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protegidos e guardados em Jesus Cristo
protegidos e guardados em Jesus Cristo

                        PROTEGIDOS E GUADADOS EM JESUS CRISTO

 

10:25: Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim.

 O tempo presente, credes, é correto neste caso, conforme a maioria dos manuscritos o demonstra; talvez antes tivessem crido, com aquele tipo superficial de fé, segundo é indicado na referência em Jo 2:22 e 8:30; mas agora, após um intervalo de alguns poucos meses, tendo-se afastado da presença de Jesus, e estando sujeitos à influência dos adversários do Senhor Jesus, haviam decaído a um estado dos mais teimosos de obstinação e incredulidade. O autor sagrado havia dado destaque a reivindicações messiânicas distintas, como se vê nas passagens de Jo 4:26 e 9:37, tendo deixado entendidas muitas outras provas e demonstrações da validade dessas reivindicações.Outrossim, havia aquelas reivindicações inequívocas e elevadas de união com o Pai, conforme se vê em Jo 5:19; de autoridade da parte do Pai, como se lê em Jo 2:18,19 e 5:20; de testemunho do Pai quanto ao ministério celestial de Jesus, conforme se aprende em Jo 5:20,23. Ora, tudo isso fora profetizado confirmado de antemão por Moisés, nas Escrituras por ele escritas, segundo se fica sabendo em Jo 5:45-47. João Batista também servira de testemunha quanto ao caráter messiânico de Jesus, e o povo em geral considerava-o um grande profeta (ver Jo 5:33). O próprio Jesus asseverara existir «antes» dos tempos de Abraão, sendo superior a este em sua posição, assim identificando-se com o Deus do A.T. (ver Jo 8:56-59). E que os ouvintes do Senhor Jesus compreenderam até certo ponto o alcance de suas declarações, fica demonstrado pelo fato de que tentaram, por mais de uma ocasião, apedrejá-lo, acusando-o de blasfêmia (ver Jo 8:59 e 10:31).

 «...As obras que eu faço em nome de meu Pai, testificam a meu respeito...» A essas provas e evidências, conforme são alistadas acima, emergindo de diversas passagens deste quarto evangelho, poderíamos acrescentar mais esta de grande vulto, muito enfatizada neste evangelho, e que, de certa maneira, na realidade e o tema central do evangelho, posto que o autor sagrado reunira muitos «sinais». (Este termo que significa um «milagre», porquanto um milagre é um «sinal» ou indicação do fato de que Jesus era o Messias, e que pela fé nele é que alguém encontra a fonte da vida eterna, é usado especialmente pelo autor deste evangelho). Ora, os sinais ou milagres são exatamente as «obras» que Jesus aludira em suas palavras, e o propósito principal do evangelho de João é o de salientar que tais obras foram realizadas a fim de que os homens viessem a crer nele como Messias e Salvador, e que, mediante essa crença, viessem a receber a vida eterna, isto é, a participação na vida do Pai, na natureza divina. (Ver Jo 20:30,31, onde esse propósito é declarado, e Jo 1:12, onde é indicada a participação do crente na natureza divina. Ver também Jo 3:15, acerca da vida eterna). O MESSIAS, na profecia bíblica, seria um personagem operador de maravilhas, e Jesus cumpriu à risca essas expectações, operando milagres em quantidade e em qualidade muito superiores a Moisés e a todos os profetas reunidos. A Moisés eram atribuídos sessenta e seis milagres, dois mais do que a todos os outros profetas conjuntamente; mas Moisés jamais conseguiu abrir os olhos a um cego de nascença, para não falarmos de outros feitos que demonstram um poder realmente extraordinário. O Senhor Jesus, por conseguinte, ultrapassou a todos eles na operação de milagres, milagres esses que tinham por intuito servir de sinais acerca de sua divina missão, que lhe fora entregue pelo Pai, para que a cumprisse.Porém, ao invés de darem crédito a esses sinais, os judeus incrédulos preferiam dizer que Jesus era um pecador, um samaritano, um blasfemador, um homem dominado por Satanás, uma maneira muito comum das pessoas religiosas explicarem as maravilhas que se recusam a aceitar ou que não sabem explanar, mas que lhes parecem ser contra seus sistemas doutrinários muito limitados.

 10:26:   Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. 

Embora estas palavras pertençam a uma nova situação (a festa da Dedicação), agora retornamos ao tema do Bom Pastor, introduzido na primeira parte deste capítulo, vinculado aos acontecimentos da festa dos Tabernáculos e aos eventos do nono capítulo deste evangelho. O Senhor Jesus salientou que as verdadeiras ovelhas do Bom Pastor (o Messias) haveriam de crer, e isso foi especificamente declarado, em termos poéticos, nos primeiros versículos desse capítulo, tais como «...ouvem a sua voz...» (ver o vs. 3), «.. .lhe reconhecem a voz...» (ver o vs. 4), ou que elas haveriam de reconhecer o falso do verdadeiro, assim rejeitando os falsos messias (ver o vs. 5). Além disso, as ovelhas «conhecem» o verdadeiro Pastor (ver o vs. 14), em conformidade com um conhecimento inerente, profundo, segundo a familiaridade que existe entre Deus Pai e Deus Filho (ver o vs. 15). Jesus, pois, ensinou que há uma comunicação natural da alma dos crentes com Deus Pai, com o principio espiritual, com a verdade, com ele mesmo, e que os crentes (ovelhas) terão comunhão inerente e um conhecimento especial com o Filho (o Bom Pastor), conhecimento esse que começa pelo reconhecimento da validade de suas reivindicações.

 Tudo isso escapava do entendimento daqueles judeus incrédulos, simplesmente porque não eram verdadeiras ovelhas; possuíam falsos pastores, eram um falso rebanho e não tinham comunhão com Deus e seu Ungido, Jesus. A incredulidade deles servia de prova de tudo isso, porque a crença é tão natural para a verdadeira ovelha como a respiração é necessária para a vida física. A incredulidade deles, portanto mostrava que estavam desqualificados para reconhecer a Jesus Cristo, tanto por motivo da natureza perversa deles, como por causa de uma disposição obstinada de seus corações.

 10:27: As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

 Este versículo reitera conceitos que já haviam sido declarados neste mesmo capítulo, a saber:

1. Quanto à questão das ovelhas, que ouvem a voz do Bom Pastor, ver os vss. 3 e 4.

2. Quanto à questão das ovelhas, que reconhecem ao Pastor, ver o vs. 14, que salienta haver um conhecimento mútuo entre o Bom Pastor e as ovelhas, ao passo que o vs. 15 expande essa idéia, a fim de mostrar que tal conhecimento tem seus alicerces no conhecimento mútuo que há entre Deus Pai e Deus Filho, o que mostra ser uma comunhão mística, naturalmente conferida àqueles que chegam a conhecer a Cristo e estão sendo transformados à sua imagem.

3. Quanto à questão que as ovelhas seguem ao Bom Pastor, o que é símbolo de discipulado, paralelamente à rejeição dos caminhos falsos, dos rebanhos falsos e dos pastores falsos, ver os vss. 3,5,9 e 16. A prova da fé, pois, consiste em dar ouvidos à voz do Bom Pastor, passando a segui-lo no discipulado. Esse é essencialmente o tema da passagem de João 8:30-32.

 10:28: eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.

 Isso é declarado sob os termos «...será salvo...», no vs. 9 deste capítulo; «...tenham vida e a tenham em abundância...», do vs. 10; «...dá a vida pelas ovelhas...» (lado positivo da expiação indicada), do vs. 11 (ver também os vss. 15 e 17, sobre esse particular). A nota especializada sobre a «vida eterna» é dada no trecho de João 3:15. Essa vida não é meramente uma vida sem fim, e, sim, uma modalidade de vida. Trata-se da vida do Pai, que é igualmente vista na pessoa de Cristo, conforme Deus planejou que a mesma fosse vista e realizada no seio da humanidade. Fala de participação na natureza divina, no sentido mais literal possível (ver II Pe 1:4), o que consiste na total transformação dos remidos na natureza moral e metafísica do Cristo, de tal modo que aqueles que participam da natureza e da vida divinas, participam delas da mesma maneira que o Filho delas participa. Ora, isso significa que tais pessoas tornar-se-ão filhos de Deus,segundo é indicado em Jo 1:12; e a principal característica da filiação é justamente a participação do filho na natureza do pai.

 Essa vida eterna é dada, porquanto o próprio Jesus declarou: «...Eu lhes dou...» Isso nos indica a autoridade que Cristo tem de dispensar a vida eterna, e que essa vida vem por intermédio dele (ver Jo 3:16,36; ver também o tema da vida «necessária», em Jo 5:26, mediante a qual os homens, compartilhando da vida divina, tornam-se seres necessários, isto é, têm uma vida que não pode deixar de existir, tal como Deus é independente e não depende de qualquer outro ser para a sua vida. Cristo tem vida em si mesmo). (Ver o trecho de Jo 14:6 quanto à exclusividade da pessoa de Cristo, nessa dispensação da vida).

 «...dou...» também pode implicar que tudo isso vem através da livre graça de Deus, porquanto nenhum homem merece tal vida. Alguns homens podem progredir mais ainda, pelo uso apropriado do dom de Deus, do que outros fazem, e assim entram em uma vida mais abundante e em um galardão maior do que outros, porque existem também aqueles que são salvos mas não recebem galardão, salvos como que através do fogo. Não obstante, é uma insensatez pensarmos em um céu estagnado, onde os homens jamais podem participar mais plenamente na natureza e na vida de Deus, pois não existe limite ao que essa participação pode ser, por não haver limitação na personalidade de Deus. O sentido e o desígnio da vida mesma é a participação na vida divina, e o ser cada vez mais parecido com Deus. Não precisamos esperar qualquer fim nesse processo. Jesus outorga essa grande bênção aos homens que se arrependem e crêem, porquanto ele é ao mesmo tempo Filho de Deus e Filho do homem.

 Por conseguinte, encontramos aqui a versão de João sobre o reino de Deus, o qual, diferentemente dos evangelhos sinópticos, não é um reino terreno, político, e, sim, a participação no reino celeste, isto é, a vida eterna.

 «...jamais perecerão...» Naturalmente essa é uma das mais vigorosas declarações do N.T., sobre a segurança do crente, o que é chamado, por alguns expositores, de «perseverança dos santos» ou a doutrina da «perseverança final». O original grego é aqui muito enfático, tendo uma dupla negativa enfática, que apresenta a declaração nos termos mais fortes possíveis e poderia ser traduzida: «...de maneira alguma perecerão, eternamente...» Essa segurança se alicerça na vontade de Deus, conferida através de Cristo; Cristo segura suas ovelhas na mão e a grande mão de Deus envolve a todos, na pessoa de Cristo, uma dupla segurança que não admite qualquer exceção.

 Este versículo, por isso mesmo, se tem transformado em um campo de batalha, porque alguns, mediante a sua disposição, utilizando-se de outras passagens bíblicas, acreditam que não ser perdido depende da fidelidade, da continuação do «ouvir da voz de Cristo», da «continuação no seguir», idéias essas que também são expostas neste capítulo nos vss. 3 e 4, embora não haja qualquer implicação de que as verdadeiras ovelhas não haverão de perseverar assim.

 Não obstante, outros trechos bíblicos parecem apresentar alguma dúvida sobre essa questão, tal como a passagem de Fp 2:12, que diz: «...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor...» A tradução em inglês moderno, de Williams, diz «...continuai operando até o ponto final a vossa salvação...» (aqui vertida para o português). Ora, essa tradução subentende que o crente deve guardar, aperfeiçoar, desenvolver, preservar a sua salvação, até que a obra se complete. Já a tradução em português IB diz "...efetuai a vossa salvação com temor e tremor...» A tradução de Goodspeed declara: «...fazei todo esforço para assegurar a vossa salvação...», e mui provavelmente esse seja o sentido mais aproximado do original. O apóstolo Pedro também alude a esse tema, ao dizer: «...irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição...» (II Pe 1:10). Outrossim, o sexto capítulo da epístola aos Hebreus parece apresentar um perigo genuíno de apostasia.

 Tentando encontrar uma resposta: 

1. A resposta calvinista. Este versículo (e outros a ele similares) é absoluto e não admite exceções. Coisa alguma pode prejudicar ao verdadeiro crente. Aqueles que são reduzidos à apostasia e ao desvio para o erro, jamais foram discípulos autênticos.

2. A resposta arminianista. Alguns crentes verdadeiros apostatam, e outros se desviam. Assim pensava Jacó Arminius, um discípulo de Calvino que se revoltou contra suas idéias, e de cujo nome se deriva o título dessa doutrina.

3. Uma resposta intermediária. Alguns, em pequeno número, têm chegado a apostatar; mas, de modo geral, os salvos são conservados em segurança. Judas Iscariotes seria exemplo daqueles que apostaram, e poucos seguem as suas pisadas.

4. O paradoxo. Ambos os ensinamentos são verdadeiros. De alguma maneira para nós incompreensível, os homens podem cair da graça; mas, de outro ângulo, não podem fazê-lo. A questão inteira é uma subcategoria do problema do livre-arbítrio humano e do determinismo divino. Não há como chegar a uma posição reconciliadora. (Ver Rm 9:15,16 sobre a «predestinação», e I Tm 2:4 sobre o «livre-arbítrio»).

5. Uma reconciliação possível: a segurança é absoluta. Em outras palavras, o indivíduo que se converteu, finalmente estará seguro em Cristo. A queda é apenas relativa. No tocante à peregrinação terrestre, o homem pode realmente desviar-se e vir a tornar-se um não-convertido. Porém, visto que Cristo apôs sobre ele o seu selo, finalmente será reconduzido de volta, por ser inconcebível que a missão de Cristo possa fracassar. Portanto, ou durante esta vida terrena, ou além-túmulo, nos reinos espirituais do mundo intermediário, os caídos serão restaurados, porquanto a promessa de Cristo não pode falhar. Assim, pois, teríamos o arminianismo a curto prazo, e o calvinismo a longo prazo. O arminianismo se aplicaria aos conflitos e debilidades do homem. O calvinismo se aplicaria ao poder de Deus e à vitória divina, apesar de tudo. Ambas as facetas exprimiriam uma verdade, mas cada qual dentro de seu próprio campo.

 «...e ninguém as arrebatará da minha mão...» Esse simbolismo se alicerça na ação de um assaltante ou ladrão que se aproxima furtivamente do aprisco, vindo de uma direção inesperada, e sobe pelo muro para levar alguma ovelha; ou então se refere ao lobo ou ao leão que, quando encontra oportunidade, penetra no aprisco e dispersa e destrói as ovelhas ali guardadas. É aqui enfaticamente declarado que nenhum perigo, de qualquer natureza, pode tirar uma única ovelha do aprisco, e que a segurança das ovelhas envolve a todas elas, sem uma única exceção. Nisso está encerrada uma grande verdade, e de alguma maneira, a despeito de outros textos bíblicos que parecem indicar a possibilidade de apostasia ou de desvio, Deus cumprirá essa verdade.

 Poderíamos conjeturar que, embora as ovelhas caiam, e embora sejam julgadas neste mundo, contudo, ou aqui ou do outro lado do portão de Deus no estado eterno, ele finalmente as trará de volta. Assim sendo, essa apostasia ou desvio teoricamente poderia estender-se —ao estado além-túmulo; e mesmo nesse caso, Deus as traria de volta, de tal modo que jamais se perderão finalmente, razão pela qual a promessa deste texto fica plenamente cumprida. Quase certamente, I Pe 4:6 justifica esta esperança.

 Ao assim declararmos, penetramos no terreno da teologia especulativa; « temos mesmo o direito de fazê-lo, porquanto quem conhece tanta verdade a ponto de afirmar que ninguém pode especular acerca de outras facetas da verdade; ou quem pode dizer que tem um conhecimento tão perfeito da verdade a ponto de ficarem eliminadas todas as outras idéias possíveis? A teologia especulativa, entretanto, não assevera ser qualquer coisa como um pronunciamento final acerca da verdade; pelo contrário, consiste em uma certa maneira de buscar a verdade, quando essa verdade ainda não é perfeitamente conhecida. Ora, a verdade com freqüência não é perfeitamente conhecida. E por isso mesmo há uma grande possibilidade do exercício da teologia especulativa

 10:29: Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.

 A tradução AA faz com que aquilo que é maior do que tudo não seja o Pai (no dizer de outras traduções), e, sim, aquilo que é dado pelo Pai. Em contraste com essa tradução, a tradução portuguesa AC diz: «Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos...» Esta última destaca o Pai como o maior de todos. A tradução em português IB concorda com a tradução AC neste ponto.

 Esses dois textos distintos são traduções de dois grupos separados de manuscritos, como segue: Aqueles manuscritos que apóiam a idéia de que a grandeza pertence a Deus Pai, neste caso, são os mss P(66), P(75),AB(2), Fam 1, Fam 13, Fam Pi, Gamma, Delta, Theta, as versões Si e Sa, e a maioria dos manuscritos gregos de data posterior. E os manuscritos que sustentam a tradução «Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo...» são Aleph, B(l), DLW, a maioria das versões latinas, o Si(s) (o mais antigo manuscrito em siríaco), a versão boárica (egípcio) e os escritos dos pais da igreja Ambrósio e Jerônimo, que assim citam a passagem.

 Existem ainda algumas outras variações de menor monta, que podem ser consultadas no aparato crítico do original grego, sobre este versículo. À evidência a favor de uma e de outra possibilidade está perfeitamente dividida, contando com os importantíssimos mss P(66) e P(75) de um lado, e os mss Aleph e B de outro lado. A maioria dos editores modernos do texto grego do N.T. preferem «Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo" (pois os papiros são contrários aos mss Aleph e B), mas alguns expositores acreditam que a idéia da grandeza do Pai cabe melhor dentro do contexto. Por outro lado, a grandeza de Deus Pai é uma idéia comum, ao passo que a alternativa é um tanto vaga, capaz de admitir muitas interpretações, assim fazendo a grandeza referir-se a Deus Pai, podendo ter sido a substituição de um texto difícil por um outro de mais fácil compreensão. Seja como for, ambas as idéias se fazem presentes, e a explicação sobre as mesmas é como damos abaixo:

 1. Se o Pai está em foco, a exposição é fácil. Seu poder está acima de tudo, domina tudo e realiza tudo. Nenhuma circunstância terrena pode oferecer-lhe resistência; nem lobo, nem ladrão, nem perversidade, nem pecado, nem desespero. O crente está seguro na mão de Cristo, o qual, por sua vez, está seguro na mão do Pai.

2. Se a tradução correta alude ao que foi dado ao Filho, então temos:

a. Sua autoridade em vista—nada pode resistir à autoridade do Filho;

b. sua missão messiânica requer a segurança de todos quantos lhe foram dados;

c. a igreja está alicerçada sobre a Rocha, e não pode desmoronar, Mt 16:18. Os próprios poderes infernais não poderão abalá-la.

3. Este versículo lança a base para a doutrina da Trindade. Há a unidade de natureza, mas a distinção de pessoas.

4. O versículo se harmoniza com a doutrina do Logos, Jo 1:1. O Logos (Filho) é Deus (pois compartilha da natureza divina), mas também está com Deus (é distinto como pessoa).

5. Fica implícito que as ovelhas necessariamente estarão seguras, pois há uma unidade a ser preservada na família divina. A unidade da pessoa de Deus requer a unidade de sua família inteira. É óbvio que nenhum de seus membros poderá perder-se.

6. Quanto a seu desígnio, a unidade garante essa mesma segurança. O Pai quer a segurança; o Filho quer a segurança. Portanto, a segurança é absoluta.

 «Um oceano repleto de graça. Poucas passagens bíblicas são tão prenhes de encorajamento e de ânimo como estes versículos. Onda após onda, chega até nós a graça de Deus, fluindo até que o cérebro se sente estupefato e a vista se cansa... as ovelhas ouvem e seguem; o pastor conhece o seu rebanho e lhes prove uma vida plena e satisfatória, tanto aqui como na vida além, em medida ainda maior; não há qualquer temor de desastre final, ou que tudo termine em um fracasso; elas jamais perecerão, segundo nos garante Cristo com toda a confiança, porquanto não dependem meramente de seus pobres esforços, mas antes, estão circundadas por uma graça poderosa e vigilante, que visa a salvação delas, capaz de realizá-la sem nenhum retrocesso... é o próprio Deus que entregou essas almas tão caras a ele à salvaguarda exercida por Cristo. É o próprio Deus quem lançou em favor delas todos os seus recursos divinos. De maneira que, a menos que o tudo de Deus se mostre insuficiente, nada pode arrebatar a ovelha de sua mão». (Arthur John Gossip. in loc).

 10:30:   Eu e o Pai somos um.

 «...Eu e o Pai somos um... «Essa é uma das grandes declarações joaninas, a qual pode ser compreendida sob diversos sentidos, a saber:

1. Quanto ao desígnio, à vontade e ao método de efetivar essa vontade é que o Pai e o Filho são um. Essa é uma verdade, e já foi enfatizada antes neste quarto evangelho. A seita cristã ariana (seguidores de Ãrio) incorreu em grande equívoco ao confinar o sentido dessas palavras somente a isso, ao mesmo tempo que negava a unidade essencial de natureza ou ser, entre Deus Pai e Deus Filho.

2. O sabelianismo (nome derivado de seu defensor original, Sabélio, eclesiástico do século III da era cristã) ensinava que existe apenas uma essência divina, mas que opera através de três manifestações temporais sucessivas—como criador e legislador, na pessoa do Pai; como redentor, na pessoa do Filho; e como doador da vida, na pessoa do Espírito Santo. Mas essa posição nega a diferença essencial ou personalidade das três pessoas da trindade; e alguns intérpretes vêem que essa posição é negada pela referência plural que aqui vemos no termo «somos». Seja como for, outros trechos bíblicos negam essa doutrina, pelo que também essa é, uma interpretação que precisamos repelir.

3. Outros estudiosos têm ensinado a mera unidade de poder, mas essa posição fica muito aquém do pleno sentido deste texto.

4. Apesar de ser verdade que o ponto principal do versículo consiste em demonstrar a relação existente entre o Cristo encarnado e Deus Pai, em todos os seus desígnios, em sua vontade, em seus planos e propósitos, contudo, essa unidade subentende igualmente a unidade de natureza; e as circunstâncias do contexto indicam que assim é que devemos compreender o versículo. Agostinho teceu o seguinte comentário acerca dessas palavras: «Fica aqui condenado o sabelianismo, que negava a distinção de pessoas na deidade na palavrasomos, ao passo que a palavra um condena o arianismo, que negava a unidade da essência das pessoas da deidade».

 Portanto, devemos aceitar aqui a unidade de natureza, sendo essa a pedra fundamental da doutrina da Trindade. Parece perfeitamente claro, à base do contexto, que os judeus assim compreenderam as palavras de Jesus, porquanto, ser «um» com o Pai dificilmente indicaria que Jesus estava se fazendo igual ao Pai. Somente uma perfeita unidade de natureza, uma perfeita unidade de ser, isto é, em possuir a mesma natureza, poderia

provocar essa acusação. Notamos, por semelhante modo, que não vemos qualquer reparo, ou feito pelo Senhor Jesus, ou pelo próprio autor do evangelho de João, com o sentido de refutar ou de alterar essa suposição seja de que maneira for. Mas o fato de que a suposição está presente, e isso sem nenhuma modificação ou comentário, é algo que indica que nos compete entender a existência de mais do que mera unidade de vontade, de poder e de propósitos, porém, que essa unidade tem o seu fundamento na identidade de natureza.

 Mas além desse ponto, que sem dúvida é um pensamento que o autor sagrado tencionava fazer entendido, também se destaca a idéia da salvação dos homens, da guarda das ovelhas, idéia essa envolvida na unidade de propósitos e de natureza entre o Pai e o Filho. Lange expressou (in loc.) essas idéias admiravelmente bem, quando disse: «A chamada graciosa do Pastor corresponde à vocação divina que se manifesta neles. A vida eterna do Pastor, que ele infunde em seus corações, corresponde ao destino para eles preparado por Deus que perceberão. A preservação espiritual conferida pelo Pastor, ordenada por Deus, equivale à igreja triunfante de Cristo, no reino triunfante de Deus. Porém, essa unidade soteriológica entre o Pai e o Filho, em suas ações e em seu governo, expressa, ao mesmo tempo, a unidade ontológica no poder e na substância de ambos. Esta declaração, portanto, não tem uma referência meramente soteriológica sobre a unidade do poder, mas esse silogismo diz que: a. nenhum homem pode arrancá-los da mão de meu Pai; b. eu e meu Pai somos um; c. conseqüentemente, nenhum homem pode arrancá-los de minha mão (conforme diziam Crisóstomo, Calvino e outros). Temos aqui, antes, a unidade do paralelo inteiro, 'a cooperação do Pai e do Filho, na economia total da salvação' (conforme dizia Tholuck, após o parecer de Tertuliano e outros)».

 ASSIM, pois, a unidade de natureza garante a unidade de desígnio, bem como a materialização ou cumprimento desse desígnio. O Filho atrai todas as ovelhas para ele mesmo, e não quer que qualquer delas pereça. O Pai, que tem a mesma natureza do Filho, e o mesmo desígnio e vontade, também quer a total preservação e segurança, e a salvação final, de cada ovelha individual. Essa unidade é a garantia definitiva das ovelhas individuais, porquanto se trata da mesma vontade que criou e governa o universo inteiro, não havendo qualquer vontade ou qualquer forma de oposição ou de mal que possa vencer essas forças combinadas. A segurança, pois, é absoluta.

 

FONTE Notas Bibliografia R. N. Champlin, Ph. D.,comentário do novo testamento,2003