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conheça a confissão de fé de WESTMINSTER parte n.1
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               CONHEÇA A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

       
                                                       INTRODUÇÃO

De forma extremamente coerente a Confissão de Fé Westminster inicia o primeiro capítulo tratando das questões relativas à bibliologia, em perfeita consonância com o principio formal da reforma protestante, o Sola Scriptura. Se um dos lemas mais preciosos dos reformadores dizia respeito justamente à autoridade exclusiva das Escrituras como regra de fé e prática, é natural que a confissão de Fé iniciasse sua jornada teológica a partir deste ponto de partida: a doutrina das escrituras sagradas.

Neste sentido destaca-se o seguinte artigo que trata exatamente da doutrina da revelação: Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo (Confissão de Fé de Westminster, 1:1).

Posteriormente a Confissão trata dos seguintes temas: Doutrina da Revelação (parágrafo I; O Cânon e a Inspiração das Escrituras (parágrafos II e III); Autoridade das Escrituras (parágrafos IV e V); Suficiência das Escrituras (parágrafo VI); Clareza das Escrituras (parágrafo VII); Preservação e Tradução das Escrituras (parágrafo VIII); Interpretação das Escrituras (parágrafo IX) e O Juiz Supremo das Controvérsias Religiosas (parágrafo X).

No tocante à doutrina da revelação, a CFW professa a doutrina da revelação natural, afirmando que a natureza, seja o macrocosmos (estrelas, plantas e etc) ou o cosmo (terra, os mares, o próprio homem e etc) consistem em uma pregação acerca da existência de Deus. Mesmo o homem pós-queda, nasce com uma versão da lei de Deus em si, impulsionando-o à adoração, e consequente idolatria para naqueles que não foram regenerados. Este doutrina tem como fundamentos diversas passagens das Escrituras, como por exemplo Sl 19:1-4 e Rm 2:14-15. Esta revelação torna o homem indesculpável diante de Deus.

Ao compreender esta doutrina somos inclinados a observar as ciências sob uma nova ótica, não mais como inimiga dos cristãos, mas sim como uma forma de descobrir a glória de Deus mediante o estudo de suas obras, pois como afirma Paulo Anglada: “As ciências podem até ser consideradas departamentos da teologia, especializações que estudam a criação e a providência. O estudo da química, da física, da matemática, da biologia, da geografia, da política, da antropologia, da história, etc., deve ter por fim último a glória de Deus. Não é sem razão que muitos dos primeiros cientistas dignos do nome eram cristãos sinceros, como Isaac Newton e Faraday.“

O direcionamento materialista e ateísta percebido nas academias só atestam a ação do pecado na vida de muitos cientistas, que se esmeram em compreender a criação, mas são absolutamente cegos e rebeldes diante do Criador de todas as coisas. Estes homens são indesculpáveis.

Diante da insuficiência da revelação natural para salvar os homens, haja vista que a cegueira causada pelo pecado o faz distorcer completamente o testemunho da criação, aprouve a Deus revelar-se de maneira especial e graciosa a sua igreja.

O Senhor do universo escolheu um povo para si e passou a se revelar de forma gradual e progressivamente, primeiramente através dos patriarcas, profetas e por fim através do seu próprio filho encarnado, Cristo Jesus (Hb 1:1-2). Esta revelação entregue à igreja é único meio eficaz do homem alcançar o caminho que o leva a salvação, restaurando sua comunhão com o Criador.

A fim de resguardar este imenso tesouro de valor imensurável, Deus instruiu seu povo para escrever sua revelação, e assim preservá-la de posteriores adições e deturpações. Ainda que esta processo tenha sido efetuado pelos homens, cremos que o próprio Deus esteve por trás destes atos, resguardando o conteúdo de nossa fé, o caminho para a salvação e a piedade.

Diante deste breve mais profundo relato presente nas Escrituras e organizando na Confissão de Fé de Westminster devemos nutrir um apreço intenso pela Palavra de Deus, dando a esta graça que nos foi dada toda a honra merecida, e nos esforçando para permanecer puros e firmes em seus preceitos pois ela é a orientação que vem dos céus para nos levar para junto de nosso Deus.

Nenhuma tradição deve tomar o seu lugar de honra, e nenhuma outra revelação deve suplantar ou concorrer com seu poder normativo. Seu valor é inestimável pois se não fosse esta preciosa revelação todos nós seríamos condenados. Que esta seja nossa Confissão, mas que também seja a nossa verdade. Sola Scriptura!


***

Este texto é fruto de um trabalho feito do módulo de BIBLIOLOGIA da Especialização em Estudos Teológicos do Andrew Jumper, ministrado pelo Prof. LEANDRO LIMA, e que teve como base um resumo feito de um trecho do livro de Paulo R. B. Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 25-31.

 


Fonte: UMP da quarta

 

 

 

Puritanos e Assembléia de Westminster




 

                 HISTÓRIA DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

                    FONTE PORTAL MAKENZIE    E   Alderi S. de Matos


A Confissão de Fé de Westminster é a principal declaração doutrinária adotada oficialmente pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Ela foi um dos documentos aprovados pela Assembléia de Westminster (1643-1649), convocada pelo Parlamento inglês para elaborar novos padrões doutrinários, litúrgicos e administrativos para a Igreja da Inglaterra. Para se entender as circunstâncias da formulação desse importante documento, é preciso relembrar a história da Reforma Inglesa.


1. Antecedentes

Até 1534, a Inglaterra havia sido católica romana por muitos séculos. Nesse ano, sob a liderança do rei Henrique VIII, essa nação rompeu com Roma e aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual o rei passou a ser o chefe da Igreja da Inglaterra. Assim sendo, passou a existir uma igreja nacional inglesa, separada de Roma, mas ainda católica, com o nome de Igreja Anglicana.


Com a morte de Henrique VIII em 1547, subiu ao trono o seu filho adolescente Eduardo VI. Sob a liderança de Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária, foram elaborados dois importantes documentos, ambos influenciados pela teologia calvinista: os Trinta e Nove Artigos e o Livro de Oração Comum. Várias outras reformas foram realizadas, tendo-se a impressão de que a fé protestante iria triunfar. Todavia, a morte prematura do jovem rei, em 1553, interrompeu bruscamente esse processo.

Eduardo foi sucedido por sua meia-irmã, Maria Tudor, mais tarde conhecida como “Maria, a Sanguinária”. Ela era filha de Henrique VIII e da princesa católica espanhola Catarina de Aragão. De imediato, Maria se dispôs a anular o que seu pai e seu irmão haviam feito e levar a Inglaterra de volta para a Igreja de Roma. O arcebispo Cranmer e muitos outros líderes da Reforma foram queimados na fogueira.

Muitos protestantes fugiram para o continente, sendo que um bom número deles se refugiou em Genebra, onde o reformador João Calvino estava no auge da sua influência. Eles organizaram uma igreja presbiteriana, tendo como pastor um dos refugiados, o escocês João Knox. Outro refugiado, Miles Coverdale, e alguns companheiros fizeram uma nova tradução das Escrituras, que ficou conhecida como a Bíblia de Genebra. Foi a primeira Bíblia de tamanho pequeno a ser publicada e a primeira Bíblia em inglês na qual os livros eram divididos em capítulos e versículos.

Com a morte de Maria em 1558, sua meia-irmã Elizabete subiu ao trono para um longo reinado de 45 anos. O Ato de Supremacia foi restabelecido e os protestantes exilados tiveram permissão para retornar. Eles voltaram para a Inglaterra e a Escócia com a sua Bíblia de Genebra e com maior convicção acerca do calvinismo e do presbiterianismo.

2. Os puritanos

Nesse contexto, solidificou-se um movimento cujas raízes mais remotas vinham desde o pré-reformador João Wyclif (século 14), passando pelo tradutor da Bíblia William Tyndale (†1536) e muitos outros líderes. Firmemente apegados às Escrituras e à teologia calvinista, esses protestantes começaram a insistir numa reforma genuína da igreja inglesa, com uma forma de governo, um sistema de doutrinas, um culto e uma vida mais puros, ou seja, mais bíblicos. Com isso, por volta de 1565 eles passaram a ser chamados de “puritanos”.


A rainha Elizabete alarmou-se com o crescimento do puritanismo e tudo fez para forçar os puritanos a se submeterem aos padrões religiosos vigentes. Todavia, o movimento continuou a crescer. Um autor diz que a Inglaterra nunca experimentou uma transformação moral tão grande como a que ocorreu entre o meio do reinado de Elizabete e a convocação do Longo Parlamento. A Inglaterra se tornou o povo de um livro, a Bíblia, que era lida nas igrejas e nos lares, gerando grande vitalidade espiritual. (Ver John Richard Green, em Uma Breve História do Povo Inglês).


Com a morte de Elizabete em 1603, Tiago VI da Escócia, filho de Maria Stuart, tornou-se Tiago I, rei da Inglaterra e da Escócia, e chefe da igreja. Os puritanos nutriam grandes esperanças em relação ao novo rei, que havia sido educado pelos presbiterianos da Escócia. Todavia, ele os decepcionou profundamente, visto estar muito apegado ao sistema episcopal de governo eclesiástico. Ele disse: “Vou fazer com que se submetam ou os expulsarei do país, ou coisa pior”. No sei reinado, um grupo de puritanos foi inicialmente para a Holanda e depois para a Nova Inglaterra, na América do Norte. A única coisa positiva que esse rei fez na área religiosa foi aprovar uma nova e influente tradução da Bíblia, que ficou conhecida como a Versão do Rei Tiago (King James Version, 1611).


3. A Assembléia de Westminster

Tiago foi sucedido no trono por seu filho Carlos I, que reinou de 1625 a 1649. Seu principal conselheiro era William Laud, arcebispo de Cantuária, um adepto da teologia arminiana e da uniformidade religiosa. Em 1637, Carlos I e Laud tentaram fazer com que os presbiterianos da Escócia se submetessem ao governo e culto da Igreja da Inglaterra, com seu sistema episcopal (bispos e arcebispos). No ano seguinte, os escoceses assinaram um Pacto Nacional no qual se comprometiam a defender o presbiterianismo e entraram em guerra contra o rei.


Carlos precisava de mais homens e dinheiro para lutar contra os escoceses e assim foi forçado a convocar a eleição de um Parlamento. Para seu horror, os ingleses elegeram um Parlamento puritano. Ele rapidamente dissolveu o parlamento e convocou nova eleição, que resultou em uma maioria puritana ainda mais expressiva. O rei tentou novamente tentou dissolver o Parlamento, que entrou em guerra contra ele. Estava iniciada a guerra civil inglesa.


Entre outras coisas, esse Parlamento puritano voltou sua atenção para a questão religiosa. Há 75 anos os puritanos vinham insistindo que a Igreja da Inglaterra tivesse uma forma de governo, doutrinas e culto mais puros. Assim sendo, o Parlamento convocou a “Assembléia de Teólogos de Westminster”, que ficou composta de 121 dos ministros mais capazes da Inglaterra, além de 20 membros da Câmara dos Comuns e 10 membros da Câmara dos Lordes. Todos os ministros, exceto dois, eram da Igreja da Inglaterra. Praticamente todos eles eram puritanos, calvinistas. Infelizmente, não havia unanimidade entre eles quanto à forma de governo: a maioria era composta de presbiterianos, muitos eram partidários da forma congregacional e alguns defendiam o episcopalismo. Os debates mais longos e acalorados foram travados nessa área.


A Assembléia de Westminster iniciou seus trabalhos na Abadia de Westminster, em Londres, no dia 1° de julho de 1643, e continuou em atividade durante cinco anos e meio. Nesse período, houve 1163 reuniões do plenário e centenas de reuniões de comissões e subcomissões.


4. A conexão escocesa

Mal haviam começado os trabalhos, as forças parlamentares começaram a ficar em desvantagem na guerra. Rapidamente foi enviada uma delegação à Escócia em busca de auxílio. Os escoceses concordaram em enviar socorro, mediante duas condições: (a) todos os membros da Assembléia de Westminster e do Parlamento deviam assinar uma Liga e Pacto Solene a ser redigido pelos escoceses; (b) os escoceses iriam nomear alguns representantes junto à Assembléia de Westminster. Ao assinarem esse documento, os ingleses se comprometeram a manter e defender a Igreja Presbiteriana da Escócia e a realizarem uma reforma da igreja “na Inglaterra e na Irlanda em sua doutrina, governo, culto e disciplina, de acordo com a Palavra de Deus e o exemplo das melhores igrejas reformadas”.


Os escoceses enviaram seis delegados à Assembléia de Westminster – quatro pastores e dois presbíteros – sem direito a voto. Os ministros eram: Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie e Samuel Rutherford. Esses poucos representantes escoceses exerceram uma influência decisiva sobre a Assembléia. Com a chegada dos escoceses e a assinatura da Liga e Pacto Solene em setembro de 1643, houve uma mudança radical no trabalho da Assembléia. Antes disso, a maior parte do tempo havia sido dedicada a uma revisão dos Trinta e Nove Artigos e não se pensara em elaborar uma nova Confissão de Fé. Agora os Trinta e Nove Artigos foram postos de lado e passou-se a fazer uma reforma profunda na Igreja da Inglaterra.


A Assembléia de Westminster era um conjunto de homens não somente eruditos, mas profundamente espirituais. Gastou-se muito tempo em oração e tudo foi feito com espírito de reverência. Robert Baillie, um dos representantes escoceses, descreveu um dos dias de jejum e oração: “Depois que o Dr. Twisse deu início com uma breve oração, o Sr. Marshall orou longamente por duas horas, confessando mui piedosamente os pecados dos membros da Assembléia... Depois disso, o Sr. Arrowsmith pregou por uma hora, e então foi cantado um salmo. Em seguida, o Sr. Vines orou por quase duas horas, o Sr. Palmer pregou por uma hora e o Sr. Seaman orou por quase duas horas; em seguida, foi cantado um salmo. Depois disso, o Sr. Henderson os levou a uma breve e suave reflexão sobre as faltas confessadas e outras faltas vistas na Assembléia, para serem corrigidas. O Dr. Twisse encerrou com breve oração e bênção. Deus estava presente de modo tão claro nesse exercício devocional que nós certamente esperamos uma bênção tanto sobre os assuntos da Assembléia quanto sobre todo o reino”.


5. O trabalho da Assembléia

Durante seus cinco anos e meio de atividade, a Assembléia de Westminster produziu os chamados Padrões Presbiterianos. À medida que era concluído, cada documento era encaminhado ao Parlamento como o “humilde conselho” da Assembléia. O Parlamento não aprovou automaticamente o trabalho da Assembléia, mas gastou muito tempo estudando e discutindo cada documento. Os Padrões Presbiterianos, na ordem em que foram concluídos pela Assembléia, são os seguintes: (a) Diretório do Culto Público a Deus: foi concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo Parlamento em janeiro de 1645. Substituiu o Livro de Oração Comum. (b) Forma de Governo Eclesiástico e Ordenação: foi concluída em novembro de 1644 e aprovada pelo Parlamento em 1648. Era uma forma presbiteriana de governo e substituiu o episcopalismo na Igreja da Inglaterra. (c)Confissão de Fé: foi concluída em dezembro de 1646 e aprovada pelo Parlamento em março de 1648. (d) Catecismos Maior e Breve: foram concluídos no final de 1647 e aprovados pelo Parlamento em setembro de 1648. (e) Saltério: versão métrica dos salmos para o culto; havia várias versões concorrentes, mas a de Francis Rous, membro do Parlamento e da Assembléia, foi finalmente aprovada em novembro de 1645, após uma extensa revisão. Foi aprovado pelo Parlamento no ano seguinte.


6. A Confissão de Fé

O esboço inicial da Confissão de Fé de Westminster foi preparado por duas comissões a partir de outubro de 1644, com a plena participação dos representantes da Igreja da Escócia. O plenário da Assembléia discutiu o documento de julho de 1645 a dezembro de 1646. Alguns dos debates foram acalorados, especialmente sobre temas como o Decreto de Deus, a Liberdade Cristã e a Liberdade de Consciência, e a liderança de Cristo. De um modo geral, houve uma notável unanimidade entre os participantes.


No dia 26 de novembro de 1646 o texto ficou pronto, com a exceção do prefácio e de algumas emendas. Estes foram concluídos no 4 de dezembro, quando a Confissão de Fé foi apresentada à Câmara dos Comuns. Todavia, o Parlamento exigiu a apresentação de textos bíblicos de apoio, cuja preparação e discussão continuou até abril de 1647. Em 29 de abril, a Confissão com as passagens bíblicas foi apresentada às duas câmaras. A Câmara dos Comuns determinou a impressão de 600 cópias, somente para os membros do Parlamento e da Assembléia. O título era: “O humilde conselho da Assembléia de teólogos que por autoridade do Parlamento ora está reunida em Westminster... com respeito a uma Confissão de Fé, com a adução de citações e textos da Escritura”.


A Confissão foi aprovada pelo Parlamento somente em 1648, com o seguinte título: “Artigos de religião cristã, aprovados e sancionados por ambas as casas do Parlamento, segundo o conselho da Assembléia de teólogos ora reunida em Westminster por autoridade do Parlamento”.


A Confissão de Fé é uma expressão da teologia agostiniana e calvinista que há mais de um século vinha influenciando os teólogos ingleses. Especificamente, a forma da Confissão foi influenciada pelos chamados Artigos Irlandeses, elaborados pelo bispo Ussher em 1615. Quanto ao esquema teológico geral sob o qual os teólogos de Westminster agruparam suas principais doutrinas, trata-se do sistema conhecido como Teologia Federal ou Teologia do Pacto (Pacto das Obras e Pacto da Graça).


Como uma declaração da doutrina reformada e como uma afirmação do calvinismo do século 17, a Confissão de Fé é um documento extremamente moderado e judicioso. William Beveridge conclui: “Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster”.


7. Eventos subseqüentes

Com o auxílio dos escoceses, as forças parlamentares lideradas por Oliver Cromwell esmagaram o rei Charles e seus exércitos. Cromwell e o exército inglês eram partidários do congregacionalismo; assim sendo, os presbiterianos foram expulsos do Parlamento em 1648. O rei foi decapitado na Torre de Londres em janeiro de 1649, sendo então criada a Comunidade (Commonwealth), tendo Cromwell como Lorde Protetor da Inglaterra e da Escócia.


Cromwell morreu em 1658 e dois anos depois foi restaurada a monarquia, com Carlos II no trono dos dois países. O episcopado foi restaurado, sendo aprovadas rígidas leis que impunham submissão ao governo e ao culto da Igreja da Inglaterra. Cerca de dois mil ministros presbiterianos foram expulsos de suas igrejas e residências. Seguiu-se um longo período de intolerância e cerceamento. Somente no século 19 foi organizada a Igreja Presbiteriana da Inglaterra (1876).


Na Escócia, os Padrões de Westminster foram prontamente adotados pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana, substituindo os antigos documentos que vinham desde a época de John Knox. Isso é notável se lembrarmos que a Assembléia de Westminster era composta de 121 ministros puritanos ingleses e apenas quatro ministros escoceses. Os presbiterianos escoceses agiram assim por causa dos méritos intrínsecos dos Padrões de Westminster e em especial devido ao seu desejo de promover a unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Através da imigração e do esforço missionário dos presbiterianos escoceses, esses padrões foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e até aos confins da terra.


8. Relevância atual

A Confissão de Fé de Westminster é considerada uma das melhores e mais equilibradas exposições da fé reformada já escritas. Suas definições doutrinárias foram cuidadosamente elaboradas por alguns dos homens mais cultos e piedosos do século 17. Talvez a sua linguagem e algumas de suas ênfases pareçam estranhas à nossa mentalidade do início do século 21. Todavia, temos de reconhecer que a maior parte das suas formulações continuam plenamente válidas para os dias atuais. Embora seja um documento muito importante e valioso para os reformados, ela não está no mesmo nível da Escritura, ficando subordinada à mesma.


A Confissão de Fé pode ser considerada um pequeno manual de teologia bíblica. Seus 33 capítulos abordam os temas mais importantes da teologia cristã, conforme segue: a doutrina da Escritura Sagrada – cap. 1; a doutrina de Deus (ser e obras) – caps. 2-5; a doutrina do homem e da redenção – caps. 6-9; a doutrina da aplicação da salvação – caps. 10-15; a doutrina da vida cristã – caps. 16-19; a doutrina do cristão na sociedade – caps. 20-24;  a doutrina da igreja – caps. 25-31; e a doutrina das últimas coisas – caps. 32-33.


Os principais temas da teologia reformada são abordados na Confissão de Fé de Westminster: (a) a autoridade das Escrituras – cap. 1; (b) a soberania de Deus e a eleição – caps. 3, 10; (c) o conceito do pacto – cap. 7; (d) a integração da doutrina com a vida cristã – cap. 16; (e) a relação entre lei e evangelho – cap. 19; (f) a importância da igreja e dos sacramentos – caps. 25-29; (g) o sistema de governo – cap. 31; (h) o relacionamento entre o reino de Deus e o mundo. Esperamos que essa considerações estimulem os leitores a conhecerem melhor esse documento histórico que é parte essencial da nossa identidade presbiteriana.


Referências

A Confissão de Fé, O Catecismo Maior, O Breve Catecismo. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991.

Hodge, A.A. Confissão de Fé de Westminster comentada por A.A. Hodge. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1999.

Beveridge, William. A short history of the Westminster Assembly. Revised and edited by J. Ligon Duncan III. Greenville, SC: Reformed Academic Press, 1993.

De Witt, John Richard, Terry L. Johnson e F. Solano Portela. O que é a fé reformada? São Paulo: Editora Os Puritanos, 2001.

Lingle, Walter L. Presbyterians: their history and beliefs. Richmond: John Knox, 1960.


Apêndices

1. Documentos Aprovados pela Assembléia (Padrões Presbiterianos)

·        Diretório do Culto Público (1644-1645)

·        Forma de Governo Eclesiástico (1644-1648)

·        Confissão de Fé (1646-1648)

·        Catecismos Maior e Breve (1647-1648)

·        Saltério (1645)


2. Etapas do Preparo da Confissão de Fé

·        Início do trabalho das comissões: outubro de 1644

·        Debates no plenário: julho de 1645 a dezembro de 1646

·        Apresentação à Câmara dos Comuns: 4 de dezembro de 1646

·        Preparação e discussão dos textos bíblicos: até abril de 1647

·        Apresentação da Confissão com passagens bíblicas: 29 de abril de 1647

·        Impressão de 600 cópias para membros do Parlamento e da Assembléia

·        Aprovação final pelo Parlamento: 1648


3. Características e relevância

·        Expressão da teologia calvinista

·        Ênfase na teologia federal ou do pacto

·        Influência dos Artigos Irlandeses (James Ussher, 1615)

·        Influência dos delegados escoceses – Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie, Samuel Rutherford


1.     Os Padrões de Fé de Westminster:

Observação: 
em 1991, a Casa Editora Presbiteriana publicou uma edição especial da Confissão de Fé e dos Catecismos contendo, além do texto desses documentos, a reprodução de todas passagens bíblicas pertinentes a cada tópico.


(a)    Confissão de Fé: compõe-se de 33 capítulos, que abordam os seguintes tópicos:

 

A Doutrina das Escrituras

1. Da Escritura Sagrada

 

A Doutrina de Deus (Ser e Obras)

2. De Deus e da Santíssima Trindade 
3. Dos Decretos Eternos de Deus 
4. Da Criação 
5. Da Providência

 

A Doutrina da Salvação (Objetiva)

6. Da Queda do Homem, do Pecado e do seu Castigo 
7. Do Pacto de Deus com o Homem 
8. De Cristo o Mediador 
9. Do Livre Arbítrio

 

A Doutrina da Salvação (Subjetiva)

10. Da Vocação Eficaz 
11. Da Justificação 
12. Da Adoção 
13. Da Santificação 
14. Da Fé Salvadora 
15. Do Arrependimento para a Vida 
16. Das Boas Obras 
17. Da Perseverança dos Santos 
18. Da Certeza da Graça e da Salvação

 

A Doutrina da Vida Cristã

19. Da Lei de Deus 
20. Da Liberdade Cristã 
21. Do Culto Religioso e do Domingo

 

A Doutrina do Cristão na Sociedade

22. Dos Juramentos Legais e dos Votos 
23. Do Magistrado Civil 
24. Do Matrimônio e do Divórcio

 

A Doutrina da Igreja

25. Da Igreja 
26. Da Comunhão dos Santos 
27. Dos Sacramentos 
28. Do Batismo 
29. Da Ceia do Senhor 
30. Das Censuras Eclesiásticas 
31. Dos Sínodos e dos Concílios

 

A Doutrina das Últimas Coisas

32. Do Estado do Homem depois da Morte e da Ressurreição dos Mortos 
33. Do Juízo Final

 

Apêndice

34. Do Espírito Santo 
35. Do Amor de Deus


Observação quanto ao texto da Confissão de Fé encontrado em A Confissão de Fé, o Catecismo Menor e o Breve Catecismo: Exemplar do Líder, 1ª ed. especial (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991):


Os Capítulos 34 e 35 foram acrescentados pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (a Igreja do Norte) em 1903. A seção intitulada “A Autoridade da Confissão de Fé e dos Catecismos” (pág. 162-F) foi escrita pela Rev. John M. Kyle. (Ver a “Nota Histórica” que consta de edições anteriores da Confissão de Fé).


(b)    Catecismo Maior: compõe-se de 196 perguntas e respostas distribuídas em três seções:

 

1ª Parte: Da finalidade do ser humano, da existência de Deus, da origem e da veracidade das Escrituras – Perguntas 1-5

 

2ª Parte: O que o ser humano deve crer sobre Deus – Perguntas 6-90

Deus ....................................... 6-8 
Trindade ..................................9-11 
Decreto ...................................12-14 
Criação ....................................15-17 
Providência ..............................18-20 
Queda .....................................21-29 
Pacto ......................................30-35 
Cristo, o Mediador ......................36-56 
Salvação ..................................57-61 
Igreja ......................................62-65 
União Vital ................................66, 69 
Vocação Eficaz ..........................67-69 
Justificação ..............................70-73 
Adoção ....................................74 
Santificação .............................75-78 
Perseverança ...........................79-81 
Últimas Coisas ..........................82-90

 

3ª Parte: O que as Escrituras requerem do ser humano como seu dever – Perguntas 91-196
A Lei de Deus ........................91-97 

Os 10 Mandamentos ...............98-148 
Pecado ...............................149-153 
Meios de Graça .....................154 
Palavra ...............................155-160 
Sacramentos ........................161-177 
Oração ................................178-185 
O Pai Nosso ..........................186-196

 

(c) Breve Catecismo: possui 107 perguntas e respostas, sintetizando os pontos mais importantes dos documentos maiores. Inclui uma abordagem detalhada dos Dez Mandamentos (perguntas 41-81).

 

 

 Da Confissão de Fé de Westminster

Confissão de Fé de Westminster

Ano de 1643.


CAPÍTULO I
DA ESCRITURA SAGRADA 

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.

 

Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.

 

II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática:

 

O VELHO TESTAMENTO

 

Gênesis

Êxodo

Levítico

Números

Deuteronômio

Josué

Juízes

Rute

I Samuel

II Samuel

I Reis

II Reis

I Crônicas

II Crônicas

Esdras

Neemias

Ester

Salmos

Provérbios

Eclesiastes

Cântico dos Cânticos

Isaías

Jeremias

Lamentações de Jeremias

Ezequiel

Daniel

Oséias

Joel

Amós

Obadias

Jonas

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Ageu

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Malaquias

 

O NOVO TESTAMENTO

 

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Marcos

Lucas

João

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I Coríntios

II Coríntios

Gálatas

Efésios

Filipenses

Colossenses

I Tessalonicenses

II Tessalonicenses

I Timóteo

II Timóteo

Tito

Filemon

Hebreus

Tiago

I Pedro

II Pedro

I João

II João

III João

Judas

Apocalipse

 

Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16; Mat. 11:27.

 

III. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.

 

Luc. 24:27,44; Rom. 3:2; II Pedro 1:21.

 

IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.

 

II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.

 

V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações.

 

I Tim. 3:15; I João 2:20,27; João 16:13-14; I Cor. 2:10-12.

 

VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas.

 

II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.

 

VII. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.

 

II Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos 17:11.

 

VIII. O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela paciência e conforto das escrituras.

 

Mat. 5:18; Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I Cor. 14; 6, 9, 11, 12, 24, 27-28; Col. 3:16; Rom. 15:4.

 

IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.

 

At. 15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.

 

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.

 

Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.