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teologia doutrina da predestinação Arminianismo
teologia doutrina da predestinação Arminianismo

                                           Predestinação 

A Palavra "predestinação" nem sempre é utilizada no mesmo sentido. Ás vezes é empregada simplesmente como sinônimo da palavra geral "decreto". Noutros casos, serve para designar o propósito de Deus com respeito a todas as Suas criaturas morais. Mais freqüentemente, porém, denota "o conse­lho de Deus concernente aos homens decaídos, incluindo a eleição soberana de uns e ajus­ta reprovação dos restantes". Na presente discussão, o termo é utilizado primariamente no último sentido acima, embora sem excluir totalmente o segundo sentido. 

A. A Doutrina da Predestinação na História. 

A predestinação não constituiu um importante assunto de discussão na história até o tempo de Agostinho. Os primeiros pais da igreja, assim chamados, aludem a ela, mas em termos que fazem pensar que não tinham ainda uma clara concepção do assunto. Em geral a consideravam como a presciência de Deus com referência aos atos humanos, baseado na qual Ele determina o seu destino futuro. Daí, foi possível a Pelágio recorrer a alguns da­queles primeiros pais. "Segundo Pelágio", diz Wiggers, "a predeterminação da salvação ou condenação, funda-se na presciência. Conseqüentemente, ele não admitia uma 'predesti­nação absoluta', mas, em todos os aspectos, uma 'predestinação condicional'."  A princí­pio, o próprio Agostinho estava inclinado a esta maneira de ver, mas uma profunda re­flexão sobre o caráter soberano do beneplácito de Deus levou-o a ver que a predestinação não dependia de modo algum da presciência divina das ações humanas, mas, antes, era a base da presciência de Deus. A sua apresentação da reprovação não é tão livre de am­bigüidade como devia. Algumas das suas declarações fazem supor que na predestinação Deus conhece previamente o que Ele mesmo fará, conquanto também possa pré-conhecer o que Ele não fará - como no caso de todos os pecados; e fala dos eleitos como objetos da predestinação, e dos reprovados como objetos da presciência divina. Contudo, noutras passagens, ele fala também dos reprovados como objetos da predestinação, de sorte que não pode haver dúvida de que ele ensinava a dupla predestinação. Entretanto, ele reco­nhecia a diferença que existe entre ambas, diferença que consiste em que Deus não predestinou uns para a condenação e os meios para esta do mesmo modo como predestinou outros para a salvação, e em que a predestinação para a vida é um ato puramente sobera­no, ao passo que a predestinação para a morte eterna é também judicial e leva em conta o pecado do homem.

 O conceito de Agostinho encontrou muita oposição, particularmente na França, onde os semipelagianos, embora admitindo a necessidade da graça divina para a salvação, reafirmavam a doutrina de uma predestinação baseada na presciência. E os que se incumbiam da defesa de Agostinho sentiam-se constrangidos a ceder nalguns pontos importantes. Não faziam justiça à doutrina da dupla predestinação. Somente Gottschalk e alguns dos seus amigos a sustentavam, mas a sua voz foi logo silenciada, e o semipelagianismo passou a dominar, pelo menos entre os líderes da igreja. Nos fins da Idade Média, ficou bem evi­dente que a Igreja Católica Romana admitiria ampla latitude quanto à doutrina da predes­tinação. Conquanto os seus mestres sustentassem que Deus queria a salvação de todos os homens, e não apenas dos eleitos, podiam igualmente, com Tomaz de Aquino, mover-se na direção do agostinianismo, quanto à predestinação, ou, com Molina, seguir o curso do se­mipelagianismo, como melhor lhes parecesse. Significa que, mesmo no caso daqueles que, como Tomaz de Aquino, criam na dupla e absoluta predestinação, esta doutrina não podia ser desenvolvida coerentemente e não podia ser posta como fator determinativo do restan­te da sua teologia. 

Todos os reformadores do século dezesseis defenderam a mais estrita doutrina da predestinação. Esta afirmação é verdadeira mesmo quanto a Melanchton, em seu período inicial. Lutero aceitava a doutrina da predestinação, se bem que a convicção de que Deus queria que todos os homens fossem salvos o levou a enfraquecer um tanto a doutrina da predestinação nos últimos tempos da sua existência. Ela foi desaparecendo gradativamente da teologia luterana, que agora a considera, total ou parcialmente (reprovação), como condicional. Calvino sustentou firmemente a doutrina agostiniana da predestinação dupla e absoluta. Ao mesmo tempo, em sua defesa da doutrina contra Pighius, deu ênfase ao fa­to de que o decreto concernente à entrada do pecado no mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto de reprovação deve ter sido elaborado de maneira que Deus não fosse o autor do pecado, nem responsável por este, de modo nenhum. As confissões reformadas (calvinistas) são notavelmente coesas na incorporação desta doutrina, conquanto não a apresentem todas com igual plenitude e precisão. Em conseqüência da investida arminiana contra a doutrina, os Cânones de Dort contêm uma minuciosa exposição dela. Nas igrejas do tipo arminiano, a doutrina da predestinação foi suplantada pela doutrina da predesti­nação condicional.

 A partir da época de Schleiermacher, a doutrina da predestinação recebeu formulação inteiramente diversa. A religião foi considerada como um sentimento de dependência absoluta, um Hinneigung zum Weltall, uma consciência de completa dependência da causalidade própria da ordem natural, com suas leis invariáveis e suas causas secundárias, que predeterminam todas as resoluções e ações humanas. E a predestinação foi identificada com esta predeterminação feita pela natureza ou pela conexão causal universal que há no mundo. Não há severidade exagerada na fulminante acusação feita por Otto a esse con­ceito: "Não pode haver um produto mais espúrio da especulação teológica do que este, nem uma falsificação mais fundamental das concepções religiosas do que esta; e certamen­te não é contra esse modo de ver que o racionalista se sente em antagonismo, pois ele pró­prio é uma peça de sólido racionalismo, mas constitui, ao mesmo tempo, um completo abandono da verdadeira idéia religiosa de 'predestinação'." Na teologia modernista, a doutrina da predestinação não encontra apoio real. Ou é rejeitada ou sofre tal mudança que fica irreconhecível. G. B. Foster a rotula de determinismo; Macintosh a apresenta como uma predestinação de todos os homens a se conformarem à imagem de Jesus Cristo; e outros a reduzem a uma predestinação a certos ofícios ou privilégios.

 Em nossos dias, Barth voltou a dirigir a atenção à doutrina da predestinação, mas sua elaboração dela nem de longe se relaciona com a de Agostinho e Calvino. Com os reformadores ele sustenta que esta doutrina acentua a soberana liberdade de Deus em Sua eleição, revelação, vocação, e assim por diante. Ao mesmo tempo, não vê na predesti­nação uma predeterminada separação feita entre os homens, e não entende a eleição como uma eleição particular, como a entendia Calvino. Dá prova disso o que ele diz na página 332 da sua Roemerbrief. Daí dizer Camfield, em seu Essay inBarthian Theology (Ensaio Sobre a Teologia Bartiana), intitulado: Revelation and the Hofy Spirit (A Revelação e o Espírito Santo): "É preciso salientar que a predestinação não significa a seleção de certo número de pessoas para a salvação e das restantes para a condenação, segundo a determi­nação de uma vontade desconhecida e incognoscível. Essa idéia não pertence à predesti­nação propriamente dita". A predestinação leva o homem a uma crise, no momento da re­velação e da decisão. Ela o condena na relação em que, por natureza, ele se acha com Deus, como pecador, e nessa relação o rejeita, mas o escolhe na relação à qual ele é cha­mado em Cristo, e para a qual ele foi destinado na criação. Se o homem reage positiva­mente à revelação de Deus, pela fé, ele é o que Deus tencionava que fosse: um eleito; mas se reage negativamente, continua sendo um reprovado. Mas, desde que o homem está sempre em crise, o perdão incondicional e a rejeição completa continuam a aplicar-se si­multaneamente a cada um. Esaú pode tornar-se Jacó, mas Jacó pode tornar a ser Esaú. Diz McConnachie: "Para Barth e, como ele acredita, para Paulo, o indivíduo não é objeto de eleição ou reprovação, mas é, antes, a arena da eleição ou da reprovação. As duas de­cisões encontram-se dentro do mesmo indivíduo, mas, de modo tal que, visto do lado hu­mano, o homem é sempre reprovado, mas, visto do lado divino, é sempre eleito.... A base da eleição é a fé. A base da reprovação é a falta de fé. Mas, quem crê? E quem não crê? A fé e a descrença estão fundadas em Deus. Estamos às portas do mistério".

 

B. Termos Bíblicos para a Predestinação. 

Os seguintes termos serão considerados aqui: 

1. A PALAVRA HEBRAICA yada' E AS PALAVRAS GREGAS ginoskeinproginoskein, e prognosisA palavrayada' pode significar simplesmente "conhecer" ou "tomar conhe­cimento" de alguém ou de alguma coisa, mas também pode ser empregada no sentido mais denso de "tomar conhecimento de alguém com amoroso cuidado", ou "fazer de alguém objeto de amoroso cuidado ou de amor eletivo". Neste sentido se presta para expressar a idéia de eleição, Gn 18.19; Am 3.2; Os 13.5. O sentido das palavras proginoskein e prognosis no Novo Testamento não é determinado pelo uso que delas é feito no grego clássico, mas pelo sentido especial de yada'. Elas não indicam simples previsão ou presciência intelectual, a mera obtenção de conhecimento de alguma coisa de antemão, mas, sim, um conhecimento seletivo que toma em consideração alguém favorecendo-o, e o faz objeto de amor, e, assim, aproxima-se da idéia de predeterminação, At 2.23 (comp. 4.28); Rm 8.29; 11.2; 1 Pe 1.2. Estas passagens simplesmente perderão o seu significado, se as palavras forem entendidas apenas no sentido de conhecer alguém antecipadamente, pois nesse sentido Deus conhece previamente todos os homens, Até os arminianos se sentem constrangidos a dar às palavras um sentido mais determinativo, a saber, conhecer previa­mente alguém com absoluta segurança, num certo estado ou condição. Este conhecimento prévio inclui a certeza absoluta desse estado futuro e, por essa mesma razão, chega bem perto da idéia de predestinação. E não somente as duas palavras acima referidas, mas até mesmo o simples verboginoskein tem esse significado específico em alguns casos, 1 Co 8.3; Gl 4.9; 2 Tm 2.19.

 2. A PALAVRA HEBRAICA bachar E AS PALAVRAS GREGAS eklegethai eklogeA ênfase destas palavras recai no elemento de escolha ou seleção do decreto de Deus con­cernente ao destino eterno dos pecadores, escolha acompanhada por beneplácito. Elas servem para indicar o fato de que Deus escolhe certo número de membros da raça humana e os coloca numa relação especial Consigo mesmo. Às vezes incluem a idéia de um cha­mamento para dado privilégio, ou a idéia do chamamento para a salvação; mas é um erro pensar, como o fazem alguns, que isto esgota o seu sentido. É mais que evidente que ge­ralmente se referem a uma eleição anterior e eterna, Rm 9.11; 11.5; Ef 1.4; 2 Ts 2.13.

 3. AS PALAVRAS GREGAS proorizein proorismosEstas palavras sempre se referem à predestinação absoluta. Diversamente das outras palavras, estas exigem comple­mento. Naturalmente surge a questão: Predeterminados para quê? Estas palavras sempre se referem à predeterminação do homem para certo fim, e pela Bíblia fica evidente que o fim pode ser bom ou mau, At 4.28; Ef 1.5. Contudo, o fim a que se referem não é neces­sariamente o fim último, mas, e com mais freqüência, é algum fim dentro do tempo, o qual, por sua vez, é un meio para o fim último, At 4.28; Rm 8.29;1 Co 2.7; Ef 1.5,11.

 4. AS PALAVRAS GREGAS protithenai e prothesisNestes vocábulos a atenção é dirigida ao fato de que Deus põe diante de Si um plano definido ao qual se apega firmemen­te. Referem-se claramente ao propósito de Deus, de predestinar certos homens para a salvação, em Rm 8.29; 9.11; Ef 1.9,11; 2 Tm 1.9.

 C. O Autor e os Objetos da Predestinação. 

1. O AUTOR. Indubitavelmente, o decreto da predestinação é, em todas as suas par­tes, um ato concomitante das três pessoas da Trindade, que são uma só em Seu conselho e em Sua vontade. Mas, na economia da salvação, como nos é revelada na Escritura, o ato soberano de predestinação é atribuído mais particularmente ao Pai, Jo 17.6, 9; Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Pe 1.2. 

2. OS OBJETOS DA PREDESTINAÇÃO. Em distinção do decreto geral de Deus, a predestinação só diz respeito às criaturas racionais de Deus. Mais freqüentemente se refe­re aos homens decaídos. Todavia, o termo é empregado num sentido mais amplo, e aqui o utilizamos no sentido mais abrangente, para incluir todos os objetos da predestinação. Es­ta inclui as criaturas racionais, isto é: 

a. Todos os homens, bons e mausNão meramente como grupos, mas como indiví­duos, At 4.28; Rm 8.29,30; 9.11-13; Ef 1.5,11. 

b. Os anjos, bons e mausA Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios, que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita menção de anjos eleitos, 1 Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não eleitos. Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predes­tinação dos anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo ge­ral que os anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança, ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmo­niza com a idéia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanece­rem santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de dife­rença entre a predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar na predestinação dos homens como infralapsária, a dos anjos só pode ser entendida como supralapsária. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de serviço) com Ele. 

c. Cristo como MediadorCristo foi objeto da predestinação no sentido de que:

(1) um amor especial do Pai, distinto do Seu usual amor ao Filho, estava sobre Ele, desde toda a eternidade, 1 Pe 1.20; 2.4;

(2) em Sua qualidade de Mediador, Ele era objeto do be­neplácito de Deus, 1 Pe 2.4;

(3) como Mediador, Ele foi adornado com a imagem especial de Deus, à qual os crentes devem conformar-se, Rm 8.29: e

(4) o Reino, com toda a sua glória, e os meios conducentes à sua posse, foram ordenados para Ele, para que Ele os passasse aos crentes, Lc 22.29.

 

D. As Partes da Predestinação. 

A predestinação inclui duas partes, a saber, eleição e reprovação, a predeterminação tanto dos bons como dos maus para o seu fim definitivo, e para certos fins próximos, que servem de instrumentos para o cumprimento do seu destino final. 

1. ELEIÇÃO. 

a. A idéia bíblica da eleiçãoA Bíblia fala de eleição em mais de um sentido. Há

(1) a eleição de Israel como povo, para privilégios especiais e serviço especial, Dt 4.37; 7.6-8; 10.15; Os 13.5.

(2) A eleição de indivíduos para algum ofício, ou para a realização de algum serviço especial, como Moisés Êx 3, os sacerdotes, Dt 18.5, os reis, 1 Sm 10.24; SI 78.70, os profetas, Jr 1.5, e os apóstolos, Jo 6.70; At 9.15.

(3) A eleição de indivíduos para serem filhos de Deus e herdeiros da glória eterna, Mt 22.14; Rm 11.5; 1 Co 1.27,28; Ef 1.4; 1 Ts 1.4; 1 Pe 1.2; 2 Pe 1.10. Esta última é a eleição aqui considerada como parte da predestinação. Pode-se definir como o ato eterno de Deus pelo qual Ele, em Seu sobe­rano beneplácito, e sem levar em conta nenhum mérito previsto nos homens, escolhe um certo número deles para receberem a graça especial e a salvação eterna. Mais resumida­mente, pode-se dizer que a eleição é o propósito de Deus, de salvar certos membros da ra­ça humana, em Jesus Cristo e por meio dele. 

b. Características da eleiçãoAs características da eleição e as dos decretos em geral são idênticas. O decreto da eleição é:

(1) Uma expressão da vontade soberana de Deus, do beneplácito divino. Significa, entre outras coisas, que Cristo como Mediador não é a causa impulsora, motriz ou meritória da eleição, como alguns têm asseverado. Pode-se-lhechamar causa mediata da concretização da eleição, e causa meritória da sal­vação para a qual os crentes foram eleitos, mas Ele não é a causa motriz ou meritória da eleição propriamente dita. Isso é impossível, visto que Ele mesmo é objeto da predestinação e eleição, e porque, quando se incumbiu da Sua obra mediatária no Conselho de Re­denção, já fora fixado o número dos que Lhe foram dados. A eleição precede logicamente ao Conselho de Paz. O amor eletivo de Deus precede ao envio do Seu filho, Jo 3.16; Rm 5.8; 2 Tm 1.9; 1 Jo 4.9. Ao dizer-se que o decreto da eleição se origina no benepláci­to divino, exclui-se também a idéia de que ela é determinada por alguma coisa existente no homem, como a fé ou as boas obras previstas, Rm 9.11; 2 Tm 1.9.

(2) É imutável e, por­tanto, torna segura e certa a salvação dos eleitos. Deus executa o decreto da eleição com a Sua própria eficiência, pela obra salvadora que realiza em Jesus Cristo. É Seu propósito que certos indivíduos creiam e perseverem até o fim, e Ele assegura este resultado pe­la obra objetiva de Cristo e pelas operações subjetivas do Espírito Santo, Rm 8.29, 30; 11.29; 2 Tm 2.19. É o firme fundamento de Deus que permanece, "tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem". E, como tal, é fonte de abundante consolação para os crentes. Sua salvação não depende da sua obediência incerta, mas tem a garantia do propósito imutável de Deus.

(3) É eterna, isto é, desde toda a eternidade. Esta elei­ção divina jamais deve ser identificada com alguma seleçãotemporal, seja para o gozo da graça especial de Deus nesta vida, seja para privilégios especiais e serviços de respon­sabilidade, seja para a herança da glória por vir, mas, antes, deve ser considerada eterna, Rm 8.29, 30; Ef 1.4, 5.

(4) É incondicional. A eleição não depende de modo algum da fé ou das boas obras humanas previstas, como ensinam os arminianos, mas exclusi­vamente do soberano beneplácito de Deus, que é também o originador da fé e das boas obras, Rm 9.11; At 13.48; 2 Tm 1.9; 1 Pe 1.2. Desde que todos os homens são pecado­res e perderam o direito às bênçãos de Deus, não há base para essa distinção neles; e desde que até a fé e as boas obras dos crentes são fruto da graça de Deus, Ef 2.8, 10; 2 Tm 2.21, mesmo estas, como previstas por Deus, não podem fornecer a referida base.

(5) É irresistível. Não significa que o homem não possa opor-se à sua execução até certo ponto, mas significa, sim, que a sua oposição não prevalecerá. Tampouco significa que Deus, na execução do Seu decreto, subjuga de tal modo a vontade humana que seja incoerente com a liberdade da ação humana. Significa, porém, que Deus pode exercer e exerce tal influência sobre o espírito humano que o leva a querer o que Deus quer, Sl 110.3; Fp 2.13.

(6) Não merece a acusação de injustiça. O fato de que Deus favorece alguns e passa por alto outros, não dá direito à acusação de que sobre Ele pesa a culpa de agir com injustiça. Só podemos falar de injustiça quando uma parte pode reivindicar algo de outra. Se Deus devesse o perdão do pecado e a vida eterna a todos os homens, seria injustiça se Ele salvasse apenas um número limitado deles. Mas o pecador não tem, absolutamente, nenhum direito ou alegação que possa apresentar quanto às bên­çãos decorrentes da eleição divina. De fato, ele perdeu o direito a essas bênçãos. Não somente não tem direito de pedir contas a Deus por eleger uns e omitir outros, como também devemos admitir que Eleseria perfeitamente justo, se não salvasse ninguém, Mt 20.14,15; Rm 9.14,15. 

c. O propósito da eleiçãoO propósito desta eleição eterna é duplo:

(1) O propósi­to próximo é a salvação dos eleitos. A Palavra de Deus ensina claramente que o homem é escolhido ou eleito para a salvação, Rm 11.7-11; 2 Ts 2.13.

(2) O objetivo final é a glória de Deus. Mesmo a salvação dos homens está subordinada a esta finalidade. Em Ef 1.6, 12, 14 dá-se muita ênfase ao fato de que a glória de Deus é o supremo pro­pósito da graça da eleição. O evangelho social dos dias atuais gosta de salientar que o homem é eleito para servir. Na medida em que isto vise a negar que a eleição do homem é para a sua salvação e para a glória de Deus, é claramente contrário à Escritu­ra. Entretanto, entendida pelo que ela é em si mesma, sem segundas intenções, a idéia de que os eleitos foram predestinados para servir ou para as boas obras é inteiramente escriturística, Ef 2.10; 2 Tm 2.21; mas esta finalidade é subserviente às finalidades já indicadas.

 

2. REPROVAÇÃO

Os nossos padrões confessionais não falam somente de eleição, mas também de reprovação. Agostinho ensinou a doutrina da reprovação, bem como a da eleição, mas essa "dura doutrina" enfrentou muitíssima oposição. Em geral os católicos romanos, e a grande maioria dos luteranos, arminianos e metodistas, rejeitam esta doutrina em sua forma absoluta. Se ainda falam de reprovação, é somente de uma reprovação ba­seada na presciência. É mais que evidente que Calvino tinha consciência da seriedade des­ta doutrina, pois fala dela como um "decretum horribile" (decreto terrível). Não obstan­te, não se sentiu com liberdade para negar o que ele considerava uma importante verdade da Escritura. Em nossos dias, alguns eruditos que se arrogam filiação à fé reformada, calvinista, levantam obstáculos a esta doutrina. Barth ensina uma reprovação que depende da rejeição humana da revelação de Deus em Cristo. Brunner parece ter um conceito mais bíblico da eleição que Barth, mas rejeita inteiramente a doutrina da reprovação. Admite que ela se deduzlogicamente da doutrina da eleição, mas adverte contra a direção da lógi­ca humana neste caso, desde que a doutrina da reprovação não é ensinada na Escritura. 

a. Exposição da doutrinaPode-se definir a reprovação como o decreto eterno de Deus pelo qual Ele determinou deixar de aplicar a um certo número de homens as ope­rações da Sua graça especial, e puni-los por seus pecados, para a manifestação da Sua justiça. Os seguintes pontos merecem ênfase especial:

(1) Há dois elementos na repro­vação. Segundo a descrição mais comum na teologia reformada (calvinista), o decreto da reprovação compreende dois elementos, a saber, a preterição, ou determinação de deixar de lado alguns homens; e acondenação (às vezes chamada pré-condenação) ou determi­nação de punir os que são deixados de lado - puni-los por seus pecados. Como tal, o de­creto incorpora um dúplice propósito:

(a) deixar de lado alguns na dádiva da graça regeneradora e salvadora; e

(b) destiná-los à desonra e à ira de Deus pelos seus pecados. A Confissão Belga só menciona o primeiro propósito, mas os Cânones de Dort mencionam os dois. Alguns teólogos reformados gostariam de omitir o segundo elemento do decreto da reprovação. Dabney prefere considerar a condenação dos ímpios como prevista e co­mo intencional resultado da sua preterição, privando, assim, a reprovação do seu caráter positivo; e Dick é de opinião que o decreto para condenar deve ser considerado como um decreto à parte, e não como parte integrante do decreto da reprovação. Parece-nos, porém, que não temos base para excluir o segundo elemento do decreto da reprovação, nem para considerá-lo um decreto diferente. O lado positivo da reprovação é ensinado com tanta clareza na Escritura como o oposto da eleição, que não podemos considerá-las como algo puramente negativo, Rm 9.21, 22; Jd 4. Contudo, devemos notar diversos pontos de distinção entre os dois elementos do decreto da reprovação:

(a) A preterição é um ato soberano de Deus, um ato do Seu puro e simples beneplácito, em que os deméritos do homem não entram em consideração, ao passo que a pré-condenação é um ato judicial, que impõe castigo. Até ossupralapsários se dispõem a admitir que na condenação o pecado é levado em conta,

(b) O motivo da preterição é desconhecido para o homem. O peca­do não pode ser, pois todos os homens são pecadores. Podemos dizer apenas que Deus passou por alto alguns por sábias e boas razões, suficientes para Ele. Por outro lado, o motivo da condenação é conhecido: é o pecado,

(c) À preterição é puramente passiva, um simples deixar de lado, sem nenhuma ação exercida sobre o homem, mas a condenação é eficiente e positiva. Os que são deixados de lado são condenados por causa do seu pecado.

(2) Devemos, porém, estar vigilantes contra a idéia de que, como a eleição e a reprovação determinam com certeza absoluta o fim para o qual o homem é predestinado e os meios pelos quais esse fim é atingido, também implicam que, tanto no caso da reprovação como no da eleição, Deus faz acontecer, por Sua eficiência pessoal e direta, tudo quanto Ele de­cretou. Significa que, conquanto se possa dizer que Deus é o Autor da regeneração, da vocação eficaz, da fé, da justificação e da santificação dos eleitos e, portanto, mediante Sua ação direta sobre eles, leva a eleição deles à realização concreta, não se pode dizer que Ele é também o autor da Queda, da condição iníqua e dos atos pecaminosos dos reprova­dos, agindo diretamente sobre eles e, portanto, sendo o responsável direto por isso tudo, efetuando a concretização da reprovação deles. Sem dúvida nenhuma, o decreto de Deus deu certeza à entrada do pecado no mundo, mas Ele não predestinou alguns para o pecado, como predestinou outros para a santidade. E, como o santo Deus que é, Ele não pode ser o autor do pecado. A posição que Calvino toma sobre este ponto é claramente indicada nos seguintes pronunciamentos, que se acham nos Calviris Articles on Predestination (Artigos de Calvino sobre a Predestinação): 

"Embora a vontade de Deus seja a suprema e a primeira causa de todas as coisas, e Deus mantenha o diabo e todos osímpios sujeitos à Sua vontade, não obstante, Deus não pode ser denominado causa do pecado, nem autor do mal, e nem está exposto a nenhuma culpa. 

"Embora o diabo e os reprovados sejam servos e instrumentos de Deus para a exe­cução das Suas decisões secretas, não obstante, de maneira incompreensível, Deus de tal modo age neles e por meio deles que não contrai nenhuma mancha da perversão deles, porque utiliza a malícia deles de maneira justa e reta, para um bom fim, apesar de muitas vezes estar oculta aos nossos olhos essa maneira. 

"Agem com ignorância e calúnia os que dizem que, se todas as coisas sucedem pela vontade e ordenação de Deus, Ele é o autor do pecado; porque não fazem distinção entre a depravação dos homens e os desígnios ocultos de Deus".

(3) Deve-se notar que aquilo com que Deus decidiu deixar de lado alguns homens, não é a Sua graça comum, mas a Sua graça regeneradora, que transforma pecadores em santos. É um erro pensar que, nesta vida, os reprovados estão inteiramente destituídos do favor de Deus. Deus não limita a dis­tribuição dos dons naturais por causa da eleição. Nem sequer permite que a eleição e a re­provação determinem a medida desses dons. Muitas vezes os reprovados gozam maior medida das bênçãos naturais da vida que os eleitos. O que efetivamente distingue estes daqueles é que estes são objeto da graça regeneradora e salvadora de Deus. 

b. Prova da doutrina da reprovação. A doutrina da reprovação decorre natural­mente da lógica da situação. O decreto da eleição implica inevitavelmente o decreto da reprovação. Se o Deus de toda a sabedoria, de posse de conhecimento infinito, se propôs eternamente a salvar alguns, então, ipso facto, também se propôs eternamente a deixar de salvar outros. Se Ele escolheu ou elegeu alguns, então, por esse mesmo fato, rejeitou ou­tros. Brunner se precavém contra este argumento, desde que a Bíblia não diz uma só pa­lavra com vistas a ensinar uma predestinação divina para a rejeição. Mas nos parece que a Bíblia não contradiz, antes justifica a lógica em questão. Visto que a Bíblia é, primordial­mente, uma revelação da redenção, naturalmente não tem tanto que dizer da reprovação como o tem da eleição. Mas o que ela diz é deveras suficiente, cf. Mt 11.25,26; Rm 9.13, 17,18,21,22; 11.7; Jd 4; 1 Pe 2.8. 

Deixamos de colocar Supra e Infralapsarianismo

 

Fonte Bibliografia L. Berkhof,teologia sistematica

FONTE www.avivamentonosul.blogspot.com.br