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cuidado com a apostasia neste seculo
cuidado com a apostasia neste seculo

                         

                            A tematica é sobre a apostasia

                                         Oséias 6.1

 

1. Vinde, e retornemos para o SENHOR: poi sele nos dilacerou, e nos curará; ele feriu, e nospensará.1. 

nostras.No último capítulo, o Profeta disse que os israelitas, após haverem sido subjugados por castigos e julgamentos, novamente voltariam atrás, deixando de seguir o erro para buscarem a Deus.

Porém, como o terror afasta os homens do acesso a Deus, esse ora acrescenta que a medida da s aflições não seria tal que desencorajasse as mentes deles e produzisse desesperança; antes, contudo,incutiria neles a garantia de que Deus ser-lhes-ia propício: e, para que ele Profeta apresentasse isso da melhor forma, introdulos dizendo: Vinde, vamos ao Senhor: e tal modo de falar é mui enfático.

Mas devemos saber que a razão aqui dada, pela qual os israelitas podiam regressar, em segurança e confiança certa, a Deus, é que eles reconheceriam como ofício dele o curar, após haver ferido, bem como trazer remédio para as feridas que ele havia infligido. O profeta quer dizer, por essas palavras, que Deus não pune os homens para derramar sobre eles a sua ira para destruição;mas que, ao contrário, pretende promover a salvação deles quando é severo em punir seus pecados.Então, temos de lembrar, como observamos anteriormente, que o início do arrependimento é uma

percepção da misericórdia divina; ou seja, quando os homens ficam persuadidos de que Deus está pronto para dar perdão, eles, então, começam a criar coragem para se arrependerem; caso contrário,a perversidade sempre aumentará neles, por mais que o seu pecado os apavorem, todavia, nunca retornarão ao Senhor. E, tendo isso em vista, eu citei noutra parte aquela notável passagem no Sl 130: ‘Contigo está a misericórdia, para que sejas temido’; pois não podem os homens obedecer a Deus de coração verdadeiro e sincero, a não ser que uma amostra de sua bondade os atraia, e eles possam com certeza decidir que não retornarão a ele debalde, mas que ele estará pronto, como dissemos, a lhes perdoar. Esta é a significação as palavras quando ele diz: Vinde, e voltemos ao Senhor; pois ele nos despedaçou e nos curará; isto é, Deus não aplica sobre nós chagas mortais;mas fere para curar.

Ao mesmo tempo, algo mais fica explicitado nas palavras do Profeta, e é isto, que Deus jamais lida tão rigidamente com os homens, mas que Deus sempre dá lugar para a graça. Pois pela
palavra, despedaçado, o Profeta alude àquele pesado juízo do qual ele outrora falara na pessoa de Deus: o Senhor então fez com que ele mesmo fosse como um cruel animal selvagem: “Eu serei como um leão, eu devorarei, eu despedaçarei, e ninguém tomará a presa que eu já tiver capturado”.
Deus desejava então mostrar que sua vingança contra os israelitas seria horrível. Ora, ainda que Deus tratasse-os com muita violência, eles, todavia, não deviam ficar desesperançados do perdão.
Então, como quer que descubramos estar Deus por um tempo, como um leão ou um urso, não obstante, como é ofício próprio dele curar após haver dilacerado, pensar as feridas que infligiu, não
há motivo algum pelo qual nos furtemos de sua presença. Percebemos que o desígnio das palavras do Profeta era demonstrar que castigo nenhum é tão severo que deva quebrantar nossos espíritos,mas que devemos, nutrindo esperança, excitarmo-nos ao arrependimento. Tal é a intenção da passagem.
Outrossim, é necessário observar aqui que os fiéis, em primeiro lugar, encorajam-se sim a si próprios, para que possam em seguida guiar a outros com eles; pois é esse o sentido das palavras.
Ele não diz: “Vá, retorne a Jeová”; mas: Vinde, retornemos para Jeová. Vemos então que cada um começa consigo mesmo; e, depois, que eles mutuamente se exortam; e isso é o que tem de ser feito
por nós: quando alguém envia seus irmãos a Deus, ele não considera sua própria excelência moral,já que deve antes mostrar o caminho. Que todos, pois, aprendam a se estimularem; e então, que estendam as mãos aos outros, para que esses acompanhem. Simultaneamente, somos lembrados de que devemos nos incumbir do cuidado de nossos irmãos; pois seria uma vergonha alguém ficar contente com sua própria salvação, porém, negligenciar assim seus irmãos. É pois necessário ajuntar essas duas coisas — incitar-nos à penitência e, em seguida, tentar guiar outros conosco.

                         Continuemos então —Oséias 6.2

2. Após dois dias ele reviver-nos-á: no terceiro dia nos levantará, e viveremos em sua presença.2. 
Os escritores hebreus falseiam este ponto, pois acham que ainda devem ser redimidos pela vinda do Messias; e imaginam que isso será o terceiro dia: pois Deus uma vez os tirou do Egito,essa foi a primeira vez deles; depois, na segunda, reintegrou-os à vida, quando os trouxe de volta do cativeiro babilônico; e quando Deus, pela mão do Messias, reuni-los da dispersão, essa, dizem eles,será a terceira ressurreição. Contudo, essas são concepções frívolas. Não obstante, aqui é geralmente atribuído a Cristo, declarando que Deus, depois de dois dias, no terceiro ressuscitaria sua Igreja; pois Cristo, conhecemos, não reviveu pessoalmente para si próprio, mas para seus membros, visto ser ele as primícias daqueles que ressuscitarão. Tal sentido não parece pois inadequado, ou seja, que o Profeta aqui encoraja os fiéis para acalentar esperança de salvação, pois que Deus vivificaria seu Filho unigênito, cuja ressurreição seria a vida comum da Igreja inteira.Todavia, tal sentido parece-me por demais rebuscado. Devemos sempre nos lembrar disto,que nós não voamos no ar. Especulações sutis agradam à primeira vista, mas depois se desvanecem.Que todos, então, que desejam obter proficiência nas Escrituras guardem sempre esta regra —apanhar dos Profetas e apóstolos somente o que é sólido.
Vejamos agora o que o Profeta queria dizer. Ele aqui acrescenta, não tenho dúvidas, uma segunda fonte de consolação, isto é, que, se Deus não revivificasse de imediato seu povo, não haveria razão alguma para a delonga causar enfado, como sói acontecer; pois percebemos que,quando Deus permite-nos que desfaleçamos por muito tempo, nossos espíritos fraquejam; e aqueles que, no início, parecem animados e corajosos o bastante, no decorrer do tempo ficam abatidos.
Como, pois, a paciência é uma virtude rara, Oséias aqui nos exorta a pacientemente agüentar a demora, quando o Senhor não nos reviver de imediato. Deste modo, então, os israelitas diziam:
Depois de dois dias Deus nos ressuscitará; no terceiro dia ele nos levantará à vida.O que eles entendiam por dois dias? Precisamente sua longa aflição; como se dissessem:“Embora o Senhor não nos liberte de nossas misérias no primeiro dia, mas adie por mais tempo
nossa redenção, nossa esperança, todavia, não deve falhar; pois Deus pode ressuscitar cadáveres de seus túmulos tanto quanto restaurar a vida em um instante”. Quando Daniel pretendeu mostrar que a aflição do povo seria por muito tempo, ele diz: ‘Após um tempo, tempos, e meio tempo’ (Daniel7.25.) Tal modo de falar é diferente, mas aí, quanto à acepção, é a mesma. Ele diz, ‘após um t empo’, isto é, depois de um ano; que seria tolerável: mas segue-se, ‘e tempos’, ou seja, muito sa nos: em seguida, Deus encurta aquele período, e traz redenção em uma ocasião quando menos se esperava. Oséias menciona aqui dois anos, porque Deus não afligiria seu povo por um único dia,porém, como vimos antes, subjuga-os gradualmente; pois a perversidade do povo persistira tanto que não podia esse ser curado logo. Quando as doenças fincam raízes por um longo período, elas
não podem ser saradas desde já, mas há necessidade de lentos e variados remédios; e, se um médico for tentar afastar imediatamente uma enfermidade que tenha de todo tomado conta de um homem,decerto não o curará, mas tirará sua vida: assim também, quando os israelitas, por sua longa obstinação, tornaram-se quase incuráveis, foi preciso levá-los ao arrependimento por paulatinas punições. Por isso eles disseram: Após dois dias Deus nos reviverá; e, desse modo, eles se confirmavam na esperança de salvação, ainda que ela não aparecesse incontinenti: ainda que
permanecessem de há muito nas trevas e fosse comprido o exílio que tinham de suportar, todavia,eles não desistiam de esperar: “Bem, que se passem os dois dias, e o Senhor nos revivificará”.
Vemos que, aqui, uma consolação é oposta às tentações, que nos retiram a esperança de salvação quando Deus suspende sua mercê por mais tempo do que a nossa carne deseja. Marta disse a Cristo, ‘Ele ora está nauseabundo, é o quarto dia’35. Ela julgava absurdo remover a pedra do sepulcro, pois que agora o corpo de Lázaro estava em decomposição. Mas Cristo, nesse caso,tencionava mostrar seu incrível poder restaurando um corpo em putrefação à vida. Assim, os fiéis dizem aqui: o Senhor nos ressuscitará após dois dias: “Conquanto o exílio seja semelhante ao sepulcro, onde a podridão nos aguarda, não obstante o Senhor, pelo seu poder inefável, superará seja o que for que pareça obstruir nossa restauração”. Percebemos agora, como penso, o simples e genuíno sentido dessa passagem.
Porém, ao mesmo tempo, do que é dito aqui, não nego que Deus tenha exibido uma indescritível e memorável ocorrência com seu Filho unigênito. Então, tantas vezes quantas a dilação gerar enfado em nós, e quando Deus parecer haver deixado de lado todo cuidado por nós, fujamos a  Cristo; pois, como foi dito, Sua ressurreição é um espelho da nossa vida; pois vemos naquela como Deus está habituado a lidar com seu povo: o Pai não restituiu a vida a Cristo assim que ele foi descido da cruz; ele foi depositado no sepulcro, e jazeu ali até ao terceiro dia. Quando Deus, então, pretender que nós desfaleçamos por um período, saibamos que estamos assim representados em Cristo, nossa cabeça, e, por essa razão, reunamos elementos de confiança. Temos pois em Cristo uma prova conspícua dessa profecia. Porém, em primeiro lugar, apoderemos do que dissemos, que os fiéis aqui obtêm esperança por si próprios, embora Deus não estenda imediatamente sua mão a eles, mas protele por um tempo sua graça de redenção.
Depois, ele adiciona: Viveremos em sua vista, ou diante dele. Outra vez aqui os fiéis fortalecem-se a si mesmos, pois Deus os favorece com seu semblante paternal, depois de haver por muito tempo lhes dado as costas: Viveremos perante a sua face. Pois, enquanto Deus não zelar por nós, uma destruição certa nos aguarda; mas, tão logo ele volta seus olhos para nós, inspira vida só por sua mirada. Então, os fiéis prometem esse bem para si próprios, que a face divina brilharia de novo após longas trevas: por isso, também, eles reúnem a esperança de vida, e, simultaneamente,retiram-se daqueles obstáculos todos que obscurecem a luz da vida; pois, embora corramos e vagueemos aqui e acolá, não conseguimos nos apossar da vida que Deus nos promete, visto como os encantos deste mundo são véus tão numerosos que frustram nossos olhos de ver a paternal face
divina. Temos pois de lembrar que essa frase é acrescida para que os fiéis, quando aprazer a Deus voltar-se novamente para eles, não duvidem de que ele outra vez observa-os com atenção.Prossigamos então -35 Jo 11.39.

                                              Oséias 6.3

3. Então conheceremos, se prosseguirmos em conhecer o SENHOR: sua saída está preparada como a manhã; e ele virá a nós como a última e a primeira chuva sobre a terra.3. .
Neste versículo, os fiéis prosseguem o que eu anteriormente discuti, assegurando-se da esperança de salvação: nem é coisa para se maravilhar que o Profeta detenha-se mais completamente sobre este tópico; pois sabemos quão inclinados somos a acalentar dúvida. Não hánada mais custoso, em especial quando Deus exibe a nós sinais de sua ira, do que nos recobrarmo spara que nos persuadamos realmente de que ele é nosso médico quando ele parece visitar nossos pecados. Neste caso, então, devemos lutar seriamente, pois nada pode ser feito sem labor. Por isso,os fiéis ora dizem: Conheçamos, e prossigamos em conhecer Jeová. Eles demonstram, pois, por tais palavras, que não tinham receio, mas que a luz surgiria depois da escuridão; pois este é o senti todas palavras: Saberemos então, eles dizem; isto é: “Ainda que agora haja trevas horríveis por todos os lados, contudo, o Senhor manifestará a nós sua bondade, mesmo que ela não apareça de imediato”. Eles, por conseguinte, adicionam: E prosseguiremos após o conhecimento de Jeová.Percebemos agora o teor das palavras.
Ora, essa passagem nos ensina que, quando Deus oculta sua face, agiremos tolamente se alimentarmos nossa incredulidade; ao contrário, devemos, como eu já disse, combater essa destrutiva moléstia, visto como Satanás nada mais busca senão nos afundar no desespero. Esse seu ardil, então, deve ser conhecido por nós, como Paulo nos faz lembrar, (2.ª Coríntios 2.11); e aqui o Espírito Santo nos supre de armas, pelas quais podemos rechaçar esta tentação satânica: “O quê?Vejas que Deus está irado contigo; nem é de qualquer valia a ti aventurar-se a ir até ele, pois todo acesso está cerrado”. Isso é o que Satanás nos sugere, quando estamos cônscios de nossos pecados.O que deve ser feito? O Profeta aqui propõe um remédio: Conheceremos; “Embora agora estejamos mergulhados em densas trevas, embora lá nunca brilhe sobre nós nem mesmo uma centelha de luz,todavia saberemos (como Isaías diz, ‘eu esperarei no Senhor, que esconde sua face de Jacó’) 37 que este é o verdadeiro exercício da nossa fé quando erguemos nossos olhos à luz que aparenta estar apagada, e quando, nas trevas da morte, nós, no entanto, continuamos a prometer a nós mesmos vida, como somos aqui instruídos: Nós conheceremos então; além disso, prosseguiremos após o conhecimento de Jeová; embora Deus desvie sua face, e, por assim dizer, de propósito duplique a escuridão, e todo conhecimento de sua graça esteja, no modo de dizer, extinto, não obstante,prosseguiremos após tal conhecimento; ou seja, nenhum obstáculo impedir-nos-á de pelejar, e nossos esforços por fim darão caminho àquela graça que dá a impressão de estar inteiramente excluída de nós”.
Alguns dão esta tradução: Conheceremos, e prosseguiremos para conhecer Jeová, e deste modo explicam a passagem — que os israelitas não auferiram semelhante benefício da lei de Moisés, mas que ainda esperavam a doutrina mais completa que Cristo trouxe em sua vinda. Eles,então, acham que essa é uma profecia que diz respeito a tal doutrina, que está agora exposta a nós,36 A última oração, palavra por palavra, é a seguinte: “E ele virá como aguaceiro a nós, como a chuva da ceifa,irrigando a terra”.
A referência aqui parece ser apenas à “chuva da ceifa”, aquela que amadurecia a colheita. A única dificuldade é acercada palavra traduzida por “irrigar”. Sua idéia principal é guiar, dirigir, regular: e indubitavelmente o que regula e determina a produção da terra é a chuva. Ela pode ser vertida por “regular”, isto é, a fertilidade da terra. Não há outra construção que se ajuste ao ponto sem supor algo omitido, como a preposição antes de “terra”. “A qual rega a terra”, é aversão de New come. (N. do E. inglês.) Isaías 8.17.em seu brilho pleno, pelo Evangelho, porque Deus se manifestou em seu Filho como numa imagem vivente. Contudo, essa é uma interpretação por demais rebuscada; e nos é suficiente mantermo-nos próximo do desígnio do Profeta. Ele deveras apresenta os piedosos falando assim por esta razão —porque havia necessidade de grande e forte empenho, para que eles pudessem se alçar à esperança de salvação; pois o exílio não era para ser de um dia, mas de setenta anos. Logo, quando uma tão pesada provação aguardava os religiosos, o Profeta desejava aqui prepará-los para a laboriosa batalha: Então conheceremos, e seguiremos para conhecer Jeová.
Depois, ele diz: Como a manhã chegará para nós sua saída — uma símile a mais apropriada; pois, aqui, os fiéis evocam à mente a sucessão contínua de dias e noites. Não admira que Deus nos convide a esperar por sua graça, a vista da qual está, todavia, ocultada de nós; pois, anão ser que tenhamos aprendido por longa experiência, quem poderia esperar por luz repentina quando prepondera a escuridão da noite? Não acharíamos que a terra está inteiramente privada de luz? Mas, ao ver que a aurora subitamente brilha, pondo termo às trevas da noite e dispersando-a,que maravilha é esta, que o Senhor resplandeça além de nossa expectativa? Sua saída, pois, será como a manhã.
Ele, aqui, chama uma nova manifestação de a saída de Deus, isto é, quando esse mostra que atende seu povo com mercê, quando mostra que está atento ao pacto que fez com Abraão; pois,conquanto o povo estivesse exilado de seu país, Deus não parecia, como dissemos, considerá-lo mais; ou melhor, o julgamento da carne apenas sugeria isto, que Deus estava muitíssimo distante de seu povo. Ele, então, denomina-a a saída de Deus, quando esse se mostrar propício aos cativos e restaurá-los totalmente; então virá a saída de Deus, e será como a manhã. Vemos pois agora que ele os confirma pela ordem da natureza, como Paulo confirma, quando ralha a descrença daqueles para quem uma ressurreição futura se afigurava incrível, porque ultrapassava os pensamentos dacarne; “Ó néscio!”, ele diz, “não vês tu que o que semeamos primeiro apodrece e depois germina?
Deus ora põe diante de ti, numa semente que se apodrece, um emblema da ressurreição futura”.Assim também aqui, visto que a luz diariamente surge a nós, e a manhã brilha depois das trevas da
noite, o que então o Senhor não efetuará por si mesmo, ele que opera tão poderosamente pelas coisas materiais? Quando tornar manifesto seu pleno poder, o que, pensamos, ele fará? Não sobre excederá muito mais a todos os pensamentos da nossa carne? Vemos agora por que tal comparação foi adicionada.
Depois, ele nos descreve o efeito dessa manifestação: Ele virá a nós, ele diz, como a chuva,como a última chuva, uma chuva para a terra. Essa comparação demonstra que, tão logo se digna a olhar para o seu povo, o semblante de Deus será como a chuva que irriga a terra. Quando a terra fica seca depois de prolongado calor e prolongada seca, ela parece ser incapaz de produzir fruto; mas a chuva lhe restaura a sua umidade e vigor. Assim, pois, o Profeta, na pessoa do fiel, reforça mes mo aqui a esperança de uma completa restauração. Ele virá a nós como a chuva, como a chuva tardia.Os hebreus chamam a última chuva vwqlm, malkosh, pela qual o trigo ficava sazonado. E parece que o Profeta queria dizer pela palavra <vg, geshem, a chuva primaveril. Mas o sentido é claramente este, que, embora os israelitas houvessem se tornado tão secos que não tivessem mais qualquer vitalidade, todavia, haveria tanta virtude na graça divina quanto na chuva, que frutifica aterra quando essa parece ser estéril. Porém, quando, ao fim, ele acrescenta uma chuva à terra, eu não duvido de que ele tivesse em vista a chuva da estação, que é agradável e aceitável à terra, ou àquela de que a terra realmente carece; pois uma pancada violenta não pode ser chamada propriamente uma chuva para a terra, por destrutiva e prejudicial que é. 
                                                Oséias 6.4

4. Ó Efraim, o que farei eu a ti? Ó Judá, o que farei eu a ti? pois a vossa bondade é como uma nuvem matutina, e vai embora como o orvalho da madrugada.4.ALGuns expõem essa passagem assim: que Deus não irrigaria seu povo de uma vez, mas prolongaria essa mercê; como se ele dissesse: “Está enganado quem pensa que a redenção, a qual eu ordenei a vós esperar de mim, será passageira, pois eu, por um progresso contínuo, guiarei meu povo a uma perfeita fruição da salvação”. Mas tal sentido é de todo estranho. O Profeta, então, sem dúvida, apresenta Deus aqui dizendo assim: “O que eu vos farei? Porque não recebeis vós minha mercê, tão grande é vossa depravação”. O contexto de fato parece ficar, desse jeito, rompido; mas precisamos nos lembrar desta norma, que, sempre que os Profetas tornam conhecida a graça de Deus, eles, ao mesmo tempo, adicionam uma exceção, para que os hipócritas não apliquem falsamente a si próprios o que é oferecido ao fiel somente. Os Profetas, sabemos, nunca ameaça vam de perdição o povo, mas acresciam alguma promessa, para que os fiéis não se desesperassem, o que teria sido o caso se algum lenitivo não lhes tivesse sido feito conhecido. Por isso, os Profetas,igualmente, faziam isto — moderarem sua ameaça e severidade acrescentando uma esperança dofavor divino. Mas, ao mesmo tempo, como os hipócritas sempre atraem para si mesmos aquilo que diz respeito apenas aos fiéis e, desse modo, insensatamente escarnecem de Deus, os Profetas adicionam uma outra exceção, pela qual eles mostram que a promessa de Deus de ser gracioso e misericordioso a seu povo não deve ser julgada universal, pertencente a todos indiscriminadamente.
Repetirei mais completamente isto, outra vez: os Profetas tinham de tratar com o povo inteiro; eles tinham de tratar com os poucos fiéis, pois havia um pequeno número de povo pio tanto entre os israelitas quanto entre os judeus. Quando, portanto, os Profetas censuravam o povo, eles dirigiam-se ao povo todo: contudo, ao mesmo tempo, como havia alguma semente remanescente,misturavam, como eu disse, consolações, e misturavam-nas para que os eleitos de Deus pudessem sempre se recostar sobre sua misericórdia e, desse modo, com paciência, submeterem-se ao seu cajado e continuarem no temor a ele, sabendo que há nele uma salvação segura. Conseqüentemente,
as promessas que vemos aqui inseridas pelos Profetas, entre ameaças e increpações, não deviam se referir a todos em comum, ou indiscriminadamente ao povo, mas somente, como dissemos, aos fiéis, que eram, então, apenas poucos em número. Essa, então, é a razão pela qual os profetas sacudiam as autocomplacências dos ímpios desprezadores de Deus quando adicionavam: “Vós não deveis esperar salvação alguma da promessa que exponho aos filhos de Deus; pois Deus não lança aos cães o pão que destinou apenas para seus filhos”. No mesmo tom, descobrimos um outro Profeta falando: ‘Para que fim é para vós o dia do Senhor? É um dia de trevas, e não de luz, um dia de morte, e não de vida’, (Amós 5.18.) Pois, como muitas vezes ouvissem que o concerto que Deus celebrou com Abraão não era vão, eles assim se jactavam: “Somos agora, realmente, severamente tratados, mas em pouco tempo Deus nos libertará de nossos males; pois ele é nosso Pai, ele não nos adotou debalde, ele não redimiu e elegeu nossa raça debalde, somos sua propriedade e herança peculiar”. Dessa maneira, então, os presunçosos se lisonjeiam; e isso eles deveras parecem ter em comum com os fiéis; pois os fiéis também, embora no mais profundo abismo da morte, todavia,contemplam a luz da vida; pois, pela fé, como dissemos, eles transpõem-se para além deste mundo.
Porém, simultaneamente, eles se aproximam de Deus em real penitência, enquanto os ímpios permanecem em sua perversidade, e em vão se ufanam pensando que tudo o que Deus promete lhes
pertence.Voltemos agora ao nosso Profeta. Ele dissera: “Em sua tribulação, eles me buscarão”: ele t tinha posteriormente explicado, nas palavras usadas pelo povo, como os fiéis voltar-se-iam par a Deus, e qual arrependimento autêntico traria com ele. Segue-se agora: O que te farei, Efraim? Oque te farei, Judá? ou seja: “O que eu farei a vós todos?” O povo estava ora dividido em dois reinos: o de Judá tinha seu nome; as dez tribos tinham, como havia sido dito, o nome comum de Israel. Então, depois que o Profeta deu esperança de perdão aos filhos de Deus, ele se volta ao grêmio inteiro do povo, que era corrupto, e diz: “O que eu farei a vós ambos, judeus e israelitas?”
Agora Deus, por essas palavras, dá a entender que experimentara todos os remédios, e os acha rainúteis: “O que mais então”, ele diz, “farei eu a vós? Sois inteiramente irremediáveis, soi sin desculpáveis e totalmente sem esperança: pois meio algum foi omitido por mim pelo qual pudesse promover vossa salvação, mas perdi todo meu trabalho; como nada consegui por punições e castigos, como minha mercê também não teve importância alguma entre vós, o que me resta agora,senão inteiramente vos rejeitar?”
Percebemos agora quão variegado é o modo de falar adotado pelos Profetas, pois tinha meles de lidar, não com uma única classe de homens, mas com os filhos de Deus, e também com os ímpios, os quais continuavam obstinadamente em seus vícios. Destarte, pois, era que alterassem sua linguagem, e isso, por necessidade. Idêntica é a queixa que lemos em Isaías capítulo 1, 38 tirante qu eali só se faz menção das punições: ‘Porque eu os golpearia mais? Pois até aqui nada consegui: da sola do pé ao topo da cabeça não há saúde nenhuma; entretanto, ficais como vós mesmos’. No capítulo 5 39 ele fala dos favores divinos: ‘O que mais podia ter sido feito à minha vinha do que oque eu fiz?’ Nesses dois lugares, o Profeta mostra que o povo estava tão perdido que não podia ser persuadido a uma mente sã; pois Deus tinha, de várias maneiras, tentado sará-los, e suas doenças permaneciam incuráveis.
Retornemos agora às palavras de Oséias: O que eu farei a ti, Efraim? O que eu farei a ti,Judá? “Eu, de fato, ofereço perdão a todos, porém, vós ainda continuais obstinadamente em vossos pecados; mais que isso, minha mercê é por vós desdenhada: por conseguinte, eu não contendo agora convosco; porém, declaro-vos que a porta da salvação está fechada”. Por quê? “Porque eu até aqui,de várias maneiras, tentei curar a vós”.Em seguida, ele diz que a bondade deles era como o orvalho da manhã: Vossa bondade, ele diz, “é como o orvalho da manhã”. Alguns compreendem dsj, chesed, como a bondade que Deus exercera para ambos israelitas e judeus. Então é, “vossa bondade”, ou seja, a compaixão que eu até
aqui tenho exibido para convosco é como o orvalho da manhã, como a nuvem que vai embora na manhã, isto é: “Vós imediatamente secareis minha mercê”; e isso não parece inapropriado, pois vemos que os incrédulos, pela própria maldade, amortecem a misericórdia divina, de modo que ela não produz bem algum, como quando a chuva flui sobre uma rocha ou uma pedra, enquanto apedra, por dentro, devido à sua dureza, permanece seca. Como, então, a umidade da chuva não penetra nas pedras, assim também a graça divina é despendida debalde e sem proveito no si ncrédulos.
Contudo, o Profeta fala antes da bondade deles, que eles faziam uma demonstração de excelência fingida, a qual se desvanecia como o orvalho da manhã; pois, tão logo o sol se levanta,atrai para cima o orvalho, a fim de não mais aparecer; as nuvens também se vão embora. O Profeta diz que os judeus e os israelitas estavam assemelhados às nuvens e ao orvalho da manhã, pois que não havia neles nenhuma bondade sólida ou interior, mas era apenas de um tipo evanescente;possuíam, como dizem, só a aparência de bondade.
Percebemos agora o sentido dado pelo Profeta, que Deus aqui se queixa que tivesse de lidar com hipócritas. A fé, sabemos, é prezada por ele; nada há que mais agrade a Deus do que a sinceridade de coração. Ademais, sabemos que a doutrina é difundida em vão se não for recebida de maneira séria. Então, como os hipócritas se transmutam de diversos modos e fazem ostentação de alguns disfarces de bondade, quando coisa alguma têm de sólida em si, Deus lamenta-se de perder todo seu trabalho: e diz, finalmente, que não mais gastaria labor em vão com homens hipócritas,que nada possuem senão falsidade e dissimulação; e isso é o que ele quer dizer, quando sugere que não faria mais nada aos israelitas e judeus.
ORAÇÃO.Conceda, Todo-poderoso Deus, que, visto não correspondermos com a devida gratidão aos teus favores e, após haver provado da tua compaixão, desejosamente procuramos arruinar a nós próprios — Ó, permita que nós, sendo renovados por teu Espírito, não só permaneçamos constantes no temor do teu nome, mas também avançemos mais e mais e sejamos firmados; paraque, estando dessa forma armados com teu invencível poder, ativamente pelejemos contra todas as chicanas e assaltos de Satanás, e assim prossigamos nossa batalha até o final — e que, estando assim sustentados por tua misericórdia, aspiremos sempre àquela vida que está escondida para nós no céu, mediante Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.

                                                       Oséias 6.5

5. Por essa razão, eu abati-os pelos profetas;matei-os pelas palavras de minha boca: e teus julgamentos são como a luz que sai.5. 
Deus demonstra aqui, por seu Profeta, estar constrangido pela necessidade premente de lidar violenta e acerbamente com o povo. Nada, sabemos, é mais agradável a Deus do que nos tratara mavelmente; pois não se encontra no mundo um pai que nutra seus filhos tão ternamente: mas nós,sendo perversos, não o consentimos que siga a inclinação da natureza dele. Ele fica, por isso,compelido a adotar, por assim dizer, um novo personagem, e a nos ralhar severamente, conforme amaneira com a qual ele aqui diz que tratara os israelitas; Eu os cortei, ele diz, por meus profetas, e os matei pelas palavras da minha boca.Alguns traduzem as palavras de outra forma, como se Deus tivesse matado os Profetas,tendo em vista, assim, os impostores, que corromperam o puro culto de Deus pelos seus erros. Mas tal opinião não me parece de forma alguma compatível; e conhecemos que era um modo corrente de falar entre os hebreus, para expressar a mesma coisa de duas maneiras. Por isso o Profeta fala aqui:Eu os cortei ou decepei por meus Profetas, eu os matei pelas cordas da minha boca. Na segunda oração ele repete, não tenho dúvidas, o que nós já explicamos sucintamente, a saber, que Deus os cortou ou decepou por seus Profetas.Porém, temos que entender para que propósito Deus aqui declara que havia mandado seus Profetas tratar o povo asperamente. De fato, sabemos que os hipócritas, por mais que de diversos modos zombem de Deus, são, todavia, sensíveis, e não podem suportar nenhuma censura. Seus pecados são grosseiros quando estão sem disfarces; porém, ao mesmo tempo, quando Deus começa a acusar, eles protestam e dizem: “O que isso significa? Deus, em todos os lugares, declara que éamoroso e clemente; mas ele agora nos fulmina: isso não parece coerente com sua natureza”. Então,neste caso, os hipócritas terão Deus como aquele que bate neles. Ele ora responde que fora constrangido, não somente por uma causa justa, mas ainda, por necessidade, a assassiná-los, e a tornar sua palavra, pelos Profetas, como um martelo ou machado. Eis a razão, ele diz, pela qual meus Profetas não se esforçaram em afagar o povo meiga e gentilmente. Pois Deus amável edocemente atrai ou convida para si aqueles a quem percebe ser educáveis; mas, quando vê uma tão grande perversidade nos homens que não pode dobrá-los por sua bondade, ele então começa, como dissemos, a adotar um novo personagem. Compreendemos agora, então, o intuito divino: para que os hipócritas não se queixassem de que foram tratados de uma outra forma que não era coerente com a natureza de Deus, o Profeta aqui responde em nome dele: “Vós tendes me forçado a tal severidade; pois havia necessidade de uma cunha dura, como dizem, para um nó duro: Eu, por isso,decepei-vos por meus Profetas, eu vos decepei pelas palavras de minha boca; ou seja, eu utilizo minha palavra como um machado: pois fostes como madeira nodosa e renitente; portanto, foi preciso que minha palavra fosse para vós como um machado: e vos matei pelas palavras da minha boca; isto é, minha palavra não foi a vós iguaria doce, como está habituada a ser aos homens Não há autorização alguma, como Horsley diz, para “meus”, em vez de “teus julgamentos” em nossa versão; poi s não há nenhuma leitura nos MSS. hebraicos que favoreça a alteração. O Bispo alude a Calvino, e expressamente aprova sua interpretação dessa passagem. Sua própria versão é a seguinte:“E os preceitos dados a ti eram como a luz que vai adiante”.mansos; mas foi como uma espada bigúmea; por conseguinte, foi necessário matar a vós, visto não  me tolerardes que vos seja um Pai”.
Segue-se então: Teus juízos são como a luz que dimana. Alguns entendem por “juízos”prosperidade, como se Deus aqui estivesse exprobrando os israelitas, que não era culpa dele não o s cativar: “Eu não descuidei de vos tratar afavelmente e vos defender debaixo da minha proteção; mas sois ingratos”. Mas essa é uma explicação forçada. A maior parte dos intérpretes explicam a passagem deste modo: “Que teus juízos fossem uma luz que emana”. Mas eu não vejo por que devamos mudar qualquer coisa nas palavras do Profeta. Deus aqui, então, simplesmente sugere que fizera conhecida aos israelitas a regra de uma vida religiosa e santa, para que eles não pudessem afetar ignorância; pois os hebreus freqüentemente entendem “juízos” no sentido de retidão. Eu atribuo isso à instrução dada a eles: Teus juízos então, ou seja, o modo de viver religiosamente, era como luz; o que quer dizer isto: “Eu assim vos adverti, que tendes pecado consciente e voluntariamente. Daí, que vós tendes sido tão desobedientes a mim, deve ser imputada à vossa maldade; pois quando éreis maleáveis, eu certamente não vos escondia o que era direito: pois, como o sol diariamente brilha sobre a terra, também meu ensino foi para vós como luz, para vos mostrar o caminho de salvação: mas não foi de proveito algum”. Entendemos agora, então, o que o Profeta queria dizer por essas palavras. Segue-se –


                                           Oséias 6.6,7

6. Pois eu desejava misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos . Eles, porém, como homens transgrediram o pacto: eles se comportaram traiçoeiramente contra mim,. Nesse ponto, Deus declara que deseja misericórdia, e não sacrifícios; e assim age para impedir quaisquer objeções, antecipando-se a todos os pretextos frívolos. Nunca há carência aos hipócritas, sabemos bem, de uma capa para si; e tão grande é a sua segurança que não hesitam de,por vezes, debater com Deus. Realmente, é prática comum deles afirmar que adoram a Deus, dado q ue lhe oferecem sacrifícios, dado que mourejam em cerimônias e amontoam muitos rituais. Julgam então que Deus está ligado a eles, e que têm desempenhado plenamente sua obrigação. Esse mal é corrente em todas as épocas. Portanto, o Profeta antecede-se a essa evasiva e diz: Misericórdia eu desejo, e não sacrifício; como se dissesse: “Eu sei o que vós estais preparados a alegar, e que direis,que ofereceis sacrifícios a mim, que realizais todas as cerimônias; contudo, essa desculpa, eu a julgo frívola e de nenhuma importância”. Por quê? Pois que eu não desejo sacrifícios, mas compaixão efé. Entendemos, agora, o principal objetivo desse versículo.É uma passagem extraordinária; o Filho de Deus citou-a duas vezes. Os fariseus repreenderam-no por sua ligação com homens de vida má e enjeitada, e ele lhes disse em Mateus capítulo 9 43: ‘Misericórdia eu quero, e não sacrifício’: ele indica, por essa justificativa, que Deus não é adorado com cerimônias externas, mas quando os homens perdoam e se toleram um ao outro,41 Este versículo resume à perfeição todo o ensino do profeta Oséias. (N. do T.) 42 “Mas eles, como Adão, transgridem o concerto”. — New come. Assim verte-o Horsley, e também Grócio; mas a  Septuaginta, Pagninus e outros apóiam a nossa versão, bem como essa de Calvino. (N. do E. inglês.), Mt 9.13.não sendo rígidos além da medida. De novo, no capítulo doze de Mateus 44, quando os fariseus culparam os discípulos por ajuntarem espigas de milho, ele disse: ‘Mas antes vades, e aprendeis oque é isto: Misericórdia eu quero, e não sacrifício’. Visto como eram eles tão severos contra os discípulos dele, Cristo mostra que aqueles que fazem a santidade consistir em cerimônias são adoradores de Deus ridículos; e também aqueles que censuram seus irmãos sem motivo, tornando um crime o que não era, em si mesmo, pecaminoso, que podia ser facilmente defendido porqualquer expositor sábio e sereno.
Mas, para que mais completamente entendamos essa frase do Profeta, deve ser observado,primeiro, que o culto exterior de Deus, e todas as cerimônias legais, estão incluídas sob o nome de sacrifício e ofertas queimadas. Tais palavras, então, abarcam uma parte pelo todo. O mesmo pode ser dito da palavra dsj, che sed, que significa misericórdia ou bondade; pois o Profeta,indubitavelmente, põe a fé ou piedade para com Deus, e o amor para com os próximos, em oposição a todas as cerimônias externas. “Desejo”, ele diz, “misericórdia”; ou: “a misericórdia agrada-me mais do que sacrifício, e o conhecimento de Deus contenta-me mais do que holocaustos”. O conhecimento divino aqui é, sem dúvida, para ser entendido por fé ou piedade, porque os hipócritas supõem que Deus é corretamente cultuado quando empregam muitas cerimônias. O Profeta ridiculariza toda pompa e ostentação vazia tais, e diz que o culto de Deus é muitíssimo diferente,sendo somente praticado quando ele é conhecido. O ponto principal é que Deus deseja ser adorado de outro modo que não o sonho dos homens sensuais; pois eles somente exibem seus ritos e negligenciam o culto espiritual de Deus, que se acha na fé e no amor.
Essas duas orações, então, devem ser lidas conjuntamente — que a bondade apraz a Deus, eque a fé apraz a Deus. A fé, por si mesma, não pode agradar a Deus, visto que ela não consegue nem mesmo existir sem amor a nosso próximo; e, depois, a bondade humana não é suficiente; pois, caso alguém se abstivesse de praticar qualquer agravo, e de ofender seus irmãos em alguma coisa,ele ainda seria um homem profano, e um desprezador de Deus; e, com certeza, sua benevolência, então, não seria de utilidade alguma a ele. Em vista disso, percebemos que essas duas frases não podem ser separadas, e que o que o Profeta diz é exatamente como se houvesse ele combinado piedade com amor. O sentido é que Deus dá muito mais valor à fé e à bondade do que a sacrifícios e a todas as cerimônias. Porém, quando o Profeta diz que sacrifício não agrada a Deus, ele fala, sem dúvida, comparativamente; pois Deus não repudia positivamente sacrifícios determinados em sua própria lei; mas ele prefere fé e amor a eles; como mais claramente aprendemos da partícula m,mem, quando ele diz, twlwum, me'olot, do que holocaustos. Parece pois que Deus não é incoerente consigo próprio, como se rejeitasse sacrifícios que ele mesmo fixou; mas que condena o abuso grotesco deles, nos quais se gloriavam os hipócritas.
E duas coisas devem ser aqui observadas: Deus não exige cerimônias externas, como se elas, por si mesmas, ajudassem em algo, senão para um fim diferente. A fé, em si própria, agrada a Deus, como também o agrada o amor; pois eles são, como dizem, da categoria das boas obras: contudo, sacrifícios têm de ser considerados distintamente; pois matar um boi, um bezerro ou um cordeiro, o que é senão fazer o que o açougueiro faz em seus matadouros? Deus, então, não pode ser deleitado com o morticínio de bestas; conseqüentemente, sacrifícios, como dissemos, são, em si mesmos, de importância nenhuma. Fé e amor são diferentes. Por essa razão o Senhor diz, em Jeremias: ‘Ordenei eu a vossos pais, quando os trouxe para fora do Egito, para oferecerem sacrifícios a mim?’ [Jr 7.22.] Nenhuma coisa tal: ‘Eu nunca os ordenei’, ele diz, ‘somente que ouvissem minha voz’. Porém, o que a lei, em grande medida, contém, senão mandamentos sobre cerimônias? A resposta a isso é fácil, e é que sacrifícios jamais contentaram a Deus por sua própria ou intrínseca valia, como se  Mt 12.7.
possuíssem em si qualquer valor. O que, então? Precisamente isto, que fé e piedade são aprovadas, e são sempre o legítimo culto espiritual de Deus. Isso é uma coisa.Além disso, deve-se reparar que, quando os Profetas condenam os hipócritas, eles consideram o que é mais conveniente a eles, e não explicam especificamente os assuntos de que eles tratam. Isaías diz em um lugar, ‘Aquele que mata um boi age como se houvesse matado um cão’, e um cão era a mais elevada abominação; ‘mais que isso, os que oferecem sacrifícios agemcomo se tivessem matado homens’, (Isaías 66.3.) Quê! Comparar sacrifícios com assassinatos! Issoparece mui estranho; mas o Profeta dirigia seu discurso aos ímpios, que, então, abusavam de todo oculto exterior prescrito pela lei: não admira pois que fale desse modo dos sacrifícios. Da mesma maneira, também, deve ser explanada muitas outras passagens que freqüentemente ocorrem nos Profetas. Vemos agora, então, que Deus não recusa simplesmente os sacrifícios, visto como os determinou, mas apenas condena o abuso deles. E, conseqüentemente, o que eu já disse deve ser lembrado, que, aqui, o Profeta coloca rituais externos em oposição à piedade e fé, pois que os hipócritas dividem em pedaços coisas que são, por assim dizer, inseparáveis: é um divórcio ímpio quando alguém só entremete cerimônias a Deus, enquanto ele mesmo está vazio de piedade. Mas,como essa doença normalmente grassa entre os homens, o Profeta adiciona um contraste entre tal
culto fictício e a religião verdadeira.É ainda digno de ser observado que ele denomina a fé de o conhecimento de Deus. Vemos pois que a fé não é alguma imaginação fria e oca, mas que se estende muito mais além; pois é então que temos fé, quando a vontade de Deus se nos faz conhecida e nós a abraçamos, a fim de que o adoremos como nosso Pai. Destarte, o conhecimento de Deus é demandado como necessário à fé.Os papistas, então, tagarelam mui infantilmente acerca da fé implícita: quando um homem na da entende, e não tem mesmo a menor convivência com Deus, todavia, dizem que ele está dotado de fé implícita. Isso é um idílio mais do que insensato; pois, onde não há nenhum conhecimento de Deus,não há nenhuma religião, a piedade se extingue e a fé é destruída, como se afigura patente nessapassagem.
Deus, então, acrescenta no fim uma queixa: Mas eles, como homens, transgrediram o pacto;ali, eles se comportaram perfidamente contra mim. Aqui, Deus mostra que os israelitas se gloriavam em vão dos sacrifícios e de todos os esplendores do culto externo deles, pois Deus não estimava essas coisas exteriores, mas somente desejava adestrar o fiel no culto espiritual. Então, o significado do todo é este: “Meu intuito era, quando designei os sacrifícios e todo o culto legal,guiar-vos assim para mim, para que coisa alguma carnal ou terrena houvesse em vosso sacrificar;porém, corrompestes a lei inteira; sois intérpretes perversos; pois sacrifícios nada mais são entre vós senão chacota, como se me fosse desagravo ter um boi ou um carneiro morto. Vós pois transgredistes meu concerto; e não é nada do que o povo me diz, que diligentemente executam as cerimônias externas, pois um tal culto não é de modo algum apreciado por mim”.
E ele ainda prossegue mais longe e diz: Ali eles se portam deslealmente contra mim. Eleantes havia dito: ‘Eles transgrediram o pacto’; como se dissesse: “Se eles desejavam guardar minha aliança, esta era a primeira coisa — adorar-me espiritualmente, precisamente em fé e amor; mas eles, havendo menosprezado o autêntico culto, apossaram-se apenas do que era frívolo: logo, eles violaram meu pacto”. Porém, agora ele acrescenta, que “ali” sim aparecia a perfídia deles; ali que eles foram sentenciados por violarem a sua fé, e ali, revelado serem violadores da aliança, por isto— que eles abusavam das marcas sagradas pelas quais Deus sancionara seu concerto, para encobrir sua própria aleivosia. Há pois grande importância no advérbio <v, sham, como se ele tivesse dito,“neste particular vós tendes agido perfidamente”: pois o Profeta quer dizer que, quando os hipócritas, sobretudo, levantam suas cristas, eles são declarados culpados de falsidade e perjúrio.
Mas como? Porque apresentam suas próprias cerimônias, tal como os vemos, assim apresentados,falando no capítulo cinqüenta e oito de Isaías 45: ‘Por que jejuamos, e tu não consideras?’ Nessa passagem, acusam Deus de rigor mui demasiado, porque perdiam toda sua fadiga quando adoravam tão laboriosamente: “Em vão temos despendido labor e o cultuado tão diligentemente” Deus
responde: “Quem requereu isso de vossas mãos?” Assim também, nesse ponto, o Profeta diz, mais mordazmente, lá, eles se comportaram traiçoeiramente contra mim: isto é: “Eles julgam que minhaboca será detida por esta defesa apenas, quando apresentam seus sacrifícios e, segundo a maneira deles, fazem uma grande ostentação, como se fossem os melhores observadores da religião; mas eu mostrarei que nessa mesmíssima coisa são eles violadores do pacto”. Como? “Porque não há falsidade pior do que tornar a verdade de Deus em mentira, e adulterar a sua pura doutrina”. E isso é o que todos os hipócritas fazem, quando tornam, assim, os sacramentos em crassos abusos e culto falso, quando erigem templos, quando imaginam que Deus é retamente adorado sempre que um boi ou carneiro é oferecido. Visto, então, que os hipócritas tão grosseiramente zombem de Deus e desviem de Cristo os sacrifícios, eles se desviam da doutrina da penitência e fé; numa palavra, eles consideram Deus somente como um ídolo morto. Quando, então, eles assim depravam todo o cultode Deus e o adulteram, quando eles tão impiamente corrompem a palavra de Deus e pervertem suas instituições, não são eles violadores do pacto? Lá, então, eles insidiosamente agiram contra mim.
Isso deve ser cuidadosamente observado, pois que não é notado pelos intérpretes.Alguns vertem assim a palavra <da, adam: “Como o concerto de homem, eles o transgrediram”, transferindo-o para o caso genitivo, “E eles transgrediram os pactos como se fossem aqueles de homem”; isto é, como se eles tivessem de lidar com um homem mortal, assimeles desprezaram e violaram minha santa aliança; e tal exposição não é muito inapropriada, exceto por alterar algo na construção; pois nesse caso o Profeta devia ter dito: “Eles transgrediram o concerto como aquele de um homem”; contudo, ele diz: ‘Eles como um homem’ etc.  Porém, tal tradução está longe de ser aquela das palavras como são, ‘eles como homens transgrediram o pacto’. Portanto, eu interpreto as palavras de maneira mais simples, como significando que eles demonstraram ser homens ao violar a aliança.
E há aqui um contraste ou comparação implícita entre Deus e israelitas; como se ele dissesse: “Eu, de boa fé, fiz um pacto com eles quando instituí um culto definido; mas eles foram homens para comigo; nada houve neles senão leviandade e inconstância”. Deus, então, mostra que não tinha havido uma concordância mútua entre ele e os israelitas, visto que os homens nuncacorrespondem a Deus; pois ele sinceramente os chama para si, mas eles agem de forma infiel, ou,quando dão alguma prova de obediência, logo voltam atrás, ou menoscabam e francamente rejeitam instrução oferecida. Percebemos, então, em que sentido o Profeta diz que eles haviam
transgredido o concerto de Deus como homens.Outros explicam deste modo as palavras: “Eles transgrediram o pacto como Adão”. Porém, apalavra Adão, sabemos, é adotada indefinidamente para homens. Esta explicação é fraca e semima ginação: Eles transgrediram a aliança como Adão; isto é, eles seguiram ou imitaram o exemplo do seu pai Adão, que havia, no princípio, depressa transgredido o mandamento divino. Eu não paro para refutar esse comentário; pois vemos que é, em si mesmo, insípido. Prossigamos agora —45 Is 58.3. (N. do T.)
As palavras do original são estas — tyrb wrbu

                                                   Oséias 6.8

8. Gileade é uma cidade daqueles que obram a iniqüidade, e está maculada de sangue.8. Primeiro falarei do assunto e, depois, algo será acrescentado às palavras no lugar. O Profetaaqui observa, sem dúvida, alguma coisa especial contra Gileade, que, pela imperfeição da história,é-nos agora obscura. Mas, em primeiro lugar, temos de lembrar que Gileade era uma das cidades derefúgio; e os levitas possuíam essas cidades, que eram destinadas a fugitivos. Se alguém por acasoassassinasse um homem, para que os parentes não se vingassem, o Senhor providenciou para queele fugisse a uma dessas cidades apontadas para a sua segurança. Ele estava a salvo ali entre oslevitas: e os levitas o recebiam debaixo da sua proteção, sendo previamente julgada a questão; poisdevia ser precedida uma audiência legal da causa quanto a se aquele que matara um homem erainocente. Então, devemos primeiramente lembrar que tal cidade era ocupada pelos levitas e pelossacerdotes; e deviam ter sido exemplos a todos os outros; pois, assim como Cristo chama seusdiscípulos de a luz do mundo, também o Senhor elegera os sacerdotes para tal finalidade, para queportassem um archote diante do povo todo. Visto pois que a mais alta santidade devia ter refulgidonos sacerdotes, era bem monstruoso que fossem como assaltantes, e que a cidade santa, a qual era,por assim dizer, o santuário de Deus, virasse um covil de ladrões.
Então, foi por esse motivo que o Profeta, particularmente, invectiva contra a cidade de Gileade, e diz: Gileade é uma cidade dos obreiros da iniqüidade, e está coberta de sangue. Mas, se Gileade era tão corrupta, qual deve ter sido o caso das outras cidades? Então, é como se o Profeta tivesse dito: “Onde eu começarei? Se eu repreender o povo indiscriminadamente, os sacerdote sen tão pensarão que eles ficam poupados, porque são inocentes; sim, que estão inteiramente sem culpa: ao contrário”, ele diz, “eles são os mais descontrolados, eles são mesmo os chefes dos salteadores. Visto, então, que tão grandes corrupções prevaleçam entre a ordem dos sacerdotes, em quem a mais elevada santidade devia brilhar, quão grande deve ser a licenciosidade do povo em todos os tipos de impiedade? E então, o que se deve dizer das outras cidades, já que é tão má Gileade, a qual Deus consagrou para um propósito peculiar, para que fosse uma espécie de santuário? Visto pois que Gileade é um covil de ladrões, o que se deve dizer das outras cidades?”
Apreendemos agora a significação dada pelo Profeta.“Conspurcada com sangue”,
Mas segue-se aqui uma explanação mais clara e completa desta frase —

                                                       Oséias 6.9

9. E, como bandos de assaltantes esperam um homem, também a companhia dos sacerdotes assassinam no caminho, concordes: pois eles praticam corrupção.
O Profeta continua, mais à vontade, com o que ele brevemente tocara; pois, agora, não seres tringe ao povo comum, mas dirige sim sua acusação contra a ordem sacerdotal. “Veja”, diz ele,“os sacerdotes conspiram entre si como salteadores, para que assassinem homens desgraçados que encontrem no caminho”. É absolutamente certo que o Profeta não fala aqui de homicídios abertos;pois não é crível que os sacerdotes hajam procedido com uma tão grande devassidão, que Gileade tenha se tornado um abatedouro. Mas os Profetas, sabemos, estão acostumados a falar desse modo,sempre que jogam na cara dos homens o serem sanguinários e cruéis; eles comparam-nos a ladrões,e isso com justiça. Por essa razão, ele diz: A facção dos sacerdotes mata homens no caminho, como se fossem bandoleiros conspirando juntos. E, depois, ele mostra que os sacerdotes eram tão vazios de tudo, de coisas como o temor de Deus, que perpetravam todo tipo de crueldade, como se fossem inteiramente dado aos roubos. Esse é o sentido.A palavra hmkv, shechmah, é, sem dúvida, tomada pelo Profeta por “consenso”. O que<kv, shechem, significa é propriamente o “ombro”; porém, é, de maneira metafórica, mudado para o sentido que eu mencionei; como o é no terceiro capítulo de Sofonias 47, ‘Eles servirão ao Senhordja <kv, shechem echad, com um ombro’; ou seja, “com um consenso”. Também, nesse ponto,os sacerdotes conspiram juntamente hmkv, shechmah, “com acordo”. Pois aqueles que julgam quese pensa no nome de um lugar estão muito equivocados.Ora, na última oração do versículo fica evidente por que motivo o Profeta dissera que ossacerdotes eram como ladrões,‘porque’, ele diz, ‘eles praticam o pensamento’, ou ‘impiedade’. Overbo para <mz, zamam, significa “pensar”, como já foi dito: destarte hmz, zimah, é “pensamento”em geral; mas é, amiudadas vezes, entendido pelos hebreus em um mau sentido, como um “mauintento”, ou “manha malvada”: Eles pois fazem sua imoralidade concebida. Conseqüentemente,aprendemos que eles não eram ladrões desbragados, e publicamente infames, à vista dos homens,mas que eram esbulhadores diante de Deus, pois que a cidade estava cheia de perversos ardis, que eram ali forjados; e, visto como executassem suas tramas, é justamente dito deles pelo Profeta que imitavam a licenciosidade dos salteadores. Prossigamos então — Sofonias 3.9.

                                                    Oséias 6.10,11

10. Eu vejo uma coisa horrível na casa de Israel: lá está a prostituição de Efraim, Israel está corrompido.11. Também para ti, ó Judá, ele definiu uma colheita, quando eu retornar o cativeiro do meu povo.10. mui, Deus declara que ele é o juiz apropriado para tomar jurisdição dos vícios de Israel; e isso ele faz para que cortasse o pretexto das escusas vãs que os hipócritas amiúde aduzem quando são censurados. Quem verdadeiramente consegue, hoje em dia, persuadir os papistas de que todo oculto deles é uma abominação sórdida, uma mera profanação? Vemos quão furiosamente eles se levantam, assim que alguém, com um sussurro, ousa tocar em suas superstições. Por que isso?
Porque eles desejam que seu querer substitua a razão. Por quê? A boa intenção, dizem, é o juiz;como se tal boa intenção fosse, em verdade, a rainha que deve governar no céu e na terra, e Deus estivesse agora excluído de todos os seus direitos. Esse frenesi e essa loucura, precisamente nos dias correntes, possuem os papistas; e não admira, pois Satanás priva os homens da razão quando osconduz para formas corruptas e degeneradas de culto, ficando todos os hipócritas, assim, inebriadosdesde o início. Eis então o motivo pelo qual o Profeta agora diz, na pessoa de Deus: Eu vejo, ouvejo sim, infâmia no reino de Israel. Deus aqui, por uma palavra, derruba tudo o que os homensestabeleçam por si mesmos, e mostra que ali não resta mais argumento algum, pois o que eledeclara é que não aprova, por mais que os homens atribuam-no um valor ou o aplaudam. “Quê! Vósjulgais ser isso meu culto e, em vossa imaginação, essa é a mais sagrada religião, esse é o caminhode salvação, isso é santidade extraordinária; porém eu, pelo contrário, declaro que é profanação, queé torpeza, que é infâmia. Deus agora”, ele diz, “passa para outro lugar vossas fatuidades, para mim,elas não são de valor nenhum”.
Entendemos agora o sentido dado pelo Profeta quando diz: Na casa de Israel eu vi infâmia:e pela casa de Israel o Profeta quer dizer o reino todo das dez tribos. Como assim? “Pois que há a fornicação de Efraim”; isto é, ali reina a idolatria, a qual Jeroboão introduziu, e que os outros reis de Israel seguiram.
Desse modo, percebemos que o Profeta não poupava nem o rei, nem seus conselheiros, ne mos príncipes do reino; e não cedia perante os sacerdotes. E tal magnanimidade convém a todos servos de Deus, para que derribem toda eminência que se ergue contra a palavra do Senhor; com ofoi dito a Ezequiel: ‘Ralhe montanhas e censure colinas’, (Ez 6.2; 36.1.) Um exemplo disso o Profeta põe diante de nós, quando compara sacerdotes a ladrões e, depois, compara templos reais aum bordel. Jeroboão edificara um templo no qual julgava que Deus seria adorado da melhor maneira; mas isso, diz o Profeta, é um lupanar, é uma fornicação imunda.
Então, ele acrescenta: Judá também colocou uma plantação para ti. Para que eu conclua o capítulo, rapidamente considerarei esse versículo. Intérpretes vertem-no desta forma: “Também Judá, tu puseste para ti mesma uma colheita”: mas o verbo, como é evidente, está na terceira pessoa;não pode ser traduzido de outro modo senão ‘também Judá colocou’. Os que vertem-no na segunda pessoa, “tu puseste para ti mesmo uma ceifa”, inferem este sentido: “Tu também Judá, a quem eu escolhi para mim mesmo, colocaste para ti própria uma colheita, isto é, tu preparaste uma ceifa miserável para ti mesma; pois semeaste impiedade, cujo fruto, daqui em diante, colherás”: mas isso é forçado. Ora, visto que a palavra ryxq, katsir, significa, em hebraico, não só “safra”, mas também“uma planta”, ela pode adequadamente ser adotada nesse ponto: Também Judá, enquanto eu e stavar e tornando o cativeiro do meu povo, pôs para si própria uma planta; ou seja, propagou suas próprias impiedades. Deus realmente se dirige, aqui, aos israelitas, e se queixa de Judá; pois os judeus, sabemos, foram conservados pelo Senhor quando as dez tribos se separaram. Tal apostasiadas dez tribos não fez com que a religião declinasse totalmente entre o povo todo. Permanecia lá em Jerusalém o puro culto de Deus, ao menos quanto à forma visível. Então, não é sem causa que o Senhor aqui se lamente de Judá. Ele outrora disse: ‘Judá será salva por seu Deus’; porém, agora ele diz: ‘Judá também pôs para si mesma uma planta’; isto é, “superstições têm estado desde há muito tempo brotando, e de maneira ampla, entre todo Israel, eles espalharam por todos os cantos da terra:e agora Judá também”, diz ele, “está plantando seus brotos, pois atrai os israelitas para si”; há,portanto, uma nova propagação, e isso é feito enquanto eu estou retornando o cativeiro do meu povo; isto é, “enquanto eu estou buscando restaurar a dispersão do meu povo”.
Em uma palavra, Deus aqui mostra que não mais havia parte alguma sã. Quando alguém se encarrega da cura de um corpo enfermo, e quando vê pelo menos algumas partes sãs, ele tema alguma esperança de aplicar um remédio; porém, quando nem mesmo um dedo resta de saudável, oque pode o médico fazer? Assim, também o Senhor diz nesse ponto: “Havia ao menos alguma esperança de Judá, pois alguma forma do meu culto perdurava ali e o ensinamento mais puro da lei continuava; mas agora Judá propaga superstições para Israel; observando que a terra inteira de Israel está repleta de superstições, ele toma daqui rebentos e mudas, e corrompe a porção remanescente da terra, que até aqui permanecia santificada a mim”.