Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate this Page

Rating: 2.9/5 (1474 votos)



ONLINE
26




Partilhe esta Página

 

 

<

Flag Counter

mmmmmmmmmmm


// ]]>

how to watch super bowl 2021 for free

liderança cristã P.1
liderança cristã P.1

                                                                       

                                                          LIDERANÇA CRISTà 

 

 

 “carisma”, originalmente essa palavra se refere a dons do Espírito Santo, mas aqui na lição ela é usada como sinônimo de carinho, afabilidade. Ver tópico 2.1.- “desenvolver seus talentos”, Jesus não apontava o erro dos outros diretamente como fazem alguns irmãos, mas Ele mostra pelo ensinamento, o que a pessoa tem de melhor, como no caso do fariseu e do publicano, onde Jesus ressaltou que a oração do publicano foi a melhor, Lc 18.10-14. 
  

 

LIDERANÇA NOS MOLDES DE CRISTO: “exemplo de liderança”, toda liderança no meio cristão deve ser imitação da que Jesus praticava com seus apóstolos. Atualmente muitos líderes buscam aprendizado secular para diversas áreas da obra de Deus, mas todo conhecimento de liderança, motivação, trabalho com casais, psicologia e etc, tem sua origem na Palavra de Deus. Livros e diversos trabalhos tem mostrado como Jesus trabalhava as questões de relacionamento, dessa forma até os ímpios tem em Jesus uma fonte de sabedoria e exemplo veja esses livros: “Jesus, o Maior Psicólogo que já Existiu - Mark W. Baker” ; “Jesus, O Maior Líder Que Já Existiu – Laurie Beth Jones” ; “Como Jesus tratava as pessoas - Morris Venden” e muitos outros livros.

 Servir aos outros: “citar por exemplo”, você pode apresentar outros exemplos como o faraó, que se apresentava como um deus, os reis de Babilônia e do império persa aceitavam adoração e não admitiam que se fizesse suplicas a qualquer outro Deus.- “até mesmo nos próprios discípulos”, o ser humano foi criado para servir e adorar o Pai, por isso todos tem essa parte da sua natureza escondida dentro de cada um. Porém após a queda do homem, a sua natureza foi corrompida e o seu coração passou a ser enganoso e os seus desejos se tornaram influenciados por Satanás que desejou estar acima de Deus.

- Essa forma de liderança que Cristo nos deixou como exemplo, é motivacional, pois quando observamos nosso líder se empenhando em algo, então nos sentimos motivados a fazer o mesmo.

Inspirar aos outros: “tem a sua base no exemplo”, essa forma de liderança que Cristo nos ensinou é motivacional, pois quando observamos nosso líder se empenhando em algo, então nos sentimos motivados a fazer o mesmo pelo exemplo do líder os liderados seguem.

- No meio militar existe a seguinte frase: “As palavras convencem e o exemplo arrasta.” Essa frase quer dizer que por mais que se fale mil palavras a alguém, essa pessoa vai somente aprender, mas quando ela ver alguém colocando em prática o que foi lhe falado, então ela se animará a fazer o mesmo.

 Crer no melhor que há nos outros: “pudesse ver qualidades em Pedro”, o segredo é olhar com os olhos bons assim como ensinou o Mestre em Mt 6.22. Pois todas as pessoas tem qualidades e defeitos, se olharmos para alguém procurando o que ela tem de errado, logo acharemos seus defeitos, Mas se olharmos para a mesma pessoa com bons olhos vendo o que ela tem de bom, então iremos encontrar suas qualidades.- “Barnabé tem o seu justo destaque”, esse servo de Deus é um grande exemplo para todos os obreiros de nossos dias, ele nunca quis ser mais do que Paulo, quando todos estavam vendo os erros de Paulo, ele viu que Paulo tinha potencial, quando todos viam a imaturidade de João Marcos, Barnabé via a sua disposição de jovem para o serviço missionário.

 

             LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO PAULINA 

 

                          

 

Liderança é conduzir um grupo de pessoas a um objetivo, comandando com a aceitação dos liderados, sem imposição de lei ou regra externa, mas o liderado aceita as orientações do líder por disciplina consciente. Dessa forma Paulo comandava as igrejas conduzindo-as a Cristo, orientando-as e ensinando conforme as orientações do próprio Mestre.

            Carisma: “carisma”, originalmente essa palavra se refere a dons do Espírito Santo, mas aqui na lição ela é usada como sinônimo de carinho, afabilidade, empatia. Sugere que Paulo era carinhoso e afável com seus liderados.“diante de reis”, pela carisma de Paulo, ele falava sem ofender, com autoridade e conhecimento, dessa forma o apostolo estava habilitado a falar tranquilamente a pobres e ricos. “profundo conhecimento”, esses opositores do ministério de Paulo poderiam usar o conhecimento de oratória que tinha para pregarem mais e ganharem mais almas pro Reino de Deus. Porém eles resolveram acusar a Paulo, semelhante a muitos hoje.“procedia de opositores”, comente que a carta aos Coríntios é uma carta de argumentos de Paulo contra alguns de Corinto que o acusavam e não aceitavam a liderança, principalmente pelo fato de ele não ter andado com Jesus Cristo.

 Coragem: Aqui afirma que Paulo tinha coragem principalmente no falar, repreendeu quando foi preciso, inclusive aos apóstolos.

- “repreender Pedro em público”, essa passagem se encontra em Gálatas 2.11-14, Paulo repreende Pedro pois ele demonstrou uma hipocrisia, pois quando estava só com os gentios ele comia com eles, mas quando chegou os judeus ele se afastou dos gentios. Isso desagradou a Deus e a Paulo. “àquele que abortara a missão”, essa afirmação se refere a passagem de At 15.36-40, quando Paulo e Barnabé se separaram por contenda, pois Barnabé queria que seu sobrinho Marcos os acompanhassem, mas Paulo não admitia erros, não aceitava indecisão e não quis que Marcos fosse com eles. Convém lembrar que João Marcos se tornou um grande missionário depois e foi o autor de evangelho de Marcos.  

 Comprometimento: “homem de palavra”, relembre aos alunos que o líder é aquele que os liderados seguem e respeitam a sua palavra, ele tem crédito, porque fala com seriedade e cumpre o que fala, mas como respeitarão se o obreiro não tiver palavra, não cumprir os acordos e compromissos. Comente que muitos que estão na direção de muitas igrejas não são líderes, não tem palavra e não percebe quando a igreja vai se esvaziando, pois ninguém gosta de ser orientado por uma pessoa sem compromisso com sua própria palavra. Geralmente são os que mais cobram a fidelidade dos outros. “aborrece”, significa odiar, detestar, essa palavra é muito usada na Bíblia ex:“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.” Rm 7:15.“explica o porquê”, ninguém está livre de imprevistos, de forma que não possa cumprir alguns compromissos, porém veja a orientação aqui na lição, no caso é dar uma satisfação. Alguns obreiros deixam de comparecer a uma reunião de oração, e não dão nenhuma satisfação, se tornam obreiros sem comprometimento.

        LIDERANÇA QUE DESENVOLVE TALENTOS

 

“identificar líderes”, Paulo não era centralizador, quando ele encontrava alguém capacitado, ele o preparava e dividia a responsabilidade com esse irmão. O pastor centralizador é aquele que não distribui cargo nenhum, ele fica com a secretaria, tesouraria, EBD, Departamento de missões, etc.

     Dificuldades em achar interessados no ministério

 - “capacidade de um líder varia”, nem todos são iguais, uns estão em todos os cultos, outros não. Uns vão à vigília no sábado a noite e estão na EBD domingo de manhã, outros não conseguem. Esse princípio está expresso na Bíblia na seguinte passagem: “ E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.” Mt 25.5. Leia e comente com suas palavras esse tópico, pois ele é importantíssimo, acrescente dizendo que naquela época para ser obreiro tinha que ser convertido de verdade, diferente dos dias atuais em que muitos obreiros ainda tem dúvida quanto ao seu chamado.

 

      Olhos e ouvidos abertos para identificar líderes

  

 - ilustração: Um fato real, “certo obreiro começou trabalho com uma pequena igreja em um bairro no interior do Rio de Janeiro, e no período de um ano ele não chamou ninguém para assumir a secretaria, nem a tesouraria, nem consagrou nenhum obreiro, dessa forma não podia fazer nenhuma obra de visitas, nem qualquer atividade que precisasse de apoio, e com um ano aquele igrejinha fechou, pois o irmão não tinha os olhos abertos para identificar possíveis colaboradores e futuro líderes.- Tem obreiro que centraliza tudo com medo de perder status, medo de perder o prestígio.

                     

Coração aberto para dar oportunidades: “oportunidade a homens e mulheres”, acrescente que para achar possíveis líderes, a oportunidade é uma ferramenta fundamental, pois quando alguém recebe uma oportunidade, o dirigente pode observar como é o trabalho desse irmão ou irmã, mesmo que erre no começo, mas se for dedicado então tem talento.- “João Marcos”, o texto de Atos 15.36-38 mostra que Marcos havia abandonado Paulo e Barnabé na obra, dessa forma Paulo não teve mais confiança nele, porém peça aos alunos para lerem a referência de 2 Tm 4.11, e comente que Paulo reconheceu depois o valor daquele jovem, comente que se alguém decepcionou, não quer dizer vais decepcionar sempre. Deus é quem molda os seus servos.
  

 

A FIDELIDADE DOS OBREIROS DO SENHOR

 

            A PREOCUPAÇÃO DE PAULO COM A IGREJA

 

Paulo, um líder comprometido com o pastorado.O versículo do texto áureo revela o coração amoroso de Paulo que, apesar deencarcerado, ansiava por notícias dos irmãos na fé. O apóstolo temia que a igreja filipense ficasse exposta aos “lobos devoradores” que se aproveitam da vulnerabilidade e da fragilidade das “ovelhas” a fim de “devorá-las” (Mt 10.16; At 20.29). Paulo se preocupava com a segurança espiritual do rebanho de Filipos e esforçava-se ao máximo para atendê-lo.2. Paulo, o mentor de novos obreiros.

O apóstolo apresenta dois obreiros especiais para auxiliar a igreja de Filipos. Primeiramente, Paulo envia Timóteo, dando testemunho de que ele era um obreiro qualificado para ouvir e atender às necessidades espirituais da igreja. Em seguida, o apóstolo valoriza um obreiro da própria igreja filipense, Epafrodito. Este gozava de total confiança de Paulo, pois preservava a pureza do Evangelho recebido. O apóstolo Paulo ainda destaca a integridade desses dois servos de Deus contra a avareza dos falsos obreiros (v.21). Estes são líderes que não zelam pela causa de Cristo, mas se dedicam apenas aos seus próprios interesses.

 Paulo, um líder que amava a igreja:Ao longo de toda a Carta aos Filipenses, percebemos que a relação do apóstolo Paulo para com esta igreja era estabelecida em amor. Não era uma relação comercial, pois o apóstolo não tratava a igreja como um negócio. Ele não era um gerente e muito menos um patrão. A melhor figura a que Paulo pode ser comparado em seu comportamento em relação à igreja é a de um pai que ama os seus filhos gerados na fé de Cristo. Todas as palavras do apóstolo — admoestações, exortações e deprecações — demonstram um profundo amor para com a igreja de Filipos. Precisamos de obreiros que amem a Igreja do Senhor. Esta é constituída por pessoas necessitadas, carentes, mas, sobretudo, desejosas de serem amadas pelos representantes da igreja (2Tm 2.1-26).

               O ENVIO DE TIMÓTEO À FILIPOS (2.19-24)

.                            1. Paulo dá testemunho por Timóteo.

O envio de Timóteo à Filipos tinha a finalidade de fortalecer a liderança local e, consequentemente, todo o Corpo de Cristo. Além de enviar notícias suas à igreja, Paulo também esperava consolar o seu coração com boas informações acerca daquela comunidade de fé. Assim, como Timóteo era uma pessoa de sua inteira confiança, considerado pelo apóstolo como um filho (1Tm 1.2), tratava-se da pessoa indicada para ir a Filipos, pois sua palavra à igreja seria íntegra, leal e no temor de Deus. Paulo estava seguro de que o jovem Timóteo teria a mesma atitude que ele, ou seja, além de ensinar amorosa e abnegadamente, pregaria o evangelho com total comprometimento a Cristo (v.20).

2. O modelo paulino de liderança.Timóteo, Epafrodito e Tito foram obreiros sob a liderança de Paulo. Eles aprenderam que o exercício do santo ministério é delineado pela dedicação, humildade, disposição e amor pela obra de Deus. Qualquer obreiro que queira honrar ao Senhor e sua Igreja precisa levar em conta os sofrimentos enfrentados pelo Corpo de Cristo na esperança de ser galardoado por Deus. Nessa perspectiva, o principal ensino de Paulo aos seus liderados era que o líder é o servidor da Igreja. O apóstolo aprendera com Jesus que o líder cristão deve servir à Igreja e jamais servir-se dela (Mt 20.28).

 As qualidades de Timóteo (2.20-22)Timóteo aprendeu muito com Paulo em relação à finalidade da liderança. Ele se solidarizou com o apóstolo e dispôs-se a cuidar dos interesses dos filipenses como um autêntico líder. Paulo declarou aos filipenses que Timóteo, além de “um caráter aprovado”, estava devidamente preparado para exercer a liderança, pois tinha uma disposição de “servir” ao Senhor e à igreja. Todo líder cristão precisa desenvolver uma empatia com a igreja, tornando-se um marco referencial para toda a comunidade de fé (1Tm 4.6-16).

         EPAFRODITO, UM OBREIRO DEDICADO (2.25-30).

 

 

 

1. Epafrodito, um mensageiro de confiança.Epafrodito era grego, um obreiro local exemplar e de caráter ilibado. O apóstolo Paulo o elogia como um grande “cooperador e companheiro nos combates”. Sua tarefa inicial era a de ajudar o apóstolo enquanto ele estivesse preso, animando-o e fortalecendo-o com boas notícias dos crentes filipenses. Epafrodito também fora encarregado de levar a Paulo uma ajuda financeira da parte da igreja de Filipos, objetivando custear as despesas da prisão domiciliar do apóstolo.

2. Epafrodito, um verdadeiro missionário.Epafrodito não levou apenas boas notícias para o apóstolo, mas também propagou o Evangelho nas adjacências da cidade de Filipos. Em outras palavras, Epafrodito era um autêntico missionário. À semelhança de Silvano e Timóteo (1Ts 1.1-7), bem como Barnabé, Tito, Áquila e Priscila, ele entendia que, se o alvo era pregar o Evangelho, até mesmo os sofrimentos por causa do nome de Jesus faziam parte de seu galardão. 

 

Paulo envia Epafrodito.Filipenses 2.20 relata o desejo de Paulo em mandar alguém para cuidar dos assuntos da igreja em Filipos. O pensamento inicial era enviar Timóteo, pois Epafrodito adoecera vindo quase a falecer. Deus, porém, teve misericórdia desse obreiro e o curou (v.27), dando ao apóstolo a oportunidade de enviá-lo à igreja em Filipos (v.28). Epafrodito possuía condições morais e emocionais para tratar dos problemas daquela igreja. Por isso, o apóstolo pede aos filipenses que o recebam em Cristo, honrando-o como obreiro fiel (vv.29,30). Que os obreiros cuidem da Igreja de Cristo com amor e zelo, e que os membros do Corpo do Senhor reconheçam a maturidade, a fidelidade e a responsabilidade dos obreiros que Deus dá à Igreja (Hb 13.17).




 PAULO SE IDENTIFICA COMO SERVIDOR DE CRISTO (6.1,2)

 Paulo se descreve como cooperador de Deus no ministério da reconciliação (v.1). A organização dos capítulos da Bíblia (não somente das epístolas paulinas) muitas vezes não obedece à estrutura lógica dos versículos. Os dois primeiros versículos do capítulo 6 são um complemento do capítulo cinco. Quando Paulo usa o plural e "nós, cooperando também com ele", refere-se ao Senhor Jesus que realizou a obra expiatória, pois o Pai o fez pecado por nós (5.21), a fim de pagar a dívida da humanidade, reconciliando-nos com o Criador.
Ao tornar conhecida a obra da redenção, Paulo afirma que estamos cooperando com Jesus Cristo. Deus não depende de ninguém para fazer o que precisa ser feito, mas Ele deseja uma relação de comunhão e serviço em conjunto com o homem, para que este tenha o privilégio de participar do ministério da reconciliação.
 Paulo, um modelo de líder-servidor. Paulo aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar, pois o Mestre mesmo disse que não tinha vindo ao mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28). O apóstolo dedicou, pois, sua vida e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele procurou imitar o Mestre em tudo, servindo apenas aos interesses da Igreja de Cristo (2 Co 12.15; Fp 2.17; 1 Ts 2.8).
 Paulo desperta os coríntios para a chegada do tempo aceitável (v.2). O versículo dois é uma citação de Isaías 49.8. Neste vaticínio do profeta messiânico, surge o Servo do Senhor (que é o Cristo profetizado), com a promessa de ajuda no dia em que a salvação for manifestada aos gentios. Paulo usa a profecia para anunciar que o tempo aceitável (favorável) é agora, o dia da salvação é hoje, e a proclamação do Evangelho que pregava está no presente. O tempo aceitável por Deus e pelos homens é agora, e todos podem participar livremente da reconciliação oferecida em Cristo. A parte final do versículo dois evidencia a preocupação paulina com os coríntios em relação à graça de Deus. A graça salvadora é para "agora", porque este é o momento oportuno de sua aceitação.

                 A ABNEGAÇÃO DE UM LÍDER-SERVIDOR (6.3-10)

 O cuidado de um líder-servidor. Paulo volta a descrever as agruras do seu ministério apostólico, a fim de fortalecer o fato de que o líder na Igreja de Cristo precisa estar pronto para enfrentar as dificuldades inerentes ao ministério. O apóstolo afirma essa verdade, com as seguintes palavras: "não dando nós escândalo em coisa alguma" (v.3). Em outras palavras, ele estava dizendo que evitava dar qualquer "mau testemunho", para que o seu ministério em particular e o de seus companheiros não fossem desacreditados.
 Experiências de um líder-servidor (vv.4-6). Nos versículos 4 a 6, Paulo descreve seu ministério apostólico apresentando uma série de seis tribulações e aflições experimentadas por ele. Didaticamente, ele separa esses acontecimentos em três conjuntos, contendo três "experiências" cada. Nos versículos 4 e 5, ele menciona: "aflições, necessidades e angústias" e "açoites, prisões e tumultos". O primeiro e segundo conjuntos descrevem as várias situações de sofrimento, que causaram danos físicos e materiais ao apóstolo Paulo. Ainda no versículo cinco, ele menciona "trabalhos, vigílias e jejuns", referindo-se às dificuldades enfrentadas em seu ministério. Porém, apesar de tudo isso, Paulo não se envergonha do Evangelho de Cristo nem desiste de continuar seu trabalho.
. Os elementos da graça que o sustentaram nestas experiências (vv.7-10). Em contraposição às seis dificuldades mencionadas acima, no versículo seis, Paulo apresenta outros seis "elementos" que lhe deram força interior, resultantes da graça, e que o sustentaram, bem como a seus companheiros, naquelas tribulações: "pureza, ciência (conhecimento), longanimidade, benignidade, a presença do Espírito Santo e o amor não fingido (verdadeiro)".
A pureza, que é o primeiro elemento, tem a ver com a atitude de um coração íntegro e mãos limpas para realizar a obra de Deus. Ao citar ciência, Paulo referia-se ao conhecimento da Palavra de Deus. Longanimidade fala da capacidade de suportar injúrias e desprezos, sem nutrir ressentimentos. A benignidade, traduzida às vezes por bondade, possibilita o líder cristão a não agir com revanche ou desforra. Fazer algo no Espírito Santo significa reconhecer a sua direção em todas as decisões da nossa vida. Por último, Paulo fala do amor, que deve este ser a nossa maior motivação para o exercício ministerial. Todos esses elementos positivos têm sua fonte no Espírito Santo (v.6), o qual produz o amor não fingido.

  AS ARMAS DE ATAQUE E DEFESA DE UM LÍDER-SERVIDOR

 As armas da justiça numa guerra espiritual (v.7). Quando usa a metáfora de armas, a mente de Paulo parece transferir-se para um campo de batalha. Como embaixador de Cristo, sente-se também como um soldado preparado para a luta. Suas armas não são materiais ou exteriores; são espirituais (Ef 6.11-17; 1 Ts 5.8). Sua força interior é o "poder de Deus" que o capacita a enfrentar as adversidades sem se render ou transigir em sua integridade moral e espiritual.
 Os contrastes da vida cristã na experiência de um líder-servidor (vv.8-10). Nos versículos 8 a 10, o texto mostra alguns paradoxos da experiência de Paulo como servo do Senhor. O Comentário Bíblico Pentecostal da CPAD afirma que Paulo "experimentou louvor e vergonha; foi elogiado e caluniado, visto como um genuíno servo de Deus e como uma fraude enganosa; foi tratado como uma celebridade e também ignorado" (p.1099). Ora, em todas essas ocasiões, Paulo superou as dificuldades e circunstâncias sem perder de vista a perspectiva divina. Essas experiências deram-lhe condições de ter alegria frente à tristeza e, pela pobreza material, ter a certeza da inefável riqueza celestial.
 Paulo dá uma resposta aos adeptos da Teologia da Prosperidade (v.10). "Como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo". Paulo fala literalmente de pobreza material. Não há nada metafórico nessa frase. Ele fortalece o conceito de que a possessão material não é símbolo de riqueza espiritual. Por isso, a riqueza que Paulo podia oferecer era proveniente do Evangelho de Cristo. Dessa forma, o apóstolo demonstra que a pobreza terrena não significa nada, e que ninguém precisa tornar-se pobre para obter riquezas espirituais. A questão aqui é: Qual a  nossa prioridade - Deus ou o dinheiro? Pois ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24).    Se quisermos servir ao Senhor com inteireza de coração, precisamos seguir os passos de Jesus que foi, é e sempre será o modelo perfeito de líder-servidor. Ele viveu para fazer a vontade do Pai e servir a todos (Mc 10.45).
"Agora é o Dia da Salvação 6.1,2. Como cooperadores de Deus, que pertencem a Ele, como também trabalham para Ele, e como embaixadores de Cristo (2 Co 5.20), Paulo e sua equipe exortavam os coríntios a não receber a graça de Deus sem resultado algum. Os coríntios tinham recebido a graça de Deus, inclusive a salvação por Cristo, mas eles não deviam supor que a salvação é mantida automaticamente. É possível 'deixá-la ir por nada' (2 Co 6.1, NEB). Isto aconteceria se eles voltassem à antiga maneira de viver ou se dessem ouvidos aos críticos 'superespirituais' ou aos falsos apóstolos que estavam ensinando um evangelho diferente (cf. 2 Co 11.4; Gl 2.21). Precisamos viver de acordo com a nova vida que nos foi dada (cf. Jo 15.2; Deus tira os ramos que não dão frutos). A seguir, Paulo cita Isaías 49.8 e o aplica aos coríntios. Eles estavam vivendo nos dias em que a profecia estava sendo cumprida.  É o dia de Deus, o tempo de Deus. Paulo não diminui a importância da era futura ou as últimas coisas. Mas eles têm de reconhecer que esta é a era final antes da era milenar. Agora é o dia em que Deus torna possível a reconciliação a Ele por Cristo. Hoje é o dia da salvação (cf. Hb 3.12-15). À medida que nos aproximamos do fim dos tempos também temos de aplicar as observações de Paulo à nossa época, de forma que não recebamos a graça de Deus 'em vão' [...]. Nada seria mais triste que ter recebido a graça de Deus e, no fim, se perder. (HORTON, Stanley M. I & II Coríntios: Os Problemas da Igreja e Suas Soluções. 1.ed. RJ, CPAD, 2003, pp.213-14).

Ministério dinâmico (Parte 1)

Como o obreiro do Senhor pode melhorar o seu desempenho

 

Nesta série de artigos sobre o tema "Ministério dinâmico", citarei 13 atitudes que o obreiro do Senhor Jesus deve ter para dinamizar o seu ministério. Neste primeiro artigo, tratarei de cinco atitudes.

Antes de tudo, é importante destacar que a Bíblia afirma a necessidade de o obreiro dinamizar o seu ministério. Paulo, por exemplo, em Filipenses 3.13,14, escreve:  “E avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo”. E em Romanos 11.13, ele diz: “...enquanto for apóstolo dos gentios, glorificarei o meu ministério”. Ou seja, o obreiro deve avançar no seu ministério e procurar "glorificá-lo".

Em 1 Coríntios 12.31, Paulo disse: “...e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente”. Aqui, depois de falar sobre os dons espirituais, ele estava apresentado o amor como "um caminho ainda mais excelente". Mas, o que quero destacar nessa passagem é que o apóstolo estimula seus leitores a buscarem "um caminho ainda mais excelente". Em Jeremias 3.15, o profeta fala de "pastores (...) que vos apascentem com ciência e com inteligência". E 1 Cônicas 19.10 diz: “...fez escolha dentre os mais escolhidos de Israel”. Deus deseja que seus servos sirvam com ciência, inteligência e sejam selecionados entre os melhores ("os mais escolhidos").

Mas, como o obreiro do Senhor pode melhorar o seu desempenho?

Ele deve melhorar a si mesmo como pessoa; melhorar o seu preparo; melhorar o seu desempenho, como exemplo para o rebanho (1Pe 5.3). Vamos, portanto, as atitudes que o ajudarão nesse sentido.

 

1) O Obreiro deve ler muito - Todo obreiro deve ler muito. Ler sempre, e acima de tudo, a Bíblia. Mas também ler livros comuns, dicionários, comentários, manuais, atlas, gramáticas, devocionais, jornais, revistas etc. Paulo disse a Timóteo: "Persiste em ler" (1Tm 4.13).

O primeiro livro do Novo Testamento inicia com a palavra “livro” (Mt 1.1). E em 2 Timóteo 4.13, Paulo no final de seu ministério, no seu último livro, nos momentos finais de sua vida, falou sobre a importãncia da leitura para ele: "Quaqndo vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, eos livros, principalmente os pergaminhos".

2) O Obreiro deve cursar formalmente, e continuar com um bom autodidata - Fazer cursos bíblicos e também cursos seculares. Em Êxodo 5.1, observamos Moisés comparecendo perante Faraó, rei do Egito, o país mais desenvolvido daquela época, e ele era um homem preparado (At 7.22).

Em Atos 17.15ss, vemos Paulo em Atenas, o maior centro cultural daquela época. Paulo era um homem preparado.

Apolo, em Atos 18.24,25, é descrito como “eloqüente, poderoso nas Escrituras, e ensinava”.

3) O Obreiro deve fazer sempre sua autocrítica - O obreiro pode fazer isso de várias maneiras.

 

4) O Obreiro deve contactar e conviver com pessoas espirituais e cultas - Pessoas espirituais e cultas em cultura bíblica, e também secular; cultura polivalente. Geralmente, tais pessoas são simples na sua maneira de ser. Também o obreiro deve frequentar ambientes culturalmente seletos. Em Colossenses 4.7-18, podemos observar aqui os obreiros auxiliares que cooperavam, acompanhavam e assistiam o apóstolo Paulo nos seus trabalhos e nas suas viagens:

 

- Tíquico, vv 7,8.

- Onésimo, v.9.

- Aristarco, v.10.

- Marcos, o sobrinho de Barnabé, v.10

- Jesus, chamado Justo, v.11

- Epafras, v.12.

- Lucas, o médico amado, v.14.

- Ninfa, v.13 (no original, o nome Ninfa está no caso acusativo de declinação gramatical (Nymphan); daí não se saber se trata de nome masculino (Nymphas) ou o nome feminino (Nympha) (É o mesmo caso de Romanos 16.7, onde lemos “Júnia”. No original, está no caso acusativo: "Ioyniam").

5) O Obreiro deve cuidar bem da sua aparência e postura pessoal - Fazer sempre autoavaliação de sua postura e aparência pessoal, a saber:

- Higiene pessoal: saúde, banho, unhas, cabelo, barba, dentes, hálito, narinas, olhos, óculos, odores do corpo (axilas, pés, sudorese, estomatite), lenços, etc.

- Alimentação.

- Roupa que combine bem (inclusive terno de peças distintas).

- Atos 20.28, e 1 Timóteo 4.16 orienta o leitor: “Tende cuidado de ti mesmo”.

 

Ministério dinâmico (Parte 2)

O obreiro, a observação, o estudo, a crítica, o treinamento, a humildade, a oração e a unção divina

 

Continuando o nosso estudo, vejamos agora as oito características para termos um ministério dinâmico que ficaram faltando:
 

6) O Obreiro deve ser um bom observador e também um observador bom

O obreiro deve estar sempre atento para não perder as boas lições da escola da vida. Confira 1 Coríntios 7.21 (“aproveita a ocasião”). Em Atos 17.16,23, observamos Paulo em Atenas. Enquanto ele aguardava a chegada de Silas e Timóteo, não perdeu a oportunidade.

7) O Obreiro deve sempre estudar a Palavra de Deus

Estudar a Bíblia, e não apenas lê-la. A igreja está enchendo-se de obreiros de todas as categorias (e também de não-obreiros) que estudam e conhecem a Teologia, sem contudo estudarem a Bíblia. Em Mateus 22.29, o escritor registrou as seguintes palavras de Jesus: “Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”.

8) O Obreiro deve aceitar a crítica construtiva

Devemos aceitar tal crítica de quem sabe e pode fazê-la. Para alguém (inclusive eu e você) fazer crítica construtiva, significa que:

- O crítico deve apontar com amor, humildade e sinceridade os méritos da pessoa criticada (Confira a forma como o vidente de Deus Jeú dirige-se ao rei Josafá, em 2 Crônicas 19.3,4). Apontar méritos sem amor, humildade e sinceridade é bajular, e isso resulta em mal para os dois lados.
 

- O crítico deve apontar com amor, humildade, e sinceridade os deméritos da pessoa criticada. Fazer isso sem amor, humildade e sinceridade é ofender e irritar tal pessoa.

- O crítico deve apontar soluções práticas à pessoa criticada, mas com amor, humildade e sinceridade. Isso demonstra que você sabe fazer melhor do que ela as coisas que você está a criticar.

9) O obreiro deve frequentar conferências, convenções, seminários, escolas bíblicas, estudos bíblicos e outros eventos para obreiros

Em 2 Timóteo 2.15, Paulo diz que o obreiro deve "maneja(r) bem a Palavra da Verdade”. Em 2 Timóteo 2.2, ele diz que devem ser “idôneos para ensinarem os outros”. Em 2 Tm 2.21, fala que devem ser “preparados para toda a boa obra”. E em Efésios 4.11-16, cita entre os dons ministeriais a qualdiade de “mestre”.

 

10) O obreiro deve buscar sempre a Glória de Deus

Em tudo o que o obreiro é e faz e vê no santo ministério por ele desempenhado, ele deve buscar sempre a glória de Deus (Is 42.8; 48.11). Deus diz: “A minha glória, pois, a outrem não darei”. Em 1 Pedro 4.11, lemos: “A quem pertence a glória e o poder para todo sempre. Amém”.


11) O obreiro deve ser humilde de espírito

Em Provérbios 11.2, lemos: “Com os humildes está a sabedoria”. Em Salmos 25.8, está escrito:  “...e com os mansos ensinará o seu caminho”. Em Jeremias 45.5, há a pergunta: “E procuras tu grandezas?”. O obreiro humilde de espírito aprende mais, aprende mais rápido e aprende correto, porque o orgulho faz a pessoa aprender errado. O obreiro humilde aprende para a vida inteira, não esquece mais.


12) O obreiro deve orar, orar mais, e orar muito mais

Em Jeremias 33.3, Deus diz: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes”. Uma das escolas do Senhor para o obreiro é a escola da oração. Há muitas coisas do santo ministério, da doutrina bíblica, da vida e do trabalho do obreiro que este só aprende na escola da oração.

13) O obreiro deve ter continuamente o “óleo” da unção divina sobre si

A Bíblia fala que o santo óleo da unção sobre Arão, o sacerdote, deveria estar continuamente sobre ele (Lv 21.12). Esse óleo é um tipo do Espírito Santo na mente, na vida e no ministério prático do obreiro. Leia Êxodo 29.7,21; 30.25; 40.13-15; Levítico 8.1-3,13,30; e Salmos 89.20; 133.2; 23.5; 133.2.

1)“O óleo precioso sobre a cabeça” (de Arão, o sacerdote). No obreiro, o óleo da unção do Espírito continuamente sobre a sua MENTE e seus departamentos.

2)O óleo precioso “que desce sobre a barba, a barba de Arão”. No obreiro, o óleo da unção do Espírito deve estar continuamente sobre o VIVER, isto é, seu caráter, seu proceder. Defeitos e deturpação do caráter têm estragado e arruinado o ministério de muitos obreiros, homens e mulheres. A barba entre os hebreus tinha o sentido figurado da honra, do caráter.

3)O óleo precioso “que desce à orla de seus vestidos” (de Arão, o sacerdote). “Vestidos” aqui são uma referência às vestes ministeriais de Arão. Veja Êxodo 28.4ss; 39.1ss; e Levítico 8.5-9,30.

4) Arão e os demais sacerdotes usavam vestes sacerdotais na administração do culto sagrado, dos ritos e práticas no Tabernáculo do Senhor. No obreiro, o óleo da unção do Espírito deve estar continuamente sobre o exercício, sobre o desempenho do seu ministério, do início ao fim.

 

Tipos de obreiro na Seara (1ª parte)

 

Jesus destacou a importância de se ter obreiros dedicados para a expansão do Reino de Deus na Terra. Isso porque o ministério é indispensável para a obra de Deus.

Em Lucas 10.2, lemos as seguintes palavras de Jesus aos setenta, os quais enviou de dois em dois a todas as cidades e lugares aonde havia de ir: “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros a sua seara.” A Igreja precisa de bons obreiros.

Primórdios do ministério

Os primórdios do ministério na Bíblia estão em Gênesis. O Livro dos Começos nos mostra que, nas primeiras famílias, os pais tementes a Deus eram os sacerdotes da família. Há muitos exemplos que apontam para isso.

Abel apresentou uma oferta (de animais) ao Senhor (Gn 4.4 e Hb 11.4). As Escrituras nos dizem que com Sete se começou a invocar o nome do Senhor (Gn 4.26). Noé edificou um altar e ofereceu holocaustos ao Senhor (Gn 8.20). Esta é a primeira menção de altar na Bíblia.

Melquisedeque era sacerdorte do “Deus Altíssimo” (Gn 14.18 e Hb 7.1). Abraão edificou altares ao Senhor em Siquém, Betel e Hebrom (Gn 12.6-8; 13.4,18). Isaque fez a pergunta: “Onde está o cordeiro para o holocausto?”, Gn 22.7. Isso mostra que ele estava habituado a ver seu pai Abraão oferecer sacrifícios ao Senhor (Gn 22.13). O próprio Isaque edificou um altar ao Senhor (Gn 26.25).

Jacó também edificou um altar ao Senhor (Gn 33.20; 35.1,3,7). Jó, contemporâneo dos patriarcas, oferecia holocaustos ao Senhor. Isso implica altar (Jó 1.5).

Mais à frente, vemos Israel, como nação, sendo colocada por Deus como “um reino sacerdotal” (Ex 19.6; 2Pd 2.9 e Ap 1.6). Em Êxodo 19.22,24 e 24.5, vemos o sacerdócio mosaico. Já em Levítico 3.6 e Números 18.2, vê-se a instituição do sacerdócio levítico. Os textos de Êxodo 28.1 e Números 18.1 falam justamente de Arão e seus filhos, que eram da casa de Coate e serviriam no sacerdócio. Os filhos de Arão eram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.

Na igreja atual, de forma geral, há quatro tipos de obreiros na Seara: o bom obreiro, o mau obreiro, o falso obreiro e o ex-obreiro.

O bom obreiro

O bom obreiro tem suas características destacadas nas Sagradas Escrituras. Em 1 Timóteo 4.6, Paulo fala ao jovem obreiro Timóteo obreiro a ser fiel e diligente no ministério, pois, assim, ele seria “um bom ministro de Jesus Cristo”.

Em Mateus 25.21,23, na parábola dos dez talentos, Jesus fala que os servos que investiram nos talentos que lhes foram deixados para administrar receberam de seu senhor o reconhecimento como servos bons e fiéis: “E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.

“Bom”, segundo os textos bíblicos de Timóteo e Mateus, é ser sadio na fé, no viver e na doutrina bíblica; equilibrado em tudo; capaz; aprovado (2Tm 2.15); limpo quanto ao bom combate espiritual (2Tm 4.8); e duradouro quanto ao seu trabalho e aos frutos de seu trabalho.

Os sinais de um bom obreiro são nítidos. Ele é fiel, leal à toda prova e humilde. O humilde aprende mais, resiste mais, aparece pouco, mas faz muito. Um exemplo disso está em Lucas, em Atos dos Apóstolos; Aristarco (Cl 4.10) e Epafras (Fm 23).

Outros sinais são a sua espiritualidade e consagração. Ele também é dócil. É fácil de se lidar com ele. Em outras palavras, ele é exatamente o oposto do obreiro “difícil”.

O obreiro difícil é aquele complicado para dialogar e tratar de assuntos da obra e das ovelhas. É difícil pô-lo em movimento, fazê-lo funcionar. Ele é difícil de participar, comparecer e cooperar, e costuma ser evitado. Um obreiro que teve má formação ministerial pode ficar estragado pelo resto da vida se não acordar para a realidade dos fatos.

O bom obreiro é diligente, esforçado. Às vezes até exagera no trabalho do Senhor. Temos o exemplo de  Epafrodito (Fp 2.25-30). Ele também é discreto e controla seus impulsos e sua língua ao falar. Apóstolo Paulo é um exemplo, como podemos ver no texto em que fala de suas “visões e revelações do Senhor” (2Co 12.1) e de seu “espinho na carne” (2Co 12.7). Outro exemplo do modo como ele sabia controlar seus impulsos está no comentário a respeito de Demas, seu obreiro auxiliar: “Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica”, 2Tm 4.10. Nada mais Paulo quis falar sobre Demas.

Outro sinal marcante de um bom obreiro é a sociabilidade. Ele é sociável com os seus pares de ministério, a sua congregação e a família. Imagine um obreiro que ninguém o quer por ser anti-social. É inadmissível.

 

Tipos de obreiro na Seara (2ª parte)

 

Vejamos nesta semana alguns exemplos de bons e maus obreiros nas Sagradas Escrituras.

Bons obreiros

A Bíblia está repleta de exemplos de bons obreiros. Zadoque, o sacerdote, descendente de Arão por seu filho Eleazar, é um deles (1Cr 24.3). Ele foi fiel e leal a Davi em todo o seu reinado, do princípio ao fim (1Cr 12.23,28; 2Sm 19.11; 20.25; 1Rs 1.8; 2.25). Abiatar, outro sacerdote descendente de Arão, por seu filho Itamar, e contemporâneo de Zadoque, não teve o mesmo procedimento. A Bíblia nos diz que ele não foi foi fiel a Davi até o fim. Falaremos dele ao discorrermos sobre o mau obreiro.

Itaí, o giteu (2Sm 15.17-22; 18.2), é outro grande exemplo, ao lado de Husai, o arquita. Itaí era estrangeiro, de um país inimigo, mas foi fiel. Husai, o arquita (2Sm 16.6; 17.15-22), era um efraimita (Js 16.2).

Podemos destacar, já no Novo Testamento, bons obreiros como Demétrio (3Jo 12) e Barnabé (At 11.22-24). Diz as Sagradas Escrituras que Barnabé “era um homem bom” (At 11.24, versão Almeida Revista e Atualizada). Temos ainda os obreiros que trabalharam com Paulo e que são citados nominalmente por ele (Cl 4.7-14).

O mau obreiro


“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!”, Fp 3.2.

“Respondendo-lhe, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo”, Mt 25.26.

“Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?”, Mt 18.32-33.

“Não terão conhecimento os obreiros da iniqüidade, que comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocam ao Senhor”, Sl 14.4.

Os textos acima deixam claro que obreiro de má qualidade é aquele que é infiel e não procura melhorar. Mas como um bom obreiro torna-se mau ou ruim?
O bom obreiro costuma tornar-se mau aos poucos. Temos os exemplos bíblicos de Judas Iscariotes, discípulo de Jesus; Geazi, servo do profeta Eliseu; e Demas, cooperador do apóstolo Paulo. A mudança é fruto dos maus costumes e maus hábitos que o obreiro trouxe do passado, ou os adquiriu depois, e não largou.

Outra coisa que pode afetar um bom obreiro, tornando-o ruim é o desconhecimento do seu temperamento e o agir segundo este (Pv 16.32; 23.12; 25.28). Há também o caso de bons obreiros que se tornam maus por copiarem maus exemplos dos outros e de fora ou por ter má formação ministerial (Lc 9.49-50).

Um obreiro estranho, misterioso, enigmático, isolado de todos, também tem tudo para se tornar um mau obreiro, bem como o obreiro sempre imaturo social, emocional e espiritualmente (Ec 10.16). Por último podemos citar como fator que pode provocar essa mudança negativa o obreiro receber poderes em demasia, como no caso de Joabe (2Sm 3.39; 16.10; 19.22).

Os sinais de um mau obreiro estão listados em Mateus 25.26, Jeremias 6.13 e 50.6, e Miquéias 3.9-11. Ele é parasita, indolente, ocioso, preguiçoso, desordenado na sua vida, na família e no seu trabalho; não tem ordem, é ambicioso por posição, cargo e credencial; é invejoso, mercenário e mercadeja os dons e as coisas de Deus. Neste caso, temos os exemplos de Balaão e Simão, o mago (At 8.18).

O mau obreiro também é liberal na doutrina bíblica, e nos bons e santos costumes da igreja, como o sacerdote Urias (2Rs 16) e as duplas Himeneu e Fileto, e Himeneu e Alexandre (2Tm 2.17-18 e 4.14-15). Aliás, muitos maus obreiros costumam agir em dupla.

O mau obreiro é briguento. Daí, passa a politiqueiro. É divisionista por rebeldia (1Rs 13.26) e reclamador crônico, diferente de Jesus, do qual é dito em Isaías 53.7 que “não abriu a sua boca”. Ele ainda procura ser “independente” e isolado. Geralmente, para ser insubmisso. É constantemente problemático. É um problema para si mesmo. Ele dá problema, gera e depois alimenta o problema. Em outras palavras, ele complica um problema já existente.

Esequiel 34 diz que o mau obreiro larga as ovelhas e o seu campo. Ele tem mau caráter, e isso é altamente comprometedor. Quando ele dá fruto, este não vinga.

Exemplos de maus obreiros

Uma das duplas de maus obreiros célebres nas Escrituras é Nadabe e Abiú. Ela é conhecida como a dupla inovadora (Lv 10.1-10). Coré (Nm 16.13) foi insubmisso ante Moisés, o dirigente constituído por Deus. Aitofel, o gilonita, portanto de Judá (2Sm 15.12-13), era conselheiro pessoal de Davi, mas juntou-se a Absalão na revolta deste contra o rei, seu pai. Por isso, Aitofel é chamado por alguns “o Judas do Antigo Testamento”.

Geazi, o auxiliar do profeta Eliseu, que aparece em 2 Reis 4 em diante, era oportunista, mercenário e ganancioso. Diótrefes (3Jo 9.10) era indelicado, violento e perseguidor. Contrasta com isso a proverbial cortesia de Paulo, como podemos constatar na sua Epístola a Filemom. É como no Templo, onde havia pedras preparadas (1Rs 6.7), mas que não eram vistas (1Rs 6.18).

Abiatar, o sacerdote (2Sm 8.17), ajudou a conduzir a Arca do Senhor (1Cr 15.11), mas foi infiel no final do reino de Davi (1Rs 1.7; 2.27). Joabe, o grande general de Davi (2Sm 8.16), não foi fiel a Davi até o fim (1Rs 1.7; 2.28). Ele juntou-se a Adonias, o filho mais velho de Davi, no seu complô contra o pai.

Há muitas figuras de mau obreiro nas Escrituras. Simei é a do mau obreiro declarado (2Sm 16.5-9, 13). Podemos ver também 2 Samuel 19.18-23 e 2 Reis 2. Ziba, no passado, fora servo do rei Saul (2Sm 9.2). Ele é figura do mau obreiro camuflado (2 Sm 16.1-4; 19.16-17,25-26).

Aimaás, filho do sacerdote Zadoque, era muito apressado. Ele era também um grande corredor, mas não tinha mensagem para entregar, como podemos ver em 2 Samuel 18.19 em diante.

 

 

Tipos de obreiro na Seara (3ª parte)

 

Hoje, veremos o que a Bíblia diz sobre o falso obreiro e o ex-obreiro.

O falso obreiro

O pseudo obreiro é aquele que nunca foi obreiro de fato. O falso obreiro vê o ministério como uma carreira profissional, uma profissão. Um exemplo é o levita de Juízes 17.6-12 e 18.14.

Paulo escreveu sobre o falso obreiro em suas epístolas. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”, 2Co 11.13. “E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão”, Gl 2.4.

Na assembléia de Jerusalém, apóstolo Tiago falou acerca desses obreiros. “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento)”, At 15.24. João também se referiu a eles: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós”, 1Jo 2.19.

No Antigo Testamento, Moisés falou sobre o castigo dos falsos profetas, e descreveu estes como filhos de Belial: “...uns homens, filhos de Belial, saíram do meio de ti, que incitaram os moradores da cidade...”, Dt 13.13.

O ex-obreiro

Ex-obreiro, aqui, não se trata do obreiro jubilado, nem do obreiro licenciado temporariamente, nem do portador de doença crônica etc. Trata-se do obreiro que renunciou e abandonou o seu ministério. É o obreiro que abdica de seu ministério.

Paulo, escrevendo em 1 Coríntios 9.27, fala de sua preocupação quanto à reprovação: “Para que eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”. Demas é um exemplo de obreiro reprovado (2Tm 4.10). Em Filemom, versículo 24, Paulo o cita como um de seus cooperadores. Em Colossenses 4.14, mais uma vez vemos Paulo citando-o com apreço. Mas, em 2 Timóteo 4.10, o apóstolo nos conta o desvio de Demas: “Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica.”

Em Atos 1.25, lemos o relato dos apóstolos acerca de Judas, que também se encaixa nesse perfil. “Neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou”, diz o texto bíblico.

Jesus exortou seus discípulos, dizendo do perigo de “quem lança mão do arado, e olha para trás”: “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”, Lc 9.62. Paulo, escrevendo em 1 Timóteo 1.6, lembra que alguns obreiros não foram até o fim: “Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas”. Ainda falando a Timóteo, Paulo deixa claro que, infelizmente, “alguns fizeram naufrágio na fé” (1Tm 1.19).

Certa vez, depois um discurso considerado duro, o Mestre perguntou aos doze, os únicos que permaneceram após as usas palavras: “Quereis vós também retirar-vos?” Ao que Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.67-68).

 

ipos de obreiro na Seara (4ª parte)

 

 

Hoje, em nossa última parte sobre o tema “Tipos de obreiro na Seara”, falaremos sobre como o bom obreiro pode melhorar.

Para que o bom obreiro possa continuar a melhorar no exercício de sua função na obra de Deus, ele terá que observar pelo menos alguns pontos considerados essenciais para sua formação.

Em primeiro lugar, o bom obreiro deve gostar de ler, e ler muito. É bom também que ele curse formalmente ou no mínimo que seja um bom autodidata. Ele deve ainda contatar e conviver com pessoas cultas, tanto na cultura bíblica como secular.

Em segundo lugar, deve o obreiro fazer uma constante auto-avaliação. O bom obreiro deve ter autocrítica. Para o nosso melhoramento como obreiros do Senhor, devemos analisar o nosso gráfico constantemente. Estamos subindo, conforme as palavras de Paulo em Filipenses 3.14? Estamos parados, conforme o servo mau e negligente da parábola do Mestre em Mateus 25.25? Ou estamos descendo, conforme a descrição dos sacerdotes inferiores aos levitas em 2 Crônicas 29.34?

Em terceiro lugar, o bom obreiro deve freqüentar ambientes de culto. Em quarto lugar, ele deve ser humilde. O humilde aprende muito mais, e mais depressa. Em quinto, ele deve ser atento observador dos bons obreiros.

Em sexto lugar, o bom obreiro deve exercitar-se na prática do trabalho do Senhor. A experiência é um grande mestre. E em sétimo e último lugar, ele deve estudar a Palavra de Deus continuamente; e não apenas lê-la (Sl 119.98).

fonte notas cpad news

Não toqueis nos meus ungidos

O perigo de uma frase bíblica tornar-se um chavão e ser mal-utilizada

 

A FRASE BÍBLICA “NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS” (SL 105.15) TEM SIDO EMPREGADA PARA OS MAIS VARIADOS FINS. MAUS OBREIROS, FALSOS PROFETAS, ADORADORES-ÍDOLOS E ATÉ POLÍTICOS “EVANGÉLICOS” SE VALEM DELA PARA AMEAÇAR SEUS CRÍTICOS; CRENTES MAL-ORIENTADOS USAM-NA PARA DEFENDER SEU “UNGIDO”, MESMO QUE ELE DEFENDA ABERTAMENTE O ABORTO; E OUTROS AINDA A EMPREGAM PARA REFORÇAR A IDEIA DE QUE NÃO CABE AOS SERVOS DE DEUS JULGAR OU CRITICAR HERESIAS E CONDUTA ANTIBÍBLICA.

QUANDO EXAMINAMOS OS CONTEXTOS LITERÁRIO E HISTÓRICO-CULTURAL DA FRASE ACIMA, VEMOS QUE ELA ESTÁ LONGE DE SER UMA REGRA GERAL. UMA LEITURA ATENTA DO SALMO 105 NÃO NOS DEIXA EM DÚVIDA: OS UNGIDOS MENCIONADOS SÃO OS PATRIARCAS ABRAÃO, ISAQUE, JACÓ (ISRAEL) E JOSÉ (VV.9-17). ADEMAIS, O TÍTULO “UNGIDO DO SENHOR” REFERE-SE TIPICAMENTE, NO ANTIGO TESTAMENTO, AOS REIS DE ISRAEL (1 RS 12.3-5; 24.6-10; 26.9-23; SL 20.6; LM 4.20) E AOS PATRIARCAS, EM GERAL (1 CR 16.15-22).

EMBORA A FRASE NÃO ENCERRE UM PRINCÍPIO GERAL, PODEMOS, POR ANALOGIA, AFIRMAR QUE DEUS, NA ATUALIDADE, PROTEGE OS SEUS UNGIDOS ASSIM COMO CUIDOU DOS SEUS SERVOS MENCIONADOS NO SALMO 105. MESMO ASSIM, NÃO DEVEMOS PRESUMIR QUE TODAS AS PESSOAS QUE SE DIZEM UNGIDAS DE FATO O SEJAM. LEMBRE-SE DO QUE O SENHOR JESUS DISSE ACERCA DOS “UNGIDOS”: “NEM TODO O QUE ME DIZ: SENHOR, SENHOR! ENTRARÁ NO REINO DOS CÉUS, MAS AQUELE QUE FAZ A VONTADE DE MEU PAI, QUE ESTÁ NOS CÉUS” (MT 7.21).

É CLARO QUE A BÍBLIA APOIA E ESPOSA O PENSAMENTO DE QUE O SENHOR CUIDA DOS SEUS SERVOS E OS PROTEGE (1 PE 5.7; SL 34.7). MAS ISSO SE APLICA AOS QUE VERDADEIRAMENTE SÃO UNGIDOS, E NÃO AOS QUE PARECEM, PENSAM OU DIZEM SÊ-LO (MT 23.25-28; AP 3.1; 2.20-22). AFINAL, “O SENHOR CONHECE OS QUE SÃO SEUS, E QUALQUER QUE PROFERE O NOME DE CRISTO APARTE-SE DA INIQUIDADE” (2 TM 2.19).

QUANDO PAULO ANDOU NA TERRA, HAVIA MUITOS “UNGIDOS” OU QUE APARENTAVAM TER A UNÇÃO DE DEUS (2 CO 11.1-15; TT 1.1-16). O IMITADOR DE CRISTO NUNCA SE IMPRESSIONOU COM A APARÊNCIA DELES (CL 2.18,23). POR ISSO, AFIRMOU: “E, QUANTO ÀQUELES QUE PARECIAM SER ALGUMA COISA (QUAIS TENHAM SIDO NOUTRO TEMPO, NÃO SE ME DÁ; DEUS NÃO ACEITA A APARÊNCIA DO HOMEM), ESSES, DIGO, QUE PARECIAM SER ALGUMA COISA, NADA ME COMUNICARAM” (GL 2.6).

APARÊNCIA, POPULARIDADE, ELOQUÊNCIA, TÍTULOS, STATUS, ANOS DE MINISTÉRIO, QUANTIDADE DE VOTOS OBTIDOS... NADA DISSO DENOTA QUE ALGUÉM ESTEJA SOB A UNÇÃO DE DEUS E IMUNE À CONTESTAÇÃO À LUZ DA PALAVRA DE DEUS. MUITOS ENGANADORES, AO SEREM QUESTIONADOS QUANTO ÀS SUAS PREGAÇÕES E PRÁTICAS ANTIBÍBLICAS, TÊM CITADO A FRASE EM ANÁLISE, ALÉM DO EPISÓDIO EM QUE DAVI NÃO QUIS TOCAR NO DESVIADO REI SAUL, QUE FORA UNGIDO PELO SENHOR (1 SM 24.1-6). MAS A ATITUDE DE DAVI NÃO DENOTA QUE ELE TENHA APROVADO AS MÁS OBRAS DAQUELE MONARCA.

SE ALGUÉM, À SEMELHANÇA DE SAUL, FOI UM DIA UNGIDO POR DEUS, NÃO CABE A NÓS MATÁ-LO ESPIRITUALMENTE, CONDENÁ-LO AO INFERNO. ENTRETANTO, ISSO NÃO SIGNIFICA QUE DEVAMOS SILENCIAR OU CONCORDAR COM TODOS OS SEUS DESVIOS DO EVANGELHO (FP 1.16; TT 1.10,11). O PRÓPRIO JÔNATAS RECONHECEU QUE SEU PAI TURBARA A TERRA; E, POR ESSA RAZÃO, DESCUMPRIU, ACERTADAMENTE, AS SUAS ORDENS (1 SM 14.24-29).

O TEXTO DE SALMOS 105.15 NÃO PROÍBE O JUÍZO DE VALOR, O QUESTIONAMENTO, O EXAME, A CRÍTICA, A ANÁLISE BÍBLICA DE ENSINAMENTOS E PRÁTICAS DE LÍDERES, PREGADORES, MILAGREIROS, CANTORES, ETC. ATÉ PORQUE O SENTIDO DE “TOQUEIS” E “MALTRATEIS” É EXCLUSIVAMENTE QUANTO À INFLIÇÃO DE DANO FÍSICO.

É CURIOSO COMO CERTOS “UNGIDOS”, AO MESMO TEMPO QUE CITAM O ALUDIDO BORDÃO EM SUA DEFESA — QUANDO AS SUAS PRÁTICAS E PREGAÇÕES SÃO QUESTIONADAS —, PARTEM PARA O ATAQUE, FAZENDO TODO TIPO DE AMEAÇAS. O SHOW-MAN (E NÃO PREGADOR, COMO MUITOS PENSAM) BENNY HINN, POR EXEMPLO, VERBEROU: “VOCÊS ESTÃO ME ATACANDO NO RÁDIO TODAS AS NOITES — VOCÊS PAGARÃO E SUAS CRIANÇAS TAMBÉM. OUÇAM ISTO DOS LÁBIOS DUM SERVO DE DEUS. VOCÊS ESTÃO EM PERIGO. ARREPENDAM-SE! OU O DEUS ALTÍSSIMO MOVERÁ SUA MÃO. NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS...” (CITADO EM CRISTIANISMO EM CRISE, CPAD, P.376).

QUEM SÃO OS VERDADEIROS UNGIDOS, OS QUAIS, MESMO NÃO SE VALENDO DA FRASE CITADA, TÊM DE FATO A PROTEÇÃO DIVINA, ATÉ QUE CUMPRAM A SUA VONTADE? SÃO OS REPRESENTANTES DE DEUS QUE, TENDO RECEBIDO A UNÇÃO DO SANTO (1 JO 2.20-27), PRESERVAM A PUREZA DE CARÁTER E A SÃ DOUTRINA (TT 1.7-9; 2.7,8; 2 CO 4.2; 1 TM 6.3,4). QUEM NÃO PASSA NO TESTE BÍBLICO DO CARÁTER E DA DOUTRINA ESTÁ, SIM, SUJEITO A CRÍTICAS E QUESTIONAMENTOS (1 TM 4.12,16).

INFELIZMENTE, MUITOS LÍDERES, PREGADORES, CANTORES E CRENTES EM GERAL, CONSIDERANDO-SE UNGIDOS OU PROFETAS, ESCONDEM-SE ATRÁS DO BORDÃO EM ANÁLISE, MENTEM E COMETEM TODO TIPO DE PECADO, ALÉM DE TORCEREM A PALAVRA DE DEUS. CASO NÃO SE ARREPENDAM, SERÃO RÉUS NAQUELE GRANDE DIA! OS SEUS FABULOSOS CURRÍCULOS — “PROFETIZAMOS”, “EXPULSAMOS”, “FIZEMOS” — NÃO OS LIVRARÃO DO JUÍZO (MT 7.21-23).

PORTANTO, QUE JAMAIS ACEITEMOS PASSIVAMENTE AS HERESIAS DE PERDIÇÃO PROPAGADAS POR PSEUDO-UNGIDOS, QUE INSISTEM EM PERMANECER NO ERRO (AT 20.29; 2 PE 2.1; 1 TM 1.3,4; 4.16; 2 TM 1.13,14; TT 1.9; 2.1). MAS RESPEITEMOS OS VERDADEIROS UNGIDOS (HB 13.17), QUE AMAM O SENHOR E SUA SANTA PALAVRA, OS QUAIS SÃO DÁDIVAS À SUA IGREJA (EF 4.11-16). QUANTO AOS QUE, DIANTE DO EXPOSTO, PREFERIREM CONTINUAR DIZENDO — PRESUNÇOSAMENTE E SEM NENHUMA REFLEXÃO — “NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS”, DEDICO-LHES OUTRO ENUNCIADO BÍBLICO: “NÃO ULTRAPASSEIS O QUE ESTÁ ESCRITO” (1 CO 4.6, ARA). CASO QUEIRAM APLICAR A SI MESMOS A PRIMEIRA FRASE, QUE CUMPRAM ANTES A SEGUNDA!

 

O poder é dEle, somos apenas instrumentos

Glorifiquemos a Deus pelo que Ele, pela Sua graça, tem feito através do trabalho de nossas mãos

 

Prezado leitor, eu o convido a meditar comigo na mensagem extraída do livro de Atos dos Apóstolos 1.8. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”.
A prioridade que Deus entregou a cada cristão está gravada nos reclames da Grande Comissão: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura, e aquele que crer e for batizado será salvo, e quem não crer será condenado”. Não esqueçamos que a promessa do Senhor ainda é evidente como foi descrito acima. Meu prezado leitor, nós trabalhamos e edificamos; mesmo assim, a tarefa não está concluída, ainda temos muita terra para conquistar, ainda temos milhares de almas a serem alcançadas. Quando o nosso inimigo está ativo e procura atingir nossas igrejas, levantam-se crentes cheios do Espírito Santo para afirmarem que o poder da salvação em Jesus, a cura de enfermos e os milagres da parte de Deus ainda permanecem no seio da Assembleia de Deus.
Certamente não conseguiríamos partilhar com o leitor os vários milagres que o Senhor ainda continua realizando em nossa denominação. O jornal Mensageiro da Paz, o órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil, traz em suas páginas diversos testemunhos. Podemos citar também o Círculo de Oração, formado por irmãs zelosas que se reúnem para buscar a face do Senhor e o resultado é a quantidade de milagres que não podemos contabilizar. Na verdade, compreendemos que o poder é proveniente de Deus, e nós somos apenas os instrumentos em Suas mãos para que Ele faça a Sua vontade.
Nenhum de nós aparece nas manchetes dos jornais seculares, e nem precisamos reunir as pessoas a fim de pedir recursos para alcançar determinados alvos, mas continuamos a observar o registro bíblico de Atos 2.42: “E perseveram na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Essas estacas são sólidas, e foram colocadas pelo próprio Mestre, no ministério da Assembleia de Deus.
Quando me encontrava reunido com os integrantes do Comitê Mundial das Assembleias de Deus, na cidade de Nova York, fui perguntado sobre o batismo que realizamos durante os festejos do Centenário. Recordo-me que, em um só dia, cerca de 100 mil pessoas desceram às águas batismais. Eu afirmo que isso é a operação do Espírito Santo. Nós precisamos valorizar essa obra maravilhosa que o Senhor tem realizado por nossas mãos, e por isso somos eternamente gratos a Deus, porque Ele continua observando esse povo que creu em Seu poderoso nome. Graças ao Senhor que a excelência da evangelização não morreu, mas aflora o desejo de anunciar a todo o mundo que Jesus Cristo é o Salvador.

Em tudo te dá como exemplo

Precisamos encarnar os princípios do Reino de Deus

Desejo compartilhar com você a mensagem extraída na Carta aos Filipenses, no capítulo 3 e versículo 17. No texto em apreço, Paulo deixou registrado: "Sejam meus imitadores, e tende cuidado segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam". Essa passagem bíblica nos remete a algo muito sério. Quando o apóstolo dos gentios formou a sua equipe, ou seja, as pessoas que estariam mais próximas a ele - entendemos que Timóteo e Tito fizeram parte daquele grupo -, e ao lermos a sua história na Bíblia, concluímos que Tito era um obreiro mais experiente. Mas, apesar dessa experiência, Paulo estar a dizer-lhe: "Tito, em tudo te dá como exemplo de boas obras". E Paulo especificou: “Olha, Tito, cuidado com a doutrina”. E ainda pontua nesse registro: "Em tudo".

Meus queridos leitores, o apóstolo disse também que nós, a Igreja, somos "a coluna e a firmeza da verdade", e sabemos que a colunanão pode oscilar, porque a função de uma coluna é sustentar o edifício para que não caia.

No Evangelho de João, no capítulo 13, o Senhor aplicou uma lição maravilhosa. O Mestre reuniu Seus discípulos e, munido de uma toalha e uma bacia com água, se mobilizou para lavar os pés daqueles homens. Pensem comigo quando o Senhor se aproximou de Tomé para lavar-lhe os pés. Todos nós sabemos que esse apóstolo mais tarde revelaria a sua incredulidade quando os discípulos lhe anunciassem a ressurreição de Jesus. Apesar disso, Tomé foi um dos discípulos que teve seus pés lavados por Cristo. O apóstolo Pedro, que chegou a negá-lo, também teve os pés lavados; e até Judas, o traidor. Na ocasião, o Senhor Jesus disse para eles fazerem o mesmo com os outros. Meus amados leitores, Paulo disse que deveríamos ser o exemplo "em tudo". Acho maravilhoso o fato de Deus nos admitir como participantes no plano divino de salvação. Posso citar meu exemplo: o Senhor escolheu-me e envolveu-me nesse plano do céu na terra e isto é algo estupendo!

Devemos estar conscientes do trabalho que Deus colocou em nossas mãos. Também é interessante termos que olhar para a Igreja, ampliar o alcance de nossa visão espiritual e amar, sem nenhum tipo de preconceito, a todos que nos cercam.

 

 Comprometidos com Deus e com a Sua poderosa Palavra

No Evangelho de João, no capítulo 6 e versículo 45, está escrito as seguintes palavras de Jesus: “Todo aquele que do pai ouviu e aprendeu vem a mim”. Semelhantemente, quando Lucas escreveu o seu evangelho e o livro de Atos dos Apóstolos, ele se referiu ao ministério de Jesus dizendo que o Senhor não apenas ensinou, mas fez – isto é, realizou.

Jesus, no Seu ministério perfeito, preocupou-se também com a formação espiritual e de conhecimentos daquele grupo. Embora não soubessem, Cristo já os havia escolhido para dar continuidade ao ministério dEle e cuidar da Igreja que Ele mesmo edificou.

Jesus não procurou seus cooperadores no Templo, entre os sacerdotes; e tampouco foi buscá-los nas cátedras dos teólogos da época, pois não quis compor o Seu ministério de religiosos prestigiados; mas, o Senhor foi buscar Seus discípulos lá no meio do povo, gente da gente, gente em geral muito simples.

Sou feliz por fazer parte da Assembleia de Deus, esta é a minha igreja querida. A Assembleia de Deus é uma igreja com identidade, que tem compromisso com Deus e que tem no seu coração a vibração do Espírito Santo, e que não se cala e incessantemente professa: “Jesus Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará para levar a Sua Igreja para o Céu!”.

Sinto-me privilegiado em ver que em nossas igrejas há essa coisa tão bonita que é uma Escola Dominical forte, pois nós aprendemos quando ouvimos e aprendemos quando falamos. Eu mesmo sou aluno da Escola Dominical desde 1942. Desde essa época, me assento nos bancos da igreja para escutar o professor da nossa classe lecionar a Palavra de Deus para o nosso coração.

Depois desses 65 anos como aluno da Escola Dominical, alguém poderia me perguntar: “Após 65 anos estudando um único livro, na Escola Dominical e na vida particular, o senhor não aprendeu tudo?”. Confesso que não. Não sou tão rude assim, não me entendam de tal maneira; mas, esse Livro – o Livro de Deus – é tão maravilhoso, de uma mensagem tão poderosa, que sua mensagem é sempre nova e cada vez mais rica para nós. A unção do Espírito neste livro é poderosa. A unção de Deus nas palavras desse Livro, ao lê-las, faz com que emanem mensagens renovadas a cada dia.

A Bíblia não é um livro de uma só mensagem: ela é a Palavra de Deus, ela abre o Céu, descortina o oculto diante de nós, abre o mar, sonda o desconhecido e traz, a cada um, mensagens poderosas, ungidas, com graça para que todos possam compreender que Jesus Cristo é o Salvador.

 

O retrato moderno da igreja

No Evangelho de Marcos, encontramos o seguinte episódio: “E no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os discípulos ouviram isto”, Mc 11.12-14.

A sabedoria de Jesus sempre esteve acima da média como homem. Na passagem em apreço, Ele mais uma vez usa magistralmente a figueira para ensinar uma espetacular lição aos seus discípulos. A figueira era uma árvore comum na Palestina. Seus figos são doces especialmente no mês de junho. Quando Jesus saiu de Betânia naquele dia, era o mês de abril. Por isso Marcos escreveu que não era tempo de figos. O que nos chama a atenção no relato é o fato de Jesus ter sentido fome. Essa declaração fortalece a realidade de que Jesus tinha natureza e constituição corporais iguais às nossas em tudo, menos no pecado.

Como nós, Ele tinha todas as emoções e necessidades físicas, como comer, dormir, descansar, chorar, sorrir e sentir dores. Como nós, Ele tinha fome e sede e precisava satisfazer esses instintos naturais. A dupla natureza de Cristo, a divina e a humana, é confirmada nesse texto.

Porém, essa escritura também nos dá um vislumbre especial sobre a Igreja. Jesus viu a figueira de longe, e desejou comer fruto dela, mas, qual não foi a sua a frustração. Marcos diz que “não achou nada senão folhas”, e amaldiçoou a figueira. Esse quadro ilustra o perigo de uma igreja estéril e formalista.

A tendência para a esterilidade e o formalismo sempre ameaçou a Igreja através da História. Houve um tempo, especialmente o período que se estende até o século 15, em que a Igreja institucionalizou-se de tal forma que a sua força dinâmica engessou-se. Ela tornou-se muito mais um “monumento” do que uma igreja.

Hoje, parece-nos que a dura verdade de muitas igrejas é que têm substituído uma fé viva e poderosa por uma religião institucionalizada. Para muitos, a igreja é o edifício onde nos congregamos para adorar e desenvolvemos ministérios, cujos programas envolvem a comunidade. Geralmente, imaginamos o crescimento da igreja e o medimos pelo local do templo, a sua arquitetura, a organização eclesiástica e o número de pessoas que assistem aos cultos. Se medirmos a igreja por esses valores estereotipados da modernidade, estaremos, sem dúvida, nos deparando com uma igreja que não passa de uma figueira frondosa, com muitas folhas, que só serve para dar sombras.

A dinâmica do evangelismo e a liberdade do Espírito para agir na liturgia da igreja não podem ser engessadas pelo formalismo.

Ainda analisando a aplicação do texto de Marcos 11.12-14 para os nossos dias, percebemos o engano da beleza exterior. “E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti”.

Folhas não passam de beleza exterior. Essa beleza é aquela que ilude, que dá a idéia de igreja frutífera, mas que não passa de algo fictício. Um escritor cristão escreveu que “a igreja não é um fator incidental na grande batalha cósmica por corações e as vidas dos homens e as mulheres do mundo moderno. A igreja é o instrumento que Deus tem escolhido para essa batalha, a que somos chamados em virtude de nossa condição de membros do Corpo de Cristo. Para brindar esperança e verdade a um mundo em tensão, a igreja tem de ser a Igreja”.

Ora, uma igreja que não passa de uma árvore sem frutos retrata uma irrealidade. A tragédia maior é termos uma igreja institucionalizada que satisfaz apenas aqueles que buscam uma forma de igreja tipo clube socio-espiritual, uma instituição que ofereça relações humanas agradáveis, mas que não exerce influência sobre como vivem as pessoas, nem sobre o que crêem.

Cada vez que a igreja se reafirma em uma posição ortodoxa histórica é acusada de obsoleta, de passada da moda, como se suas doutrinas tivessem sido determinadas pelo voto das pessoas que fazem parte da igreja. Vivemos um tempo em que a igreja tem sido transformada em um mercado de fé ao gosto das pessoas. A igreja precisa ser restaurada nos seus valores.

Os valores reais da Igreja de Cristo não são valores materiais. Não são os aspectos organizacionais da igreja que a tornam autêntica, porque a igreja não pode ser tratada como um produto de consumo. Ela precisa dar frutos e, para que isto aconteça, deve estar plantada em uma terra produtiva, que é a base, o fundamental, a Palavra de Deus.

Uma igreja mercantilista não passa de uma “figueira com folhas”. J. I. Parker escreveu que esse tipo de igreja parece “uma banheira quente” que faz com que as pessoas tenham um sentido de bem-estar ambiental e com as pessoas. Oferecemos alternativas para que as pessoas sejam atraídas pelas ofertas que oferecemos em nossos cultos, mas o Evangelho que pregamos parece mais um “prato feito”.

Nos bitolamos na forma de cultuar, de cantar, de pregar, e conquistamos as pessoas pelo ambiente social, pela arquitetura, pelo som, pela música. Confiamos mais no poder da nossa palavra do que na Palavra de Deus. Precisamos reavaliar nossos valores, para termos uma igreja comprometida com a ação livre do Espírito Santo em nossos cultos.

 

 

Lições da prisão do apóstolo Paulo

O que parecia o fim tornou-se oportunidade e avanço

 

A prisão de Paulo não foi o fim de seu apostolado, mas o início de sua viagem missionária mais significativa. Durante o seu encarceramento, em Cesareia, expôs o Evangelho a dois governadores e a um rei. E, no percurso a Roma, onde aguardaria o veredito de César, evangelizou a tripulação de um navio e, aportando em Malta, fundou uma igreja.

Já na capital do império, fez da prisão um posto avançado do Reino. Ali, confirmava diariamente as ovelhas. E, mesmo sob vigilância, veio a converter alguns parentes de César.

Sua cela? Transformou-a numa célula de proclamação evangélica.

Na prisão, entregou-se à oração intercessora. Pôs-se de joelhos, para que a Igreja se mantivesse de pé. Deixou-se angustiar pelos santos que, todos os dias, eram afligidos por amor a Cristo. E, posto que limitado no espaço, ilimitou-se no tempo, pois a eternidade era a sua real perspectiva.

Foi ainda na prisão, que completou a sua obra teológica. Dali, saíram-lhe as epístolas aos efésios, filipenses e colossenses. E, aproveitando a oportunidade, enviou uma cartinha ao seu amigo, Filemom, intercedendo por Onésimo.

Enfim, a prisão de Paulo não foi o fim de seu apostolado. Antes, o coroamento de sua missão.

Talvez você esteja enfrentando uma crise. Não se desespere. Você sabia que as maiores oportunidades, em nossa vida, surgem nos momentos de provação? Deus está no controle de todas as coisas, principalmente de nossas adversidades. 

 

Discernimento em tempos modernos

O desafio de discernir os modelos culturais modernos

O termo discernir, do hebraico nākar  e do grego diakrinō, quer dizer "distinção”, “separação”, “julgar”; isto é, “fazer distinção”, “fazer separação”. O termo hebraico aparece pela  primeira vez em Gênesis 27.23, no contexto em que Isaque é enganado por Rebeca e Jacó. O vocábulo é traduzido por “não o conheceu” (RC) ou “não o reconheceu” (RA). Na passagem em apreço, o termo significa literalmente “discernir algo por alto”. Contudo, outros vocábulos hebraicos traduzem o sentido considerado: sāpat(Êx 18.16); shama (2 Sm 14.17); yada (2 Sm 19.35); nākar (Ed 3.13), entre outros. Todos com o sentido que diz respeito à percepção, compreensão e julgamento (Jó 6.30; Sl 19.12; Ez 44.23; Jn 4.11).

No grego do Novo Testamento, a palavra diakrinō aparece dezoito vezes com o sentido de “julgar”, “discernir”, “fazer distinção”, “separar”. O termo descreve tanto o discernimento das coisas naturais quanto das espirituais. Nas páginas de o Novo Testamento o termo, ao que parece, é citado pela primeira vez em Mateus 16.3 (RC) aludindo ao “discernimento” dos tempos e estações naturais. Porém, o vocábulo não se restringe apenas a essa observação, mas prolonga-se no versículo, pois a supressão do vocábulo na parte seguinte pressupõe o seu uso: “...sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os sinais dos tempos?”. Portanto, há o uso combinado de ginōskete diakrinein, isto é, “sabeis discernir”, nas duas sentenças: “sabeis discernir a face do céus”; “não sabeis discernir os sinais dos tempos”. Confira, por exemplo, o texto da RA “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?”.

No texto de 1 Coríntios 11.31, o vocábulo é usado em relação ao autojulgamento do crente: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos [heautous diekrinomen], não seríamos julgados”. Trata-se, na verdade, da auto-análise que o crente faz de si mesmo e, mediante a qual, participa conscienciosamente da Ceia do Senhor. Todavia, há outros que assentam-se à mesa do Senhor sem discerni-lhe o corpo: “Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo [diakrinōn to sōma] do Senhor”.

O discernimento pode manifestar-se também como um conhecimento sobrenatural que o Espírito Santo concede a determinados membros do Corpo de Cristo para julgar ou discernir os espíritos: “...e a outro, o dom de discernir os espíritos [diakriseis pneumatōn]...”. O discernimento de espíritos, aludido no presente texto, é um dos extraordinários dons que concede ao crente a capacidade de discernir os espíritos, julgar as profecias e as motivações cristãs, entre outras espetaculares manifestações. Embora certos membros do Corpo de Cristo possuam este dom, todos os crentes são desafiados a “provar se os espíritos são de Deus, porque  já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4.1). O termo joanino para “provar”, não é diakrinō, mas dokimadzō, isto é, “colocar em prova”, “testar” ou “examinar”. Não somos escusados de frisar, que este último procede da raiz dok, cujo sentido é “perceber”, “pensar”, “pressupor”, “crer”. Traz a ideia de estar convencido de que isto ou aquilo está errado ou certo. Também pressupõe chegar a certeza das coisas mediante a repetidos testes. Portanto, somos advertidos e orientados pela Palavra de Deus a julgar a procedência das motivações humanas, das profecias, dos movimentos de caráter messiânico entre outros.

O discernimento, portanto, é uma capacidade do crente maduro de acordo com Hebreus 5.14: “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. O crente maduro, no original teleiōn, é aquele que tem as suas faculdades cognitivas exercitadas na piedade e doutrina cristãs. Este é capaz de separar, julgar, testar, distinguir ou discernir tanto o bem como o mal [diakrisin kalou te kai kakou]. O termokalōs, traduzido neste texto por “bem”, trata-se da capacidade para discernir a qualidade das ações morais humanas que lhes confere um caráter moral correto, bom ou útil. Já, o vocábulo kakōs, significa literalmente “erradamente”, “impiamente”, “mal”, ou seja, tudo o que se opõe à virtude, à probidade, à honra. Nesse âmbito, o crente é desafiado a discernir a cultura, a mídia, a política, a educação, a religião, comparando e confrontando-os com os postulados das Sagradas Escrituras.

Vejamos em perspectiva: 

Mídia:
O crente é desafiado a discernir a indústria de entretenimento de seu tempo. Muitos produtores de filmes, novelas e outros tipos de programas de entretenimento não possuem qualquer tipo de compromisso com os valores morais e com as Sagradas Escrituras.

 

Política:
O cristão exerce dupla cidadania – celeste e secular. É desafiado, portanto, a viver como cidadão dos céus, membro da família dos santos, mas sem deixar de relacionar-se com o contexto social que lhe é próprio. Neste sentido, deve exercer sua cidadania secular, participando como cristão das responsabilidades sociais que lhe cabe. É necessário e  plausível que o cristão discirna entre os partidos políticos e candidatos que disputam entre si pelo voto da igreja. Que valores defendem? O que pensam seus candidatos sobre o aborto, a igreja, a família? Quais as motivações que os levam ao pleito? Essas questões são pertinentes aos desafios da igreja hodierna.

Entretenimento:
O homem é um ser lúdico. Se compraz em atividades que despertam sentimentos de bem-estar, quietude, divertimento. Mas, quais são os entretenimentos apropriados para os cidadãos celestes? Que tipo de ocupação lúdica merece o precioso tempo dos cristãos? O cristão é desafiado, diante da atual indústria de entretenimento, a discernir as atividades lúdicas de nosso tempo. Muitas denominações cristãs têm cometido equívocos e extravagâncias neste ponto.

Religiosa:
O contexto religioso atual exige que o crente exerça mais do que nunca, o modelo discernente de Daniel e de seus companheiros diante do politeísmo babilônico. Quando se trata de religiões politeístas, antropomórficas ou animistas, o cristão prontamente as rejeita. Mas quando está em voga uma pseudodoutrina, que mistura o sentido correto de um texto bíblico com uma aplicação errônea, ou vice-versa, muitos crentes sucumbem. Outros correm atrás de doutrinas e ensinos espetaculares, de novidades, de shows motivacionais que em sua maioria torcem a cruz de Cristo.  Imagens religiosas que choram, que soltam raios, falsos cristos e profetas, falsas campanhas espirituais que prometem o céu na terra, terrenos no paraíso, entre outras mentiras materialistas, desafiam o crente fiel.

Visto que o crente santo e fervoroso, aspira por uma experiência que o eleve acima da mediocridade espiritual tão comum em tempos pós-modernos, é ele, e não os indolentes, quem mais necessita do discernimento espiritual.



 

 

 

As Três Dimensões do Caráter Cristão

Semeia-se um hábito e colhe-se um caráter. Semeia-se um caráter e colhe-se um destino.

Caráter, sua dimensão etimológica

O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo". Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral.

Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado. A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis"("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.

Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos”. Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade).

Todavia, empregavam “ēthos” quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. Contudo, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens.

Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor. Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).

Caráter, sua dimensão distintiva

O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.  Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade.

Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”.

Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social. Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sanguíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável. Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.

Caráter, sua dimensão antropoteológica

Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética.  Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributos morais de Deus se refletiam na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30).

É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7). Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7). O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.

Se desejas que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.

Notas

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2002, p.40-55.
SCHOPENHAUER, Artur. O livre arbítrio. São Paulo: Editora Novo Horizonte, [s.d.] p.223-4.

 

 

 

Paulo o Apóstolo dos Gentios

A vida e formação do Apóstolo dos Gentios

INTRODUÇÃO

Archibald Thomas Robertson afirmou com muita propriedade que, excetuando o próprio Jesus, Paulo é o principal representante de Cristo e o expoente mais hábil da fé cristã.[i] O apóstolo dos gentios desempenhou diversas funções no cristianismo primitivo: missionário, apologista, hagiógrafo, mestre, polemista, entre outras importantes atribuições.

Enquanto em Atos dos Apóstolos Pedro é proeminente nos primeiros doze capítulos, o missionário da incircuncisão ocupa a segunda e maior metade do livro, do capítulo 13 a 28. Além da proeminência que Lucas dispensa ao fundador das igrejas gentílicas em Atos dos Apóstolos, Paulo foi o escritor sacro mais profícuo do Novo Testamento. Dos vinte e sete livros, escreveu treze epístolas, conhecidas como corpus paulinum e, dos duzentos e oitenta e oito capítulos do Novo Testamento, escreveu cento e quinze, restando apenas cento e setenta e três para todos os demais hagiógrafos. De seu cálamo incansável, diz F.F.Bruce, Paulo deixa patente “quão familiarizado era com os ensinos do Senhor”.[ii]

Paulo foi derrubado para ser cegado;
foi cegado para ser mudado;
foi mudado para ser enviado;
foi enviado para que a verdade aparecesse”
(Santo Agostinho)
I. Paulo, o cidadão histórico

A identidade e historicidade de Paulo jamais foram seriamente postas em dúvida. Ernest Renan (o Cético), por exemplo, no segundo volume, Les Apotres (Os Apóstolos), da famosa obra Histoire des Origines du Christianisme (33-45), afirma que Paulo foi a maior conquista da Igreja Primitiva e o “mais ardente dos discípulos de Jesus”.[iii] Se por um lado o Cético atestava a veracidade de Paulo, por outro, Marcião o considerava, em detrimento aos demais, o único apóstolo de nosso Senhor Jesus Cristo.

Já o biblicista Fabris declara que Paulo é o personagem da primeira geração de cristãos que possui as mais comprobatórias evidências de sua pessoa e trabalho.[iv] As fontes tão variadas são que o exegeta classificou-as em:

    * fontes cristãs canônicas – o epistolário paulino;

    * fontes cristãs apócrifas – Atos de Paulo e Tecla, Apocalipse de Paulo, o Martírio de Paulo [...];

    * fontes profanas – de caráter epigráficas, literárias, papirológicas e arqueológicas [...].[v] A essas fontes devemos acrescentar os testemunhos dos sucessores dos primeiros apóstolos: Clemente de Roma, Inárcio, Policarpo e até mesmo as evidências em Marcião, o herege.

Essas evidências textuais, seja canônica, seja profana, literária ou arqueológica, auxiliam no estabelecimento e compreensão do contexto eclesiástico dos primeiros cinco séculos da Igreja Cristã. Sabe-se pelos registros dos cristãos que viveram os quingentésimos anos da Igreja, que os Pais jamais contestaram a historicidade de Paulo, muito embora haja discordância a respeito de suas epístolas. Atualmente, as controvérsias referem-se mais a autoria de algumas epístolas, chamadas deuterocanônicas, do que propriamente a pessoa e obra do apóstolo Paulo. Há, portanto, mais evidências da pessoa, ensinos e obras de Paulo do que qualquer outro grande personagem cristão da igreja nascente.

1. Saulo de Tarso

Paulo era natural da célebre[vi] cidade de Tarso, localizada na Cilícia (At 9.11; 11.25; 21.39; At 22.3; Gl 1.21). Essa rica e culta cidade de língua grega ficava 26 metros acima do mar e distante 16 quilômetros do nível do Mediterrâneo. [vii] Além de ser uma das mais antigas cidades do mundo, no século 1, era a capital e a maior cidade da Cilícia.

A população de Tarso jactava-se de sua riqueza agrícola e comercial, bem como de sua universidade, julgada superior às grandes academias de Alexandria e Atenas. O historiador, geógrafo e filósofo grego Estrabão (58 a.C.) descreve o povo de Tarso como “apaixonados pela filosofia” e de “espírito enciclopédico”; e a cidade como aquela que eclipsou todas as outras que foram “terra natal de alguma seita ou escola filosófica”.[viii]

Do vulto de seus intelectuais, a cidade de Tarso orgulhava-se do filósofo estoico Athenodoros, nascido em 74 a.C., preceptor de César e autor profícuo de diversas obras históricas e filosóficas.[ix] Murph-O’Connor, assinala que os habitantes de Tarso eram seriamente entusiasmados com a educação, a ponto de saírem da terra natal em busca de mais conhecimentos.[x]

1.1. A educação do jovem hebreu de Tarso

A influência da cultura e do espírito crítico da cidade de Tarso nota-se na formação heleno-latina de Paulo. Como já citei em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada, em Atos 17.28, por exemplo, o apóstolo cita o poeta e filósofo estoico natural da Cilícia, Arato (315-240 a.C.), e também a poesia Hino a Zeus, do filósofo estoico Cleantos (331-232 a.C.), discípulo de Zenão de Cício (332-269 a.C.), fundador da escola estoica.

Em 1 Coríntios 15.32, Paulo faz também uma referência provável a Isaías 22.13: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Todavia, escavações arqueológicas descobriram em Anquiale, cidade vizinha a Tarso, uma estátua do fundador da “metrópole da Cilícia”, Sardanapalo, com a seguinte inscrição: “Come, bebe, desfruta a vida. O resto nada significa”. É provável que Paulo ao citar positivamente a exortação de Isaías tivesse intenção de criticar essa declaração hedonista.[xi]

Embora empregasse diversos recursos estilísticos e retóricos greco-romanos, e citasse perícopes e versos dos filósofos e poetas, a exegese paulina era fundamentalmente hebraica, condicionada, principalmente, pela sua formação judaica e leitura do Antigo Testamento dos Setenta. Mas o que sabemos concretamente a respeito da formação de Paulo em Tarso?

Entre os especialistas não há muita unidade a respeito da formação universitária de Paulo. Todos concordam que ele era um judeu culto da diáspora e familiarizado com a poesia e filosofia de sua época, porém discordam entre si a respeito da educação formal de Paulo. F. F. Bruce, baseado em Atos dos Apóstolos 22.3, afirma que Paulo embora “nascido em Tarso, foi educado em Jerusalém” e, por essa razão, o erudito não aceita a hipótese de que Paulo tenha frequentado as escolas de Tarso, muito embora vivesse em um centro de cultura grega. [xii]

Outro biblista, Christopher Forbes, ao comparar as epístolas paulinas com os recursos retóricos antigos, se convence de que “Paulo não é, em termos greco-romanos, um ‘homem de letras’ (anēr logios, At 18.24)”.[xiii] Para Forbes, a educação formal de Paulo não atingiu os níveis superiores.

Todavia, Ronald F. Hock afirma que “as cartas de Paulo, a despeito de seus desmentidores, denotam uma pessoa que havia passado pela sequência curricular da educação greco-romana”. [xiv] Para provar sua assertiva, Hock recorre à estrutura da educação formal do primeiro século e sua relação com as citações paulinas dos poetas e filósofos. As citações primárias de filósofos como Eurípedes e Menandro, justificam, para o rapsodo, a passagem de Paulo pela primeira etapa da educação grega ou pelo currículo primário; e o uso de recursos literários e das citações explícitas da Septuaginta, a participação no currículo secundário. Hock está convencido, pela análise da extensão, complexidade e vigor das epístolas paulinas que o seu autor “recebeu um treinamento continuado em composição e retórica” e, por essa razão, cursou o currículo terciário, que preparava os seus aprendentes nessas técnicas.[xv]

Há tantas lacunas cronológicas na biografia de Paulo, que estou convencido de que nenhuma das posições pode ser afirmada com certeza, e a exiguidade desse espaço não permite aprofundar as discussões. Contudo, o fato de o apóstolo ser educado em Jerusalém, não significa necessariamente que ele não completou os estudos formais comuns aos jovens de Tarso. Para retomar de outro modo a generalidade do problema, a dificuldade de se encontrar os elementos retóricos mais sofisticados e apurados nas epístolas, justifica-se por elas não serem tratados retóricos formais, mas escritos desenvolvidos para dirimir dúvida e controvérsias pontuais nas igrejas cristãs citadinas. Paulo as escreve na urgência do trabalho missionário, como justifico em nossa obra Igreja: Identidade e Símbolos.[xvi] É óbvio que os escritos de Paulo testificam da genialidade de seu autor. Dificilmente alguém negaria ao apóstolo o status de pessoa educada e instruída na filosofia, retórica e composição literária. De modo geral, em círculos mais ortodoxos, a cristandade está mais disposta a aceitar a posição de Hock do que a de Bruce e Forber, muito embora alguns especialistas prefiram o contrário.

Controvérsias à parte, independente de Paulo ter cursado ou não uma universidade em Tarso, ele era um teólogo e homem extremamente culto. E as influências culturais de ser criado em uma cidade cosmopolita, que se orgulhava de seu sistema de ensino e de seus filósofos, deixaram marcas indeléveis no jovem judeu de Tarso.

Todavia, Paulo mostra-se reticencioso no emprego de sua educação na formação das igrejas cristãs citadinas. Apesar de encontrarmos diversos recursos estilísticos e retóricos no epistolário paulino, o apóstolo recusava-se, como afirmou Ronald F. Hock, a “incorporar a sabedoria mundana na sua pregação apostólica (1 Co 2.1-4).” [xvii]


Notas

[i] ROBERTSON, A.T. Épocas na vida de Paulo: um estudo do desenvolvimento na carreira de Paulo. 2.ed., Rio de Janeiro: JUERP, 1982, p.17.

[ii] BRUCE, F.F.Merece confiança o Novo Testamento? São Paulo: Edições Vida Nova, 1965, p. 102.

[iii] RENAN, Ernest. Histoire des Origines du Christianisme (33-45): Les Apotres. Paris: Calmann-Lévy, Éditeurs [?], p.163.

[iv] FABRIS, Rinaldo. Para ler Paulo. São Paulo: Edições Loyola, 1996, p.7.

[v] Id.Ibid., p.7-12.

[vi] Em At 21.39, Paulo refere-se a Tarso como “cidade pouco célebre na Cilícia”, provavelmente faz jus a Estrabão que da cidade dissera, “ela pode reivindicar o nome e o prestígio de metrópole da Cilícia”; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.

[vii] Ver PFEIFFER, C. F. (et al.) Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.1884.

[viii] Descrição geográfica e histórica da cidade de Tarso feita por Estrabão, Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.

[ix] Estrabão afirma que a cidade possuía dois grandes intelectuais de mesmo nome, o citado é Athenodoro Cananita, tutor e conselheiro de Augusto, e o outro é o Estóico, companheiro de Cato, o jovem; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.

[x] MURPHY-O’CONNOR, Jerome. Paulo, biografia crítica. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p.50.

[xi] BENTHO, Esdras C. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. 9.ed.,Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.196-198; ver ainda CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeias, 1995, p.377, vl. III, Atos a Romanos.

[xii] BRUCE, F.F. Paulo nos Atos e nas Cartas. In: HAWTHORNE, Gerald F.; MARTIN, R.P.; REID, D.G. (orgs.) Dicionário de Paulo e suas Cartas. São Paulo: Paulus, Vida Nova, Edições Loyola, 2008, p.940.

[xiii] FORBES, Christopher. Paulo e a comparação retórica. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.133.

[xiv] HOCK, Ronald F. Paulo e a educação greco-romana. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.185.

[xv] HOCK, Ronald F. Id. Ibid, p.186,187.

[xvi] BENTHO, Esdras C. Igreja: Identidade e Símbolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

[xvii] HOCK, Ronald F.Id. Ibid, p.171.

 

 

 

 

 

 

 

 

As Viagens Missionárias de Paulo

As viagens e vicissitudes de Paulo para pregar o Evangelho aos Gentios

A igreja cristã primitiva evangelizou o mundo greco-romano aproximadamente em trintas anos. O imperativo missionário de Atos 1.8 (ver Mt 28.19,20; Mc 16.15-18) era uma ordem que não admitia contestação e indolência. Portanto, os discípulos, movidos pelo Espírito Santo, preocuparam-se com o imediato cumprimento da evangelização do mundo. Embora as viagens evangelísticas tenham início com Filipe (At 8.5-40) e Pedro (At 9.32 – 11.1), somente com as incursões missionárias de Paulo entre os gentios é que elas se estabeleceram como um método para se chegar à Ásia Menor, Europa, Roma e aos confins da terra. 

I. A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 13 – 14)

1. De Antioquia a Chipre (At 13.1-12). A primeira viagem missionária de Paulo ocorre depois de seu comissionamento pelo Espírito Santo (vv.2,3). Juntamente com Barnabé, a partir de Selêucia, porto marítimo de Antioquia, Paulo parte em direção à Ásia Menor, sob a orientação do Espírito Santo (v. 4). Com isto Lucas quer demonstrar que o verdadeiro protagonista da missão evangelística é o Espírito Santo (v.9). Ao chegar a Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em Salamina, uma cidade marítima com uma grande população judaica, e anunciam a Palavra do Senhor aos judeus na sinagoga da região. Indo em direção à ilha de Pafos, pregavam o evangelho nos povoados adjacentes. Pafos, a capital administrativa de Chipre, era supersticiosa e tinha como padroeira a deusa do amor e da libertinagem, Vênus. Aqui, a força do evangelho enfrenta a resistência das forças malignas e desmascara o falso profeta Elimas, o encantador, resultando na conversão de Sérgio Paulo, governador da província. O propósito de Lucas é afirmar que o evangelho de Jesus não se confunde com o sincretismo grego, e a força do mal não impedirá a graça triunfante da cruz. De agora em diante, Saulo, chamar-se-á Paulo (vv.2,7,9,13).

2. De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52). De Pafos, subindo o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília e devotos de Diana (Ártemis), deusa da caça, cujo templo ficava em uma colina. Afastado da cidade central, no interior, havia povos primitivos e idólatras. Suspeita-se que João Marcos abandonara a comitiva por medo desses bárbaros (vv.5,13). Depois de viajar 160km, Paulo chega a Antioquia da Pisídia, cidade com grande comunidade judaica e posto militar romano avançado. Na sinagoga local, prega aos judeus da dispersão, convencendo a muitos, judeus e prosélitos. No sábado seguinte, uma grande multidão ajuntou-se para ouvir a Palavra de Deus, mas os judeus, blasfemando, incitaram algumas pessoas contra Paulo e o expulsaram da cidade. Mas os discípulos, cheios de alegria e do Espírito Santo, partiram para Icônio. Mais uma vez, Lucas registra que o Espírito Santo está dirigindo a comitiva santa.

3. De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28). Icônio era uma cidade estratégica para a difusão do evangelho pelo fato de unir as cidades de Éfeso, Tarso, Antioquia e o Oriente. Paulo mais uma vez evangeliza os judeus da dispersão na sinagoga local e, como anteriormente, muitos creem enquanto uns se dividem a favor dos apóstolos e outros dos judeus. Temendo por suas vidas, Paulo e Barnabé fogem para Listra e Derbe, cidades da Licaônia. Listra ficava cerca de 30km de Icônio e, desde 6.a.C. era colônia militar romana. Nessa cidade, que adorava o deus grego Zeus, os missionários dirigiram-se aos pagãos nativos, que falavam licaônico, e curaram um portador de necessidades especiais de nascença. A população pagã imediatamente atribuiu o milagre à encarnação dos deuses Zeus e Hermes e, sem sucesso, tentaram oferecer sacrifícios aos missionários. Paulo justifica-se e anuncia o evangelho. Contudo, uma turba de judeus e gentios, procedentes de Antioquia e Icônio, apedrejam os apóstolos, dando-os como mortos. No dia seguinte, Paulo e Barnabé, dirigem-se a Derbe, e muitos se convertem. Em vez de retornarem a Antioquia pelas “Portas de Cílicia”, via Tarso, preferem passar pelas cidades anteriores confirmando a fé dos discípulos.

II. A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 15.36 – 18.28)


1. Em direção à Ásia (15.36–16.8). Após a ruptura com Barnabé, Paulo prossegue na companhia de Silas e, em Listra, une-se a ele o jovem Timóteo. Partindo de Antioquia, dirigem-se à Síria confirmando às igrejas na fé e informando-as a respeito da resolução do Concílio de Jerusalém (vv.4,5), uma vez que havia grandes comunidades judaicas nessas regiões. Passam pela região da Frígia e da Galácia, mas o Espírito Santo interrompe o itinerário por eles estabelecido e apresenta-lhes um novo projeto. São impedidos de evangelizar nas regiões da Ásia e seguem em direção a Mísia. De lá, intentam ir a Bitínia, mas o Espírito Santo impede-os mais uma vez. Seguem, portanto, para Trôade, na costa do mar Egeu e local mais próximo da Europa.

2. Em direção à Europa (16.12–18.18). Em Trôade, Paulo é orientado a seguir para a Macedônia. Em direção a Filipos, passa por Samotrácia e Neápolis até chegar ao destino proposto. Em Filipos, primeira cidade da Macedônia e marco da obra na Europa, Lídia, a primeira europeia convertida ao evangelho, constrange os apóstolos a hospedarem-se em sua casa. Nessa cidade, assim como acontecera em Salamina, libertam uma jovem que tinha espírito de adivinhação. Como consequência, os apóstolos foram encarcerados. Na prisão, Paulo e Silas adoravam a Deus quando, sobrenaturalmente, um terremoto abriu as portas do cárcere. Esse episódio foi responsável pela conversão do carcereiro e, depois, quando os apóstolos foram libertos, de toda sua família. De Lídia seguiram a Tessalônica, passando por Anfípolis e Apolônia. Desta última, caminhou a pé 64km até chegar em Tessalônica. Na sinagoga local evangelizaram os judeus, os gregos religiosos e algumas mulheres importantes, até que os judeus incrédulos incitaram a multidão contra eles. Forçados, saíram da cidade em direção a Bereia, evangelizando judeus, gregos e mulheres na sinagoga da cidade. Novo tumulto força Paulo a deslocar-se para Atenas, entretanto, Silas e Timóteo permaneceram na cidade. Em Atenas, capital da Ática e centro cultural, Paulo se comove observando a idolatria dos atenienses. O discurso de Paulo no Areópago é um dos mais belos e cultos sermões cristãos. Contudo, a vaidade cultural, a corrupção dos costumes, e a falta de compreensão a respeito da ressurreição impediram os atenienses de responderem positivamente à fé cristão; poucos converteram-se.

3. Regresso (18.18-22). De Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto, a mais importante metrópole da Grécia. Lá conheceu o casal Aquila e Priscila. E todos os sábados anunciava o evangelho aos judeus e gentios da cidade, resultando na conversão de Crispo, o principal da sinagoga. A estadia de Paulo na cidade foi de um ano e seis meses. Dali despediu-se dos irmãos indo em direção a Éfeso, na província da Lídia, passou por Cesareia e Jerusalém até chegar a Antioquia.

III. A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA E VIAGEM ROMA (AT 18.23 – 28.31)

1. De Antioquia a Macedônia (18.23 – 20.3).
 De Antioquia, Paulo dirigiu-se a Éfeso, a fim de fortalecer a igreja local. Alguns discípulos nada sabiam a respeito do Espírito Santo. Paulo além de ensiná-los, orou para que eles recebessem o dom do Espírito. Imediatamente o Espírito desceu sobre eles, outorgando-lhes os dons sobrenaturais. Além do fortalecimento da igreja, muitos sinais e maravilhas, conversões e manifestações públicas de fé ocorreram em Éfeso. A superstição, a idolatria e a magia foram vencidas nessa cidade. Diz Lucas que “a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.20). Paulo segue para Trôade e, a seguir, dirige-se à Macedônia.


2. De Filipos a Jerusalém (20.6 – 21.17). Nessa seção do livro de Atos, Paulo está regressando de sua terceira viagem missionária. Visita a Macedônia, a Grécia e, logo a seguir, retorna a Ásia (20.1-6). Os fatos marcantes desse regresso são: o longo discurso de Paulo, a ressurreição de Êutico, e a pregação aos anciãos de Éfeso. Paulo desde já alertara a igreja que ele não seria mais visto pela igreja (v.38).  Depois de passar por algumas regiões, embora fosse avisado para que não fosse a Jerusalém, cumpre seu intento e é preso pela turba judaica. Paulo discursa em sua defesa e comparece diante do Sinédrio. Todavia, o Senhor o fortalece e anuncia que importa que ele vá a Roma anunciar o evangelho.

3. Viagem a Roma (23.31-33; 27 – 28.31). A viagem de Paulo a Roma é precedida de vários episódios e discursos importantes. Comparece perante Festo e ali apela para César; apresenta-se ao rei Agripa e o evangeliza. Agripa reconhece diante de Festo a inocência de Paulo, mas é forçado a enviá-lo a Roma. Em Roma fica preso em sua própria casa durante dois anos, “pregando o Reino de Deus e ensinando com toda liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (28.31).

A história das viagens missionárias de Paulo é, na verdade, a história dos Atos do Espírito Santo na vida desse intrépido servo de Deus. O Espírito Santo ainda opera as mesmas maravilhas narradas em Atos, basta apenas alguém solícito clamar: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.

 

 

 

 

Crescimento sem profundidade

O estado da igreja evangélica atual

 

Acabo de ler o último livro de John Stott (1921-2011). Publicado em 2010, O Discípulo Radical traz o adeus singelo e carinhoso do teólogo inglês: “Ao baixar minha caneta pela última vez (literalmente, pois confesso não usar computador), aos 88 anos, aventuro-me a enviar essa mensagem de despedida aos meus leitores. Sou grato pelo encorajamento, pois muitos de vocês me escreveram”. Algumas linhas adiante, despede-se ele de seus amigos e discípulos: “Mais uma vez, adeus”. O livro não é só despedida; é um alerta grave e urgente à nossa cristandade. Ao descrever o perfil da igreja evangélica atual, o irmão Stott, já bastante apreensivo, preferiu ser econômico nas palavras: “Crescimento sem profundidade”.

Constranjo-me a concordar com a análise de Stott. Sei que não devo generalizar, pois ainda há rebanhos sadios e bem nutridos. Mas a verdade é que nunca as igrejas estiveram tão cheias de crentes tão vazios. O que está acontecendo conosco? De imediato, seja-me permitido apontar dois fatores que vêm orfanando os filhos de Deus: a substituição do Cristo eterno pelo Jesus secular e a retirada da cruz da mensagem evangélica.         

 

Ao invés do Cristo eterno, o Jesus secular

O maior inimigo de Cristo na presente década é o Jesus que nós, evangélicos, criamos no século passado. Parece que, no armário de nossa teologia, há sempre um “Jesus” pronto a justificar-nos todos os disparates e ambições. Tal Jesus, porém, está longe do Cristo morto e ressurreto do Evangelho. O interessante é que, há bem pouco tempo, não poupávamos ataques ao Jesus comunista da Teologia da Libertação. Mas acabamos por inventar um bem pior. Capitalista e terreno, nosso Jesus desenvolveu uma ação preferencial pelos ricos, e já não se acanha em especular na bolsa dos valores invertidos e efêmeros. Ele induz o povo de Deus a transformar pedras em pães, a saltar do pináculo do templo e a curvar-se ante o príncipe desta geração – o maldito e perverso Mamom. 

Na promoção do Jesus capitalista, alguns mestres e doutores estão tornando o rebanho de Deus dependente de um cristianismo sem Cristo: é o ópio do atual evangelicalismo. Não foi essa, porém, a mensagem que Paulo expôs aos coríntios. Professando estar comprometido com o evangelho genuíno e radical, escreve o apóstolo: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).

Se quisermos um crescimento com profundidade, temos de nos voltar, com urgência, ao Cristo anunciado pelos santos apóstolos: morto, crucificado e ressurreto. O Jesus do Calvário é insubstituível e inimitável.

 

Ao invés da Palavra de Deus, a palavra do homem

Quem prega um Jesus diferente do Cristo apostólico acabará por expor um evangelho estranho à mensagem da cruz. Assim como a Lei de Moisés nada era sem os Dez Mandamentos, de igual modo o Sermão do Monte: de nada nos valerão suas bem-aventuranças sem as reivindicações éticas do Mestre. Logo, não posso aceitar uma mensagem politicamente correta se, profeticamente, for inconsistente e permissiva. Afinal, fomos chamados a atuar como homens de Deus e não a representar como homens do povo. Nosso compromisso é com a Palavra de Deus.

Na ânsia por aumentar seus rebanhos, há pastores que retiram a cruz de suas mensagens, tornando-as mais palatáveis. Já descompromissados com o Sumo Pastor, não mais falam o que os crentes necessitam ouvir, mas o que os seus clientes querem escutar. Se estes não mais suportam a sã doutrina e, acriticamente, consomem o que lhes chega ao aprisco, por que se afadigar em servir-lhes o genuíno alimento espiritual? Ao invés do texto bíblico, um pretexto casuístico e oportunista. Não sei que nome dar a esse tipo de sermão. De uma coisa, porém, não tenho dúvidas: deve ser muito eficiente, porque infla as igrejas e engorda os rebanhos. Nesses currais, porém, as ovelhas não são fortes: são obesas de si mesmas. Embora comam muito, alimentam-se mal. Acham-se à beira da inanição. A mensagem pode ser eficiente, mas é ineficaz para nutrir as almas que anseiam por Deus.

Em toda a história da Igreja Cristã, nunca se consumiu tantos livros e sermões. E, apesar disso, nunca se viu tantos crentes gordos de si e magros de Deus. Essa gente enche os templos e inflaciona as estatísticas, gerando um crescimento raso.

Não sou contra o aumento do rebanho de Cristo. Se o Evangelho é pregado é natural que se distendam os redis. Haja vista a Igreja Primitiva. Passados trinta anos, desde o Pentecostes, as conversões multiplicaram-se em Jerusalém, tomaram toda a Judeia e Samaria, alcançando os confins da terra. Aliás, havia convertidos até mesmo na casa de César. Mas era crescimento profundo e radical – enraizado na doutrina dos santos apóstolos.

Só pode haver crescimento genuíno com maturidade espiritual. Há uma grande diferença entre o fruto que por si mesmo amadurece e o que é posto na estufa. Este pode ser até maior, mas jamais terá a doçura daquele. Infelizmente, muitas igrejas tornaram-se estufas de crentes. Suas mensagens, geradas em eficientes departamentos de marketing, engrandecem o homem e diminuem Deus, exaltam a bênção e humilham o Abençoador, menosprezam a doutrina da santificação por já não prezarem o santíssimo Deus.

 

Aferindo a qualidade do rebanho de Cristo

Temos de aferir nossa qualidade não pelas estatísticas, e, sim, pela doutrina dos apóstolos. Antes recorríamos à Bíblia e, humildemente, cotejávamos a nossa vida de acordo com a Palavra de Deus. Hoje, buscamos os gráficos do IBGE e nos aborrecemos quando nossas expectativas não são cumpridas. Dessa forma, viemos a substituir o imperioso “ide” do Mestre por metas empresariais. E, sempre que estas são batidas, distribuímos galardões: reajustes salariais, viagens e presentes. Se continuarmos assim, não estou certo se haverá alguma coisa a recebermos no Tribunal de Cristo, pois a nossa premiação eterna já está sendo usufruída no tempo.

John Stott não estava errado. A igreja evangélica cresceu e já é contada aos milhões. Somos, de fato, um oceano vasto, azul e belo. Infelizmente, tal oceano pode ser atravessado com as águas pelos artelhos. Quem dera fôssemos como o poço de Jacó! Não tinha a boca grande nem arrogante. Sua profundidade, contudo, era insondável. Para que isso venha a acontecer, faz-se urgente que voltemos ao Cristo de Deus, e deixemos de lado os “jesuses” que, todos os dias, tiramos de nossa prateleira teológica. Além disso, faz-se urgente recolocarmos a cruz em nossas mensagens.

Se agirmos assim, nosso crescimento terá a profundidade do rio de Ezequiel. De caudaloso e insondável, terá de ser transposto a nado. Basta de pregarmos o que o povo quer ouvir. Falemos o que as pessoas precisam escutar. Além do mais, na Igreja não temos clientes, mas ovelhas ansiosas por ouvir o Bom Pastor

notas fonte  cpad news