todos os lugares e épocas (At 2.1-13, 39). O Movimento Pentecostal implica numa ação contínua e renovadora do Espírito Santo na vida da Igreja, fazendo com que esta cumpra cabalmente as demandas da Grande Comissão (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20).

 O Movimento Pentecostal tem o testemunho dos séculos. O escritor e jornalista Emílio Conde evidencia em O Testemunho dos Séculos, através de inúmeras provas, que o Pentecostalismo é um movimento legitimamente bíblico e que, historicamente, não se restringiu à Igreja Primitiva. Não é, portanto, um modismo sueco ou norte-americano. Em seu Dicionário do Movimento Pentecostal, afirma o historiador Isael de Araujo que o “pentecostalismo, em suas diferentes formas, tem existido por toda a história cristã, tanto do Ocidente como no Oriente, desde o Dia de Pentecostes, em Jerusalém”. No verbete “cronologia do pentecostalismo mundial”, o autor mostra um panorama das manifestações históricas do pentecostalismo do primeiro até ao século vinte.

 O genuíno Pentecostalismo. Como distinguir o verdadeiro do falso pentecostalismo? O genuíno pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina (Cl 1.6-9). Logo, nossa única regra de fé e conduta é a Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante, absoluta e completa Palavra de Deus. 

 

 

                                         O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

 

 Características das igrejas pentecostais. São igrejas legitimamente pentecostais as que, em primeiro lugar: a) Aceitam a soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus, elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer manifestação espiritual (2 Tm 3.16); b) Mantém a pureza da sã doutrina, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1 Tm 4.16); c) Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais (At 2.39); d) Cumprem integralmente as demandas da Grande Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); e) Têm compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1 Ts 5.17-23; 1 Tm 4.8).

Novos movimentos. Vários movimentos, incorretamente intitulados de pentecostais, têm surgido ao longo dos anos. Tais dissidências acabaram criando um segmento esotérico, místico e sincrético que em nada lembra o verdadeiro cristianismo (Cl 2.18).

Tais são os desvios doutrinários desses movimentos que eles, sequer, podem ser considerados cristãos, pois incorporaram às suas liturgias práticas místicas e antibílicas, fazendo uso de sal grosso, rosa ungida, óleo e água “santificados”, culto aos anjos, etc. Tais práticas são heréticas e inadmissíveis, não tendo nenhum respaldo na Palavra de Deus.

Não podemos nos esquecer, também, de extravagâncias doutrinárias como, por exemplo, a teologia da prosperidade, confissão positiva, quebra de maldição, triunfalismo e outros aleijões teológicos e heresias.

O verdadeiro Movimento Pentecostal teve sua origem no Dia de Pentecostes. Os anos se passaram, mas a chama pentecostal continua a arder, pois a promessa do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais é para nós também. Conservemos, pois, o legítimo pentecostalismo, conforme o encontramos nas Sagradas Escrituras.

Neste Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, preservemos e vivamos com intensidade o avivamento que nos legaram Daniel Berg e Gunnar Vingren. 

Pentecostes.“Pentecostes era a segunda das três grandes festas de Israel (Dt 16.16). Suas principais passagens estão em Êxodo 23.16, Levítico 23.15-22, Números 28.26-31 e Deuteronômio 16.9-12. A palavra grega Pentecostes (pentekosté) significa ‘quinquagésimo’, referindo-se ao quinquagésimo dia depois da oferta de manjares durante a Festa dos Pães Asmos (At 2.1; 20.16; 1 Co 16.8).

Outro título pelo qual esta festa é conhecida é a Festa das Semanas (Êx 34.22; Dt 16.10,16; 2 Cr 8.13), que se refere a sete semanas após a oferta das primícias; a Festa da Colheita (Êx 23.16), referindo-se à conclusão das colheitas de grãos; o dia das primícias (Nm 28.26), falando das primícias de uma colheita terminada, e mais tarde os judeus a chamaram solenemente de assembleia, que foi aplicado ao encerramento da festa da estação da colheita. Embora as Escrituras não afirmem especificamente seu significado histórico, elas parecem indicar basicamente uma festa da colheita.

[...] Em Números 28.26 o Pentecostes é chamado tanto de Festa das Semanas como de Festa das Primícias. Esta Festa das Primícias não deve ser confundida com as primícias oferecidas durante os dias dos pães asmos.No NT, o Pentecostes está relacionado ao dom do Espírito Santo (At 2.1-4). Cristo ascendeu como as primícias da ressurreição (1 Co 15.23), e 50 dias depois deste evento veio o derramamento do Espírito Santo, dando início ao cumprimento da profecia de Joel (Jl 2.28-32)”(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009, pp.1500-01). 

“Os historiadores que se ocupam do Avivamento Pentecostal no século 20 são unânimes em mencionar a Rua Azuza, em Los Angeles, Califórnia, em 1906, como o centro irradiador de onde o avivamento se espalhou para outras cidades e nações.A Rua Azuza transformou-se em poderosa fogueira divina, onde centenas e milhares de pessoas de todos os pontos da América, ao chegarem atraídas pelos acontecimentos e para ver o que estava se passando ali, eram batizadas com o Espírito Santo, e ao retornarem para suas cidades levavam essa chama viva que alcançava também outras pessoas.

Porém, quem havia trazido a mensagem pentecostal a Los Angeles fora uma senhora metodista, que, por sua vez, a recebera na cidade de Houston, quando tinha ido visitar seus parentes. Antes dessa data (1906), podemos citar também os avivamentos ocorridos na Suécia em 1858, e na Inglaterra em 1740. Na América do Norte, podem-se mencionar os avivamentos nos Estados de Nova Inglaterra em 1854, e na cidade de Moorehead, em 1892, seguidos dos de Caiena, Kansas, em 1903, e Orchard e Houston, em 1904 e 1905, respectivamente.

Os membros das várias igrejas, uns por curiosidade, outros por desejo de receber mais graça do céu, chegavam para ver com os próprios olhos aquele fenômeno. Muitos deles traziam consigo a opinião de que tudo aquilo não passava de obra de fanáticos. Porém, todos saíam dali convencidos de que era um movimento divino, e transformavam-se em testemunhas e propagandistas do Movimento Pentecostal que se iniciara naquela ruazinha em Los Angeles.

[...] Dentro em pouco os grandes centros urbanos norte-americanos foram alcançados pelo avivamento. Uma das cidades que mais se destacaram e se projetaram no Movimento Pentecostal foi Chicago. As boas-novas do avivamento alcançaram, praticamente, todas as igrejas evangélicas da cidade. Em algumas, houve oposição da parte de uns poucos crentes, porém o avivamento triunfou, pois, além de outras características que o recomendavam, ele se destacava pelo espírito evangelístico e pelo interesse que despertava pelo evangelismo dos outros povos. Ou seja: cada um que se convertia, transformava-se também em missionário” (CONDE, E. História das Assembleias de Deus no Brasil. 1.ed., RJ: CPAD, pp.23-4).

 

 

 

 

                  Assembleia de Deus — 100 anos de Pentecostes

 

A Assembleia de Deus no Brasil não nasceu por acaso. Foi o Senhor quem plantou a “semente” no coração de Daniel Berg e Gunnar Vingren e a fez germinar, crescer e dar muitos frutos. Homens e mulheres, cheios do Espírito Santo, ajudaram a construir a sua história. Você também faz parte desta trajetória de êxitos e triunfos em Cristo. É sua responssabilidade dar continuidade ao legado deixado pelos fervorosos e destemidos servos do Senhor. Glorifique ao Senhor pelos cem anos de genuíno pentecostalismo e continue a proclamar que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará. 

Movimento Pentecostal: “Surgiu no finai do século 19. Enfatiza a atualidade da doutrina do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais”.Por ocasião do Centenário das Assembleias de Deus no Brasil é fundamental que a imensa multidão de seus membros e congregados estude como Deus chamou os seus pioneiros, começou a derramar do seu Espírito Santo sobre todos os que crêem e fez prosperar essa obra em todos os rincões de nossa querida pátria.

 

                          O CHAMADO MISSIONÁRIO DOS PIONEIROS

 

 A experiência pentecostal de Daniel Berg. Em 25 de março de 1902, o jovem sueco Daniel Berg, com 18 anos e crente batista, desembarcou em Boston, nos Estados Unidos. Depois de sete anos, retornou a Suécia e conheceu a nova doutrina do batismo com o Espírito Santo por meio do pastor Lewi Pethrus que fora seu amigo de infância.

Quando retornou aos Estados Unidos, em Chicago, ele recebeu a promessa pentecostal em 15 de setembro de 1909.

 A experiência pentecostal de Gunnar Vingren. Em 19 de novembro de 1903, o jovem sueco Gunnar Vingren chegou a Kansas City (EUA). Era crente batista e trabalhara como evangelista na Suécia. Recebeu o batismo com o Espírito Santo em novembro de 1909 numa conferência em Chicago.

 O encontro em Chicago e a visão do Pará. Gunnar Vingren e Daniel Berg se conheceram em 1909, na cidade de Chicago. Os dois descobriram que tinham uma chamada missionária.

Adolf Uldin, membro da Igreja Batista sueca em South Bend, que Vingren pastoreava, profetizou que eles iriam para um lugar chamado “Pará”. Vingren descobriu num mapa na biblioteca de sua cidade que Pará era um Estado do Norte do Brasil.

Deus, então, revelou-lhes, quando estavam orando, em outra ocasião, que deveriam sair de Nova Iorque com destino ao Pará no dia 5 de novembro de 1910.

 

                    A FUNDAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

 

 A viagem a bordo do navio Clement. Decididos a atender ao chamado divino para a obra missionária no Brasil, Vingren deixou em 12 de outubro de 1910, o pastorado da igreja em South Bend e Daniel Berg saiu do seu emprego numa quitanda em Chicago.

Após terem experiências marcantes em relação ao dinheiro de que precisariam para viajar, embarcaram em Nova Iorque na terceira classe do navio Clement rumo ao Brasil. Na viagem de quatorze dias, tiveram de experimentar uma comida nada agradável. Mas, eles ficaram ali, deitados na terceira classe, orando durante todo o tempo. Certo dia, Daniel profetizou que o Senhor estava com eles, e verdadeiramente sentiram isso em seus corações.

Durante o período em que estavam no navio, oraram por um companheiro de viagem e evangelizaram um outro que veio a aceitar a Cristo como Salvador.

A chegada ao Pará e a doutrina pentecostal. Chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910. Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista. Nos cultos e reuniões de oração da igreja, Vingren e Berg, quando começaram a falar o idioma português, pregavam a respeito do batismo com o Espírito Santo. O objetivo deles era pregar o evangelho de poder aos seus ouvintes.

Celina Martins Albuquerque, membro da Igreja Batista, creu na mensagem pentecostal pregada pelos jovens missionários e recebeu o batismo com o Espírito Santo quando orava de madrugada em sua casa, no dia 2 de junho de 1911, juntamente com outra irmã da sua igreja, Maria de Nazaré.

 Nasce a Assembleia de Deus. O batismo com o Espírito Santo da irmã Celina Albuquerque, e também, da irmã Maria de Nazaré, que ocorreu na noite do dia 2 de junho, fez surgir uma discussão na Igreja Batista de Belém, que culminou na expulsão de 13 membros, no dia 13 de junho de 1911. No dia 18 do mesmo mês e ano, domingo, com 18 pessoas presentes mais Vingren e Berg, nasceu, na casa de Celina Albuquerque, a Missão de Fé Apostólica, que, em 11 de janeiro de 1918, foi registrada oficialmente como Sociedade Evangélica Assembleia de Deus.

 

 

 

                                         DO NORTE PARA TODO O BRASIL

 

1. O trabalho evangelístico e a expansão nacional. Daniel Berg e Gunnar Vingren, juntamente com os primeiros membros da igreja, começaram a realizar cultos em outros locais em Belém e a evangelizar em lugares distantes dessa cidade, principalmente nas ilhas paraenses.

Logo, novos companheiros missionários foram chegando. Os primeiros foram Otto e Adina Nelson (1914), Samuel e Lina Nyström (1916), Frida Vingren (1917) e Joel e Signe Carlson (1918). Também, a igreja começou a ordenar seus primeiros pastores: Isidoro Filho (1912); Absalão Piano (1913); Crispiniano de Melo; Pedro Trajano; Adriano Nobre; Clímaco Bueno Aza (1918); José Paulino Estumano de Morais (1919); Bruno Skolimowski (1921).

Membros das igrejas, missionários estrangeiros e pregadores nacionais, impelidos pelo ardor evangelístico pentecostal, começaram a visitar outros Estados, principalmente onde tinham parentes. Dessa maneira, apesar das muitas lutas e perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em todas as regiões do país: Ceará (1914); Alagoas (1914); Paraíba (1914); Roraima (1915); Pernambuco (1916); Rio Grande do Norte (1911, 1918); Maranhão (1921); Espírito Santo (1922); Rondônia (1922); São Paulo (1923); Rio de Janeiro (1924); Rio Grande do Sul (1924); Bahia (1926); Piauí (1927); Minas Gerais (1927); Sergipe (1927); Paraná (1928); Santa Catarina (1920, 1931); Acre (1932); Goiás (1936); Mato Grosso (1936); Mato Grosso do Sul (1944) e Distrito Federal (1956).

2. Os missionários e o desenvolvimento doutrinário nas ADs. Atuaram entre as Assembleias de Deus, missionários escandinavos (suecos, noruegueses e finlandeses) e norte-americanos. Nas primeiras cinco décadas das Assembleias de Deus, os missionários escandinavos tomaram iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento doutrinário da igreja. Eles fundaram jornais (Boa SementeO Som AlegreMensageiro da Paz), criaram as Lições Bíblicas para a Escola Dominical, editaram os primeiros hinários (Cantor Pentecostal e Harpa Cristã), publicaram livros e folhetos evangelísticos, promoveram as primeiras Escolas Bíblicas que duravam um mês, e fundaram a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) em 1940.

Em 1936, os primeiros missionários das Assembleias de Deus norte-americanas chegaram oficialmente ao Brasil. Eles passaram a atuar juntamente com a liderança sueca, principalmente no ensino bíblico e, investiram na publicação de livros teológicos, no ensino teológico formal e no estabelecimento gráfico da CPAD.

Dentre os missionários pioneiros nessas áreas do desenvolvimento bíblico-doutrinário, estão: Gunnar Vingren, Frida Vingren, Samuel Nyström, Nils Kastberg, Otto Nelson, Nels Nelson, Joel Carlson, Eurico Bergstén, Orlando Boyer, N. Lawrence Olson, John Peter Kolenda, João Kolenda e Ruth Dóris Lemos, Thomas Reginald Hoover e Bernhard Johnson Jr.

A Assembleia de Deus nos dias atuais. A igreja chegou ao seu primeiro centenário apresentando um crescimento vertiginoso e acelerado, consolidando-se como a maior expressão do pentecostalismo brasileiro. Numa estimativa feita em 2005, com bases em números do Censo Brasileiro, divulgada no jornal Mensageiro da Paz, as Assembleias de Deus teriam chegado a 20 milhões de fiéis espalhados por todo o país em 2010, e representariam 40% dos evangélicos brasileiros ao completar 100 anos de fundação. São mais de trinta mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil locais de cultos nos mais de cinco mil municípios brasileiros. 

Somos a continuidade do trabalho iniciado pelos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg. O Centenário não deve ser apenas um fato para comemorarmos, mas para despertar-nos a continuar pregando a mensagem que deu início à nossa caminhada em território nacional: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará! 

Daniel Berg e o seu trabalho no Brasil

“No Pará, Daniel, com 26 anos de idade, que logo se empregou como caldereiro e fundidor na Companhia Porto do Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas de português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado para comprar Bíblias nos Estados Unidos.

Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas cidades e vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior.

Após a evangelização em Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização na Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que ia se formando por onde passava. Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado” (ARAUJO, I. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1.ed., RJ: CPAD, 2007, p.123). 

“Escolhido por Deus.Nasci em Östra Husby, Östergötland, Suécia, em 8 de agosto de 1879. Meu pai era jardineiro. Por serem crentes, meus pais procuraram desde a minha infância ensinar-me os caminhos e preceitos do Senhor. Quando eu ainda era bem pequeno, ia à Escola Dominical, da qual, meu pai era dirigente. Aos 11 anos de idade concluí o curso primário e comecei a ajudar meu pai no ofício de jardineiro. Continuei nessa atividade até os 19 anos.

Eu era um menino de apenas 9 anos de idade quando senti a chamada de Deus na minha vida. Senti-me atraído por Deus de uma forma especial, e costumava orar muito. Às vezes reunia outras crianças comigo e orava com elas. Porém, com 12 anos de idade desviei-me do Senhor e tornei-me um filho pródigo. Caí profundamente no pecado até os 17 anos, quando o Senhor outra vez me chamou. Isso aconteceu em 1896. Eu resolvera ir ao culto de vigília de ano-novo e entregar-me outra vez ao Senhor. Fui com meu pai para esse culto, e fiz o que havia resolvido. Aleluia!

Aos 18 anos fui batizado nas águas. Isto aconteceu numa igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia, no mês de março ou abril de 1897. Neste mesmo ano tornei-me sucessor de meu pai no trabalho da Escola Dominical. Isto aumentou muito a minha necessidade de Deus e de sua graça. Ainda neste ano, em 14 de julho, li numa revista um artigo sobre as grandes necessidades e sofrimentos de tribos nativas no exterior, o que me fez derramar muitas lágrimas. Subi para o meu quarto e ali prometi a Deus pertence-lhe e pôr-me à sua disposição para honra e glória do seu nome. Orei também insistentemente para que Ele me ajudasse a cumprir essa promessa.

No mês de outubro realizamos uma festa para levantar dinheiro a fim de ajudar um irmão que ia sair para o campo missionário como evangelista. Tudo o que eu tinha nessa oportunidade eram 6 coroas, e eu as entreguei como oferta. Quando voltei para casa depois da festa, senti uma alegria imensa, e ouvi uma voz que me dizia: ‘Tu também irás ao campo de evangelização da mesma forma que Emílio!’.

Fiquei um ano mais no meu trabalho, mas sempre participando dos cultos, testificando e tratando de ganhar almas para Jesus. Continuei à frente da Escola Dominical até o fim de outubro de 1898. Depois de muitas orações dos irmãos, fui para uma escola bíblica em Götabro, Närke. Os dirigentes daquela escola eram os pastores Emílio Gustavsson e C. J. A. Kihlstedt” (VINGREN, I. O Diário do Pioneiro. 1.ed., RJ: CPAD, 2010, pp.19,20).

 

 

                              Uma Igreja autenticamente Pentecostal

 

 

No Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, não podemos calar a pergunta: Temos realmente todas as características de uma igreja autenticamente pentecostal? Para responder a esta questão, temos de voltar aos Atos dos Apóstolos e ver como vivia e agia a Igreja Primitiva. Basta ler os primeiros capítulos do relato lucano, para se concluir: a igreja que se acha sob a flama do pentecostes evangeliza, faz missões, discipula, ensina sistematicamente a Bíblia, socorre aos necessitados e aguarda, amorosamente, a volta de Nosso Senhor.

Sim, a igreja que se acha sob a flama do pentecostes age no poder do Espírito Santo.

Neste domingo, veremos as principais características de uma igreja legitimamente pentecostal. Desde já, oramos para que o Senhor Jesus continue a reavivar-nos, a fim de que o seu Espírito aja em nós e através de nós.

 

                      EVANGELIZAÇÃO, MISSÃO DA IGREJA PENTECOSTAL

 

 O imperativo da evangelização. O Senhor Jesus, antes de sua ascensão aos céus, instruiu os discípulos a respeito das quatro principais ações da Igreja: pregar, fazer discípulos, batizar e ensinar (Mt 28.19,20). Sim, exatamente nesta ordem.

A igreja autenticamente pentecostal sai das “quatro paredes”, para comunicar a mensagem do Evangelho. Ela sabe que o revestimento de poder foi-lhe concedido pelo Senhor, para que testemunhe ousadamente da salvação em Cristo (At 1.8). Consequentemente, todo cristão batizado com o Espírito Santo é impulsionado a pregar a Cristo e a fazer discípulos. E estes, por sua vez, são constrangidos a fazer outros discípulos, dando sequência a um processo continuo de geração de outras testemunhas (2 Tm 2.2).

 A evangelização como fator de crescimento. A Assembleia de Deus sempre primou pela evangelização e pela obra missionária. Seus fundadores eram autênticos evangelistas. Daniel Berg e Gunnar Vingren, apesar dos parcos recursos de que dispunham, viajavam em meio à floresta amazônica, pregando o Evangelho. Devemos seguir-lhes o exemplo, pois ainda há muita terra a ser conquistada dentro e fora do Brasil. Além do mais, temos o exemplo do Filho de Deus que veio ao mundo para salvar o pecador (Mt 20.28; Lc 19.10).

Evangelize, faça discípulos e ensine na direção e na unção do Espírito Santo (At 16.4,5). E a sua igreja crescerá tanto em quantidade quanto em qualidade.

 O discipulado. A igreja tem como tarefa não somente a evangelização, mas também o discipulado (Mt 28.20). Este é um dos mais importantes trabalhos da igreja, pois leva os novos convertidos (homens, mulheres, jovens e crianças) a se tornarem autênticos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 4.13). A Igreja Primitiva levou a sério essa tarefa (At 15.36).

Pedro, por exemplo, evangelizou e discipulou a casa de Cornélio (At 10.1-48). E o seu trabalho foi coroado com o derramamento do Espírito Santo sobre os novos convertidos (At 10.44,46).

 

 

 

                     A MISSÃO EDUCADORA DA IGREJA PENTECOSTAL

 

 Jesus e o ensino da Palavra. Grande parte do ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo foi dedicada ao ensino (Mc 2.1,2; Jo 1.3-21). Mestre por excelência, ensinava com autoridade deixando a todos atônitos com a singular autoridade de sua doutrina (Mt 7.29). Após sua ascensão, os discípulos deram continuidade ao seu ministério, pois Ele deixara-lhes bem explícito que o ensino bíblico tem de acompanhar necessariamente a pregação do Evangelho (Mt 28.19,20). O Espírito Santo concede o dom de ensinar à sua igreja, objetivando a edificação dos santos (Ef 4.12). Uma igreja pentecostal autêntica ama e dá toda a prioridade ao ensino da Palavra de Deus.

 O exemplo da igreja em Antioquia. Em Antioquia, havia profetas e doutores, pois esta igreja era indubitavelmente pentecostal (At 13.1). E o ensinar, nesse caso, não é uma mera capacidade humana, nem uma conquista acadêmica, mas um dom ministerial concedido pelo Espírito Santo (1 Co 12.28; Rm 12.7; Ef 4.11,12). Nas Escrituras Sagradas, o ensino sempre recebeu especial destaque.

Muita meninice que vemos por aí deve-se à falta do ensino bíblico. Nesses tempos difíceis e trabalhosos, faz-se imperioso que os crentes sejam incentivados a estudar a Bíblia Sagrada. E que a igreja invista na qualificação e aperfeiçoamento de seus professores (1 Tm 4.13). Uma igreja pentecostal destaca-se pelo ensino bíblico ortodoxo, pois somente assim conservaremos acesa a chama do Espírito Santo (1 Ts 5.19).

 A ortodoxia do ensino bíblico. O ensino das Escrituras deve ser, acima de tudo, ortodoxo. A palavra ortodoxia significa “absoluta conformidade com um princípio ou doutrina bíblica”. Todo ensino bíblico-doutrinário tem de estar de acordo com a mensagem divina revelada na Bíblia Sagrada.

Por conseguinte, uma igreja autenticamente pentecostal acha-se edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2.20,21). Mantenhamo-nos, pois, fiéis à sã doutrina.

 

 

 A IGREJA PENTECOSTAL NÃO DEVE DESCUIDAR DO                       SERVIÇO SOCIAL E DA COMUNHÃO.

 

 O serviço social. Tanto a evangelização quanto a assistência social fazem parte da missão integral da Igreja de Cristo. Tomemos o exemplo do próprio Senhor. Ele e seus discípulos iam de cidade em cidade anunciando o Evangelho, mas não descuravam dos que tinham fome (Lc 8.1; Lc 9.37).

A Igreja Primitiva, instruída pelo Espírito Santo, entendeu que a sua missão também compreendia assistir aos necessitados (At 4.34,35). Com a mensagem evangelizadora, ofertamos aos pecadores o pão que desce do céu; por intermédio do serviço social, oferecemos aos necessitados o pão que brota da terra (Tg 2.14-17).

Atender aos necessitados. Como a igreja pode afirmar ser cheia do Espírito Santo se não atende aos necessitados? Socorrê-los é antes de tudo um preceito bíblico (Dt 15.11; Sl 41.1; Tg 2.14-16). Jesus jamais se esqueceu dos pobres e a igreja também não haverá de olvidá-los. Assim procederam os cristãos primitivos (Cl 2.10).

 Comunhão. A comunhão cristã é o vínculo de unidade fraternal que, sustentada pelo Espírito Santo, constrange os crentes a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo. Esta era uma das marcas da Igreja Primitiva (At 2.42). A igreja que prima pela comunhão demonstra, na prática, a plenitude do Espírito Santo; cada um de seus membros vive harmoniosamente como irmãos em Cristo (Sl 133.1). Quanto às inimizades, iras, pelejas e dissensões, tais coisas são próprias dos que alimentam as obras da carne (1 Co 3.1-3; Gl 5.20). 

Uma igreja autenticamente pentecostal evangeliza, ensina, ajuda os necessitados e mantém os seus membros em plena comunhão conforme recomenda a Palavra de Deus. Pentecostalismo não é só falar em línguas estranhas; vai muito além. Segundo o teólogo Anthony D. Palma, “o batismo com o Espírito Santo tem que ser mais do que uma doutrina; tem de ser uma experiência vital e produtiva na vida dos crentes e seu testemunho no mundo”.

 

Seguindo o Mestre em Ensinar.“Jesus era o Mestre de quinta-essência. Ele fornece o padrão de ensino, o exemplo de perfeição da Pedagogia. Ele era a autoridade e o protótipo máximos do ensino, ainda que nunca tivesse discutido o assunto. Suas ações modelaram a disciplina.Embora se tenha escrito mais sobre Jesus como pessoa do que qualquer outra figura da História, Seu papel como Mestre tem sido um tanto quanto minimizado, talvez por causa da reação negativa à imagem de mestre que caracterizou o liberalismo do século XIX. Herman Harrell Horne nomeia essa negligência de ‘uma mina inexplorada’.

No Novo Testamento, mais de quarenta epítetos descrevem a pessoa e obra de Jesus Cristo. Por exemplo, Ele é Senhor, Messias, Salvador, Filho de Deus, Filho do homem, etc. Às vezes, é frequente enfatizar-se um mais que o outro.

Nos evangelhos, o termo Mestre é uma das designações mais usadas para identificar Jesus; ocorre quarenta e cinco vezes. Em quatorze ocasiões Ele é chamado de Rabi. Assim, é óbvio que uma das proeminentes funções de nosso Senhor durante Seu ministério público foi a de ensinar” (GANGEL, K. O.; HENDRICKS, H. G. Manual de Ensino Para o Educador Cristão:Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão. 1.ed., RJ: CPAD, 1999, p.11). 

“A compreensão integral do propósito de Deus.Como começar a construir uma cosmovisão cristã? A passagem fundamental é a narrativa da criação em Gênesis, porque é o ponto que devemos examinar a fim de aprender qual era o propósito original de Deus ao criar a raça humana. Com a entrada do pecado, os seres humanos saíram do trajeto, afastaram-se do caminho, perderam-se. Porém, quando aceitamos a salvação em Cristo, somos recolocados no caminho certo e restaurados ao nosso propósito original. A redenção não é somente ser salvo do pecado, mas também ser salvo para algo — retomar a tarefa para a qual fomos originalmente criados (grifo nosso).

E qual era a tarefa? Em Gênesis, Deus dá o que chamaríamos de a primeira descrição de cargo: ‘Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a...’ (Gn 1.28) A primeira frase — ‘Frutificai, e multiplicai-vos’ — significa desenvolver o mundo social: formar famílias, igrejas, escolas, cidades, governos, leis. A segunda frase — ‘enchei a terra, e sujeitai-a’ — significa subordinar o mundo natural: fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores, compor músicas. Esta passagem é chamada de o mandato cultural, porque nos fala que nosso propósito original era criar culturas, construir civilizações — nada mais.

Isto significa que nossa vocação ou trabalho profissional não é uma atividade de segunda classe, algo que fazemos para pôr comida na mesa. É a grande obra para a qual fomos criados. O modo como servimos ao Deus Criador pode ser demonstrado ao utilizarmos, com criatividade, os talentos e dons que Ele nos deu. Poderíamos dizer que somos chamados a continuar a obra criativa de Deus. Claro que não criamos do nada, ex nihilo, como Deus fez; nosso trabalho é desenvolver a capacidade e potencial que Ele construiu na criação, usando madeira para edificar casas, algodão para fazer roupas ou silício para fazer chips de computador. Embora as modernas instituições sociais e econômicas não se refiram explicitamente ao jardim do Éden, sua justificativa bíblica está fundamentada no mandato cultural” (PEARCEY, N. Verdade Absoluta: Libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural.1.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.51,52).

 

 

 

                    Conservando a pureza da Doutrina Pentecostal

 

 Nestes últimos dias temos visto que muitos crentes, por falta de conhecimento bíblico, estão sendo enganados pelas artimanhas teológicas dos falsos profetas e falsos mestres. Infelizmente, algumas igrejas pentecostais não priorizam mais o estudo sistemático da Palavra de Deus fazendo com que seus membros tornem-se “presas” fáceis dos falsificadores da Palavra. Por isso, no decorrer da lição, enfatize o fato de que precisamos nos manter firmes e fiéis às .Sagradas Escrituras.E a fim de que possamos desmascarar os enganos de Satanás. Precisamos estar atentos, procurando seguir a recomendação bíblica: “Examinai tudo” (1 Ts 5.21).

 

                                Doutrina: Ensino, instrução dos princípios bíblicos.

 

Como manter a pureza da doutrina pentecostal? O que fazer para evitar que a Igreja seja vitimada pelos falsos mestres e doutores? Na lição de hoje, veremos por que a Igreja, a guardiã da sã doutrina, deve manter-se sempre alerta, a fim de não ser enganada por ensinos que, apesar de sua aparente piedade, procuram destruir a pureza dos santos, arrastando-os à heresia e, finalmente, à apostasia.

 

                                          FALSOS DOUTORES E PROFETAS

 

 Uma avalanche de heresias. Lamentavelmente, na atualidade, algumas igrejas pentecostais têm sido invadidas por uma avalanche de heresias e apostasias (1 Tm 4.1). Não podemos fechar os olhos aos absurdos que, sorrateiramente, têm entrado nas igrejas e chegado aos púlpitos, por intermédio de falsos mestres e pregadores que, literalmente, blasfemam o caminho da verdade com inovações doutrinárias, em nome de uma espiritualidade que não acha base na Bíblia (2 Tm 4.3). Dentre elas podemos mencionar o culto aos anjos, o uso de amuletos que “estimulam a fé”, o triunfalismo, etc (Cl 2.18).

 Falsos mestres e falsos profetas. Orientado peio Espírito Santo, o apóstolo Pedro advertiu a igreja a respeito dos falsos mestres e líderes, que disseminam o engano entre o povo de Deus; homens presunçosos, que com os seus ensinos fraudulentos, acabam por corromper a sã doutrina. Esses pseudopregadores e mestres levam muitas pessoas a seguir suas dissoluções, “introduzindo encobertamente heresias de perdição” (2 Pe 2.1). Estes, a fim de agradar as pessoas e delas tirar vantagem, adulteram a Palavra, levando os crentes a pecar (2 Tm 4.3).

 A falta do estudo bíblico no meio pentecostal. Se quisermos preservar a sã doutrina, precisamos voltar a priorizar o estudo da Palavra de Deus (2 Tm 3.15-17). Atualmente, muitos já não querem estudar, de modo sistemático, a Bíblia. O Senhor sempre desejou que o seu povo fosse instruído na Palavra (Js 1.8; Sl 1.2), pois ela é a luz que dissipa o engano e as trevas (Sl 119.105). Você tem se dedicado ao estudo sistemático da Palavra de Deus?

O ouvinte da pregação deve ser também um estudante da Bíblia, averiguando na Palavra a veracidade daquilo que ouve (At 17.11). Siga o exemplo do salmista: “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (119.97).

A Palavra de Deus nos torna sábios para a salvação (2 Tm 3.15), santifica-nos (Jo 17.17), e leva-nos a conhecer mais profundamente ao Senhor (Os 6.3).

 

 

 

                            A SUTILEZA DE SATANÁS NO FIM DOS TEMPOS

 

 Os ardis de Satanás. Satanás é astuto e usa de sutilezas para enganar e macular a Igreja do Senhor. Os falsos mestres e profetas utilizam vários disfarces para semear suas heresias (2 Ts 2.15). Dissimuladamente, escondem suas reais intenções e apresentam-se como ovelhas; interiormente, porém, são lobos predadores. O Senhor Jesus adverte-nos quanto a estes: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). Oremos e vigiemos (Mt 26.41a) para não virmos a cair nas muitas ciladas do Diabo.

 Palavras persuasivas. Paulo adverte os crentes de Colossos a que não sejam enganados pelos falsos mestres (Cl 2.4). Eles empregavam palavras bonitas e raciocínio capcioso, a fim de enganar e seduzir os salvos. Tomemos cuidado para não sermos presas desses mestres do engano, dando ouvidos a espíritos enganadores (1 Tm 4.1).

 “Ninguém vós faça presa sua”. Satanás lança mão de todos os meios possíveis para induzir ao erro o povo de Deus. Como igreja do Senhor, estejamos devidamente preparados, alicerçados na Palavra de Deus, para detectar e combater suas muitas sutilezas. A Bíblia adverte-nos: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas [...]” (Cl 2.8). Um dos maiores desafios da igreja nestes últimos dias é lutar contra os ardis e enganos do Inimigo.

 

 

                                A IGREJA É A GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA

 

 A sã doutrina. A igreja deve preservar a sã doutrina, mas só conseguirá tal intento mediante o estudo sistemático e ortodoxo da Palavra de Deus (Tt 2.1). Ainda que alguns na atualidade não dêem a devida importância à doutrina bíblica, sabemos da sua necessidade face aos perigos espirituais que rondam a Igreja do Senhor nesta era pós-moderna.

O Senhor adverte-nos, em sua Palavra, de que nos últimos tempos haveria grande rebeldia e apostasia: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).

Se a igreja não estiver atenta à voz do Espírito Santo e comprometida com o ensino bíblico ortodoxo, muitos crentes deixarão de amar a verdade, desviando-se da fé genuína em Cristo. Segundo a Palavra de Deus, nestes dias que antecedem a manifestação do Anticristo, haverá um tempo de grande apostasia (2 Ts 2.3,4). Redobremos a vigilância!

 Examinemos tudo. Paulo exortou a igreja de Tessalônica: “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Ts 5.21). Toda e qualquer manifestação espiritual precisa ser examinada e avaliada segundo a Palavra de Deus. Vivemos tempos difíceis, de muita heresia e engano. Como discernir o verdadeiro do falso? Podemos identificar a fonte da mensagem, dos milagres, visões ou revelações, de duas maneiras: mediante o conteúdo doutrinário (Hb 5.14), ou mediante a revelação do Espírito Santo — o dom de discernimento (At 5.1-5). O crente não pode deixar-se levar pelos sinais e manifestações sobrenaturais, sem antes ter a certeza de que a sua origem é divina (1 Jo 4.1-3).

Sólido mantimento. O crente deve desejar o crescimento espiritual e o alimento sólido (Hb 5.14), a fim de discernir bem todas as coisas (1 Co 2.15). Você está crescendo em sua vida espiritual? São cem anos de Assembleia de Deus no Brasil; somos uma igreja adulta, onde já não há espaço para meninices. O crente espiritual tem “fome” da Palavra de Deus e deseja buscar o leite puro, sem falsificações: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo” (1 Pe 2.2). Muitos estão sofrendo física e espiritualmente por não estar se alimentando corretamente. 

A igreja deve estar alicerçada nas Escrituras Sagradas para combater, com vigor e eficácia, as forças do mal, que se levantam contra o Evangelho de Cristo. Toda e qualquer atividade espiritual deve ser examinada à luz da Palavra de Deus. A igreja deve primar pela ortodoxia bíblica, não permitindo que os modismos, baseados em experiências pessoais, sejam colocados acima dos princípios das Sagradas Escrituras. 

 

“Apostatando da Fé.‘Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios’ (1 Tm 4.1). Paulo escreveu ao jovem Timóteo, há quase dois mil anos, alertando quanto aos perigos da apostasia.

Apostasia — gr. apostasia — quer dizer ‘desvio’, ‘afastamento’, ‘abandono’; no texto bíblico, sempre significa abandono ou desvio da fé em Jesus. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, a apostasia na igreja será de dois tipos — ‘apostasia teológica’ e ‘apostasia moral’. Na primeira, observamos os desvios doutrinários. Na segunda, são manifestos comportamentos contrários à santidade requerida por Deus em sua Palavra (cf. Hb 12.14; 1 Pe 1.15,16). Muitas igrejas permitirão quase tudo, para terem muitos membros, dinheiro, sucesso e prestigio (cf. 1 Tm 4.1).

‘O evangelho da cruz, com o desafio de sofrer por Cristo (Fp 1.29), de renunciar todo pecado (Rm 8.1 3), de sacrificar-se pelo reino de Deus e de renunciar a si mesmo será algo raro’ (Mt 24.12; 2 Tm 3.1-5; 4.3). É uma característica dos tempos pós-modernos em termos religiosos. Há muitas igrejas e seitas no mundo.Entretanto, em relação à Igreja de Jesus, há muitos desvios nos últimos tempos. Certamente, em toda a história da Igreja, nunca houve tanta apostasia quanto no século passado e no início do presente século 21” (RENOVATO, E. Perigos da Pós modernidade. 1.ed., RJ: CPAD, 2007, pp.16-7).

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