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estudo e comentario de 2 Timótio
estudo e comentario de 2 Timótio

                                                                 SEGUNDA CARTA A TIMÓTIO 

                                                                  PAULO ANIMA TIMÓTEO 

 

 

A PREOCUPAÇÃO PELO BEM-ESTAR DE TIMÓTEO (1.3,4) 

 

Era habitual nas cartas dos tempos antigos colocar, imediatamente depois da sau­dação, expressões de preocupação pelo bem-estar do destinatário. Em geral, Paulo segue esta convenção, embora por alguma razão, dentre as três Epístolas Pastorais só aqui ele o fez: Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com uma consciência pura, porque sem cessar faço memória de ti nas minhas orações, noite e dia (3). O apóstolo está falando de seu histórico até certo ponto totalmente diferente do que escreveu na primeira carta. Lá (1 Tm 1.13), ele diz que outrora era "blasfemo, e perseguidor, e opressor", ao passo que aqui ele fala em servir ao Deusdos seus antepassados com uma consciência boa. Estas duas atitudes não são mutua­mente excludentes. Na primeira carta, ele estava pensando em sua oposição a Cristo, a quem, até que os seus olhos se abriram, ele considerava impostor. Nesta carta, ele admi­te quehouve em sua vida certa continuidade entre judaísmo e cristianismo. Ainda que reconhecesse as fraquezas inerentes ao judaísmo sem o seu cumprimento em Cristo, ele nunca deixou de apreciar os valores permanentes de sua herança. Esta verdade se mos­tra claramente em Romanos 9.3-5 e novamente em Filipenses 3.4-6.

 

O apóstolo nos dá quase que casualmente um vislumbre da intensidade e continui­dade de sua vida de oração. Timóteo é levado ao trono da graça noite e dia (3). Paulo declara o mesmo fato concernente às suas igrejas e companheiros no evangelho. Como é ampla a solidariedade e como é grande a preocupação de alguém que tinha responsabilidade tão constante! Chegamos a pensar que entre as pressões da vida prisional ele tenha querido dar uma pausa nessa tremenda responsabilidade. Contudo, sua responsabilida­de pela obra de Deus é ainda maior que antes, agora que a voz pregadora fora silenciada. Vemos claramente o profundo sentimento do apóstolo por Timóteo e a grande soli­dão de sua situação: Desejando muito ver-te... para me encher de gozo (4). Paulo era uma pessoa que tinha saudades de seus amigos e que se sentia confortado e fortalecido com a solidariedade e entendimento de seus companheiros em Cristo. Encontra­mos essa atitude repetidamente nesta carta; por exemplo, em 4.9: "Procura vir ter comigo depressa"; e em 4.21: "Procura vir antes do inverno". Suas cartas às igrejas também contêm expressões de afeto a indivíduos a quem ele nomeia. Não há palavras que expressem a preciosidade de companheirismo dessa qualidade, o qual só ocorre no contexto da fé cristã.

 

O apóstolo recorda a aflição de Timóteo na despedida da última vez que se viram: Lembrando-me das tuas lágrimas (4). O texto não diz quando isso ocorreu, mas pode­ria ter sido a ocasião em que Paulo foi encarcerado pela segunda vez e levado para Roma para o aprisionamento final. Ver de novo o jovem Timóteo, como diz esta versão, "torna minha felicidade completa" (NEB; cf. BAB, NVI). 

 

A HERANÇA DE TIMÓTEO (1.5)

 

Neste momento, Paulo lembra a herança de fé de Timóteo: Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitouprimeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti (5). Ao falar da fé não fingida de Timóteo, o apóstolo não está pensando na fé que "é dom de Deus" (Ef 2.8), mas na reação ao amor de Deus em Cristo que fluía espontaneamente do coração de Timóteo. Esta mesma reação caracterizou a atitude da mãe e da avó do jovem. Talvez isso queira dizer que a avó Lóide foi o primeiro membro da família a aceitar Cristo como Salvador e Senhor, e que ela foi instrumento para levar os demais membros a aceitar a fé cristã. Ou, como é mais provável, Paulo está se referindo à atitude de fideli­dade e devoção religiosa que vinham caracterizando a família de Timóteo por, no míni­mo, três gerações, começando no judaísmo e atingindo sua plenitude e desenvolvimento no reconhecimento de Cristo Jesus como Messias e Senhor. No versículo 3, Paulo falou com apreço de um histórico semelhante a este sobre sua própria vida. Paulo e Timóteo tinham crescido entre os judeus da Dispersão que estavam "esperando a consolação de Israel" (Lc 2.25) e a acharam em Jesus.

 

 

DESPERTE O DOM DE DEUS QUE EXISTE EM VOCÊ (1.6,7)

 

Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos (6). Phillips traduz as palavras por este motivo assim: "por causa dessa fé" (CH). Isso dá a entender que é a confiança resoluta de Paulo na realidade da devoção de Timóteo a Cristo que ocasiona a exortação: Despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos. Em 1 Timóteo 4.14, o apóstolo expressa de forma negativa este mesmo conselho: "Não desprezes o dom que há em ti". Esta é uma necessidade perene no coração de todos os cristãos, sobretudo daqueles que são promovidos à posição de líderes na igreja. Corremos o perigo constante de nosso ardor diminuir e de nossos passos afrouxarem. Precisamos renovar periodica­mente nosso compromisso e reafirmar nossa lealdade; "ponhas em chamas o dom de Deus" (NEB; cf. NVI). Este é o significado básico de despertamento, o qual tem de ocor­rer periodicamente em todos nós.

 

A alusão à imposição das minhas mãos (6) mostra que Paulo tem em mente as qualificações divinamente dadas a Timóteo para a obra do ministério. Se estas qualifica­ções não foram dadas no culto de ordenação, foram certamente afinadas e postas em evidência nessa experiência.

 

No versículo 7, Paulo destaca pelo menos uma parte deste dom espiritual: Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de modera­ção (7). Esta tradução é boa: "Pois o espírito que Deus nos deu não é espírito covarde, mas de inspirar força, amor e autodisciplina" (NEB). Não temos justificativa em presu­mir, como fazem alguns, que Timóteo estivera desempenhando o papel de covarde em seu trabalho em Éfeso, pelo que está sendo categoricamente repreendido. Na verdade, Paulo é gentil em sua repreensão, não usando o pronome "te", mas nos, como se se incluísse com Timóteo. A tarefa que Timóteo foi chamado a fazer pode ter exigido quali­dades que não eram inatas a alguém de índole calma, mas que devem ser desenvolvidas para que a obra de Deus prospere. Um espírito de ousadia santa é a ordem do dia; uma força vigorosa, um amor que é de qualidade e origem divinas e um autodomínio que torna o espírito submisso a Deus, o dominador do corpo.

 

SEJA DESTEMIDO EM SEU TRABALHO (1.8-10)

 

Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu (8). Este sentimento incipiente de vergonha concernente ao testemunho de Cristo pode não fazer parte da experiência de alguém tipicamente extro­vertido. Mas para pessoas naturalmente tímidas, como Timóteo evidentemente era, pode ser penosa prova de lealdade. Paulo exorta a Timóteo a livrar-se disso resolutamente. A propensão a ter vergonha de Paulo, o prisioneiro de Deus, pode advir do fato de que o apóstolo fora inserido no rol dos criminosos e agora sentia o peso cruel da justiça paga. Além disso, o cristianismo estava vivendo sob condições novas e perigosas. Já não era tolerado como antes, mas era considerado (equivocadamente, claro) como inimigo do estado. Dar testemunho franco e aberto da fé que alguém tivesse em Cristo poderia pôr a vida em risco de quem o desse. Testemunhar destemidamente exigia coragem de deter­minado tipo. Paulo manda Timóteo não recuar: Antes, participa das aflições do evan­gelho, segundo o poder de Deus(8). Esta ordem significa, literalmente, "tomar parte nos maus-tratos de outrem". E Paulo lhe garante que ele suportará "com a força que vem de Deus" (NTLH; cf. CH).

 

Os versículos 9 e 10 fazem um resumo paulino tipicamente do milagre da graça divina que Deus revelou na obra de redenção em Cristo: "Deus" (NTLH) nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tem­pos dos séculos (9). Já é um fato realizado que Deus nos salvou.Esta é a posição segura do verdadeiro cristão. A salvação, neste sentido, não é transferida para o futuro distante, mas é a experiência atual do crente. Não obstante, há um propósito crescente na misericórdia de Deus e um crescimento na graça que levam a um enriquecimento contínuo dessa experiência. Deus nos chamou com uma santa vocação. Isto significa mais que uma santidade existente só de nome ou que é meramente imputada ao crente pela santidade suprema de Deus; significa que o crente é liberto dos seus pecados e da culpa e poder que neles há. A vocação de Deus é a uma experiência e vida que acarreta numa consagração completa, da parte do crente, e numa limpeza interior completa, da parte de Deus. Mas Paulo avisa imediatamente que isto não é segundo as nossas obras,pois estas são totalmente indignas. Mas é segundo o próprio propósito e gra­ça de Deus. A iniciativa é de Deus neste assunto. É ele que nos desperta de nossa morte no pecado e nos chama à santidade; e é através de suas intercessões pelo seu Espírito que o aceitamos — aceitação que é possibilitada unicamente por sua graça capacitadora. O milagre da transformação humana é totalmente proveniente de Deus, embora nosso consentimento em total liberdade seja essencial para a sua realização. E tudo isto per­tence aos conselhos e propósitos eternos de Deus, uma misericórdia que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos (9; ou "antes do início dos tempos", CH; cf. BV, NTLH).

 

O versículo 10 revela que a resolução de Deus redimir e salvar os homens do pecado é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo. O plano de salvação de Deus não é uma reflexão tardia ou plano emergencial encontrado pelo Cria­dor depois que outros planos fracassaram. A entrada de Deus na história por meio de Cristo é um cumprimento no tempo certo do grande desígnio de Deus Todo-poderoso concebido na eternidade.

 

A vinda de Cristo representa uma invasão no tempo pela eternidade, uma escatologia realizada, como C. H. Dodd a concebeu; um desfrute nesta vida atual das "virtudes do século futuro" (Hb 6.5). Paulo afirma, por conseguinte, que Jesus aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho (8). Esta é afirma­ção surpreendente, e de certo modo estranha na boca de alguém que está a ponto de morrer! (cf. 4.6-9). Em que sentido ousamos crer que Cristo aboliu a morte? Simpson diz que o verbo grego traduzido poraboliu, conforme Paulo o empregou, "significa fazer nugatório, frustrar, anular, desmantelar". Repare nesta tradução: "Jesus Cristo [...] quebrou o poder da morte" (BV; cf. NTLH, NVI). A própria vitória de nosso Senhor sobre a morte privou-a de qualquer terror que ela tivesse, de cujo fato o testemunho triunfante de Paulo nesta carta é prova clara. Porque Cristo trilhou este caminho an­tes de nós, não precisamos temer em segui-lo. Não só a morte foi abolida, mas a vida e a incorrupção foram trazidas à plena luz e colocadas ao alcance da fé. Temos aqui uma mistura estranha, mas sublime, de dois mundos. A vida diz respeito ao tempo, enquanto que a incorrupçãopertence à eternidade; mas, por Cristo, ambas são pos­tas ao nosso alcance aqui e agora. 

 

Bibliografia J. Gould 

 

COMO LIDAR COM OS FALSOS MESTRES (2.14-19) 

 

O que Promover (2.14,15) 

 

Traze estas coisas à memória (14). As pessoas precisam ser lembradas constantemente das coisas que já sabem, mas correm o risco de esquecer ou negligenciar. É óbvio que Paulo está pensando na verdade que foi sua missão de vida proclamar; a responsabi­lidade que agora está em grande parte nas mãos de Timóteo. O pastor fiel terá de ser, por necessidade, um tanto quanto repetitivo nos destaques do seu ministério. Há muitas verdades importantes que só podem ser ensinadas pelo método "mandamento sobre mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra". Paulo já havia exortado o jovem nesse sentido, e o que ele está dizendo agora é: "Conti­nue a lembrar essas coisas a todos" (NVI; cf. BV, CH); mantenha o bom trabalho. 

Paulo fica mais explícito, revertendo a um tema que já tratara em 1 Timóteo 1: Ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes (14). O apóstolo está expressando novamente sua preocupação sobre a conduta dos autodenominados mestres na igreja efésia, cujas táticas promoviam controvérsia, amargura e divisão. Tal conduta teria o efeito de semear discórdia entre irmãos (cf. Pv 6.19). Isto "somente desmoraliza os ouvintes", como traduz Kelly as palavras: são para perversão dos ouvintes. 

Paulo então trata Timóteo diretamente acerca do ministério deste: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (15). Sobre a frase procura apresentar-te a Deus aprovado,esta tradução mostra o verdadeiro significado: "Esforça-te arduamente em te mostrar digno da aprovação de Deus" (NEB). Isto tem a ver com as horas gastas no tipo de trabalho intelectual que é indispensável ao verdadeiro sucesso ministerial; mas também diz respeito à postura de ardor incansável que deve caracterizar a atitude do ministro para com sua missão. Scott vê nas palavras a Deus aprovadoreferência velada ao julgamento final, quando Timóteo enfim terá de prestar contas. A palavra grega traduzida por obreiro quer dizer, basicamente, trabalhador agrícola; por isso, as palavras que maneja bem são traduzidas pela expressão "que ara um sulco reto" (NEB). Mas seja qual for a imagem exata que a passagem queira mostrar, está claro que o apóstolo se preocupa que a Palavra de Deus seja submetida a exegese sadia e seu significado correto seja apropriadamente averiguado. Nada é mais essencial que isto para o manejo reverente da verdade bíblica. 

 

O que Evitar (2.16-18) 

 

Mas evita os falatórios ("as conversas vazias", BAB) profanos ("mundanos", NASB), porque produzirão maior impiedade(16). Esta é linguagem idêntica a 1 Timóteo 6.20. Paulo está denunciando novamente os falsos mestres que vinham promovendo dissensão na igreja de Éfeso. Eles estavam fazendo a obra de Satanás, e a familiaridade fingida que mostravam ter com a verdade oculta tinha o efei­to de profaná-la. O curso de ação de Timóteo deveria ser evitar tais ensinos. Nenhum acordo pode ser feito com o erro.

Esses falatórios "levam cada vez para mais longe do viver cristão" (CH), quer dizer, promovem a vida ímpia. O versículo 17 enfatiza a virulência de tais ensinos: E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto. A palavra seria o "ensino" (NVI) desses falsos líderes. O termo gangrena também é traduzido por "cân­cer" (AEC, NVT, RA); ao passo que Phillips emprega a frase: "Pois os ensinos deles são tão perigosos quanto a gangrena para o corpo e espalham-se como pus de uma ferida" (CH). Eis um perigo mortal cuja ameaça não deve ser mal avaliada. Paulo nomeia dois indivídu­os em particular que se ocupavam em propagar esta infecção moral e espiritual: Himeneu, com quem já nos encontramos em 1 Timóteo 1.20 (além destas duas referências nada mais sabemos sobre ele); e Fileto, que encontramos aqui pela primeira e única vez. 

O versículo 18 nos mostra a única indicação sobre a natureza do erro pertinente a essas pessoas: Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. Scott sugere dois possíveis significados para esta referência. "A idéia", diz ele, "pode ter sido que esta mesma vida, na qual a alma renascia de alguma vida e morte anteriores, era a verdadeira ressurreição. Ou, mais pro­vavelmente, eles interpretavam a doutrina cristã num sentido puramente espiritual; con­siderando que pela fé em Cristo os homens entram na vida imortal, a ressurreição não virá depois da morte, mas já aconteceu." A doutrina daressurreição era o ponto mais sensí­vel no ensino cristão. Denotava o triunfo de Cristo sobre a morte e, por analogia, represen­tava a nova vida em Cristo que os crentes batizados desfrutam. Era também símbolo da esperança que o cristão tinha da vida eterna. Não deve haver adulteração com verdade tão vital como esta; daí a denúncia extrema à qual o apóstolo submete o ensino errôneo.

 

A Fundação Segura da Verdade (2.19) 

 

O apóstolo não se prende a melindres quando se trata da estabilidade e segurança da igreja de Cristo, como demonstra nitidamente o versículo 19: Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade. A analogia de um edifício ou templo fora, por muito tempo, a favorita de Paulo para apresentar a doutrina da igreja. O fundamento pode ser interpretado de maneiras diversas: refere-se à igreja como um todo ou aos membros experimentados e verdadeiros da congregação efésia. Em comparação com este fundamento robusto e resistente, os falsos mestres eram uma minoria instável. De acordo com a analogia de um edifício e sua fundação e base devidamente chum­bados, o apóstolo vê que o fundamento de Deus tem dois selos. Um selo, inspirado em Números 16.5, diz: O Senhor conhece os que são seus. Diante da rebelião de Cora, Moisés proclamou com estas palavras que Deus conhece e identifica os que são seus e, desse modo, defendeu a liderança de Moisés. Talvez Paulo tivesse em mente que Deus semelhantemente defenderia a liderança do apóstolo nesta situação em Éfeso. O segun­do selo — qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade — não é citação exata de passagem do Antigo Testamento. É, porém, tão semelhante a Números 16.26, que temos justificativa em pensar que Paulo tinha em mente esta situação antiga quando tratou do problema efésio. Rolston resumiu muito bem a significação dos selos quando escreveu: "A primeira marca do obreiro aprovado é a pureza doutrinária, o ma­nejo reto da palavra da verdade; a segunda marca é a pureza de vida". Estes dois testes de autenticidade nunca devem ser separados. 

 

Bibliografia G. Gould 

Exortação para Resistir aos Falsos Mestres (2.14-19)

 

A preocupação pela “salvação" do "povo escolhido de Deus" expressa no v. 10, mais a exortação à perseverança, com sua advertência contra a apostasia nos vv. 11-13, levam Paulo — e Timóteo — de volta às duras realidades de Éfeso, com a presença dos falsos mestres (cp. 1 Timóteo). Parece que continuam a atormentar a igreja, conforme Onesíforo com certeza havia informado, embora, é claro, nem todos houvessem capitu­lado. Esta preocupação domina o apelo que começa aqui e vai até 4:5. Em 2:14-3:9 o foco recai sobre os falsos mestres e o que Timóteo deve fazer, tendo-os em mente. Assim, há muito em comum com 1 Timóteo 1, 4 e 6. Em 3:10 - 4:5 o foco recai sobre a pessoa de Timóteo e seu ministério, com a presença dos falsos mestres servindo de pano de fundo à exortação. Três questões dominam este parágrafo inicial, as quais preparam o caminho para o restante: uma denúncia contra os falsos mestres e seus ensinos, um apelo a Timóteo para resistir-lhes (tanto aos mestres quanto a seus ensinos), e uma preocupação para que o restante da igreja não capitule. Assim, Timóteo e seus sucessores (Tíquico? cp. 4:12) devem conduzir a igreja na resistência a esses erros. 

Foi esta preocupação dupla por Timóteo e pela igreja, refletida através de 1 Timóteo, que talvez tenha levado Paulo a esta seção tão comprida sobre os falsos mestres, numa carta de caráter pessoal. Por um lado, o evangelho ainda corre risco em Éfeso e Paulo sente-se constrangido a falar da situação uma vez mais. Por outro lado, Timóteo, embora deva em breve deixar Éfeso, precisa também assumir a responsabilidade pela liderança da resistência, ainda que isso lhe custe sofrimento e adversida­de.  

2:14 Este imperativo inicial retoma a preocupação de Paulo pela "salvação" do "povo escolhido de Deus" (v. 10) à sombra da ameaça — e terríveis conseqüências — da apostasia. Ele exorta a Timóteo: lembra-lhes (cp. Tt 3:1) (este "lhes" não existe no texto grego, mas está implícito pelo contexto) estas coisas. Este é o único tauta (estas coisas) imperativo em 2 Timóteo (há um tauta em 2:2; contudo, seu antecedente não é o que precedeu na carta, mas " as sós palavras que de mim tens ouvido" no v. 13). Muitos o consideram como referindo-se a tudo quanto precedeu, ou aos ensinos mencionados em 2:2. Não obstante, o que faz o máximo sentido no contexto é considerar estas coisas como referindo-se especificamente a "fiel é esta palavra" (cp. Tt 3:8). Isto é, em face do "câncer" que se espalha (v. 17) dos falsos ensinos, lembra teu povo da necessidade de perseverança e das horríveis conseqüências da rejeição de Cristo. 

Este lembrete deve vir acompanhado de uma "ordem" diante do Senhor (cp. 1 Tm 5:2; 2 Tm 4:1); isto é, os que forem adver­tidos devem reconhecer-se como sendo chamados por Deus a prestar contas. Ordenando-lhes, diz Paulo, que não tenham contendas de palavras, que são uma das principais características dos falsos mestres em Éfeso. Assim, o povo de Deus é advertido a não engajar-se nas disputas vazias, sem propósito, especulativas (cp. v. 16) acerca de palavras, estimuladas pelos falsos mestres, porque isso não produz nenhum tipo de bem (cp. Tt 3:8); na verdade, bem ao contrário, traz a subversão dos ouvintes. 

Este primeiro imperativo, portanto, exorta Timóteo a cumprir suas responsabilidades para com os crentes. É preciso lembrar-lhes a neces­sidade de perseverar, adverti-los solenemente a que não se envolvam nas contendas de palavras dos falsos mestres. Esta advertência será deta­lhada nos vv. 16-18. Antes disso, porém, em consonância com 1 Timóteo, Paulo dirige um recado pessoal a Timóteo. 

2:15 Como no caso de passagens semelhantes em 1 Timóteo (p.e., 1:18-19; 4:6-8, 13-15; 6:11-14), este imperativo coloca Timóteo e seu ministério em nítido contraste com os falsos mestres. Em última instância eles buscam aprovação humana (por amor ao lucro; 1 Tm 6:6-10); não, porém, Timóteo: Procura apresentar-te a Deus (no grego, spoudason; cp. 4:9, 21; Tt 3:12; a tradução da KJV, "estuda", tem desencaminhado gerações de cristãos de fala inglesa) aprovado (subentendendo-se "testado e aprovado"; cp. 1 Co 11:19; 2 Co 10:18).

 

Os falsos mestres são mercenários que passarão "vergonha" diante de Deus por causa de seus erros e pecados; Timóteo deve fazer o possível para ser um obreiro que não tem de que se envergonhar. Isto poderia significar (menos provável, contudo) "não se envergonhar do evange­lho". É mais provável que signifique "não se envergonhar porque trabalhou bem"; isto é, em contraste com os falsos mestres, ele deveria trabalhar de modo que não houvesse motivo para "vergonha". 

A base para que Timóteo não tenha de que se envergonhar, de novo em contraste com os falsos mestres, é que ele maneje bem a palavra da verdade.

 A expressão traduzida por maneja bem, que ocorre somente aqui no NT (mas cp. Pv 6:3 e 11:5, LXX), é metáfora que literalmente significa "cortar reto". Tem havido considerável especulação quanto à própria metáfora, sobre que tipo de "corte" (madeira, pedras, sulcos) Paulo teria em mente. É provável que se tenha perdido o sentido original da metáfora e a ênfase ficou em fazer-se algo de modo correto. Portanto, ECA traduziu adequadamente. Barrett observa de modo correto que uma intenção semelhante, baseada numa metáfora muito diferente, encontra-se em 2 Co 2:17. Assim, Paulo não está instando com Timóteo para que interprete de modo correto a Escritura, mas que pregue e ensine o evangelho, a palavra da verdade, em contraste com as “contendas de palavras" (v. 14) e "falatórios inúteis" (v. 16) dos ímpios. 

2:16 Com este imperativo Paulo volta aos que não são "aprovados", porque não "manejam bem a palavra da verdade" (v. 15). Conforme outras passagens (cp. 1 Tm 4:7; 6:20), o imperativo, neste caso evita (cp. Tt 3:9), vai direto a Timóteo, mas também é de se esperar que os crentes prestem atenção. Tanto a impiedade (tudo que se afasta da verdadeira piedade) como a natureza vazia, sem propósito, do ensino herético, recebem críticas agudas.

 

O motivo por que tais falatórios devem ser evitados (a cláusula do "porque") é um tanto ambíguo, visto que o verbo prokopsousin(produ­zirão maior, lit., "avançarão" ou "farão maior progresso"; cp. 3:9,13) não tem sujeito expresso. O contexto e o pronome desses no v. 17, referindo-se aos falsos mestres, implica claramente que tais pessoas são o sujeito do verbo. Conforme observado em 1 Timóteo 4:15, a expressão "produzirão maior" talvez seja gíria relacionada com a natureza elitista do ensino deles. Assim, com fina ironia, Paulo admite que é certo que estejam "produzindo mais" (" avançando"), mas esse progresso é " mais e mais na impiedade" (asebeia; antônimo de eusebeia, "piedade", que se repete nestas cartas). 

2:17-18 Não somente essas pessoas "avançam mais e mais em asebeia", mas a palavra desses também se espalha de modo que causa a ruína de outrem. A palavra (grego logos) aqui contrasta com "a palavra logos da verdade" de Deus, do v. 15. 

Em consonância com a imagem médica dessas epístolas, a palavra desses, metaforicamente descrita, corrói (lit.," tem pastagem") como câncer. Isto pode significar que ela se espalha como ovelhas num pasto, semelhante ao câncer ao espalhar-se, ou, conforme a GNB," é como uma ferida aberta que devora a carne", dando a entender que o ensino deles devora a vida da igreja, ou dela se alimenta. Em qualquer dos casos, o ensino falso "se espalha", ou "devora" como uma enfermidade e, portanto, deve ser evitada a todo custo.

 

Dois desses mestres são agora identificados: Himeneu e Fileto. Visto que Himeneu não é nome comum, este deve ser o mesmo homem de quem Paulo diz: "entreguei a Satanás" em 1 Timóteo 1:20, mas que ainda está agindo com os que perverteram a fé que tinham alguns. Aqui junta-se-lhe Fileto, de quem nada mais se sabe.

 Desses dois homens, obviamente líderes dentre os falsos mestres, Paulo diz também que se desviaram da verdade (cp. 1 Tm 1:6 e 6:21, quanto a este uso). No texto grego esta cláusula é seguida pela frase: dizendo que a ressurreição é já passada (cp. 2 Ts 2:2," o Dia de Cristo já tivesse chegado"), uma das duas únicas passagens em 1 e 2 Timóteo onde é dado algum conteúdo da heresia (cp. 1 Tm 4:3). Talvez seja esta alguma forma de escatologia super-realizada, isto é, a plenitude do Fim, especialmente a ressurreição que já cumprida em nossa morte espiritual e ressurreição com Cristo (cp. v. 11; Rm 6:1-11; Cl 2:20 - 3:4).

 

Tal idéia circulou por muito tempo (cp. 2 Ts 2:2; 1 Co 15:22; 4:8) e talvez se relacionasse com a concepção grega da alma como sendo imortal e liberta da existência física por ocasião da morte. Tal dualismo, já observamos anteriormente, pode estar também na raiz do ascetismo em 1 Timóteo 4:3. 

Mas tal ensino, assegura Paulo a Timóteo, ultrapassa as fronteiras das diferenças legitimas. Na verdade eles pervertem (melhor, "subverteram") a fé que tinham alguns (cp. Tt 1:11). Esta é a grande urgência; onde a preocupação nos vv. 10-13 sobre a "salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna" para o povo de Deus, e sobre a perseverança, para que não sejam rejeitados por Cristo. Para Paulo, negar nossa ressurreição (corporal, futura) é negar a própria fé, em que representa a negação de nosso passado (a ressurreição do próprio Cristo, sobre a qual tudo mais está firmado) e de nosso presente também: nossa existência escatológica tanto como já e como não ainda.

 

2:19 Como sempre nos escritos de Paulo, não é Satanás que tem a última palavra, mas Deus. Exatamente como no verso 4 do hino/poema do v. 13, e também aqui, a última palavra não é a infidelidade de alguns (v. 18), mas a fidelidade permanente de Deus. Com forte adversativa, todavia, Paulo afirma que, a despeito de algumas defecções e abandonos, o firme fundamento de Deus permanece. 

Não ficou bem certo o que Paulo tinha em mente, se é que tinha algo, com essa metáfora. Em outros lugares Paulo usa a metáfora do edifício com relação à igreja e faz Cristo (1 Co 3:10-12) ou os apóstolos e profetas (Ef 3:20) o funda­mento. Em face da metáfora que vem depois, nos vv. 20-21, talvez fosse isso que ele tivesse em mente. Mas seria provável que Paulo não objetivasse alguns pontos de referência específicos. A ênfase, como mostra o restante do versículo, está na posse do proprietário, Deus, na certeza do triunfo escatológico dos que são seus. Visto que a metáfora contrasta nitidamente com o fato de a fé que tinham alguns está sendo subvertida, Paulo tenciona afirmar o contrário: O que Deus está fazendo em Éfeso, salvando o povo que lhe pertence (cp. Tt 2:14) para a glória eterna, não pode ser frustrado pela atividade dos falsos mestres. Nesse sentido, é claro, o "edifício" subentendido refere-se à igreja em Éfeso, "os que são seus", ou "os eleitos" (v. 10).

 Os que são de Cristo e não podem ser subvertidos são reconhecíveis por uma dupla marca. O grego diz literalmente: "tendo este selo". O que Paulo tem em mente é o "selo" da posse com que o arquiteto ou o dono da obra marcavam a pedra fundamental (semelhante em alguns modos às nossas modernas pedras angulares).

 

A dupla inscrição diz: O Senhor conhece os que são seus (cp. Nm 16:5, LXX, da rebelião de Coré). O edifício de Deus descansa não sobre o fundamento instável de conhecermos à Deus, mas no de que ele nos conhece (cp. 1 Co 8:1-3). Este é o fundamento básico de toda a confiança cristã. A ação de Deus é anterior: Ele conhece os que são seus. 

Mas a ação anterior de Deus demanda resposta. Portanto, a inscrição também diz: "Qualquer que profere o nome do Senhor, aparte-se da injustiça" (a linguagem, lit., é: "que nomeia o nome do Senhor", verti da LXX — Lv 24:16; Is 26:13; o sentimento da segunda parte encontra-se no Salmo 34:14; Pv 3:7). A ordem aos que são conhecidos por Deus é, por sua vez, aparte-se da injustiça, isto é, afaste-se de Himeneu, de Fileto e do ensino deles, os quais reconhecida­mente não são homens de Deus, porque persistem em fazer o mal. No caso deles, o falso ensino gerou a corrupção moral (cp. 1 Tm 6:3-10). 

Assim, a despeito das incursões devastadoras dos falsos mestres, Timóteo e a igreja devem ser incentivados por esta palavra segura (cp. também de que modo Paulo conclui os dois próximos parágrafos: 2:26 e 3:9).